Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta buraco de minhoca. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta buraco de minhoca. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

BURACOS DE MINHOCA ATRAVESSÁVEIS (CONTINUAÇÃO)

MELHOR UM FIM HORROROSO AINDA DO QUE UM HORROR SEM FIM.

No filme Superman, o protagonista volta ao passado voando no sentido oposto ao da rotação da Terra a uma velocidade superior à da luz. Em tese, isso poderia funcionar no mundo real, mas na prática a teoria é outra.

Nada com matéria pode se mover mais rápido que a luz no vácuo (299.792.458 m/s), lembrando que os fótons são partículas sem massa e sem peso. Mas ir além da velocidade da luz talvez não baste para voltarmos ao passado, já que, em nível macroscópico, a seta do tempo aponta sempre para o futuro. Mas isso não quer dizer que jamais poderemos assistir ao desembarque de Cabral e sua trupe em Pindorama, por exemplo.

Buracos de minhoca são distorções no espaço-tempo causadas por objetos supermassivos. Acredita-se que eles possam funcionar como atalhos cósmicos, encurtando a distância entre dois pontos, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo.

Observação: Para entender isso melhor, imagine uma folha de papel com um X na margem superior um Y na inferior. Se a folha for dobrada ao meio, os pontos X e Y podem ser trespassados por um alfinete. Assim, um buraco de minhoca permitiria ir de um ponto a outro no espaço-tempo em questão de segundos, mesmo que, numa linha reta, a distância entre eles fosse de milhares de anos-luz.

Ao contrário dos buracos negros, que já foram avistados e fotografados, os buracos de minhoca ainda são uma projeção teórica. Mas Carl Sagan ensinou que "ausência de evidência não é necessariamente evidência de ausência", e vários cientistas — incluindo o descobridor do sistema heliocêntrico, o pai da desinfecção, o criador da imunoterapia e o proponente da deriva continental — foram alvo de chacota até o tempo provar que eles estavam certos. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA 

Escorado numa decisão do STF, o presidente Lula disse que o avanço do Congresso Nacional sobre o Orçamento da União é "uma loucura" — e com razão, já que as emendas parlamentares representarem quase 24% do bolo orçamentário. Igualmente fora de esquadro foi a demora do Lula presidente em constatar o que o Lula candidato externou ao apontar o absurdo da sistemática no manejo daqueles recursos. Na época, o palanque ambulante prometeu dar um jeito na desordem mediante tratativas com o Parlamento, mas em um ano e meio de governo fez vista grossa à continuidade da metodologia repaginada do orçamento secreto vetado pelo STF em 2022.

A desvantagem na correlação de forças entre Executivo e Legislativo explica a atitude do xamã petista, mas a justifica num político tido, havido e autoproclamado ás no exercício do convencimento e o mais experiente dos governantes desde Tomé de Souza.

A impressão que se tem é de que o presidente tem medo de um Parlamento diante do qual suas celebradas qualidades de articulador são insuficientes. E ele não é o único a pisar em ovos. Em recente entrevista, o presidente do TCU, Bruno Dantas, qualificou os abusos como um "descuido" do Congresso (o que não se justifica, pois ali há distração, o foco é total nos interesses de suas excelências).

O uso do Supremo como muro de arrimo ocorreu também no caso da desoneração das folhas de pagamento, quando o Planalto se escorou em liminar do ministro Cristiano Zanin para obter um trunfo na mesa de negociações com os congressistas. 

A corte também procura amenizar os efeitos de suas decisões, defendendo negociação em torno da exigência de nitidez no trato das emendas. É de se perguntar como poderia o conceito de transparência abrigar o sentido de meio-termo.

 
Um novo estudo sugere que uma compreensão mais aprimorada da gravidade pode comprovar a existência desses "túneis cósmicos", mas daí a usá-los para cortar caminho vai uma longa distância (sem trocadilho). Mesmo que a força gravitacional do horizonte de eventos do buraco negro que hospeda o buraco de minhoca não fechasse a passagem antes que qualquer objeto conseguisse transpô-la, a radiação Hawking certamente causaria sua destruição.
 
