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segunda-feira, 6 de maio de 2019

O “CONJE” DE MORO E FÃ-CLUBE DE LULA


Durante discurso na CCJ da Câmara, o ministro Sérgio Moro falou em "conje" quando se referia a "cônjuge". Litteris: "A possibilidade, por exemplo, de uma mulher, uma 'conje', seja morta pelo seu 'conje' ..." O vídeo viralizou nas redes sociais, claro que por obra e graça daqueles não veem provas contra Lula e acreditam (ou dizem acreditar) que o papa da seita do inferno é um preso político, não um político corrupto preso. Mas até aí morreu o Neves.

Na minha desvaliosa opinião, o que aconteceu foi mais um problema de dicção do que propriamente um erro. Portanto, chamar Moro de “burro” é tão absurdo quanto insistir na inocência do presidiário mais famoso do Brasil, depois de 8 magistrados em três instâncias da Justiça terem-no considerado culpado.

Se somarmos ao fato de Moro ser novo na política o estresse de passar horas respondendo perguntas dos membros da CCJ — que não morrem de amores pela proposta de medidas anticrime e anticorrupção —, fica fácil concluir que o excesso de adrenalina (que leva as pessoas, mesmo aparentemente calmas, a se sentirem desconfortáveis a ponto de perderem o controle sobre o que estão dizendo) tenha desencadeado o deslize.

Isso não significa que a dicção do ministro seja primorosa — aspecto que não chamava a atenção enquanto era juiz, pois então ele raramente falava em público — e que sua oratória não seja a de um Demóstenes — que era gago, mas colocava pedras na boca e uma faca entre os dentes para se foçar a falar sem gaguejar, e graças a essa disciplina conseguiu vencer a gagueira e entrar para a história como o maior orador da Grécia Antiga. Mas, de novo, até aí morreu o Neves.

As dimensões continentais do Brasil, combinadas com a miscigenação, faz com que o português falado no Oiapoque seja diferente do usado no Chuí. Moro nasceu em Maringá, no interior do Paraná, o que não o autoriza a confundir impunemente "cônjuge” com “conje”, até porque esse vocábulo não existe. Mas, de novo, em situações de estresse, as pessoas tendem a se comportar de forma diferente. Estrangeiros há muito radicados no Brasil, por exemplo, se expostos a situações de forte emoção, recuperam “do nada” o sotaque que perderam ao longo de décadas.

Ninguém — com a possível exceção dos esquerdopatas incorrigíveis — questiona a excelente formação do ex-juiz e ora ministro, que certamente sabe pronunciar a palavra "cônjuge". Vale lembrar que, não por acaso, a revista Time o incluiu, em 2016, na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ademais, a sabedoria popular recomenda que o macaco olhe o próprio rabo e deixe o rabo do vizinho.

Que moral tem para criticar Moro quem endeusa um desaculturado exótico e notório exterminador do plural, que já falou todo tipo de sandice e acabou na cadeia — e não como preso político, mas como político corrupto preso? Ou a calamidade em forma de gente que veio depois — useira e vezeira em verbalizar toda sorte de asnices — e acabou impichada, investigada em diversos inquéritos e ré em pelo menos uma ação penal. Salvar-se-ia o vampiro do Jaburu — citado aqui porque, apesar de emedebista, protagonizou o terceiro capítulo da série de governos lulopetistas —, que falava bem até demais para os padrões tupiniquins, mas mentia ainda melhor, ao menos até ser desmascarado pelo carniceiro bilionário e aí... bem, deu no que deu.

As escorregadelas de Moro, conquanto lamentáveis, não afetam sua credibilidade, mas seria bom que o ministro — que não precisa de conselhos, muito menos deste obscuro articulista — revisasse os vídeos com seus pronunciamentos e palestras, identificasse os deslizes que tem cometido e evitasse sua repetição em ocasiões futuras. Não são muitos e não passam de meros detalhes, mas até aí, mais uma vez, morreu o Neves.