DEPOIS DE PASSAR PELA ESCURIDÃO, VOCÊ DESCOBRE QUE A LUZ NÃO ESTÁ NO FIM DO TÚNEL, MAS EM VOCÊ.
Física e Filosofia têm mais semelhanças do que costumamos imaginar. O polímata Galileu Galilei — um dos pioneiros em demonstrar que a Terra orbita o Sol — baseou muitas de suas ideias no pensamento do filósofo Platão, e tanto Newton quanto Einstein deixaram claro que muitas de suas ideias revolucionárias não existiriam sem o pensamento dos filósofos antigos ou contemporâneos (contemporâneos deles, bem entendido, já que Newton morreu em 1727 e Einstein, em 1955).
De acordo com o físico teórico italiano Carlo Rovelli, a Física precisa da Filosofia para seu desenvolvimento, e vice-versa, mas a pergunta que se coloca é: será que enxergamos e explicamos a Natureza em geral e o Universo em particular como eles realmente são ou simplesmente criamos descrições que visam convencer nossos sentidos a aceitarem essas lucubrações? The answer, my friend, is blowing in the wind. Até porque é impossível sabermos quão próximos estamos da "verdade". O próprio meio que utilizamos para realizar essa descrição — que chamamos de "Ciência" — nos leva a questionar o que sabemos e o quanto ainda temos que descobrir (como diria o filósofo grego Sócrates, se vivo fosse, "só sei que nada sei").
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Cadê as atas? Ninguém sabe, ninguém viu. A nota conjunta do Brasil, Colômbia e México roga às autoridades venezuelanas que "avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação". A despeito das promessas de Madura, não há nenhum vestígio da dissecação dos relatórios das urnas. E ainda que eles viessem à lume, seriam uma versão manipulada que não desataria a crise. Para aqueles que creem no ditador, nenhuma explicação é necessária; para os que não creem, nenhuma explicação é possível.
Lula, que se declarou "assustado" com a ameaça de "banho de sangue" e "guerra civil fratricida", tomou o chá de camomila receitado pelo "cumpanhêro" e garantiu que "não tem nada de grave, nada de anormal" com as eleições no país vizinho. Como ensinou Saramago, "a pior cegueira é a mental, que faz com que não reconheçamos o que temos à frente".
Na noite da segunda-feira 29, antes da fala de Lula (mas depois que Gleisi Hoffmann confabulou com ele no Alvorada), a executiva nacional do PT reconheceu a vitória de Maduro. No dia seguinte, o pontífice da seita do inferno disse que a imprensa brasileira tratando estava tratando o caso como se fosse a Terceira Guerra Mundial, e que não havia nada de anormal — afinal, o que há de anormal em 19 mortes e 1.200 prisões de manifestantes em menos de uma semana?
Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, exaltou o óbvio dizendo que uma eleição na qual os resultados não são passíveis de certificação e observadores internacionais são vetados é uma eleição inidônea. Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, afirmou que a Venezuela "não se configura como uma democracia, muito pelo contrário", e que "o Brasil está correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que de fato houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano".
A postura de Lula nos leva à inarredável conclusão de que, se o governo anterior era uma merda, o atual não lhe fica devendo nada.
Triste Brasil.
Newton formulou a Lei da Gravitação Universal em 1687, a partir de dados e medições na ordem de 3 casas decimais. Conforme a tecnologia avançou, observou-se que essa mesma equação continuava a prever corretamente os fenômenos com até 7 casas — algo com que Newton sequer sonhava —, e à medida que precisão foi aumentando, a teoria newtoniana passou a mostrar discrepâncias que não existem na Teoria da Relatividade, que descreve os mesmos fenômenos com uma precisão 10 milhões de vezes maior, além de abordar outros fenômenos que foram comprovados experimentalmente mais adiante, como os buracos negros.
A existência dos buracos negros foi prevista por Einstein no início do século passado e confirmada décadas depois por imagens coletadas pelos supertelescópios. Sabe-se atualmente que eles surgem quando estrelas muito maiores que nosso Sol colapsam sobre si mesmas, e que têm uma atração gravitacional tão poderosa que nem mesmo a luz consegue escapar. Mas o que levou alguns deles a se tornar tão grandes é um mistério que ninguém ainda conseguiu explicar.