Num artigo baseado teoria da gravidade híbrida  que permite maior flexibilidade nas relações entre matéria/energia e espaço/tempo  o físico João Luís Rosa sustentou a possibilidade de criar um buraco de minhoca estável e atravessável usando 
algum tipo de matéria exótica. Segundo ele, a energia negativa da matéria escura poderia estabilizar o túnel pelo tempo suficiente para a travessia, mas o problema é que a existência de matéria exótica no universo ainda é mera suposição.

Ocorre que a matemática usada para teorizar os buraco de minhoca é baseada na Relatividade Geral, que não é compatível com a física quântica — o que não quer dizer que as equações de Einstein estejam erradas, mas que alguma coisa está faltando —, e a suposta existência de matéria exótica é limitada à escala quântica. 

Ainda assim, o cosmólogo lusitano acredita que os efeitos gravitacionais necessários para garantir a atravessabilidade do atalho cósmico aconteçam naturalmente com a modificação da gravidade, dispensando as propriedades gravitacionais repulsivas da matéria exótica. "Modifique a gravidade e você poderá viajar com segurança por um buraco de minhoca para o que quer que esteja do outro lado", ele afirmou em entrevista ao site UFO

Ainda segundo Rosa, a teoria da gravidade modificada será comprovada pelo estudo das estrelas próximas de Sagitário A* — buraco negro supermassivo com cerca de 35 milhões de quilômetros de diâmetro que foi descoberto em 1974 no centro da Via Láctea

Como disse Einstein, "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário".

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

SOBRE BURACOS NEGROS E BURACOS DE MINHOCA

SE A VIDA É UM BURACO, SÃO PAULO É CHEIO DE VIDA

O PT não tem candidato próprio à Prefeitura de São Paulo; apoia Guilherme Boulos, do PSOL, que, em poucos dias, foi nomeado coordenador de um programa do Ministério dos Direitos Humanos (dirigido a moradores de rua, com verba de R$ 1 bilhão), viu-se no centro de um ato com a presença de presidente para a construção de casas populares e ganhou dele a promessa de levar Marta Suplicy de volta ao PT para compor a chapa.
A promessa é ousada e de difícil execuçãoProblemão para Ricardo Nunes e demais candidatos  à exceção, talvez, de Ricardo Salles, que tende a crescer caso Bolsonaro abrace de vez sua candidatura e o incentivo de Lula à polarização seja atendido pelo eleitorado. Lula sabe o que faz. Na pesquisa, o eleitor privilegia os problemas das cidades, mas na hora do vamos ver mostra predileção pelo jogo de torcidas que joga no lixo a palavra dita da pacificação.

***
Há muita coisa irritante hoje em dia, como sabe quem acompanha os noticiários. Mas a buraqueira que tomou conta da maior metrópole do país também incomoda. As crateras brotam da noite para o dia, como que por geração espontânea. Os consertos, por malfeitos, resultam em saliências ou rebaixos, e círculo vicioso se repete logo na primeira chuva. Mas isso é outra conversa. Os protagonistas desta postagem são os buracos negros, previstos por Albert Einstein em 1916 e batizados como tal pelo astrônomo norte-americano John Wheeler. 
 
Buracos negros podem resultar de colisões entre estrelas de nêutrons ou buracos negros menores, mas é mais comum eles se formarem quando uma estrela supermassiva (com pelo menos 10 vezes a massa do Sol) morre numa explosão conhecida como "supernova", dando origem a uma região cósmica densa, compacta, onde a atração gravitacional é tão grande que nem a própria luz consegue escapar,

Um buraco negro é como um "ninja do universo": invisível, misterioso, capaz de engolir qualquer coisa que esteja a seu redor e comprimi-la até ela se tornar um pontinho infinitesimal com a mesma massa original. Mas o que acontece em seu horizonte de eventos — ou "ponto de não-retorno" — é mais difícil de explicar. 

Einstein não foi o primeiro a propor a existência dos buracos negros, embora sua Teoria da Relatividade Geral tenha popularizado o tema e o levado à ficção científica. Em 2019, o telescópio Event Horizon capturou a imagem real de uma singularidade existente no centro da galáxia Messier 87 (ou M87), a 53 milhões de anos-luz da Terra (cerca de 503,5 quatrilhões de quilômetros), comprovando de uma vez por todas a existência desses fenômenos. 

