segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA (DÉCIMA SÉTIMA PARTE)

AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO SIGNIFICA EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.

O livro "Eram os Deuses Astronautas?", do escritor suíço Erich von Däniken, serviu de base para a "Teoria dos Antigos Astronautas" e para a série de TV Alienígenas do Passado (apresentada por Giorgio Tsoukalos), segundo as quais a humanidade só chegou aonde chegou graças a tecnologias introduzidas por visitantes extraterrestres. 

Para muitos, tudo isso não passa de "pseudociência", mas é bom lembrar que, em pleno século XXI, a despeito de inúmeras evidências darem conta de que nosso planeta e os demais corpos celestes são esféricos, ainda tem gente (e como tem!) que continua a achar que a Terra é plana. 
 
O discurso de que as pirâmides do Egito, os moais da Ilha de Páscoa e outros monumentos que tais foram construídos por uma tecnologia superior também não é exatamente uma unanimidade, mas a ciência ainda não conseguiu oferecer explicações totalmente satisfatórias para esses e outros "mistérios". 
Traçando um paralelo com a polarização política, as pessoas preferem assimilar as conclusões que parecem mais convenientes à luz de suas próprias convicções, pouco lhes importando quão improváveis elas sejam, a buscar hipóteses e questionar evidências.  
 
Um artigo publicado há alguns anos na Super qualifica de "obscurantismo do século XXI" o fenômeno global da irracionalidade, e cita, dentre outros exemplos, a ideologia dos terraplanistas. Segundo a reportagem, em outubro de 2018 um grupo de “pesquisadores” terraplanistas foi recebido por deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, onde ganharam uma homenagem por seus “estudos” sobre a forma do nosso planeta. A explicação (ainda segundo a revista) é que uma parcela significativa da população desconhece fatos objetivos sobre o mundo — como a Lei da Gravitação, que os terraplanistas dizem ser uma farsa — e, pior, não sabe distinguir fatos de opiniões. 
 
Todos temos direito a nossas opiniões, mas ninguém tem direito aos próprios fatos. Assim, não se pode ter uma “opinião” sobre o formato da Terra ou sobre a existência da gravidade, já que isso pertence ao reino dos fatos. Mas o fato (sem trocadilho) é que cada vez mais pessoas, quando encurraladas pelos fatos, dizem que “essa é a sua opinião” como forma de fechar questão e encerrar um debate. 

Veja, por exemplo, a questão da Covid. Mesmo sendo a grande responsável pela redução dos casos de morte pelo vírus, a vacina continua sendo questionada pelas pessoas, que lhe atribuem supostos males que elas comprovadamente não causam.
 
Observação: Um estudo intitulado Perils of Perception (Perigos da Percepção) feito com 33 nações concluiu que o país que menos sabe sobre sua própria situação é o México, o segundo, a Índia, e o terceiro, o Brasil. Na outra ponta, destacaram-se a Coreia do Sul, a Irlanda e a Polônia, nesta ordem.
 
Sem vacinas e antibióticos, a mortalidade infantil era altíssima. Durante o século 19, uma de cada três crianças morria antes de completar cinco anos. Na Alemanha, o índice chegava a 50%. O ser humano passou milhares de anos tentando proteger sua prole com rezas, chás e superstições de todo tipo, mas o que deu certo foi entender como as doenças funcionam e combatê-las com armas eficazes.
 
Chegamos a tal ponto de imbecilidade que agentes públicos se sentem à vontade para ditar políticas de acordo com premissas completamente desconectadas da realidade objetiva. Isso não passaria de um escândalo embaraçoso, não fosse um detalhe: essas atitudes nunca tiveram tanto apoio popular como nos últimos anos. O que é paradoxal, na medida em que um celular conectado à Internet nos garante mais informação do que tinha o presidente dos Estados Unidos nos anos 1960. Ainda assim, e por mais surreal que possa parecer, em que pese o poderio tecnológico de que dispomos, estamos ficando cada vez mais desinformados e ignorantes.
 
O fato de você jamais tenha visto um OVNI não significa que não existe vida extraterrestre. Talvez os ETs não sejam iguais a nós, nem se pareçam com os folclóricos homenzinhos verdes dos primeiros filmes sobre discos voadores, mas já foi comprovado cientificamente que ingredientes necessários à formação da vida, como água líquida e moléculas de carbono, abundam no Universo. 
 
Se existem bilhões de planetas parecidos com a Terra na porção observável do cosmos, é implausível — para dizer o mínimo — que a vida tenha surgido somente no terceiro dos oito planetas que orbitam uma estrela de quinta grandeza nos cafundós da Via Láctea. 
 
Observação: Nos meus tempos de estudante, ensinavam que o Sol era uma estrela de quinta grandeza (acho que ainda é), que Júpiter tinha 12 satélites (hoje são 79) e que Plutão era o nono planeta no nosso sistema solar (ele perdeu esse status há quase duas décadas, mas é possível que venha a recuperá-lo em algum momento).  
 
Como escreveu Carl Sagan: “Ausência de evidência não significa evidência de ausência”.