domingo, 8 de janeiro de 2023

A GENTE NÃO SABEMOS DE NADA


 
"A gente não sabemos escolher presidente", sentenciou a banda Ultraje a Rigor em um clássico profético dos anos 1980. Quatro décadas depois, mesmo com impeachment e prisão de ex-presidente, as escolhas continuam duvidosas e o país continua do mesmo jeito. Pelé, o eterno rei do futebol, rimou com a banda de Roger por antecipação ao dizer, ainda na década de 70, que "o brasileiro não estava preparado para votar".

Vivemos num país tão surreal quanto as pinturas de Dali. Nossa independência foi comprada. A Proclamação da República foi o primeiro de uma série de golpes militares. Dos 38 presidentes que governaram esta banânia desde 1989, oito, começando pelo primeiro, não terminaram seus mandatos. 

O Brasil avança  não graças aos governos que tem, mas apesar deles. Como desgraça pouca é bobagem, agora temos de lidar com "a volta dos que nunca se foram". 
 
A gente não sabemos escolher presidente. Mesmo. E nem parlamentares. Para a Câmara, já elegemos palhaços, iletrados, e até ator pornô. No Senado, conseguimos colocar a espetacular Damares Alves, mestre em ciências ocultas e doutora em letras apagadas (exemplo que dispensa o acréscimo de outros).

 

A vida e feita de escolhas, ensinou o oncologista Nelson Teich em 15 de maio de 2020, ao comunicar que havia escolhido deixar o Ministério da Saúde. E o brasileiro é mestre em fazer as piores escolhas. Sempre. No Rio de Janeiro, o governador eleito em 2018 na esteira de Bolsonaro foi afastado. Entre seus predecessores, Pezão, Cabral, Anthony e Rosinha Garotinho e Moreira Franco foram parar na cadeia.

 

Escolhas erradas são um traço cultural do brasileiro, adquirido a base de Educação paupérrima. O que nos leva a Tite, ou melhor, ao fiasco da seleção brasileira na Copa de 2022. Não culpemos o professor por levar o Daniel Alves ou por ele não ter colocado Neymar no lugar de Rodrygo para bater o primeiro pênalti. Ele foi só mais um brasileiro exuberando em seu direito de escolher tudo errado. Afinal, a gente não sabemos nem ganhar Copa do Mundo. 


Inspirado num texto de Mentor Neto