Observação: Embora seja usado como sinônimo de buraco negro, o termo singularidade remete a um ponto no espaço onde massa com densidade infinita cria uma curva infinita no espaço-tempo. Em última análise, os buracos negros são o melhor exemplo de lugares onde a singularidade pode existir.
 
Convém não confundir buracos negros com buracos de minhoca — também chamados de Pontes Einstein-Rosen —, que os astrofísicos descrevem como "túneis" ou "atalhos" que interligam dois pontos no espaço-tempo. Supõe-se que através deles uma hipotética espaçonave poderia percorrer milhares de anos-luz em poucos segundos e alcançar galáxias diferentes, neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo. 
 
Observação: O nome "buraco de minhoca" (ou "buraco de verme", na tradução literal de "wormhole") surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que um verme que perambula pela casca da maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto abrindo caminho através do miolo da fruta, um viajante que passasse por um buraco de minhoca poderia chegar ao lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. 
 
Ao contrário dos buracos negros — que, como dito, já foram fotografados e tiveram seus efeitos na passagem do tempo comprovados cientificamente —, os buracos de minhoca que surgem nas imediações (ou dentro) dos buracos negros permanecem no campo das especulações. Ainda não foi possível vê-los ao vivo e em cores, até porque o buraco negro mais próximo da Terra fica a quase 1,6 mil anos-luz de distância. No entanto, supondo que eles possuam entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros e sejam tão comuns quanto as estrelas, detectá-los pode ser apenas uma questão de reavaliar informações antigas. 

Tampouco se conseguiu explicar como os buracos de minhoca poderiam existir — ou como civilizações alienígenas conseguiriam usá-los como atalho em viagens espaciais intergaláticas —, mas sabe-se que sua criação demanda uma quantidade de energia "n" vezes superior àquela que é possível gerar com a tecnologia disponível atualmente.
 
Continua...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

AINDA SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA

É TOLO AQUELE QUE ERRA O ALVO E CULPA O ARCO EM VEZ DE CORRIGIR A MIRA.


O ato de hoje em Brasília marca o primeiro ano desde o infame ataque às sedes dos Três Poderes. Que não se perca na história, que se repita ao longo do tempo, eternizando na memória dos brasileiros — sejam quais forem suas convicções político-ideológicas, religiosas, ou em que estágio de exacerbação emocional estejam — o acontecido em 2023. Na dinâmica democrática, as posições tendem a se alternar de quando em vez (no Brasil, essa alternância tem sido do ruim para o pior, mas isso é outra conversa). Não é conveniente, por conseguinte, o uso político-partidário da cerimônia desta tarde, nem — muito menos — que ela se travestisse dos figurinos da polarização. Em teoria, quanto mais robusto for o ato e a compreensão de que com a legalidade não se brinca, tanto menor será a possibilidade de a infâmia se repetir — lembrando que o impossível só existe até alguém duvidar dele e provar o contrário.

A ficção científica retrata os buracos negros como portais que levam a outras dimensões. Os cientistas acreditam que alguém indestrutível que mergulhasse num buraco negro veria o relógio marcar o tempo normalmente, mas não saberia a localização exata do horizonte de eventos ao mergulhar nele devido ao princípio de equivalência de Einsteine teria o corpo "espaguetizado" pela singularidade (detalhes nos capítulos anteriores). 

A astrofísica teoriza a existência de buracos de minhoca — distorções no espaço-tempo causadas por objetos supermassivos  — no interior dos buracos negros. Em tese, eles funcionam como atalhos cósmicos, encurtando a distância entre dois pontos do espaço-tempo. Para entender melhor, imagine uma folha de papel com um X no extremo esquerdo e um Y no extremo oposto. Se você dobrar essa folha ao meio, X a Y ficarão próximos o bastante para ser trespassados por um alfinete.
 
