segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

RESTAURE-SE O IMPÉRIO DA MORALIDADE OU LOCUPLETEMO-NOS TODOS! (PARTE XIX)

 

Em maio de 2019, num ato falho que beirou o sincericídio, Bolsonaro disse a seus baba-ovos: “não nasci para ser presidente, mas sim para ser militar.” E completou: “Não tenho qualquer ambição. Não me sobe à cabeça o fato de ser presidente. Eu me pergunto, eu olho pra Deus e falo: o que eu fiz para merecer isso? É só problema, mas temos como ir em frente, temos como mudar o Brasil.”

Nem a finada Velhinha de Taubaté acreditaria que um presidente que sempre foi amigo de milicianos, partidário da baixa política, adepto das rachadinhas e que jamais havia administrado coisa alguma — nem mesmo carrinho de pipoca em porta de cinema, como registrou José Nêumanne em sua coluna no Estadão — faria um bom governo, mas poucos imaginavam que sua passagem pela Presidência seria tão nefasta.

Covid não estava no programa, mas não é justo atribuir exclusivamente ao vírus maldito todas as agruras infligidas ao povo brasileiro nos últimos três anos, sobretudo porque o despreparo e o negacionismo do pajé da cloroquina foram determinantes para esse resultado.

Em 27 anos de vida pública, o ex-capitão que deixou a caserna pela porta de serviço (ou do desserviço) foi filiado a oito partidos, todos de aluguel. Mas na política o desafeto de hoje pode ser o aliado de amanhã. E vice-versa.

Dois anos depois de se desfiliar do PSL — e de o projeto de criar um partido para chamar de seu dar com os burros n’água — Bolsonaro se amancebou com o PL do mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto. Detalhe: quando sua alteza ainda se esforçava para aparentar lisura e probidade, um de seus escudeiros cantarolava “se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão” (parodiando o pagode Reunião de Bacana).

Durante a campanha, o próprio Bolsonaro chamou o cacique do PL de “corrupto e condenado”. Em novembro passado, depois de ter flertado com um dúzia de legendas, chegou a mandar o dito-cujo à puta que o pariu — e ouviu em resposta um enfático “vá tomar no cu” (você e seus filhos).

Nos últimos três anos, Bolsonaro não desceu do palanque um dia sequer. Estimulou (e participou pessoalmente) de diversas manifestações antidemocráticas. Flertou incontáveis vezes com o autogolpe. Fomentou um sem-número de crises institucionais. Entre inúmeras motociatas (inclusive em dias úteis e horário do expediente) e uma blindadociata, chamou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, de “filho da puta”, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de  “canalha”. Quando a situação ameaçou sair do controle, foi chorar as pitangas na barra da saia do Vampiro do Jaburu, que redigiu, a seu pedido, uma patética carta de retratação.

Continua...