sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

É, MAS NÃO É MUITO...

 

Enquanto Jair Bolsonaro discursa para plateias cada vez mixurucas, LulaJanja e a cachorrada se mudam para o Alvorada. Enquanto Flávio Bolsonaro diz não ver indícios de crime nos relatos de Marcos do Val, o ministro Alexandre de Moraes manda (finalmente) investigar o episódio que Gilmar Mendes diz repudiar, atirando no próprio pé ao levar essa "gente do porão" à alça de mira. 
 
Na época em que dava expediente na câmara dos deputados do Rio de Janeiro, zero um confiou a gerência da folha de seu gabinete a Fabricio Queiroz, ex-PM como Daniel Silveira. A despeito de todas as evidências em contrário, o filho do pai sempre se declarou inocente, mas nunca buscou uma sentença absolutória, preferindo matar as provas — e foi prontamente atendido por Mendes e Toffoli, que lhe concederam um congelamento processual de mais de um ano — tempo suficiente para que o STJ empurrasse parte das evidências colecionadas para a cova.
 
Tratado por Bolsonaro como uma espécie de gorjeta togada, o ministro Nunes Marques —"10% de mim no Supremo"— foi alçado ao topo do Judiciário com o aval de Mendes e Toffoli, que endossaram a escolha num jantar com o então presidente desta banânia. Hoje, o decano do STF fala sobre "gente do porão" com o distanciamento um scholar entretido com os paradoxos que levaram pessoas vinculadas à milícia do Rio de Janeiro a ganhar protagonismo na vida nacional. Desconsidera sua contribuição pessoal para que um personagem como Flávio Bolsonaro continue desfilando sua "inocência" pelos salões de Brasília, como se nada tivesse sido descoberto sobre ele e suas conexões milicianas.
 
No campo jurídico, assim como na política, o autoengano é o perigo por excelência. O enganador autoenganado perde todos os contatos, não só com suas falas e decisões, mas com o mundo real.
 
Com Josias de Souza