quinta-feira, 25 de maio de 2023

TRISTE BRASIL — ENÉSIMA PARTE

 

Você acredita em bruxas? Nem eu. Pero que las hay, las hay. Se negamos que existem "mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia", como explicar o fato de um retirante nordestino pobre e analfabeto ser eleito e reeleito presidente, colecionar 26 processos criminais, ser condenado (em dois deles) a mais de 25 anos de reclusão e acabar descondenado e reconduzido ao Planalto por uma corja de idiotas incapazes de encontrar o rabo usando as duas mãos e uma lanterna? 
 
Lula diz que o Brasil foi tomado pelo ódio devido à negação da política, e culpa Bolsonaro (seu alter-ego), apostando na memória curta dos brasileiros 
 muita gente já esqueceu que a escumalha petista não apoiou a Constituinte nem o Plano Real, usou e abusou de dossiês falsos contra adversários, passou a década de 1990 denunciando as relações promíscuas de empreiteiras com a classe política e, tão logo chegou ao poder, uniu-se a essas mesmas empreiteiras na organização dos dois maiores esquemas de corrupção da história desta republiqueta.
 
O mensalão negou a política ao comprar base parlamentar, e o petrolão
 fez o mesmo ao estabelecer a corrupção como método de organização do Estado. O PT nunca se interessou em fazer política; sempre preferiu adotar a antipolítica como princípio e criar uma imprensa chapa-branca, com blogueiros patrocinados por estatais, para perseguir jornalistas que ousassem noticiar os esquemas de corrupção e ministros do STF que condenassem seus membros — como o ministro Joaquim Barbosa, que sofreu ataques racistas durante o julgamento do mensalão, e a ministra Cármen Lúcia, cujo prédio foi vandalizado em 2018. Nem o impávido colosso Gilmar Mendes foi poupado: depois de ser pressionado para atuar contra o julgamento do mensalão, o ministro-deus disse que se estava lidando com "gângsters divulgadores de notícias falsas". Alexandre de Moraes também recebeu afagos da antipolítica petista: em 2019, o dono da calva mais luzida do STF foi acusado de receber propina e permitir violência contra os movimentos sociais quando era secretário de segurança pública no governo do estado de São Paulo. 
 
Observação: PT também ajudou a divulgar a acusação de que Moraes havia sido advogado de uma empresa suspeita de lavar dinheiro para o PCC. Na época, um político petista chegou a defender o fechamento do STF. Hoje, os petistas alegam, em nota oficial, terem mudado o pensamento sobre o papel dos ilustres ministros na garantia do Estado Democrático de Direito. 

Gilmar mudou de ideia sobre o pensamento o papel dos petistas. Em 2015, ele dizia que essa corja instalara uma "cleptocracia no país", e que, graças à Lava-Jato, não levou adiante o plano perfeito para se eternizar no poder através da corrupção. Tempos depois, passou a acreditar que a Lava-Jato criou Bolsonaro, mas esqueceu de lembrar (ou lembrou de esquecer) o que disse categoricamente, em 2018  que o PT era responsável pelo momento belicoso que a sociedade brasileira atravessava, pela "política sangrenta", pelo ataque a pessoas, pela perseguição dos adversários e pela ponte que partiu. 
 
Diogo Chiuso escreveu na revista Crusoé que "o extravagante ministro contribui com esse tipo sangrento de fazer política ao afirmar gratuitamente que 'Curitiba tem o germe do fascismo'". Até porque o único germe inoculado no brasileiro é o da negação da política; não
 há mais ambiente propício para uma discussão racional acerca dos problemas mais urgentes do país, só sobrou espaço para o radicalismo, seja o dos revoltados contra o sistema, a espera de uma intervenção militar, seja o dos garantistas de ocasião que, revoltados com o CongressoÉ assim, negando a política, que essa escumalha finge defender a democracia.

Triste Brasil.