A segunda oitiva de Marcelo Queiroga na CPI
do Genocídio foi ainda pior do que a primeira. Desta vez, o cardiologista
chegou mesmo a mudar sua versão sobre o
veto à nomeação de Luana Araújo. “O ministro da Saúde
inaugurou uma nova etapa do negacionismo, o neonegacionismo”, disse
o relator, Renan Calheiros. Embora tenha admitido a ineficácia
da cloroquina no tratamento da Covid, Queiroga “continua
sem coragem de tirá-la das normas do Ministério da Saúde”, complementou o
senador.
Com mais assertividade, o médico enunciou números tão
fabulosos quanto suspeitos de entrega de vacinas e chegou a bater boca com o
senador Otto Alencar, que também é médico e fez o ministro admitir que
não havia lido a bula da vacina da Pfizer, cujo regime de aplicação de
duas doses tem um intervalo de 12 semanas no Brasil, embora o
fabricante recomende 3.
“Em um país civilizado, é o tipo de franqueza que
custaria o que pouco que sobrou de credibilidade pública da autoridade, quando
não seu cargo”, escreveu Igor Gielow na Folha.
Queiroga exaltou o óbvio ao afirmar que não existe
tratamento precoce comprovadamente eficaz. Quando tentou consertar para o
público bolsonarista dizendo que há “grande divisão” na área médica, acabou reconhecendo
que a cloroquina não funciona. O ministro reconheceu também que a
nota que recomendava o uso da cloroquina “passou a ser um
documento para a história e não tem mais validade”, e que ainda assim
ele não a retirou das normas do ministério (manda quem pode, obedece quem tem
juízo).
Ficou nítido que Queiroga voltou à CPI orientado
no sentido de continuar “blindando” Bolsonaro, seja quanto sua
política macabra no enfrentamento da crise, seja quanto ao veto à nomeação da
médica Luana Araújo. Ao que tudo indica, o doutor descobriu empiricamente
que ser ministro do atual governo exige não só dar o rabo, mas também pedir
desculpas por estar de costas. A fidelidade canina do general-vassalo foi
recompensada com um cargo de ASPONE e um polpudo salário. Quando chegar a vez
de Queiroga... enfim, quem viver verá.
A CPI ouve hoje Antônio Élcio Franco Filho, que foi secretário-executivo do Ministério da Saúde. O objetivo é esclarecer a possível existência de um suposto "gabinete paralelo" de aconselhamento ao governo federal no enfrentamento à pandemia. O ex-secretário deve ser indagado também sobre as compras e abastecimento de insumos para os estados durante a crise sanitária. Além disso, Élcio foi responsável por negociações na compra de vacinas e, em um dos documentos obtidos pela Comissão, ele relata que o atraso na resposta à Pfizer foi motivado pela presença de um “vírus” nos computadores da pasta. Então, tá. E eu acredito que sou o Pato Donald...
As folgas e férias do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia custaram R$ 3,8 milhões aos cofres públicos. O ano de 2020 começou com duas viagens de férias emendadas — Base Naval de Aratu (BA) e Forte nos Andradas, no Guarujá (SP) — ao custo de R$ 890 mil. Considerando todo o ano, foram gastos R$ 4,5 milhões, que, somados aos valores dispendidos com viagens nacionais — para visitas a obras, cerimônias militares e lazer —, perfizeram um total de R$ 19,3 milhões (até o início de março deste ano).
A maior despesa foi com as férias no Guarujá (SP) e em São
Francisco do Sul (SC) — R$ 2 milhões, em dezembro do ano passado. Gastos com combustível
de aeronaves, hospedagem, alimentação, telecomunicações e outras mordomias,
pagos com cartões corporativos, somaram R$ 1,2 milhão.
Bolsonaro passou o feriado de Finados no Guarujá, ao
custo de R$ 530 mil. Passeou de moto, esteve na praia e jogou uma pelada
com militares do Forte dos Andradas e integrantes de sua equipe de
segurança. No feriado de 12 de outubro, a passagem pelo Forte havia custado R$
455 mil. No Carnaval do ano passado, mais R$ 622 mil foram pagos
pelos contribuintes.
