DE MÉDICO E DE LOUCO TODO MUNDO TEM UM POUCO.
A psicopatia aparece na literatura psiquiátrica desde os anos 1800, mas deixou de figurar na lista de transtornos clínicos do DSM (sigla de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em inglês) em meados do século passado, quando o termo "distúrbio de personalidade sociopática" deu lugar a "transtorno de personalidade antissocial".
O manual estabelece que traços de psicopatia e sociopatia não são transtornos mentais em si, mas sim parte do transtorno de personalidade antissocial. Já a expressão "distúrbio de personalidade sociopática", usada na primeira edição do DSM (1952), alinhava-se com a ideia — predominante na época — de que comportamentos antissociais eram atribuídos principalmente ao ambiente e só considerados desviantes quando quebravam regras sociais, culturais ou legais.
O termo "sociopata" surgiu nos anos 1930, quando o psicólogo George Partridge destacou as consequências sociais do comportamento de violar os direitos alheios. Acadêmicos e clínicos usavam os dois termos de forma indistinta ou preferiam "sociopata" para evitar que os leigos associassem "psicopata" à psicose.
Em "The Mask of Sanity" (1941), o psiquiatra Hervey Cleckley forneceu a primeira descrição formal de traços de psicopatia com base em observações clínicas de nove pacientes psiquiátricos. Ele destacou características como falta de confiabilidade, impulsividade, beligerância, indiferença às consequências e ausência de remorso ou vergonha. Posteriormente, o psicólogo Robert Hare ampliou essa descrição, incluindo traços interpessoais, emocionais e de estilo de vida, além dos comportamentos antissociais listados no DSM.
Embora não haja uma definição única de sociopatia (que, como dito, passou a ser chamada de "transtorno de personalidade antissocial" no final dos anos 1960), os comportamentos antissociais dos sociopatas são semelhantes aos dos psicopatas. No entanto, os psicopatas frequentemente usam seu "magnetismo pessoal" para manipular e explorar os outros, e apenas observadores atentos são capazes de identificar traços como falta de empatia, indiferença ao sofrimento alheio e recusa (ou terceirização) de responsabilidade por seus atos.
Pessoas com traços psicopáticos apresentam alterações cerebrais em áreas associadas a emoções, inibição de comportamento e resolução de problemas, além de diferenças no sistema nervoso e frequência cardíaca reduzida. Já o comportamento antissocial dos sociopatas tende a estar relacionado ao ambiente, como histórico de abusos físicos e conflitos familiares.
Apesar de representações fictícias como Hannibal Lecter e Villanelle, da série Killing Eve, nem todas as pessoas com psicopatia ou traços de sociopatia são assassinos em série ou violentas. Ainda assim, a psicopatia está associada a uma ampla gama de comportamentos prejudiciais e, no sistema de justiça criminal, é frequentemente ligada à reincidência, especialmente em crimes violentos.
Embora a psicopatia seja geralmente associada a dependência de drogas, falta de moradia e outros transtornos de personalidade, ela também foi considerada um fator relevante para o fracasso em seguir as restrições da COVID-19 (qualquer semelhança com o então presidente desta banânia não é mera coincidência). A sociopatia, por outro lado, é menos estabelecida como um indicador confiável de comportamentos antissociais futuros.
Resumo da ópera: Nem a psicopatia nem a sociopatia são classificadas como transtornos mentais em manuais formais de diagnóstico psiquiátrico. Ambas são traços de personalidade relacionados a comportamentos antissociais, associados a características interpessoais, emocionais e de estilo de vida. Acredita-se que causas genéticas, biológicas e psicológicas levem à psicopatia, enquanto a sociopatia e seus comportamentos antissociais são vistos como um produto do ambiente. Em geral, a sociopatia apresenta maior risco de danos a terceiros.
Postagem criada com base em um artigo dos professores de psicologia Bruce Watt e Katarina Fritzon, da Bond University, publicado originalmente no site The Conversation.
O Google deixou de exibir o número exato de resultados para consultas de pesquisa, de modo que não é possível saber quantos links são retornados quando buscamos por "psicopata" e "sociopata" (juntos ou isoladamente). Ainda assim, a quantidade é substancial, e não faltam sugestões de artigos como "5 sinais de que seu chefe pode ser um psicopata" ou "Sociopata: 10 dicas para identificar um perto de você".
Embora remetam a distúrbios diferentes, os termos "psicopatia" e "sociopatia" se relacionam a conceitos sobrepostos e, portanto, costumam ser tratados como sinônimos — o canibal Hannibal Lecter, por exemplo, foi descrito como "sociopata puro" no filme O Silêncio dos Inocentes e como "psicopata puro" no livro que inspirou a adaptação.
