quarta-feira, 21 de outubro de 2020

MAIS UM CAPÍTULO DA INCRÍVEL E INFAME HISTÓRIA DE JOHN MCAFEE

EXISTEM TRÊS TIPOS DE PESSOAS. AS QUE FAZEM AS COISAS ACONTECEREM, AS QUE FICAM VENDO AS COISAS ACONTECEREM E AS QUE SE PERGUNTAM: O QUE ACONTECEU?

O polêmico e lunático John McAfee, criador do primeiro antivírus comercial da história da TI e lenda viva no Vale do Silício, já foi assunto de outras postagens. Mesmo assim, achei por bem dedicar-lhe mais algumas linhas depois de ler no Estadão que ele foi preso na Espanha, acusado de evasão fiscal.

Trata-se apenas de mais um entre tantos episódios esdrúxulos que abrilhantam a vida pregressa desse eclético doido de pedra, que nasceu na Grã-Bretanha, foi criado na Virgínia (EUA) e já foi de tudo um pouco em sete décadas e meia de existência, de candidato à presidência dos EUA a acusado de assassinato.

Em 2012, ao saber que a polícia de Belize o investigava pelo assassinato de um vizinho, o McAfee fugiu para a Guatemala. Depois que seu paradeiro foi revelado inadvertidamente por um repórter que o havia entrevistado, ele sumiu do mapa até 2016, quando "emergiu" para se lançou pré-candidato pelo Libertário à presidência dos EUA. Depois de fazer “Um brinde aos loucos” num vídeo de campanha, e acrescentar que nem ele nem qualquer outro integrante do Libertários tinha chance de se eleger, seu nome foi preterido pelo de Gary Johnson (que não se elegeu, naturalmente).

Em 2019, McAfee foi condenado a pagar US$ 25 milhões numa ação movida pelo espólio de Faull — o tal vizinho de cujo assassinato ele se tornou suspeito. Pelo Twitter, disse que o julgamento era parte de “uma extorsão legal direcionada contra a classe abastada dos EUA e que “jamais foi suspeito de assassinato pelas autoridades em Belize ou qualquer outro lugar”. Meses depois, a Reuters reportou que o napoleão de hospício foram despachado para a Grã-Bretanha, depois de ter sido detido ao tentar entrar na República Dominicana com armas de fogo em seu iate.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, McAfee não apresentou declarações de imposto de renda de 2014 a 2018, embora tenha auferido mais de US$ 23 milhões com palestras, venda dos direitos da história da sua vida para um documentário e  “ofertas iniciais de moeda” — uma espécie de crowdfunding (financiamento coletivo) — para centenas de milhares de seguidores no Twitter, mas revelar que estava sendo pago pelo trabalho. De acordo com os autos, ele não só recebeu pagamentos por meio de depósitos bancários e contas em criptomoeda em nome de “laranjas” como também realizou transações em criptomoeda e compra de ativos — incluindo propriedades e um iate — também em nome de terceiros. Ainda não foi marcada a data de sua extradição da Espanha para os EUA.

Enfim, se, como eu, você utiliza a suíte de segurança (ou outro software qualquer) que leva o nome desse maluco, fique tranquilo. McAfee não tem mais nenhum envolvimento com a companhia que criou em 1987 e vendeu para a Intel no final da década passada (pela "bagatela" de US$ 7,7 bi), que agora pertence à empresa de private equity TPG.