FILHOS? MELHOR NÃO
TÊ-LOS. MAS SE NÃO OS TEMOS, COMO SABÊ-LO?
A frase acima abre o POEMA ENJOADINHO, de Vinicius de Moraes, (que você pode
apreciar clicando aqui). Mas nem tudo é poesia na política nem flores no jardins
do Palácio do Planalto.
Três dos cinco filhos de Jair Bolsonaro têm
mandato. Zero um é senador, zero dois, vereador e zero três, deputado federal,
mas ficam sob as asas do presidente como pintinhos de uma galinha, e são tão
barulhentos quanto. E zero quatro — ou Bolsokid,
como Jair Renan se apresenta — deve
se juntar aos irmãos em breve. Que Deus nos ajude.
Flávio Bolsonaro
está tão afundado no caso Queiroz
quanto os destroços do Titanic na costa de Newfoundland, no
Canadá. As investigações foram suspensas por uma estapafúrdia
liminar do togado supremo que preside os demais togados, mas o plenário fechou esse guarda-chuva ao deliberar pela constitucionalidade de troca de
dados entre o UIF (antigo Coaf) e a Receita Federal com o Ministério Público sem prévia autorização judicial.
Semanas atrás, o primogênito do capitão-super-herói da luta
contra a corrupção votou a favor do aumento do fundo eleitoral de R$ 1,7 para R$ 3,8 bilhões. Cuspiu
na cara dos 4 milhões de brasileiros que o elegeram senador. "Foi por engano, e agora não dá para voltar
atrás”, justificou-se o senador distraído. Pode uma coisa dessas? Ele acha
que sim. Mas isso demonstra que, além de compactuar com as gangues partidárias
do Congresso, o sujeito ainda nos tem na conta de burros.
Observação: Pressionados pelo governo, líderes do
Congresso já admitem reduzir a verba para R$
2,5 bilhões. Em reunião nesta terça-feira, 10, para fechar acordo sobre
votações no Legislativo até o fim do ano, os parlamentares ouviram que o novo
valor não enfrentaria resistência por parte de Jair Bolsonaro.
Mudando o foco para Fabio
Luiz Lula da Silva, o Lulinha, (que,
por sinal, detesta o apelido), e os sócios dele, Fernando Bittar, Kalil
Bittar e Jonas Suassuna (tutti buona gente), que são alvos da
69ª fase da Lava-Jato. Há anos que
se tem conhecimento de que a ascensão profissional/patrimonial do "Ronaldinho dos Negócios" é, no
mínimo, suspeita. Até o criminoso de Garanhuns ser eleito presidente, seu
primogênito trabalhava como catador de bosta de elefante no zoo de São Paulo. Com
o papai no Planalto, esse gênio das finanças abriu uma firmeca de tecnologia
chamada Gamecorp, travestiu-se
de empreendedor bem sucedido e amealhou um patrimônio considerável.
O menino-prodígio mora num apartamento registrado em nome
de Jonas Suassuna — o
mesmo que figura como um dos donos do folclórico Sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Nunca houve contrato formal
assinado entre eles, apenas o repasse de umas poucas mensalidades de R$ 15 mil, que, segundo os
investigadores, “não contemplavam todos
os meses do período de maio de 2014 fevereiro de 2016, assim como eram em valor
inferior à estimativa realizada pelo fisco federal para valor do aluguel do
imóvel” (que em 2016, foi estimado em R$ 40 mil mensais).
Impulsionado pelo grupo telefônico Oi/Telemar, cuja fusão com a Brasil
Telecom foi azeitada graças à benevolência do governo durante o reinado de Lula, o filho do pai se tornou um
próspero empresário. Segundo a força-tarefa de Curitiba, a boa vontade de
Brasília resultou em repasses injustificados da telefônica para a firma de Lulinha que somaram R$ 132 milhões entre 2004 e 2016. Por
uma dessas doces coincidências, dois dos sócios do Bill Gates tupiniquim — Bittar
e Suassuna— se juntaram para comprar
o sítio em Atibaia que era desfrutado pelo ex-presidente lalau. Foi nesse sítio
que a Odebrecht e a OAS despejaram verbas roubadas da
Petrobras para financiar os confortos do petralha — e que rendeu uma pena de
mais de 17 anos na recente sentença condenatória de segunda instância.
Lula, o pai, foi
libertado após amargar um ano e sete meses de cana. Só continua livre porque o
Supremo derrubou por 6 votos a 5 a regra que permitia a prisão de condenados em
segunda instância. O sucesso da Lava-Jato
era atribuído a três novidades: 1) A corrupção passara a dar cadeia; 2) O medo
da prisão potencializara as delações; 3) As colaborações judiciais
impulsionaram as descobertas. Esse círculo virtuoso foi interrompido pela
suprema banda-podre. Assim, é improvável que Lulinha passe na cadeia temporada semelhante à que foi imposta ao
pai. Não por falta de material, mas porque a Lava-Jato, agora aleijada, arrasta-se pela conjuntura sem meter
medo. O supremo retrocesso reintroduziu no processo penal brasileiro dois
vocábulos nefastos: prescrição e impunidade.
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