Bolsonaro tirou férias a partir de 19 de dezembro e
foi para São Francisco do Sul, onde ficou hospedado no Forte Marechal Luz,
uma colônia de férias para militares. Foi acompanhado por uma equipe de
segurança com 52 militares, incluindo 13 oficiais superiores, 20 sargentos e 8
praças. Só as diárias dos militares e assessores da Presidência consumiram R$
66 mil. O custo total da estada na praia chegou a R$ 750 mil.
Em 28 de dezembro, Bolsonaro viajou ao Guarujá e
se hospedou no Forte dos Andradas, com um séquito de 73 militares.
Havia 22 oficiais e 8 assessores da Presidência. As despesas com a
equipe precursora e a comitiva presidencial somaram R$ 1,2 milhão. O
capitão participou de um jogo beneficente na Vila Belmiro, em Santos, fez o
tradicional rolê de moto pelas ruas do Guarujá, escoltado por seguranças e
policiais militares, e provocou aglomerações na praia. No dia 1º do ano, pulou
de um barco e nadou até um grupo de banhistas.
Bolsonaro gostou tanto do litoral catarinense que
retornou ao Forte Marechal Luz em fevereiro deste ano, para passar o Carnaval. Nos quatro dias de
folga, andou de jet-ski pela praia, sem usar máscara de proteção, e provocou
aglomerações, num momento em que o estado atravessava forte crise sanitária, com
colapso em alguns hospitais. O passeio custou mais R$ 750 mil aos
contribuintes.
A gastança não se limitou a férias e folgas. Bolsonaro
também visitou
ou inaugurou obras e prestigiou cerimônias militares. A viagem mais
cara — R$ 820 mil — foi para o Vale do Ribeira, onde o presidente passou
a infância e a adolescência. Como não tinha o que inaugurar, apresentou
projetos de pontes em Eldorado e Pariquera-Açu, onde reuniu 2 mil pessoas, em
setembro, em plena pandemia da Covid.
A viagem conjunta para Sertânia e São José do Egito, em
Pernambuco, em outubro do ano passado, custou R$ 530 mil. Bolsonaro
visitou as obras do Canal do Agreste, que vai receber as águas do São
Francisco, e inaugurou a primeira fase da segunda etapa do Sistema Adutor do
Pajeú. No mesmo mês, gastou R$ 570 mil para visitar a agência-barco
da Caixa Econômica Federal em Breves, na Ilha do Marajó.
No final de julho, o presidente fez uma visita ao Parque
Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e inaugurou o sistema de
abastecimento de água em Campo Alegre de Lourdes, na Bahia. Todo o deslocamento
custou R$ 340 mil.
Em 17 de dezembro, houve mais uma viagem dupla. O presidente participou do lançamento da pedra fundamental para a implantação e pavimentação da BR-367, em Jacinto (MG) (a pedra fundamental, tradição da “velha política”, registra apenas que a obra teve início). No mesmo dia, esteve na cerimônia de assinatura de atos de apoio ao setor produtivo, em Porto Seguro (BA), onde chegou de helicóptero. O roteiro saiu por R$ 376 mil. A inauguração do eixo central da Ponte do Rio Guaíba, em Porto Alegre, e a liberação de um trecho de 27 km da duplicação da BR-116 da capital a Pelotas, em 10 de dezembro, custaram mais R$ 320 mil.
Entre as viagens para a participação em cerimônias
militares, a mais cara ocorreu nos dias 14 e 15 de agosto, no Rio de Janeiro. Bolsonaro
participou da inauguração da Escola Cívico Militar e da cerimônia de
brevetação dos novos paraquedistas — mais uma viagem de caráter afetivo do
capitão, um ex-paraquedista, que custou aos contribuintes R$ 408 mil.
Em fevereiro de 2012, a então presidente Dilma esteve
na 29ª Festa da Uva, em Caxias do Sul. Na volta, fez um pernoite em
Porto Alegre, no Hotel Plaza São Rafael, localizado no centro histórico
da capital gaúcha. A Presidência da República registrou que o TCU
determina a pesquisa de preço junto à rede hoteleira, mas justificou a escolha:
“deixamos de observar tal recomendação pelo fato de que o Plaza São
Rafael é o preferido da presidenta”.
