Passagem de ano é terreno fértil para retrospectivas, mas revisitar a gestão que terminou ontem é puro masoquismo. Bolsonaro deveria ter sido defenestrado no primeiro ano de sua malfadada gestão, mas agarrou-se ao cargo com unhas e dentes e fez da presidência parque de diversões particular e palanque para a reeleição. Derrotado, fechou-se em copas. Desapareceu do cercadinho, parou de gravar as tradicionais lives de quinta-feira e deixou o país antes da virada do ano, para não transferir a faixa presidencial a Lula.
Observação: Não que o capitão fosse "chegado no batente": em 2019, sua média de trabalho diária era de 5,6 horas; em 2020, 4,7 horas; em 2021, 4,3 horas; neste ano, até outubro, 3,6 horas; depois da derrota, 36 minutos por dia.
Desde janeiro de 2019, Bolsonaro fez 16 pronunciamentos em rede nacional. Nos primeiros três anos de "governo", divulgou vídeos de Boas Festas. Mas 2022 passou em branco. No dia de Natal, foi publicada em suas redes sociais uma postagem em que ele aparece distribuindo presentes para crianças. "Um feliz Natal, com muita paz ao lado daqueles que vocês mais amam".
Livrarmo-nos do pior mandatário desde Tomé de Souza é uma benção. No entanto, graças ao esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim, isso custou a volta de Lula et caterva. E as perspectivas não são alvissareiras. Para satisfazer o apetite voraz do PT e da tal "Frente Democrática" que o apoiou, Lula aumentou de 23 para 37 os Ministérios e nomeou "gente da melhor qualidade" para comandá-los. Como dizia o velho Bezerra da Silva...
Livrarmo-nos do pior mandatário desde Tomé de Souza é uma benção. No entanto, graças ao esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim, isso custou a volta de Lula et caterva. E as perspectivas não são alvissareiras. Para satisfazer o apetite voraz do PT e da tal "Frente Democrática" que o apoiou, Lula aumentou de 23 para 37 os Ministérios e nomeou "gente da melhor qualidade" para comandá-los. Como dizia o velho Bezerra da Silva...
O Brasil não merecia — e talvez nem suportasse — mais quatro anos sob Bolsonaro. Mas caiu do cavalo quem "fez o L" esperando que Lula governasse com responsabilidade fiscal, que o PT não tentasse avançar sobre as estatais e que entregasse cargos importantes a partidos ou políticos como os quais sua afinidade foi meramente de ocasião. A serventia desses "aliados" — políticos com mandato, líderes partidários, economistas influentes ou formadores de opinião — terminou às 18 horas de 30 de outubro de 2022. Daquele momento em diante, eles se tornaram fardos a tolerar em nome da tal “governabilidade”.
Considerando que o partido está na vida pública do Brasil há quatro décadas e governou o Brasil por quase catorze dos últimos vinte anos, isso não é exatamente uma surpresa. Mas boa parte dos que "fizeram o L" não entendeu — talvez porque não não quis entender — que, como escorpião da fábula, o PT esta sendo o PT e fazendo o que ele sempre fez. É uma lição dura para aqueles que, por conveniência ou aversão (justificada ou não) a Bolsonaro, abraçaram o lulopetismo apesar de seu histórico.
Eles poderão continuar a fazer o "L", mas desta vez de "ludibriados".
Feliz 2023 a todos.