ALGUMAS
PESSOAS PERGUNTAM: POR QUÊ? OUTRAS PERGUNTAM: POR QUE NÃO?
Você
certamente já ouviu que o álcool
desgasta mais as peças do motor do que a gasolina,
que os carros Flex se “acostumam”
quando são abastecidos sempre com o mesmo combustível, que alternar entre os
combustíveis prejudica o motor, que é preciso zerar o tanque para mudar de
combustível, e assim por diante. Se não ouviu, ainda vai ouvir; afinal, se todo
mundo só falasse daquilo que realmente entende, o silêncio seria insuportável.
As montadoras afirmam que não há diferenças perceptíveis
ou problemas gerados pelo abastecimento com qualquer proporção álcool-gasolina.
Para quem usa o veículo em condições normais, o importante é abastecer em postos confiáveis — o difícil é separar
o joio do trigo, pois preço elevado não garante boa qualidade, mas isso é outra
história —, seguir a regrinha dos 70% e atentar para as especificações
referentes à taxa de compressão do motor e às quantidades de torque e potência
geradas pelo seu veículo com cada combustível (essas informações constam das
especificações técnicas, no manual do proprietário, mas também podem ser
obtidas no site do fabricante).
Observação: O tipo do combustível é determinante na
definição da taxa de compressão, que é a base para a escolha de outros
parâmetros do projeto — como calibração do sistema de injeção, gerenciamento
da transmissão e controles eletrônicos e de diagnóstico de falhas, entre outros.
Motores a gasolina costumam usar taxas de
compressão entre 8:1 e 12:1, enquanto os movidos a etanol funcionam melhor com algo entre 12:1 e 14:1 (já os propulsores a Diesel trabalham com taxas ainda mais altas, entre 15:1 e 18:1, mas
isso é conversa para uma outra vez). Nas versões Flex, é preciso encontrar um meio termo, mas os fabricantes sempre acabam privilegiando um combustível em detrimento do outro.
Veículos destinados à exportação costumam apresentar taxas de
compressão mais baixas, já que priorizam o uso da gasolina. Nos projetos focados
no álcool, a taxa média fica em torno de 13:1. Assim, se a potência gerada for quase a mesma nos dois combustíveis — por exemplo, 144
cv com etanol e 141 com gasolina — e o consumo, bem mais elevado no álcool — 5,5
km/l (E) e 9 km/l (G), também por exemplo —, use gasolina (a menos que a
diferença de preço for maior que 30%, o que raramente se verifica na prática). Já
se diferença de potência for expressiva — 111 cv com álcool e 104 cv com
gasolina, por exemplo — e a do consumo, irrelevante — 7,8 km/l (E) e 8,5 (G),
também por exemplo —, abasteça com etanol, ainda que a
diferença de preço seja menor que 30%.
Este breve resumo encerra — ou interrompe temporariamente — nossa
abordagem sobre álcool, gasolina e sutilezas da mecânica automotiva. Espero que
vocês tenham gostado e que minhas dicas lhes tenham sido úteis de alguma
maneira. Dúvidas, curiosidades, ponderações, experiências pessoais? Deixem seus
comentários.