Diante dessa decisão, a Secretaria de Administração sugeriu
que o Plaza fosse também o hotel do escalão avançado da comitiva
presidencial, com 11 integrantes, o que facilitaria a “preparação do pernoite” da chefa e respectiva
comitiva, incluindo os 19 tripulantes dos dois aviões presidenciais utilizados. A conta de R$ R$ 9,8 mil e foi paga com o cartão corporativo da
Presidência da República.
Dilma ocupou a suíte presidencial, de 110 m², com
quarto, sala, sala de jantar, lavabo e banheira de hidromassagem. A diária hoje
está em R$ 1,1 mil. O hotel diz que a suíte é a predileta de autoridades
políticas, executivos de alto padrão e celebridades, que preferem maior
sofisticação.
Esse é apenas um exemplo das viagens da gerentona de araque.
As maiores despesas com deslocamentos se referem à segurança das
autoridades. Em alguns eventos, mais de 100 militares e policiais integram o
aparato de segurança, incluindo forças do Exército. A alimentação e a
hospedagem dessas equipes custam caro. Além das despesas do chefe do Executivo,
também são pagos com cartão corporativo os gastos do vice, de ex-presidentes e
de familiares dessas autoridades.
Ainda em fevereiro daquele ano, a nefelibata da mandioca
visitou duas das mais importantes obras da era petista: a Transposição do
Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina — até hoje
incompletas. A comitiva presidencial esteve nos municípios de Missão Velha e
Mauriti (PE). Dilma e mais 68 integrantes de seu séquito ficaram
hospedados no Hotel Verde Vale, ao custo de R$ 34 mil. As duas
diárias da suíte da presidanta ficaram por R$ 1,5 mil. Na Lanchonete
Come-Come, que atendeu a equipe de apoio, os gastos chegaram a R$ 11,4
mil.
Foram acomodadas mais 19 pessoas no Hotel Panorama e 46 no Ingra. Mais R$ 16,5 mil de despesas. Em dois dias, foram servidos 340 almoços e 410 lanches para o pessoal de apoio. Pelo número de refeições, é possível verificar que lá estavam, pelo menos, 44 militares do Exército, 28 policiais rodoviários federais e 10 bombeiros. Os militares foram deslocados do 40º Batalhão de Infantaria de Crateus. O escalão avançado, que chegou antes, tinha 43 integrantes.
O relatório da viagem informa que R$ 75 mil foram gastos e pagos com cartões corporativos. No último dia de visitas, a chefa almoçou com diretores da Transnordestina Logística, concessionária da obra, e com uma das construtoras, a Odebrecht — empresa que dois anos mais tarde seria abalada pela Operação Lava-Jato.
Dilma já havia estado em Porto Alegre em janeiro de
2012, para prestigiar o Fórum Social Mundial. Como de hábito, ficou no Plaza
São Rafael. Relatório da viagem mostra que a equipe precursora ocupou 12
apartamentos e solicitou mais 28 para a o escalão avançado e outros 12 para as
tripulações dos helicópteros e das aeronaves presidenciais, além de uma suíte
presidencial. Só a hospedagem do escalão avançado chegou a R$ 28 mil. No
caso da comitiva oficial da presidente, ficou em R$ 10 mil, sendo R$
2,2 mil com duas diárias da suíte presidencial.
A alimentação dos militares da equipe de apoio à viagem
presidencial custou R$ 8,4 mil. Foram servidos 730 lanches. O
Escritório de Apoio da Presidência em Porto Alegre, com 13 integrantes,
apresentou nota fiscal de uma despesa de R$ 1,6 mil na Churrascaria
Garcia, na Praia de Belas.
Foi alugada uma sala do hotel, por R$ 3,3 mil, para
atender o ministro Gilberto Carvalho e outros ministros que compareceram
ao fórum. Também houve o aluguel de 200 metros de grade, 100 metros de unifilas
e quatro biombos para um evento com a presença da presidanta — mais R$
4,6 mil. O total de despesas lançadas no cartão corporativo alcançou R$
58 mil.