Embora remetam a distúrbios diferentes, os termos "psicopatia" e "sociopatia" se relacionam a conceitos sobrepostos e, portanto, costumam ser tratados como sinônimos — o canibal Hannibal Lecter, por exemplo, foi descrito como "sociopata puro" no filme O Silêncio dos Inocentes e como "psicopata puro" no livro que inspirou a adaptação.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Desde que foi eleito novamente para comandar a Casa Branca, a calopsita do penacho alaranjado vem subindo gradativamente o tom das provocações. Sua penúltima bravata (porque outras certamente virão) foi publicar numa rede social uma mapa com o Canadá incorporado ao território dos EUA — e isso após dizer que o país vizinho deveria se tornar o "51º estado americano" e que os EUA devem recuperar o controle do Canal do Panamá e comprar a Groenlândia.
Para viabilizar tudo isso, o despirocado ameaça não só impor sanções e tarifas como usar de força militar. Mais delirante, só mesmo a canonização do demiurgo de Garanhuns e a concessão de perdão eterno ao capetão-golpista.
A psicopatia aparece na literatura psiquiátrica desde os anos 1800, mas deixou de figurar na lista de transtornos clínicos do DSM (sigla de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em inglês) em meados do século passado, quando o termo "distúrbio de personalidade sociopática" deu lugar a "transtorno de personalidade antissocial".
O manual estabelece que traços de psicopatia e sociopatia não são transtornos mentais em si, mas sim parte do transtorno de personalidade antissocial. Já a expressão "distúrbio de personalidade sociopática", usada na primeira edição do DSM (1952), alinhava-se com a ideia — predominante na época — de que comportamentos antissociais eram atribuídos principalmente ao ambiente e só considerados desviantes quando quebravam regras sociais, culturais ou legais.
O termo "sociopata" surgiu nos anos 1930, quando o psicólogo George Partridge destacou as consequências sociais do comportamento de violar os direitos alheios. Acadêmicos e clínicos usavam os dois termos de forma indistinta ou preferiam "sociopata" para evitar que os leigos associassem "psicopata" à psicose.
Em "The Mask of Sanity" (1941), o psiquiatra Hervey Cleckley forneceu a primeira descrição formal de traços de psicopatia com base em observações clínicas de nove pacientes psiquiátricos. Ele destacou características como falta de confiabilidade, impulsividade, beligerância, indiferença às consequências e ausência de remorso ou vergonha. Posteriormente, o psicólogo Robert Hare ampliou essa descrição, incluindo traços interpessoais, emocionais e de estilo de vida, além dos comportamentos antissociais listados no DSM.
Embora não haja uma definição única de sociopatia (que, como dito, passou a ser chamada de "transtorno de personalidade antissocial" no final dos anos 1960), os comportamentos antissociais dos sociopatas são semelhantes aos dos psicopatas. No entanto, os psicopatas frequentemente usam seu "magnetismo pessoal" para manipular e explorar os outros, e apenas observadores atentos são capazes de identificar traços como falta de empatia, indiferença ao sofrimento alheio e recusa (ou terceirização) de responsabilidade por seus atos.
Pessoas com traços psicopáticos apresentam alterações cerebrais em áreas associadas a emoções, inibição de comportamento e resolução de problemas, além de diferenças no sistema nervoso e frequência cardíaca reduzida. Já o comportamento antissocial dos sociopatas tende a estar relacionado ao ambiente, como histórico de abusos físicos e conflitos familiares.
Apesar de representações fictícias como Hannibal Lecter e Villanelle, da série Killing Eve, nem todas as pessoas com psicopatia ou traços de sociopatia são assassinos em série ou violentas. Ainda assim, a psicopatia está associada a uma ampla gama de comportamentos prejudiciais e, no sistema de justiça criminal, é frequentemente ligada à reincidência, especialmente em crimes violentos.
Embora a psicopatia seja geralmente associada a dependência de drogas, falta de moradia e outros transtornos de personalidade, ela também foi considerada um fator relevante para o fracasso em seguir as restrições da COVID-19 (qualquer semelhança com o então presidente desta banânia não é mera coincidência). A sociopatia, por outro lado, é menos estabelecida como um indicador confiável de comportamentos antissociais futuros.
Resumo da ópera: Nem a psicopatia nem a sociopatia são classificadas como transtornos mentais em manuais formais de diagnóstico psiquiátrico. Ambas são traços de personalidade relacionados a comportamentos antissociais, associados a características interpessoais, emocionais e de estilo de vida. Acredita-se que causas genéticas, biológicas e psicológicas levem à psicopatia, enquanto a sociopatia e seus comportamentos antissociais são vistos como um produto do ambiente. Em geral, a sociopatia apresenta maior risco de danos a terceiros.
Postagem criada com base em um artigo dos professores de psicologia Bruce Watt e Katarina Fritzon, da Bond University, publicado originalmente no site The Conversation.