sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

VIDA LONGA AO REI

 

Lula pediu a apoiadores que rezem para que sua vida dure um pouco mais. Faz sentido. Se sobreviver ao terceiro mandato, o petista terá 82 anos quando deixar a Presidência. Resta saber se continuará em campo até o apito final ou se receberá um cartão vermelho, como aconteceu com Dilma em 2016. A propósito, a incompetência da gerentona de araque está prestes a ser recompensada com uma temporada na China e salário mensal de quase R$ 300 mil.
 
Pressionado pelo curto prazo que se impôs — de apenas quatro anos se não disputar a reeleição —, Lula quer superar a gestão de seu antecessor. Nada mais fácil, considerando o que aconteceu nos últimos 4 anos. Mas seria ainda mais fácil se Lula não fosse Lula e sua pose de estadista conciliador não fosse falsa como uma nota de três reais. 
 
A "falsa celeuma" — como 
o economista André Perfeito se referiu recentemente às divergências de Lula com o presidente do Banco Central — ilustra o perigo. A Selic deve ser reduzida quando houver condições para tal, mas o morubixaba do PT não quer esperar. Ao rosnar contra Campos Neto — a quem se referiu como "aquele cidadão" —, o "animal político" produz o efeito contrário ao desejado: na semana que antecedeu ao carnaval, o risco fiscal piorou, a curva longa de juros subiu e o dólar se valorizou em relação ao real. E o ruído produzido por cada pronunciamento infeliz tem atrapalhado o ministro da Fazenda, que tenta se equilibrar entre falar o que os setores econômicos querem ouvir sem desautorizar seu padrinho político — sobre o qual Haddad parece não ter nenhuma ingerência.  
 
Fazer guinadas exigiria um popularidade que Lula teve em outros tempos, destaca o cientista político Leonardo Barreto. Segundo a Genial/Quest, sua atual gestão foi avaliada positivamente por 40% dos entrevistados, mas 20% consideraram-na ruim ou péssima, 24% acharam-na regular e 16% não souberam opinar. Lula diz que tem o direito de tocar a economia como quiser, mas o Brasil é uma democracia de natureza consensual, e goste ele ou não, foi o arcabouço institucional que permitiu ao país atravessar a pandemia e o surto populista/eleitoreiro de Bolsonaro. 
 
Lula parece não entender que o país não nasceu com ele e nem vai acabar quando ele deixar o Planalto. É de sua natureza aplicar todas as soluções erradas e, ao final, escolher a pior. Ele e seus apaniguados passaram três meses envolvidos num governo de transição. "Foi a primeira vez que um novo governo começou a governar antes de tomar posse", disse o então presidente eleito, com a modéstia que lhe é peculiar. A agora, após quase dois meses de atuação, toda a sabedoria concentrada nos cérebros desses gigantes (havia até uma cozinheira para tratar dos problemas da “fome”) não é capaz de apresentar uma única proposta coerente para qualquer dos problemas reais.
 
Entre outras prioridades, Lula tenciona acabar com a autonomia do Banco Central e desfazer a reforma trabalhista. Daqui a pouco não restará muita coisa a ser demolida. O presidente não tem a menor ideia de como lidar com os problemas reais do país (inflação, desemprego, crescimento, etc.), nem nas propostas da "equipe de transição", nem do governo que já começou. 
O que se ouve é a gritaria demagógica de que o Banco Central "não cuida dos pobres" e mantém os juros a 13,75% ao ano para dar lucro "aos banqueiros". 

 
Continua...