Através de um buraco de minhoca, uma espaçonave levaria minutos para alcançar um ponto do espaço-tempo distante 10 milhões de anos-luz. Por outro lado, os buracos de minhocas demandam muita energia para permanecer estáveis por muito tempo, e, ainda que assim não fosse, haveria outras dificuldades a superar.
 
ObservaçãoOs buracos de minhoca (ou pontes de Einstein-Rosen) foram teorizados pela primeira vez em 1916 pelo físico austríaco Ludwig Flamm. Em 1935, baseando-se na relatividade geral, Albert Einstein e Nathan Rosen propuseram a existência dessas pontes (ou "atalhos") no espaço tempo. Ao contrário dos buracos negros, os buracos de minhoca ainda não foram observados, de modo que sua existência permanece como uma projeção teórica. No entanto, como bem pontou o astrofísico Carl Sagan, "ausência de evidência não é necessariamente evidência de ausência" . 
 
Enquanto o buraco negro absorve tudo que está a seu alcance, o buraco branco "regurgita" tudo que seu oposto "engoliu". Explosões de raios gama (que emitem mais energia em 10 segundos do que o Sol em 10 bilhões de anos) podem ser causadas por buracos brancos 
— acredita-se inclusive que o Big Bang tenha sido deflagrado por esse tipo de fenômeno
 
Supõe-se que buracos brancos surjam quando buracos negros colapsam sobre si mesmos, sob a força da própria massa (salto quântico). Na definição do físico italiano Carlo Rovelli "um buraco negro é um buraco no cosmos onde as coisas podem entrar, mas não sair, e um buraco branco é um buraco de onde elas podem sair, mas nada pode entrar". Em outras palavras, estes regurgitam tudo o que aqueles engoliram. 
 
O físico teórico Erik Curiel explicou que "as equações de campo da relatividade geral não escolhem uma direção preferida do tempo, e se a formação de um buraco negro é permitida pelas leis do espaço-tempo e gravidade, então essas leis também permitem os buracos brancos". 
 
Criar um buraco branco seria como apertar um botão de "retroceder" de um buraco negro, donde a dificuldade de compreender como eles ser formam. E dada a impossibilidade de voltar no tempo e vê-los sendo gerados, os cientistas admitem sua existência apenas em teoria. Mas vale lembrar que os buracos negros não passavam de teoria até pouco tempo atrás. 
 
Continua...

quarta-feira, 9 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 15ª PARTE

AS ROSAS CAEM, OS ESPINHOS FICAM.


Vimos que viajar no tempo é uma possibilidade teórica prevista na Teoria da Relatividade e que os efeitos da dilatação temporalilustrados magistralmente pelo Paradoxo dos Gêmeos, já foram comprovados experimentalmente