Como ninguém é de ferro, Dilma descansou por alguns dias na Base
Naval de Aratu (BA), durante o Carnaval. Mas não foi assistir aos desfiles.
Preferiu pescar. Vara e molinete custaram R$ 270. Precavida, a equipe de
apoio também alugou um gerador, por R$ 6,2 mil, por causa da constante
falta de energia na base. A hospedagem da equipe de apoio, de 16 a 20 de
fevereiro, custou R$ 65 mil. Dessa vez não houve aluguel de lancha para passeios, como no réveillon, que custou R$ 20,4 mil, mas o total da viagem ficou em R$ 87 mil.
O então vice-presidente Michel Temer esteve em São
Paulo de 8 a 12 de janeiro de 2012. Seus 10 agentes de segurança ficaram
hospedados no Hotel Golden Tower (não confundir com Golden
Shower) ao custo de R$ 25 mil. O vampiro do Jaburu, que não
tinha tarefas a executar no governo, como reclamou no período pré-impeachment,
retornou a São Paulo em 4 de março com a sua equipe de segurança. Espetou mais
uma conta de R$ 11,7 mil no Golden Tower. Em dezembro daquele
ano, 10 seguranças de Temer ficaram novamente hospedados no mesmo hotel
durante uma semana. Mais R$ 14 mil de despesa.
A equipe de segurança de familiares do vice-presidente, com seis integrantes, ocupou três apartamentos duplos em
Brasília, de 15 a 23 de janeiro, ao custo de R$ 4,1 mil. Nova hospedagem
ocorreu de 24 a 26 de fevereiro daquele ano. Mais R$ 1,8 mil evaporaram
do bolso do contribuinte.
Há ainda despesas no cartão corporativo com a equipe de
segurança de familiares de Dilma, com nove integrantes, que ficou
hospedada em Brasília, no Torre Palace Hotel, de 1º a 6 de fevereiro de
2012. A conta bateu em R$ 4,8 mil. A equipe voltou a se hospedar no
mesmo hotel, em Brasília, de 24 a 26 de fevereiro. Mais R$ 1,4 mil. A primeira-filha
Paula Rousseff, que esteve em Pelotas (RS) em 8 de março, solicitou que
sua equipe de segurança, composta por cinco agentes, ficasse no mesmo hotel
onde estava hospedada, o Jaques Jorge Tower.
O cartão corporativo do ex-presidente (e agora ex-corrupto) Lula
pagou R$ 2,2 mil em combustível durante três semanas de março de 2012. Os carros — um Ford Fusion e um Chevrolet Omega — estavam à
disposição da equipe de apoio. Um detalhe: o relatório informa as placas
“oficiais” e “vinculadas” de cada um dos veículos. O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso gastou R$ 1,2 mil com combustível no posto
Higienópolis, em abril do mesmo ano.
Observação: O cartão de pagamento do governo
federal, na forma de cartão de crédito, foi criado para fazer frente a despesas
eventuais de pequeno valor, que exigem pronta contraprestação, e também compras em
caráter sigiloso. Na prática, pode comprar quase tudo, de combustível e passagens
aéreas a medicamentos, material para construção, material impresso, etc. Também
pode ser usado em restaurantes e para compras em supermercados e padarias. O sigilo
foi criado para proteger informações que possam ameaçar a segurança do chefe do
Executivo e seus familiares. Mas a privacidade imposta pela lei esconde também
despesas com mordomias e luxos que a maioria dos brasileiros só conhece de ouvir falar, como bebidas e comidas sofisticadas. É o que mostram os gastos até hoje
secretos feitos para atender Dilma durante seu segundo mandato. Com base
na Lei de Acesso à Informação, o Blog Vozes, de Lúcio
Vaz, solicitou ao Palácio do Planalto a abertura dos arquivos que registram
as despesas com cartão corporativo da petista e também de Lula e Temer.
A legislação determina o sigilo de 98% das despesas da Presidência da República
e a confidencialidade dura até o final do mandato.
