quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A MICROSOFT PELA JANELA DO WINDOWS

VOCÊ NUNCA CHEGARÁ A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

Tudo que sobe tem que descer, mas a Microsoft parece fugir à regra, com um valor de mercado na caso dos US$ 4 trilhões e uma valorização de 20% no primeiro semestre deste ano — enquanto Amazon e Tesla recuaram 1,2% e 16,2% respectivamente.

Em 1975, logo após o primeiro microcomputador comercial da história estampar a capa da Popular Electronics, Paul Allen escreveu um interpretador BASIC que Bill Gates ofereceu à desenvolvedora da geringonça, que o distribuiu como Altair BASIC. Meses depois, os dois amigos fundaram a Microsoft — cuja trajetória muitos confundem com a do Windows, embora não seja bem assim.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Um mês depois da exibição de um bandeirão americano de 36 metros num ato na Avenida Paulista, em pleno Dia da Pátria, descobre-se em meio à crise terminal que "significado" perdeu o significado.

Difícil enxergar lógica na caminhada brasiliense convocada por Silas Malafaia a pretexto de que o bolsonarismo não pode "deixar a esquerda com a última palavra" em matéria de meio-fio, e nula a hipótese de os aliados de Bolsonaro extraírem do asfalto brasiliense, no meio da tarde de um dia útil, um ronco mais alto do que aquele que soou nas manifestações contra o combo blindagem-anistia. De resto, a hipótese de o Congresso conceder ao ex-presidente golpista uma anistia ampla está situada abaixo da estaca zero.

Portanto, além da crise semântica, a extrema-direita bolsonarista vive uma crise existencial: é como se o chefe da organização criminosa do golpe e seus devotos só enxergassem uma maneira de sair do buraco em que se meteram: cavando um buraco ainda maior.

 

Quando lançou o IBM-PC para competir com o Apple II, em 1980, a IBM não tinha um sistema operacional para controlar o aparelho. Pensando que a Microsoft fosse dona do CP/M, a empresa procurou Bill Gates, que desfez o engano e mediou uma reunião com, Gary Kildall, desenvolvedor do software. Mas Kildall saiu para voar em seu avião e deixou as negociações a cargo da esposa, que teria pedido um aumento nos royalties com o qual os executivos não concordaram. Assim, a Big Blue voltou a Gates, que dessa vez não se fez de rogado.

 

Em vez de desenvolver o sistema do zero, a Microsoft comprou por US$ 50 mil a licença do QDOS, desenvolvido por Tim Paterson, adaptou o software ao IBM-PC e ofereceu-o à IBM como MS-DOS. O pulo do gato foi não incluir no contrato o acesso ao código-fonte nem uma cláusula de exclusividade, ladrilhando o caminho que a levou a líder do mercado de PCs compatíveis e colocou Gates e Allen na lista dos bilionários da Forbes.

 

O Windows "nasceu" em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS e foi chamado inicialmente de Interface Manager — como a palavra "windows" significa "janelas", foi trabalhoso e demorado registrá-la como nome de um produto —, mas só se tronou um sistema operacional semiautônomo em 1995, já que o DOS continuou operando nos bastidores até 2001, quando a versão XP cortou o cordão umbilical.


O Windows 98/SE reinou sobranceiro até ser destronado pelo XP. A exemplo do Windows ME — lançado em setembro de 2000 para aproveitar o apelo mercadológico da virada do milênio — o Vista (2007), o 8 (2012) e o 8.1 (2013) foram fiascos de crítica e de público. O Seven (2009) repetiu o sucesso do XP. O Windows 10 — lançado em 2015 como "serviço" — foi incumbido de atingir 1 bilhão de instalações e em três anos. No entanto, a despeito do upgrade gratuito para usuários de cópias legítimas do Windows 7 SP1 e 8.1, só cumpriu a meta em 2020. 

 

Quando lançou o Windows 10 como parte da ideia "Windows as a Service" — segundo a qual o software evoluiria com atualizações contínuas, sem precisar de novos nomes ou versões numeradas — a Microsoft deu a entender que ele seria a "versão definitiva" do sistema. Mas não há nada como o tempo para passar: além de lançar o Windows 11 em 2021— com exigências de hardware que frustraram milhões de usuários —, a empresa avisou que o suporte ao Windows 10 seria descontinuado em outubro de 2025 (clique aqui para saber como continuar usando essa versão com segurança). 

 

Observação: O Windows 12 está no forno, mas a próxima atualização relevante será o Windows 11 25H2, previsto para setembro ou outubro, que será distribuído via "enablement package" — pacote de ativação de cerca de 1 MB que instala em poucos minutos.     

 

Apesar de Bill Gates ser a face mais conhecida da Microsoft, muitos dos erros estratégicos da empresa ocorreram sob Steve Ballmer, que assumiu a presidência em 2000 e foi sucedido por Satya Nadella em 2014. Ballmer comandou a criação do Xbox e aquisições importantes (Skype, LinkedIn, GitHub e Activision Blizzard), mas também foi responsável pelo fiasco do Windows Vista e por subestimar os smartphones — erro que custou à Microsoft a chance de competir com o Apple iPhone (detalhes nesta postagem).

 

Nadella, por sua vez, apostou na nuvem (Azure) e na mudança para o modelo SaaS, que substituiu as tradicionais licenças permanentes por uma base de usuários de software como serviço. Mas a parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, à qual a Microsoft já destinou mais de US$ 13 bilhões até 2024, foi um marco para ambas as empresas.

 

Hoje, 50 anos após sua fundação, a Microsoft continua liderando o mercado de sistemas operacionais (com participação estimada em 69%), mas enfrenta o desafio de monetizar a IA, altos gastos com infraestrutura, e forte concorrência da Google e da Amazon nos serviços de nuvem. Ainda assim, 2025 lhe tem sido generoso: no primeiro trimestre, a receita bateu US$ 70 bilhões — alta de 16% em relação a 2024 —, com lucro líquido de US$ 24,7 bilhões. 

 

Resumo da ópera: Enquanto a Apple enfrenta riscos regulatórios e uma cadeia de produção vulnerável (concentrada na China), a Gigante de Redmond demonstra notável resiliência, trajetória sólida e expectativas alvissareiras para os próximos 50 anos. 


Quem viver verá.