quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

NOTEBOOKS — VIDA ÚTIL E OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

A MEMÓRIA DOS CREDORES COSTUMA SER MELHOR QUE A DOS DEVEDORES.

Combinado com um monitor externo de dimensões generosas e um combo de teclado e mouse wireless, um laptop (ou notebook, como queiram) de configuração razoável pouco (ou nada) fica devendo a um desktop mediano, e, de quebra, "volta a ser portátil" sempre que o usuário quiser.

Por outro lado, computadores portáteis custam mais caro que os de mesa, sua manutenção é mais onerosa e seu upgrade, bem mais limitado. Isso sem falar que o uso em trânsito os expõe a tombos, impactos e, por que não dizer, à cobiça dos amigos do alheio.

Um computador de boa estirpe, de mesa ou portátil, irá prestar bons serviços por quatro ou cinco anos. Isso porque, mesmo que continue funcionando direitinho depois desse prazo, os fabricantes têm por norma estimular as “compras repetitivas”, o que fazem lançando novas versões em intervalos de tempo cada vez menores, e valendo-se de campanhas de marketing para disseminar a ideia de que as "inovações" justificam o investimento na aquisição de um modelo supostamente “superior”.

Para garantir que seu público-alvo seja alcançado, a indústria criou o conceito de “obsolescência programada”, que consiste em abreviar a “vida útil” dos assim chamados “bens duráveis”, antecipando a troca de algo que não precisa ser trocado por um modelo novo que provavelmente irá durar bem menos. Mas não é só.

Novas exigências dos sistemas operacionais e aplicativos podem tornar obsoletos os modelos mais antigos. Basta lembrar que, ao anunciar o Windows 11, a Microsoft incluiu na lista de requisitos mínimos o famigerado TPM 2.0 (processador de criptografia destinado a robustecer a segurança durante a inicialização do sistema; para mais detalhes sobre o recurso e como fazer para ativá-lo, acesse esta postagem) e CPUs de oitava geração ou superior. Claro que não demoraram a surgir maneiras "não oficiais" de fazer o upgrade em máquinas que não contam com esses recursos (para mais detalhes, assista a este vídeo), mas essa é uma outra conversa.

Interessa dizer que seu note irá lhe prestar bons serviços por mais tempo se você não o tratar ao coices, embora isso não significa que você não será forçado a substituí-lo, mais cedo ou mais tarde, por um computador novo.

A estimativa de vida útil de um produto pode ser abreviada por mau uso ou falta de manutenção. No caso específico do note, é importante desligar o aparelho (ou colocar o sistema em hibernação) na hora de transportá-lo — e usar uma maleta almofadada ou uma mochila apropriada. Ainda que drives de memória sólida (SSD) sejam "menos frágeis" que discos rígidos eletromecânicos, há outros componentes internos que podem ser danificados por vibração excessiva, solavancos bruscos e outros "acidentes de percurso".

Embora "laptop" signifique "sobre o colo", usar o aparelho apoiado nas coxas por longos períodos não é uma boa ideia — além de ser desconfortável, pois o calor gerado durante o funcionamento é transferido para as pernas do usuário. Colocar o portátil em cima de travesseiros, almofadas, colchas ou algo do gênero pode prejudicar a circulação do ar no interior do gabinete — pelo mesmo motivo, mantenha as ranhuras de ventilação desobstruídas e procure ajuda especializada se o microventilador do cooler emitir ruídos estranhos. E, por motivos óbvios, evite comer e/ou beber enquanto usa o portátil.

O Windows não oferece um utilitário nativo para monitoramento da temperatura do hardware, mas existem diversos aplicativos (como o Core Temp e o HWMonitor) que suprem essa lacuna. Por outro lado, melhor do que desligar o aparelho antes que ele superaqueça é evitar que ele superaqueça. No caso específico dos portáteis, suportes com ventiladores acoplados não custam caro e produzem bons resultados.

