Entre as 123 pirâmides egípcias, as mais conhecidas são as de Quéops, Quéfren e Miquerinos, que ficam na península de Gizé, sob a guarda da portentosa Esfinge. A primeira — que é a maior pirâmide do planeta — mede 174 metros de altura por 230 metros de largura, e é composta por mais de dois milhões de blocos de pedra (os maiores pesavam mais de 80 toneladas). A segunda é 30 m mais baixa e a terceira tem apenas 65 m de altura. Detalhe: Quéops foi o pai de Quéfren e o avô de Miquerinos.
A Esfinge — estátua com corpo de leão e cabeça de faraó — vela pelas tumbas dos faraós desde 2500 a.C., mas há quem diga que as pirâmides foram erigidas há mais de 12 mil anos e que a Esfinge é ainda mais antiga. As esfinges podem ser masculinas ou femininas, mas sempre são astutas e impiedosas. Reza a lenda que elas propõem enigmas às pessoas e devoram quem não descobre a resposta. O exemplo mais emblemático remete ao rei Édipo, como foi visto nesta postagem.
Observação: Não se sabe como o nariz da Esfinge desapareceu; a hipótese mais provável é a de que cristãos ou otomanos fizeram “cirurgia” em algum momento dos séculos XVI ou XVII, lembrando que, no antigo Egito, ladrões tinham o nariz extirpado (tanto como forma de punição quanto para facilitar o reconhecimento), e os povos invasores passaram a mutilar as estátuas.
Os egípcios eram obcecados por proporções, daí a discrepância entre a cabeça e o corpo da Esfinge causar estranhamento. Para além disso, o rosto não se parece com outras representações do faraó Quéfren. Segundo alguns egiptólogos, a estátua se parece mais com Quéops, e foi construída a mando do pouco conhecido faraó Djedefré, irmão de Quéfren, em homenagem ao pai. O corpo da Esfinge não é felino (leões são conhecidos pelas costas curvas e pela juba), e a semelhança com um cão sugere que o monumento representava o deus Anúbis, comumente retratado com a cabeça de um chacal. Segundo os egípicios, cabia a Anúbis guiar a alma dos mortos (da mesma forma que Cérbero na mitologia grega).
O escritor suíço Erich von Däniken afirma que extraterrestres visitaram a Terra há milhares de anos, e que os deuses das civilizações antigas são representações de alienígenas. Mesmo que a comunidade científica considere esses argumentos frágeis, nada muda o fato de que as teorias do escritor suíço têm fortíssimo apelo popular — seus livros venderam cerca de 80 milhões de cópias mundo afora e inspiraram a bem-sucedida série Alienígenas do Passado, produzida pelo History Channel.
É difícil acreditar que, com os precários recursos tecnológicos de então, os antigos egípcios conseguissem alinhar precisamente os quatro lados das bases quadradas das pirâmides com os pontos cardeais e seus picos, com a constelação de Orion (que, para os sacerdotes, correspondia aos deuses Osíris e Ísis, e a ideia era fazer com que os faraós chegassem diretamente a essa região do firmamento).
O arqueólogo britânico Glen Dash acredita que as sombras projetadas no equinócio do outono por uma haste — como nos relógios de sol — foram usadas para marcar a curva exata e, unindo-se os pontos, chegou-se a uma linha perfeita. Mas como explicar que os mais de dois milhões de blocos que formam a pirâmide de Quéops tenham sido erguidos a uma altura de até 147 metros, quando um único bloco chega a pesar 80 toneladas?
Segundo Aristóteles, entre diversas hipóteses formuladas sobre as mesmas evidências, é mais racional acreditar na mais simples. Mas até aí morreu o Neves.
Continua...