Dos relatórios do governo Dilma saltam aos olhos gastos extravagantes, como garrafa de cachaça por R$ 380 e compra de camarão
rosa tamanho GGG por R$ 230 o quilo. Há ainda o aluguel de uma lancha para
passear por R$ 30 mil. Em dezembro de 2011, a gerentona viajou para a Base
Naval de Aratu, no município de Salvador, para passar o réveillon e alguns
dias de folga. Só com a lavagem de roupa de cama, mesa e banho foram gastos R$
3,8 mil. Também foram gastos R$ 340 com o aluguel de filmes
clássicos na Cult Vídeo. A locação de um gerador de energia elétrica
para iluminar as instalações da base custou R$ 10 mil (valores atualizados
pela inflação do período). Tudo pago com cartão corporativo.
Um verdadeiro séquito de servidores acompanhou a presidente,
desde seguranças até empregados domésticos. A lancha utilizada por Dilma
e convidados durante a sua permanência na base naval foi alugada por R$ 20,4
mil (valor da época). O relatório da viagem informa que a despesa foi paga
em cash, porque o fornecedor não trabalhava com nenhum tipo de cartão
de crédito.
Em janeiro de 2012, as compras para atender as necessidades
do Palácio da Alvorada incluíram 6 garrafas da cachaça Havana, uma das
mais famosas do país, ao preço de R$ 246 a unidade. No mês seguinte, a
adega foi reforçada com 6 garrafas do espumante Freixenet Cava Premium,
por R$ 91 cada; mais 6 garradas do vinho português Quinta das
Tecedeiras, no valor de R$ 136 a unidade. De Araguari (MG), vieram
mais 8 garrafas da cachaça Montanhosa Tonel, por R$ 280 cada.
Os alimentos mantinham a sofisticação das bebidas. No mesmo
período, foram comprados no Empório Kalamares 5 kg de codorna desossada
por R$ 577 e 8 kg de carrê de cordeiro por R$ 976. Na Peixaria
do Guará, a mais tradicional de Brasília, além de 41 kg de côngrio rosa
e pescada amarela, foram adquiridos 12 kg de camarão rosa tamanho GGG,
no valor total de R$ 1,7 mil.
Na Viande Boutique de Carnes, no final de janeiro
daquele ano, foram comprados 81 kg de filé mignon por R$ 5,7 mil.
Uma semana depois, na mesma loja, gastaram-se mais R$ 6,2 mil com mais 89 kg de filé mignon e R$ 239 com 2,5 kg de picanha Uruguay. Houve ainda a compra de 10 kg de codorna desossada, tudo no
período de um mês.
Em compras de supermercado com cartão corporativo aparecem
também queijos muito especiais, como o Cablanca Holandês, por R$
99 o quilo, e o Grana Padano, por R$ 150 o quilo. E não poderia
faltar a sobremesa. Cartões corporativos já foram usados até para comprar tapioca
em Brasília: em fevereiro de 2012, foram adquiridas cinco caixas de sorvete
de tapioca por R$ 400.
Os cartões são usados para tudo. Naquele mesmo ano foram
compradas duas coleiras por R$ 255. Dilma tinha um labrador que a
acompanhou por 12 anos, de nome Nego. Nos registros há ainda aquisições
de material para a manutenção da piscina do Alvorada, material da copa e
cozinha, bolos e lanches variados.
Até o mês de junho de 2015, último ano completo de Dilma na
Presidência, as despesas com cartão corporativo alcançaram R$ 26 milhões
(em valores atualizados) — 25% a mais do que no atual governo no mesmo período.
Mas, a exemplo das administrações anteriores, Bolsonaro mantém em
segredo mais de dois terços das informações sobre gastos com cartões
corporativos, num total de R$ 13,5 milhões.
Há, ainda, gastos com as despesas dos ex-presidente da
República e com os familiares dos presidentes durante os seus mandatos. No
governo Lula, a Presidência chegou a mobilizar quatro equipes simultaneamente
para garantir a segurança dos filhos de sua alteza. Também foi assegurada segurança para
familiares da então presidente Dilma.