O preço do computador depende diretamente da configuração de hardware, e isso vale tanto para desktops quanto para laptops. Modelos de entrada de linha são mais acessíveis, mas deixam a desejar na hora de rodar apps mais "exigentes" (como editores de vídeo, games e outros que tais). Quando for comprar um PC, seja de mesa ou portátil, prefira um modelo que integre ao menos 8GB de RAM, HDD/SSD com 1TB de espaço e CPU/GPU de responsa.

O Windows multitarefa, mas você não é. A navegação por abas, facilita um bocado a vida do internauta, mas deve ser usada com parcimônia. Até porque os navegadores são ávidos consumidores de memória RAM, e cada aba aberta aumenta o consumo (quase tanto novas instâncias do aplicativo). Portanto, seja seletivo ao usar as abas e mantenha abertas somente aqueles que são necessárias naquele momento.

Para não precisar anotar o endereço da página que você tenciona revisitar mais adiante, adicione-a aos favoritos ou fixe-a na Barra de Tarefas ou no menu Iniciar do Windows (para acessar essas opções, abra a tela de configurações do Edge e na setinha à direita de Mais Ferramentas).

Note que você pode configurar o navegador para "adormecer" as abas que ficarem inativas por um determinado período, de modo a reduzir o consumo de memória é ciclos do processador. Para tanto, clique em Configurações (na página de configurações do navegador), depois em O sistema e o desempenho (na coluna à esquerda da página) e habilite as opções Salvar recursos com guias inativas e Esmaecer guias inativas (oriente-se pela figura 1). Feito isso, em Colocar as guias inativas em suspensão após o período de tempo especificado, escolha a opção desejada — recomendo 5 minutos, mas você pode escolher entre 30 segundos e 12 horas.

No Google Chrome, é possível fazer mais ou menos a mesma coisa, mas desde que você adicione o plugin (extensão) Great Suspender. Ele monitora as abas abertas em tempo real e coloca em animação suspensa as que estão inativas. Concluída a instalação, reinicie o navegador, clique no ícone que será exibido na porção à direita da barra de endereços e, no menu suspenso, clique em Configurações, ajuste o tempo de inatividade da página e torne a reiniciar o navegador. O intervalo padrão é de uma hora, mas você pode alterar para qualquer outro entre 20 segundos e 3 dias (também nesse caso eu sugiro 5 minutos).

Se seu PC dispõe de pouca RAM (muitos modelos de entrada de linha trazem míseros 4GB), mantenha em execução somente os aplicativos necessários — com exceção das ferramentas de segurança (como antivírus, firewall, antispyware e que tais), os demais programas não têm motivo para estar na lista da inicialização automática, mas ninguém explicou isso aos desenvolvedores.

Programa enxeridos, como o Skype, o Teams e OneDrive, entre outros, não só retardam a inicialização do sistema como degradam o desempenho global do computador. Mesmo rodando nos bastidores, eles disputam ciclos de processamento e espaço RAM com os programas que a gente está realmente utilizando. 

Alguns aplicativos permitem rever essa configuração durante a processo de instalação (na maioria dos casos, basta desmarcar uma caixinha de verificação), mas a gente nem sempre atenta para esse detalhe. O Windows permite desativar a inicialização automática de aplicativos instalados (basta clicar em Iniciar > Configurações > Aplicativos > Inicialização, como se vê na figura 2), mas não nos permite evitar que novos aplicativos se aboletem no seu banco do carona. Felizmente, o Advanced System Care, da IOBit, supre essa lacuna.

Mantenha seu computador limpo, tanto interna como externamente, mas assegure-se de que os produtos que você for usar na carcaça, tela e teclado sejam adequados. E só faça a faxina com o aparelho desligado. Já a limpeza interna é um procedimento simples e que pode ser feita por qualquer usuário, mas isso nos desktops. Nos portáteis, só deve se arriscar a desmontar o aparelho quem tiver alguma familiaridade com hardware. E sendo o seu caso, você não precisa das minhas dicas; se não for, recorra a um computer guy de confiança.