Até que a tecnologia permita acelerar uma espaçonave a uma velocidade próxima à da luz, não saberemos o que o século XXX nos reserva nem poderemos saborear um filé de brontossauro com os Flintstones na cidade pré-histórica de Bedrock. Mas talvez isso seja apenas uma questão de tempo: como vimos no oitavo capítulo, um engenheiro da NASA está desenvolvendo um motor capaz de impulsionar uma nave a 99% da velocidade da luz, e existem outras possibilidades promissoras, como motores de Alcubierre e conceitos baseados na energia do vácuo.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A aprovação de um projeto de anistia depende da ronco das ruas. No último domingo, o ato na Paulista concebido para irradiar a força do faraó da direita foi um crepúsculo: segundo dados da USP, apenas 44,5 mil bolsonaristas atenderam ao chamamento — mais que o dobro dos 18,3 mil que se reuniram em Copacabana, mas quatro vezes menos do que os 185 mil que estiveram na avenida em fevereiro do ano passado e menos de 5% da previsão dos organizadores (1 milhão). A título de contextualização, Sampa tem 11,45 milhões de habitantes e a Grande São Paulo, 21 milhões.
Enquanto o STF constrói o sarcófago, os governadores 
Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. atuam embalsamadores, de olho nos votos dos devotos. Na manifestação, o faraó de fancaria acusou o Supremo de conluio com Lula em 2022, disse que há um plano para matá-lo e reafirmou que vai disputar a Presidência no ano que vem, mesmo inelegível (esquecendo de lembrar ou lembrando de esquecer que ele pode estar na cadeia em outubro de 2026). A construção da vitória da direita em 2026 é mero exercício de quiromancia. Por enquanto, sobressai o constrangimento de erguer uma alternativa supostamente democrática a partir do embalsamamento de uma múmia golpista. 
Sob reserva, líderes do Centrão na Câmara dizem que não concordam com o projeto da anistia, mas que o líder do PL está cumprindo seu papel ao tentar angariar apoios. Bolsonaro insiste que não será beneficiado, mas aliados admitem que a anistia seria a primeira etapa na construção de algum tipo de salvo-conduto, já que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado democrático. O movimento hoje é para que o Congresso dê aval a uma proposta que enquadre os manifestantes do 8 de janeiro apenas nos crimes de dano ou depredação, o que, se aprovado, enfraqueceria a acusação de que Bolsonaro liderou os atos golpista para retomar o poder. 
Depois de três décadas defendendo a ditadura militar, o refugo da escória da humanidade deveria terminar seus dias na cadeia. Lamentavelmente, o risco de isso não acontecer num país como o Brasil é considerável. Basta lembrar que Lula foi preso em 7 de abril de 2018 e solto após míseros 580 dias, embora suas penas nos processos do tríplex e do sítio somassem 25 anos e as sentenças condenatórias tivessem transitado em julgado no STJ. Mesmo sendo septuagenário, o petista sobreviveu para subir a rampa no Palácio do Planalto pela terceira vez e ameaçar disputar a reeleição em 2026 (que Deus nos livre de mais essa desgraça).

Supõe-se que os buracos de minhoca se formem no fundo dos buracos negros e funcionem como atalhos cósmicos, permitindo percorrer quase instantaneamente os milhares ou milhões de anos-lua que separam dois pontos no espaços-tempo, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo. Todavia, sua existência ainda não foi comprovada experimentalmente — até porque o buraco negro mais próximo da Terra fica a quase 1.600 anos-luz. 

Mesmo que existem, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (para suas paredes não colapsarem, seria preciso uma grande quantidade de matéria exótica, cuja massa negativa poderia se converter em energia negativa, mas não há evidências de que esse tipo de matéria exista no Universo. Demais disso, tampouco se sabe eles têm "entrada e saída" ou ambas as bocas "engolem" matéria.

ObservaçãoO nome "buraco de minhoca" (ou "buraco de verme", na tradução literal de "wormhole") surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que um verme que perambula pela casca da maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto abrindo caminho através do miolo da fruta, um viajante que passasse por um buraco de minhoca poderia chegar ao lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. 

Toda a matemática usada para criar buracos de minhoca teóricos se baseia na Relatividade Geral, que não consegue descrever o centro dos buracos negros nem tampouco é compatível com a física quântica. No entanto, o cientista português João Rosa propôs em um artigo publicado no arXiv que a chamada gravidade híbrida generalizada-Palatini — uma extensão da Relatividade Geral que flexibiliza as relações entre matéria/energia e espaço/tempo — permitiria a criação de buracos de minhoca atravessáveis. 

Para contornar a exigência de energia negativa, Rosa sugeriu que as entradas dos túneis fossem estruturadas em camadas, como cascas de cebola duplas e finas, feitas de matéria comum. Essa proposta ainda precisa ser amplamente debatida e testada, mas representa um passo importante na busca por soluções para a viabilidade dos buracos de minhoca.
 
Segundo o astrofísico americano Ron Malletque construiu uma respeitável carreira acadêmica estudando buracos negros e a Relatividade geral, seria possível usar o laser para formar um "feixe de luz circundante", produzir uma curvatura no espaço-tempo e, atravessar esse "túnel" e voltar ao passado ou avançar para o futuro. Mas ele reconhece que sua "máquina do tempo" ainda não foi comprovada na prática, e que existem desafios significativos a serem superados — entre os quais a necessidade de criar fontes de energia extremamente poderosas e materiais capazes de suportar as enormes forças geradas pela rotação do anel laser.

