A decisão de demitir Fernando
Segovia, tomada por Raul Jungmann
assim que foi empossado ministro extraordinário, sugere que a autonomia da Polícia Federal será preservada, a
despeito das recorrentes tentativas de intervenção nas investigações sobre Michel Temer e seu bando.
Para chegar ao comando da PF, o ex-diretor, que foi apadrinhado por José Sarney e Eliseu Padilha, fez muitas promessas, mas não conseguiu cumprir
nenhuma delas. Seu antecessor, Leandro Daiello, em mais de 10 anos no cargo, mudou a instituição
e deu autonomia aos delegados. Quando deixou o posto, sua equipe dizia
que “se Segovia tentasse interferir em algum inquérito, sairia preso dali”. Não chegou a tanto, mas não faltou muito: o ministro Barroso, do STF, cobrou-lhe explicações por ele ter sugerido que as investigações contra Temer (que ainda estão em curso) seriam
arquivadas, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Corte que o afastasse caso continuasse dando
declarações desse tipo.
Observação: O ex-diretor chegou a afirmar até que poderia abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito, devido aos questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.
Observação: O ex-diretor chegou a afirmar até que poderia abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito, devido aos questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.
Jungmann começou
a articular a troca do comando da PF antes mesmo de assumir a nova pasta. Segovia, bem relacionado com ícones da velha política tupiniquim, considerava-se
“imexível”. Só que não. Além das entrevistas polêmicas, suas extravagâncias nos pouco mais de 3 meses à frente da PF
contribuíram para o desfecho ― dentre outras bizarrices, ele pediu uma esteira
ergométrica para o gabinete e decorou sua mesa com uma foto onde aparece
trocando um beijo ardente com a esposa. As pressões para mantê-lo persistiram
até a manhã da última terça-feira, mas Temer
finalmente cedeu, até para não ficar a suspeita de que Jungmann seria um ministro enfraquecido ― e Jungmann em nada se parece com o colega da Justiça, Torquato Jardim, que engoliu a seco a
nomeação de Segovia.
Ao saber da demissão por sua assessoria, Segovia ligou para interlocutores de Temer para confirmar a veracidade da
informação. Estava incrédulo, porque tinha acabado de sair de uma reunião com Jungmann e nada havia sido suscitado a
propósito. Temer já não
estava satisfeito com as promessas não cumpridas, o que pesou em
sua decisão de avalizar a troca. Além disso, as declarações sobre o inquérito dos portos
jogaram luz sobre uma investigação da qual pouco se falava e quase arrastaram o
presidente para uma nova investigação.
Segundo O ANTAGONISTA, a gota d’água para a demissão foi a revelação de que os delegados da PF seriam obrigados a fornecer o número de um inquérito toda vez que precisassem de reforços para uma operação. Segovia voltou atrás, mas o estrago já estava feito.
Rogério Galloro, que
substituiu Segovia no comando da PF, deve trocar toda a cúpula nomeada pelo
predecessor, aí incluída a diretoria executiva, que o próprio Galloro ocupou quando era o número 2 de
Leandro Daiello.
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