O procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol ganhou notoriedade ao exibir para a imprensa, em
setembro de 2016, uma apresentação em
PowerPoint que colocava Lula no
centro ― e no comando ― do esquema de corrupção da Petrobras. O slideshow viralizou na Internet, e a
despeito de muita gente criticar as premissas usadas pelo procurador para
respaldar suas considerações, o molusco eneadáctilo já réu em 7 processos, está
prestes a conhecer sua segunda sentença e a ter a primeira condenação
confirmada pelo TRF-4 ― pelo menos é o que se espera, já que
até o passado é imprevisível nesta Banânia.
Enquanto o pulha vermelho viaja Brasil afora (ou seria
adentro?) em caravana pré-candidatura, cuja finalidade precípua é ludibriar os
desinformados e desvalidos com a estapafúrdia promessa de requentar sua
primeira gestão num contexto totalmente diverso, como se sua divina vontade
bastasse para fazer o tempo voltar a 2003 (vade retro, Mensalão!) e anular toda
a desgraceira gerada pela incompetência de Dilma
Anta Rousseff ―, o procurador Dallagnol
publica “A
LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO” (Sextante,
2017, 320 páginas, R$40 ― mas você paga apenas R$ 23,90 na Saraiva.com, tanto pela
edição em papel quanto digital).
Para Dallagnol, o
Brasil vive uma “cleptocracia”, seu sistema político favorece e produz práticas
criminosas, e a Câmara dos Deputados “ultrapassou a linha e perdeu a vergonha”
ao desfigurar, em votação, as dez medidas contra corrupção propostas pelo Ministério
Público Federal ― ele revela, inclusive, que cogitou deixar a investigação
quando as dez medidas foram derrotadas.
Narrado em primeira pessoa e de forma cronológica, do início
da carreira de Dallagnol como
procurador aos momentos mais recentes da Lava-Jato, o texto soa repetitivo a quem
já conhece a operação, pelo excesso de dados, números e casos que enumera, mas
a paixão do procurador pelo seu trabalho e pela operação que coordena justifica
a leitura. Até porque, como bem salienta Helio
Gurovitz, diretor de redação da revista
Época, a rejeição da segunda denúncia contra Michel Temer e a suspensão do afastamento de Aécio Neves trouxeram de volta aquela velha sensação de que o
combate à corrupção é inútil, pois sempre haverá um atalho legal, um drible
jurídico ou uma manobra política capaz de salvar a pele dos mesmos suspeitos de
sempre.
Continuamos amanhã, pessoal. Até lá.
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