SE FERRADURA TROUXESSE SORTE, BURRO NÃO PUXARIA CARROÇA.
O Windows e o macOS são sistemas parecidos, contam com funcionalidades equivalentes e com um respeitável ecossistema de apps — o que não é o caso do Linux. Mas toda mudança implica uma adaptação, e o sistema operacional não é exceção. O que varia é o tempo que cada usuário leva para “reaprender” a trabalhar com o computador.
No Windows há uma barra de menus em cada janela; no macOS, os menus do aplicativo que está em execução são exibidos na barra superior. Eu demorei a me acostumar com isso — e com a posição dos botões de fechar (vermelho), minimizar (amarelo) e ampliar (verde), que não ficam no canto superior direito da janela, mas sim no esquerdo.
Diferentemente do que acontece no Windows, o terceiro botãozinho da esquerda para a direita (que no macOS é verde) não “maximiza” a janela. O que ele faz é exibi-la da forma mais eficiente possível (levando em conta o conteúdo), mas cada programa interpreta esse botão a sua maneira, e o resultado é imprevisível: a janela pode ficar do mesmo tamanho, aumentar somente a altura e até diminuir.
Também causa estranheza o comportamento do sistema quando clicamos no “x” que fecha a janela. No Windows, essa ação encerra o aplicativo; no macOS, ela simplesmente facha a janela — ou seja, o programa continua carregado na RAM até clicarmos com o botão direito sobre seu ícone na Dock e selecionarmos a opção Encerrar (ou pressionarmos o atalho Command + Q).
Observação: No Windows, a Barra de tarefas fica alinhada à borda inferior da tela; no macOS, uma “Dock” com aplicativos e pastas importantes — incluindo o ícone da Lixeira (que a Apple chama de “Lixo”) desempenha esse papel. Na área de trabalho (que a Apple chama de “mesa”), os ícones se posicionam automaticamente do lado direito da tela.
Nos teclados padronizados para Windows, a tecla com o logo do sistema da Microsoft faz o papel da tecla “Command”, que faz as vezes da tecla Control em atalhos como Ctrl + C e Ctrl + V (que passam a ser Command + C e Command + V). Para atualizar uma página, usamos o atalho Command + R em vez da tecla o F5 (coisa que eu demorei a descobrir). Para desligar o computador, clicamos no ícone da maçã, na barra superior da tela, e selecionamos a opção Desligar.
O Finder equivale ao Explorador de Arquivos, mas eles não se comportem exatamente da mesma maneira. Por alguma razão, a tecla Enter serve para renomear o arquivo selecionado; para abri-lo é preciso teclar Command + O (no iTunes, curiosamente, a tecla Enter “abre” a música ou vídeo). Ao pressionarmos a barra de espaço, o macOS exibe uma pré-visualização do arquivo selecionado.
As ferramentas fornecidas pela Apple são mais “intuitivas” do que as da Microsoft. O Time Machine, por exemplo, é um utilitário de backup como o que integra o Windows, só que muito mais amigável. Basta conectar um drive externo e dar um clique para o Time Machine fazer backups automaticamente; para recuperar um arquivo, é só abrir o aplicativo, “voltar no tempo” e restaurar o dito-cujo (ou retornar o sistema inteiro para uma determinada data, como se faz com a Restauração do Sistema da Microsoft).
As interfaces bem desenhadas dos apps para o macOS passam a impressão de um cuidado maior com o visual. A gente logo se acostuma e deixa de reparar, mas basta retornar ao Windows para as diferenças saltarem aos olhos (embora sejam menos perceptíveis no Win11, cujo visual é mais caprichado que o das versões anteriores).
Ainda que não faltem programas gratuitos na App Store, o Windows dá de lavada quando se trata de games. E o mesmo vale para programas freeware: diversos apps gratuitos que eu uso no sistema da Microsoft não estão disponíveis para o da Apple, e os que tem versão comercial custam muito mais caro. Por outro lado, o macOS traz menos bloatware, e os programas nativos que o acompanham facilitam tarefas como edição vídeos e de áudios, transferência de fotos para o computador, e por aí vai.
O macOS é mais fácil de instalar e oferece atualizações mais rápidas e menos problemáticas. Sempre que lança uma nova versão do sistema, a Apple a disponibiliza gratuitamente para qualquer Mac que a suporte. É fato que Microsoft transformou o Windows em serviço em 2015 e passou a atualizá-lo semestralmente sem ônus para o usuário, mas aí decidiu lançar o Win11 e impor uma série de restrições ao upgrade.
A segurança é outro aspecto digno de nota (voltaremos a esse assunto mais adiante). Embora não seja invulnerável, o macOS (e o iOS) é menos inseguro que o Windows (e o Android), sobretudo porque tem menos usuários (ou vítimas em potencial, do ponto de vista dos cibercriminosos), mas também porque seu kernel (núcleo) é baseado em BSD e conta com um esquema de permissões mais sofisticado (mais detalhes nesta postagem).
Observação: Se você migrar e precisar rodar programas exclusivos para Windows, mas não quiser abrir mão do hardware da Apple, saiba que é possível instalar o sistema da Microsoft no Mac, embora não seja possível executar o macOS em um computador que não seja da marca da maçã.