Outra questão interessante (que seria o cerne desta postagem se eu não fosse tão prolixo) tem a ver com a aceleração e a velocidade — duas grandezas vetoriais intimamente relacionadas, mas que percebemos de maneiras distintas. A velocidade corresponde a distância percorrida por um corpo num determinado espaço de tempo (daí ela ser expressa em metros por segundo, quilômetros por hora ou outras unidades de medida utilizadas como padrão), ao passo que a aceleração mede a variação da velocidade em relação a um tempo determinado.
Quando o avião taxia e acelera até alcançar a velocidade de decolagem (entre 200 e 280 km/h, dependendo do porte da aeronave), a aceleração nos empurra firmemente contra o encosto da poltrona, mas essa sensação desaparece assim que a aeronave perde o contato com a pista, embora a aceleração continue aumentando a velocidade até a altitude do "voo de cruzeiro", na qual a baixa densidade do ar permite que o avião se mantenha a cerca 850 km/h.
De acordo com a primeira Lei de Newton —
que trata da inércia —,
um corpo permanece em repouso ou continua descrevendo um movimento retilíneo uniforme até uma força obrigá-lo a alterar seu estado. Voltando ao exemplo do avião, os passageiros se movem à mesma velocidade da aeronave, ou seja, estão parados em relação a ela e só têm a percepção de movimento quando olham pela janela. Como disse Galileu, alguém num navio em águas calmas não consegue discernir se a embarcação está navegando ou se está atracada no porto.
Tampouco sentimos o movimentos da Terra — que gira em torno do próprio eixo a 1,6 mil quilômetros por hora e em torno do Sol a cerca de 107 mil quilômetros por hora — devido à aceleração, â desaceleração e à força centrífuga, embora estejamos todos sentados nas cadeiras giratórias dessa imensa roda-gigante. A gravidade (cuja aceleração é de 9,8 m/s2) nos "prende" ao solo com uma força maior do que a força centrífuga resultante da rotação do planeta, que tenta nos lançar ao espaço.
Ainda que não consigamos "sentir" a rotação e a translação da Terra, percebemos que isso acontece quando observamos os movimentos aparentes do Sol, da Lua e das estrelas, mas a prova visual definitiva é o pêndulo de Foucault — uma esfera de 30kg presa a um fio de 67m de comprimento ao teto do
Museu de Artes e Ofícios de Paris em 1851. Ele libera areia fina durante seu movimento, e a rotação da Terra faz com que
as marcas que essa areia faz no chão se sobreponham.
Isso não basta para convencer os terraplanistas, mas a esfericidade do globo terrestre fica evidente quando se observa um barco ficar cada vez menor à medida que se afasta do observador, até finalmente sumir no horizonte, ou quando se olha para o céu a partir de diferentes latitudes — a Estrela Polar só é visível no hemisfério norte, ao passo que o Cruzeiro do Sul só é visível no hemisfério sul e em regiões do hemisfério norte próximas à linha do equador.
Vale destacar que aceleração zero não significa velocidade zero. Para os passageiros de um avião que singra os céus em velocidade constante, a aeronave parece estar parada, mas para um urubu que atravesse fora da faixa no momento em que o avião está passando a experiência pode ser bastante dolorosa.
P.S. Por que o título deste post é "Por quê" e não "Por que", "Porquê" ou "Porque"? Porque, quando se trata de uma pergunta, o certo é escrever "por que" (separado), e com acento circunflexo na letra "e" se a expressão for seguida por um ponto de interrogação. Já "porque" é usado nas respostas e "porquê" — junto e com acento, e geralmente antecedido por um artigo definido ("o" ou "a"), indefinido ("um" ou "uma"), ou de um pronome ou numeral — é um substantivo e é usado para indicar o motivo, a causa ou a razão de algo. Assim, quando há um "por que" (separado) encerrando uma frase, ele ganha o acento e passa a ser "por quê", mesmo que a frase não seja interrogativa. Já o "porquê" (junto e acentuado) vira sinônimo de "motivo". "Qual é o porquê de tanta tristeza?" equivale a preguntar "Qual é o motivo de tanta tristeza?".