quinta-feira, 14 de julho de 2022

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR

 

Na fase larval, o PT se jactava de não roubar nem deixar roubar. Mas não há nada como o tempo para passar. Bastou Lula ascender ao poder para a petralhada lotear estatais, ministérios, fundos de pensão, bancos, enfim, institucionalizar a corrupção e transformar o Brasil numa organização criminosa pluripartidária. Mas não há nada como o tempo para passar. Em 2013, o julgamento do Mensalão mandou para o xadrez duas dúzias de corruptos. Por alguma razão, o maior beneficiário do esquema criminoso não foi sequer indiciado, mas não há nada como o tempo para passar.


A Lava-Jato rendeu ao pajé do PT duas dezenas de processos. Quando o TRF-4 confirmou sua condenação no caso do tríplex, ele foi acomodado numa suíte VIP da carceragem da PF em Curitiba, e quando o TSE rejeitou sua candidatura à presidência (vencido o voto do eminente ministro Edson Fachin) o picareta se fez representar por um patético bonifrate — que acabou derrotado por aquele que se revelaria o pior mandatário desde Tomé de Souza. Mas não há nada como o tempo para passar.


No dia 8 de novembro de 2019, nem bem o STF sepultou a prisão em 2ª instância (por 6 votos a 5), o prisioneiro mais famoso do Brasil ganhou as ruas, subiu num palanque improvisado e destilou seu ódio contra Moro e os desembargadores do TRF-4. E repetiu a dose no dia seguinte em São Bernardo do Campo, seu reduto eleitoral. E então foi pra ponte que partiu, digo, partiu em caravana pelo Brasil. Mas não há nada como o tempo para passar.

 

Em março de 2021, depois que uma epifania revelou ao ministro Fachin (com quase seis anos de atraso) que Lula não devia ter sido julgado pela 13ª Vara Federal do Paraná, e assim o eminente magistrado anulou as condenações impostas ao petista e determinou que seus processos fossem reiniciados na JF do DF. Com a velocidade de um raio, o igualmente eminente ministro Gilmar Mendes articulou a "suspeição" de Moro, que passou de herói nacional a juiz parcial. Passado mais algum tempo (até porque não há nada como o tempo para passar), as demais ações contra Lula por crimes não prescritos tiveram a tramitação interrompida (por alguma tecnicidade) e acabaram no arquivo.

 

Graças a uma série de decisões teratológico-escatológicas, Lula percorre a conjuntura travestido de inocente, a despeito de ter sido inocentado em apenas 3 dos 20 processos que colecionou depois de deixar a Presidência. E como nada nunca é tão ruim que não possa piorar, a eleição de outubro promete ser uma reedição ainda mais tenebrosa do pleito plebiscitário de 2018. A diferença é que, agora, o sumo pontífice da seita do inferno poderá enfrentar pessoalmente o psicopata mandrião. 

 

Para poupar o eleitorado de fazer merda no primeiro turno, eliminando candidatos que até poderiam pôr ordem no galinheiro, o establishment tupiniquim se encarregou de escantear João Doria e Sergio Moro. Com apenas Ciro Gomes e Simone Tebet (os demais sonhadores têm tanta chance de se eleger quanto eu de ser ungido papa), a polarização entre os dois imprestáveis será ainda mais difícil de quebrar. 

 

Triste Brasil.