Perto de completar um mês, a prisão dos responsáveis pela
invasão de celulares de autoridades já não desperta tanto interesse, a exemplo das mensagens supostamente trocadas entre o Sérgio Moro, Deltan Dallagnol
e procuradores da Lava-Jato, vazadas a partir de arquivos digitais obtidos criminosamente pelos hackers e cedidos graciosamente
a Verdevaldo das Couves, o paladino
da Justiça, pelo benemérito chefe do bando, Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, cuja capivara sugere que, de graça, ele não dá
nem bom-dia. Mas o assunto continua servindo de pano de fundo para toda sorte
de Fake News, como a que atribui à
ex-deputada do PCdoB e ex-candidata
a vice-presidente da República na chapa do PT,
Manuela D'Ávila, a propriedade do Land Rover apreendida em poder de Vermelho.
Logo depois que Vermelho
disse à PF que Manuela foi a intermediária que o colocou em contato com o comandante
do panfleto digital esquerdista The
Interpret, a ex-parlamentar divulgou nota afirmando que repassou o contato
do jornalista, e autorizou seus advogados a “entregarem cópias das
mensagens” a investigadores da PF. Mais
adiante, um requerimento de autoria do deputado federal Capitão Augusto, do PL, aprovado na última terça-feira, convida Manuela a comparecer a uma audiência na Comissão de
Segurança Pública da Câmara Federal, para dar explicações.
Embora a notícia sobre o Land Rover tenha viralizado nas redes sociais, não há
provas — pelo menos até onde se sabe — de que Manoela pagou Vermelho
pelo material hackeado, nem, muito menos, de que o tal veículo teria sido usado como moeda de troca. Aliás, nenhuma Land Rover foi apreendida com o hacker. Embora haja relatos de que, de fato, ele
andasse com uma, não há nada que ligue a ex-vice na chapa encabeçada pelo
bonifrate de Lula, o podre, com o carro em questão.
Sabe-se, isso sim, que Delgatti ostenta uma respeitável
capivara, com seis processos na Justiça paulista por crimes de estelionato,
furto qualificado, apropriação indébita e tráfico de drogas, e que acumula duas condenações. Sabe-se também que ele é um estelionatário fanfarrão, que
já foi flagrado com uma carteira de estudante de medicina da USP e uma de
delegado da Polícia Civil de São Paulo, e que publicou no Facebook fotos com um “leque” de ao menos vinte notas de 100
dólares e com um fuzil em um clube de tiro nos Estados Unidos. Que, poucos dias antes de ser preso pela PF, ele dirigia uma Land Rover
branca pelas ruas de Ribeirão Preto, onde passara a viver. A bordo do carrão,
deixou pendurada em um posto de gasolina da cidade uma fatura de R$ 200,
alegando ao frentista que o cartão de crédito não estava funcionando. E nunca mais voltou lá. Todavia, as fotos usadas como “ilustração” nas tais mensagens nada têm a ver com ele. Uma delas foi retirada de um anúncio na
OLX , e a outra, de uma operação da
Polícia Federal que apreendeu carros em Goiás em janeiro de 2019.
Claro que isso não significa que o PT não esteja por trás dessa merdeira, nem que Vermelho esteja dizendo a verdade quando afirma que nada
recebeu em troca do material entregue ao site comunista. Até porque o propósito
dos vazamentos feitos pelo Interpret
e seus satélites (FOLHA/UOL, BandNews e VEJA, entre outros) é denegrir a imagem do ex-juiz Sérgio Moro, do coordenador da Lava-Jato em Curitiba e da própria
força-tarefa. Por outro lado, as "notícias" veiculadas nas redes sociais
visando ligar Manuela ao carro são
vagas, alarmistas e repletas de erros ortográfico-gramaticais, além de seguirem
o tradicional formato usado em Fake News
políticas. Como no caso do HB20 de
Adélio Bispo — o estripador de Bolsonaro
— que seria do ex-deputado Jean Wyllys
—, ex-deputado federal do PSOL que desistiu
de assumir o terceiro mandato e se autoexilou na Espanha por medo de
acabar como a vereadora e colega de partido Danielle Franco, o deixando sua cadeira livre para o suplente, David Miranda, que acontece de ser
marido de ninguém menos que... Verdevaldo
das Couves.
Resumo da ópera: Nenhuma Land Rover foi apreendida com Vermelho
e tampouco há provas de que o veículo que ele utilizava era de Manuela D’Ávila. Ou seja, as mensagens
que circulam na Web não passam de Fake
News. A verdade pode contrariar preceitos profundamente enraizados e não
coadunar com o que queremos desesperadamente que seja verdade. Em outras
palavras, não são nossas vontades ou preferências que determinam o que é ou não
verdade.