Continua...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 2ª PARTE

SÓ ANDA SOBRE AS ÁGUAS QUEM SABE ONDE ESTÃO AS PEDRAS.

 
Há tempos que buracos negros, paradoxos temporais e outros fenômenos teorizados por Einstein servem de matéria-prima para escritores e roteiristas de ficção científica. 

Em A Máquina do Tempo, acompanhamos a saga de um cientista em uma fabulosa jornada ao futuro distante; na trilogia De Volta para o Futuro, mergulhamos em intricados paradoxos temporais; e em Interestelar, exploramos os mistérios da dilatação do tempo

 

Com a possível exceção do seriado Lost, que trabalha com a "noção de causalidade fechada" (os personagens que voltam ao passado descobrem que não podem alterar o futuro, pois sempre fizeram parte da conjuntura em que os eventos ocorreram), a maioria dos filmes sobre viagens no tempo não leva em conta a teoria segundo a qual um objeto que percorre o espaço-tempo sempre retorna às coordenadas que ocupava originalmente (Closed Timelike Curve). 

Outra "liberdade poética" hollywoodiana é atribuir aos buracos negros o papel de "túnel cósmico" dos buracos de minhoca. Ainda assim, a arte vai muito além da realidade, onde nos limitamos a "viajar para o futuro" dia após dia e a vislumbrar o passado olhando as estrelas, já que o que vemos é a luz emitida por elas há milhares, milhões ou bilhões de anos.

Os buracos negros nascem da colisão entre estrelas de nêutrons ou da explosão de estrelas supermassivas em supernovas. Eles "engolem" planetas, estrelas e quaisquer outros corpos celestes que se aproximam de seu horizonte de eventos e transformam tudo um ponto infinitesimal, mas com a massa original, o que resulta em tamanha atração gravitacional que nem a luz consegue escapar.

Observação: Embora seja usado como sinônimo de buraco negro, o termo singularidade designa um ponto no cosmos onde algo com densidade infinita cria uma curva igualmente infinita no espaço-tempo — daí os buracos negros serem o melhor exemplo de locais onde a singularidade pode existir.

A existência desses corpos celestes foi comprovada pela primeira vez em 2017, quando o Event Horizon Telescope fotografou o M87* — no centro da galáxia Messier 87, a 55 milhões de anos-luz da Via Láctea —, mas Einstein jamais sugeriu que eles fossem portais para outras dimensões. Já os buracos de minhoca, também chamados de Pontes Einstein-Rosen, permanecem no campo teórico, mas detectá-los pode ser apenas uma questão de tempo — Carl Sagan ensinou que "ausência de evidência não é evidência de ausência", e não faltam exemplos de cientistas ridicularizados por suas ideias heterodoxas e posteriormente reconhecidos, como foi o caso de Copérnico, de Semmelweis, de Ehrlich e de Wegener, entre outros.

Acredita-se que os buracos de minhoca surjam no interior dos buracos negros e funcionem como "atalhos", permitindo percorrer milhares de anos-luz em poucos segundos e alcançar galáxias diferentes, neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo. O nome (wormhole, em inglês) surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que o bicho-da-maçã chega do outro lado da fruta abrindo caminho através do miolo. 

Observação: Para ilustrar como um buraco de minhoca interliga regiões cósmicas distantes, dobre o mapa do Brasil ao meio e repare que o Monte Caburaí, que fica próximo à fronteira de Roraima com a Guiana, e "encosta" no município de Chuí, que fica a 5.000 km, na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai. 
 
Uma mergulho em Gaia BH1 — o buraco negro mais próximo do nosso sistema solar — poderia confirmar a existência, ou não, de um buraco de minhoca. Mesmo na velocidade da luz, uma viagem até lá demoraria mais de 1,5 mil anos (embora fosse praticamente instantânea para os astronautas). Com base na velocidade alcançada pela Parker Solar Probe no final do ano passado, seriam necessários 2,4 milhões de anos para percorrer essa distância, lembrando que, a 692 mil km/h, uma missão tripulada não fruiria dos benefícios da dilatação temporal.

