sexta-feira, 22 de julho de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE III)

A CORRUPÇÃO NA POLÍTICA É APENAS UMA CONSEQUÊNCIA DAS ESCOLHAS DO ELEITORADO.

Em 2011, um experimento chamado Oscillation Project with Emulsion-tRacking Apparatus (Opera, na sigla em inglês), desenvolvido por físicos europeus para estudar o fenômeno da oscilação de neutrinos, ameaçou anular tudo o que se sabia até então sobre a velocidade da luz, a Teoria da Relatividade e a física moderna. 

Isso porque, diferentemente das partículas de luz, os neutrinos possuem uma quantidade desprezível de massa e, à luz (sem trocadilho) da teoria de Einstein, deveriam viajar a uma velocidade menor que a da luz. Acabou que o experimento detectou neutrinos se movendo a uma velocidade superior à da luz. Mais adiante, porém, descobriu-se que a divergência foi causada por um relógio mal conectado, que registrou a passagem do Tempo incorretamente. Assim, toda a Física moderna foi questionada devido a um cabo de fibra ótica solto.

Cientistas são pessoas, e pessoas são seres falíveis. A diferença é que os cientistas aprendem com os próprios erros, ao passo que o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim comete o mesmo erro seguidamente, esperando que uma hora isso resulte num acerto. Segundo o Teorema do Macaco Infinito, um milhão de macacos datilografando aleatoriamente em um milhão de máquinas de escrever reproduzirão, em um milhão de anos, a obra completa de Shakespeare. Mas o Brasil não pode esperar um milhão de anos.

Voltando aos computadores quânticos, a velocidade de processamento alcançada por essa tecnologia promete revolucionar o universo da TI, já que, operando com qubits em vez de bits tradicionais, os sistemas quânticos executam em poucos segundos cálculos que os computadores atuais levariam milhões (ou bilhões) de anos para concluir.

Relembrando: Enquanto um bit binário só é capaz de assumir um de dois valores (ou zero, ou um), os bits quânticos — ou qubits  também trabalham com valores 0 e 1, mas não de forma excludente, o que lhes permite a execução simultânea de mais de um bilhão de cópias de um cálculo.

Nem tudo são flores nesse jardim. Para além de um sem-número de dificuldades (cuja discussão foge aos propósitos deste texto), há ainda a questão do custo. Embora as perspectivas sejam alvissareiras — como comprova a máquina quântica que a IBM instalou nas dependências da Cleveland Clinic, no estado norte-americano de Ohio —, muita água vai rolar até podermos ter uma belezinha dessas em casa. Seja devido ao espaço que elas ocupam, seja por ser preciso mantê-las refrigeradas (em temperaturas baixíssimas), seja porque elas custam milhões de dólares.

Por enquanto, os sistemas quânticos são utilizados nos meios científico e acadêmico — em simulações extremamente precisas e complexas do comportamento do clima no planeta, por exemplo. Vale destacar que tamanho poder de processamento seria “sopa no mel” para os cibercriminosos, já que chaves criptográficas que hoje são consideradas seguras poderiam ser quebradas em menos de um segundo.

Ainda que já tenhamos conversado sobre criptografia em outras oportunidades, não custa relembrar que esse processo (também conhecido como encriptação ou ciframento) consiste basicamente em tornar os dados incompreensíveis para quem não dispõe da respectiva “chave criptográfica”. Na E2EE (sigla de End-to-End Encryption), o emissor e o receptor das mensagens contam com uma chave pública, que codifica o conteúdo antes de transmitir as mensagens, e uma chave privada, que decifra o conteúdo das mensagens recebidas (esse processo pode ocorrer de forma simétrica ou assimétrica).

Uma chave de 3 bits, por exemplo, oferece 23 possibilidades (000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111). Mas cada bit acrescentado ao expoente dobra a quantidade de combinações possíveis, exigindo maior esforço computacional e mais tempo para o exaurimento das possibilidades. A criptografia de 256 bits tem um comprimento de chave de 2265, que oferece 115 quattuorvigintillion de combinações possíveis (número que corresponde a 115 multiplicado por 10 elevado à 75 potência). Faça as contas.

Continua...