quinta-feira, 18 de novembro de 2021

MITO OU VERDADE?

QUEM ANDA NA CORDA BAMBA ÀS VEZES CAI

Celulares modernos usam baterias de íons de lítio (Li-Ion), que não estão sujeitas ao "efeito memória". Além de dispensarem ciclos completos de carga (para saber mais, clique aqui), elas interrompem a passagem da corrente elétrica quando a recarga se completa. Assim, você não precisa (e nem deve) esperar a bateria "zerar" ou o aparelho desligar automaticamente para colocá-lo na carga, nem — muito menos — deixá-lo carregando por 12 ou 24 horas de usá-lo pela primeira vez.

Baterias de íons de lítio funcionam com base em ciclos de carga que terminam quando 100% da energia é consumida e foram projetadas para suportar mais ciclos de carga mantendo 80% da capacidade original. Você pode, por exemplo, utilizar 60% da capacidade em um dia, recarregar a bateria totalmente e usar os 40% restantes no dia seguinte, perfazendo um ciclo completo a cada dois dias.

Também é possível — embora não seja recomendável — usar o aparelho durante a recarga. O risco de alguém morrer ou ficar seriamente ferido por uma explosão da bateria são tão remotas quanto as de acertar a Mega Sena acumulada, e em dois sorteios consecutivos.

É fato que casos graves relacionados com essa prática já foram registrados. Em 2013, uma aeromoça chinesa morreu eletrocutada quando saiu do banho para atender uma ligação em seu iPhone 5, que estava carregando (o causador da tragédia não foi o aparelho, mas a "burrice" de sua dona). No mês passado, um adolescente sofreu queimaduras graves pelo corpo ao ligar o carregador num local onde havia produtos químicos que ele estava manuseando (nesse caso, a perícia apurou que nem o celular nem o carregador apresentavam sinais de explosão).

Riscos de incêndio ou explosão envolvendo smartphones são pífios quando a bateria e o carregador são originais ou, no mínimo, de marcas homologados pelo fabricante do aparelho. Para que a bateria exploda, a temperatura precisa atingir 130°C; no interior de um carro estacionado sob o sol causticante do verão tupiniquim, o termômetro dificilmente passa de 60°C — calor suficiente para a gente se sentir numa sauna e até para o celular desligar automaticamente, mas não para a bateria explodir.

Por outro lado, usar o smartphone enquanto a bateria recarrega é como abrir a torneira para encher a pia da cozinha e não tampar o ralo. E a demora será maior ainda com um carregador veicular ou com a portinha USB do PC servindo de fonte de energia, já que a amperagem da rede elétrica do imóvel é bem maior.

Considerando que tanto o sistema operacional quanto os apps que rodam em segundo plano consomem energia mesmo com o celular em stand-by, e que todo dispositivo computacional precisa ser reiniciado de tempos em tempos — e o smartphone não é exceção —, por que não unir o útil ao necessário desligando dito-cujo antes de colocá-lo na carga?

ObservaçãoAtivar o modo avião reduz o consumo de energia, mas não elimina arquivos temporários nem limpa o cache de memória ou exclui “sobras” de apps que já foram encerrados mas não devolveram todo o espaço que ocupavam na RAM, entre outros benefícios proporcionados por um saudável reboot.