Continua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE XVI)

ÀS VEZES, A ÚNICA COISA VERDADEIRA NO JORNAL É A DATA.

Vimos que a Teoria da Relatividade Geral descreve a gravidade como uma propriedade geométrica do espaço-tempo e demonstra como o tempo desacelera à medida que a velocidade aumentaEmbora não seja perceptível em carros e aviões, essa variação faz com que os relógios internos dos satélites que orbitam a Terra a cerca de 28.000 km/h atrasem 7 milésimos de segundo por dia. 
 
Viajamos pelo tempo desde o instante em que nascemos, mas avançar ou retroceder por ele a nosso talante, como na trilogia De Volta para o Futuro, é uma das “ficções” que mais instigam a imaginação humana. No entanto, não é a ficção a musa inspiradora da Ciência? 
Leonardo da Vinci idealizou o helicóptero 600 anos antes da construção da primeira aeronave de asa móvel; Júlio Verne descreveu em 1865 a proeza que a Apollo 11 realizaria 104 anos depois — errando por míseras 20 milhas o local exato do lançamento do Saturno V.  

No âmbito da Ciência, o que vale hoje pode não valer amanhã.  Cinco séculos atrás, Cabral e sua trupe levaram 44 dias para viajar de Lisboa a Pindorama; hoje, um jato comercial cruza o Atlântico em cerca de 9 horas. Mas viajar no tempo é outra história, até porque essa possibilidade só começou a ser encarada com seriedade há pouco mais de uma década, quando se descobriu que a propagação superluminal de pulsos óticos em meios específicos poderia superar a velocidade da luz (299.792.458 m/s no vácuo). 


Viajando à velocidade da luz, vai-se da Terra ao Sol em cerca de 8 minutos, e a Alfa Centauri, em pouco mais de 8 anos. Viagens ainda mais longas — até Earendel, por exemplo, que fica a mais de 9 bilhões de anos-luz (um ano-luz é a distância que a luz percorre no vácuo no período de um ano, e corresponde a 9,5 trilhões de quilômetros, exigiriam um buraco de minhoca, mas se o tempo "congela" quando nos movemos à velocidade da luz, 10 anos, 100 anos ou 1.000 anos a mais ou a manos não fazem a menor diferença.

 
Para Einstein, a velocidade da luz seria o "limite universal". Um século após ele publicar sua revolucionária teoria, o CERN conseguiu acelerar partículas a 99,99% dessa velocidade, mas ainda não foi capaz de ultrapassar esse "limite". Segundo o professor Shengwang Du, a “lei de trânsito do universo” impede que os fótons se movam mais rápido que a luz (clique aqui para mais detalhes), mas nem toda a comunidade científica concorda com esse pressuposto.
 
A dilatação do tempo explica as diferenças do fluxo temporal em razão da velocidade e da gravidade. A atração gravitacional exercida por um buraco negro é tamanha que chega a distorcer o tecido do espaço-tempo ao seu redor, forçando o tempo a desacelerar para que a luz possa manter sua velocidade constante. 
Ao contrário dos buracos de minhoca, os buracos negros já foram fotografados e seus efeitos na passagem do tempo, comprovados cientificamente. O problema é chegar até um buraco de minhoca, pois esse fenômeno costuma ocorrer nas imediações (ou dentro) dos buracos negros, e o buraco negro mais próximo da Terra fica a 1.000 anos-luz. 
 
Observação: Os Buracos de minhoca — ou “Pontes Einstein-Rosen” — são teorizados pela astrofísica como um "atalho" que aproxima dois pontos no espaço-tempo; através deles, uma espaçonave percorreria milhares de anos-luz em poucos segundos e alcançaria galáxias diferentes — neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo. 
 
Se os buracos de minhoca possuem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros e são tão comuns quanto as estrelas, sua detecção pode ser apenas uma questão de reavaliar informações antigas. Mas ainda não se conseguiu explicar como eles poderiam existir ou ser criados por civilizações alienígenas avançadas. 
O que se sabe até o momento é que sua criação exigiria uma quantidade de energia "n" vezes superior à que podemos gerar com a tecnologia de que dispomos atualmente.

Continua...