segunda-feira, 6 de novembro de 2023

QUEM FOI QUE INVENTOU O BRASIL... (PARTE V)


Haddad vinha toureando o fogo amigo do PT, até que Lula, a dois meses do Natal, transformou o compromisso de zerar o déficit numa fantasia equiparável a Papai Noel: assim como o bom velhinho, a meta, que já andava desacreditada, passou a frequentar o universo do faz-de-conta. Três dias depois que a merda bateu no ventilador, Haddad  se viu em palpos de aranha para reafirmar sem dizer se a meta será ou não modificada. A certa altura, disse que Lula não expressou descompromisso, apenas constatou que a arrecadação do governo escapa por ralos tributários — os ralos existem, e o ministro guerreia para fechá-los, mas seu chefe não os mencionou na fala do dia 28 p.p. Na melhor das hipóteses, um ministro da Fazenda que precisa manter um olho na arrecadação e outro nas maquinações da Casa Civil é um mau agouro. Na pior, é a abertura de uma trilha que leva diretamente ao desastre.

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O Homo sapiens surgiu no continente africano há cerca de 300 mil anos e de lá se espalhou pelo mundo. Segundo a revista científica Science, nossos ancestrais ocuparam a América do Norte milhares de anos antes do que se imaginava, como comprovam as pegadas fossilizadas deixadas no Parque Nacional de White Sands, no Novo México (EUA), por volta de 20 mil anos atrás. 
 
Até meados do século XV, quando a queda de Constantinopla marcou o fim da Idade Média, a maioria dos mapas mostrava o mundo dividido em Europa, a Ásia e a África, com dois mares navegáveis — o Índico e o Mediterrâneo 
— e, para além deles, trevas, superstições e monstros marinhos. 
 
A "era das caravelas" foi marcada pelos "achamentos" da América (por Colombo, em 1492) e do Brasil (por Cabral, em 1500) e encerrada em 1770, quando James Cook reivindicou o território da atual Austrália para a coroa britânica. Mas a Austrália já havia sido visitada pelos portugueses Cristóvão de Mendonça (1522), Gomes de Sequeira (1525) e Pedro Fernandes de Queirós (1606) e pelos holandeses Dirk Hartog e Janszoon Tasman (entre 1616 e 1644).  
 
Curiosamente, a primeira grande descoberta não foi um continente, mas uma apavorante península de rochas castigadas por tempestades e ondas gigantes, que foi batizada de Cabo das Tormentas e, mais adiante, renomeada como Cabo da Boa Esperança. Além disso, um mapa cartografado em
 1418 mostra com precisão o contorno das Américas e da Oceania, reforçando a tese de que os chineses estiveram na América quando Colombo ainda não era nascido. 
 
O maior concorrente de Cabral ao título de descobridor de Pindorama foi Duarte Pacheco Pereira, que foi encarregado por D. Manuel, em 1498, de averiguar se as terras encontradas por Colombo do outro lado do Atlântico faziam mesmo parte da Ásia. Pacheco deveria navegar até a linha de Tordesilhas — marco estabelecido pelo papa Alexandre VI, o corrupto, para dividir entre Espanha e Portugal as terras recém-descobertas ou ainda por descobrir — mas ninguém soube por onde andou até 1882, quando foi publicado em Portugal o "Tratado dos Novos Lugares da Terra"
, no qual Pacheco anotou ter achado e navegado "uma vasta terra firme, grandemente povoada por gente parda, mas quase branca" (referindo-se aos aruaques). 

Outro famoso predecessor de Cabral foi o italiano Américo Vespúcio, para quem as terras a oeste do Atlântico não eram parte da Ásia (como pensava Colombo), mas “um novo mundo”. E a viagem dos espanhóis Vicente Pinzón e Diego de Lepe oferece evidências ainda mais sólidas — ambos foram condecorados pelo rei da Espanha por terem "descoberto o Brasil" em janeiro de 1500.
 
Todas essas hipóteses datam a descoberta do Brasil em algum momento do final do século 15, mas o britânico Gavin Menzies afirma que a costa tupiniquim foi mapeada 80 anos antes 
— como veremos em detalhes no próximo capítulo.