O MUNDO É REDONDO, MAS ESTÁ FICANDO
MUITO CHATO.
Prosseguindo de onde paramos na postagem anterior, relógios com
cronógrafo estão na moda, mesmo que, na
prática, pouca gente tire proveito dessa função. Aliás, muitos nem sabem que o
cronógrafo
é um instrumento usado para medir a passagem do tempo durante períodos curtos,
ao passo que o
cronômetro é um produto da alta relojoaria, com precisão
certificada pelo
Contrôle Officiel Suisse
des Chronomètres (
COSC) ou outro órgão análogo (
Selo de Genebra,
Certificado
Chronofiable,
Selo Fleurier
Quality Foundation, etc.).
Para obter o certificado do COSC, o fabricante envia
à entidade apenas o movimento (em outras palavras, a máquina) a ser testado. Os
avaliadores atribuem a cada mecanismo um número de identificação e aplicam uma marcação
genérica em pontos chaves, para facilitar a leitura de um sensor óptico. Após
um período de descanso de 24 horas, o teste é iniciado, e sensor faz as
leituras e compara os resultados com servidor controlado por dois relógios
atômicos, que proporcionam uma cronometragem padrão. Durante os 10 dias
seguintes, o mecanismo é testado em cinco posições diferentes, cada uma por 48
horas: coroa para a esquerda, coroa para cima, coroa para baixo, mostrador para
cima e para baixo, sempre a uma temperatura de 23°C. Se a máquina inclui a função de cronógrafo, ela é ativada e avaliada no 10º dia, para ver os
efeitos que produz sobre a marcação de tempo padrão. Nos três dias seguintes, o
relógio é submetido a variações bruscas de temperatura (de 8°C para 23°C e
daí para 38°C. Nos últimos dois dias do teste, a temperatura volta aos 23°C e
o movimento é colocado em sua posição original, com a coroa inclinada para a
esquerda.
Observação: Em 2012, a organização suíça emitiu 1,73
milhão de certificados sendo que 85% deste montante foram divididos entre a
Rolex, Omega e Breitling.
A título de curiosidade, a
resistência à água é aferida através de um teste que
dura 2 horas ― com o relógio montado, naturalmente ―, e começa com a verificação
da vedação da caixa e da impermeabilidade do cristal de safira (o “vidro” que
recobre o mostrador). Finalmente, o relógio é imerso em água até uma
profundidade de 10 cm, e sobre ele é aplicada uma pressão que vai sendo aumentada gradualmente, conforme a expectativa de estanqueidade declarada pelo fabricante.
Voltando ao que eu disse no parágrafo de abertura, o
cronógrafo é um recurso que permite a um relógio convencional medir a passagem
do tempo durante períodos curtos ― como o tempo que um carro faz de 0 a 100
km/h, por exemplo ― com uma precisão que chega ao milésimo de segundo. Essa
função é acionada e resetada através de botões, e o resultado das medições, nos
modelos mais simples, é exibido pelo ponteiro dos segundos. Já os mais
sofisticados contam com pequenos mostradores independentes e incluem
acumuladores destinados a marcar também quantos minutos e/ou horas
transcorreram desde o momento em que o cronógrafo foi acionado. Em qualquer
caso, um toque no botão respectivo, ao final da medição, deve levar os
ponteirinhos de volta à estaca zero, mas isso nem sempre acontece depois que a
bateria do relógio é substituída. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Bom
feriadão a todos e até lá.