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terça-feira, 28 de outubro de 2025

DO SMARTPHONE AO NOTEBOOK

OUÇA CONSELHOS, MAS JAMAIS ABRA MÃO DE SUA PRÓPRIA OPINIÃO.

Não se sabe se o ábaco surgiu na China, no Egito ou na Mesopotâmia, mas sabe-se que ele foi criado milhares de anos antes da era cristã e que sua desenvoltura na execução de operações aritméticas só foi superada no século XVII, quando Blaise Pascal criou uma engenhoca que Gottfried Leibniz aprimorou com a capacidade de multiplicar e dividir. 

Já o processamento de dados teve início no século XVII com o Tear de Jacquard  e evoluiu com o tabulador estatístico criado por Herman Hollerith — cuja empresa daria origem à gigante IBM. No início dos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou um dispositivo de computação movido a manivelas mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária. Mais ou menos na mesma época, Konrad Zuse criou o Z1 — primeiro computador binário digital. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Enquanto a defesa de Bolsonaro se equipa para usar o caso Collor como pretexto para evitar que seu cliente seja trancado na penitenciária da Papuda, os deuses da jurisprudência oferecem um espetáculo que desmoraliza o caráter "humanitário" da prisão domiciliar em três atos.

No primeiro, Collor, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, foi autorizado a cumprir a pena em sua mansão na orla de Maceió depois de passar uma semana em um presídio alagoano. No segundo, sua tornozeleira eletrônica saiu do ar por 36 horas. No terceiro, o apagão do monitoramento ocorreu nos dias 2 e 3 de maio, mas o Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas de Alagoas demorou cinco meses para comunicar a falha ao STF.

Graças a uma trapaça do destino, o relator do processo de Collor é Alexandre de Moraes, o mesmo que cuida do caso da trama do golpe. Abespinhado, o magistrado exigiu explicações. A resposta veio na última sexta-feira (24). A Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social do governo de Alagoas alegou que desconhecia o e-mail do gabinete de Moraes. Superada a dúvida quanto à origem e à segurança da comunicação, as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, com o envio integral dos relatórios requisitados ao e-mail.

A honestidade preenche requerimento, marca hora e leva chá de cadeira. A corrupção sempre encontra seus atalhos. Num mundo convencional, o endereço eletrônico de Moraes poderia ser obtido com um simples telefonema. No universo dos privilegiados, a coisa é diferente.

Na prática, o governo de Alagoas coloca Moraes em posição constrangedora. O ministro havia ameaçado devolver Collor ao presídio. Os responsáveis por monitorar o trânsito do "preso" entre a sauna e a piscina do seu elegante domicílio prisional pedem ao ministro que faça o papel de bobo em benefício do bem-estar do condenado.

Os homens nunca foram iguais, mas não eram tão desiguais até que veio a civilização. E alguns viraram Collor, que desfrutou da impunidade por 33 anos. Denunciado por assaltar R$20 milhões de um cofre da Petrobras em gestões petistas, demorou oito anos para ser condenado. Embora a sentença fosse suprema, ficou solto por dois anos após a condenação.

Poucas horas depois da detenção de Collor, sua defesa encaminhou petição a Moraes alegando que seu cliente tem 75 anos e é atormentado por doença de Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar — moléstias que exigiriam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado, coisas indisponíveis na cadeia.

A defesa esqueceu de combinar a estratégia com o paciente. Na audiência de custódia que antecedeu o encarceramento, Collor, sorridente, vendia saúde. Acompanhado de um dos seus advogados, foi interrogado por videoconferência pelo juiz Rafael Henrique, da equipe de Moraes. A certa altura, o doutor perguntou: "O senhor tem alguma doença, faz uso de algum medicamento de uso contínuo?" E Collor, categórico: "Não".

Os advogados omitiram que o Rei Sol talvez sofresse de uma amnésia que o levava a esquecer dos outros males que o afligiam. De repente, surgiram os atestados médicos que justificavam a concessão da prisão domiciliar em caráter "humanitário", abrindo um atalho que os advogados de Bolsonaro certamente trilharão.

O Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades para qualificar o seu sistema prisional. Há três décadas, Collor vangloriava-se no Planalto de ter "colhões roxos" — expressão precursora do célebre "imbrochável." Quando vende saúde, a desqualificação é poupada. Quando finalmente é condenado, o desqualificado alega que não pode servir de exemplo para a qualificação das cadeias.

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, 70, foi condenado por aceitar contribuições espúrias do antigo ditador líbio Muammar Kadafi para a campanha eleitoral da qual saiu vitorioso, em 2007. Preso na semana passada, cumprirá pena de cinco anos na penitenciária La Santé, em Paris, trancafiado na ala de isolamento de uma das prisões mais seguras da França.

Enquanto isso, o brasileiro é como que condenado a conviver com uma dúvida perpétua: os criminosos de grife vão para a cadeia nos países ricos porque as cadeias são melhores ou as cadeias são melhores porque a elite as frequenta? 

Nas pegadas de Collor, o Brasil está na bica de desperdiçar com Bolsonaro mais uma chance de aprimorar as instalações e os serviços de suas prisões com a qualificação progressiva da população carcerária.

A II Guerra Mundial deu azo ao surgimento do Mark I, do Z3 e do Colossus. Na década seguinte, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíram o ENIAC, que teria causado um formidável apagão quando foi ligado pela primeira vez (talvez isso não passe de lenda urbana, mas houve realmente flutuações e quedas de energia pontuais na Filadélfia, mesmo porque o monstrengo consumia 10% da capacidade total da rede elétrica da cidade). 

Embora fosse um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas, ele era capaz de realizar "apenas" 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 1990 já superava com um pé nas costas. Suas válvulas queimavam à razão de uma a cada dois minutos, e como sua memória interna só comportava os dados da tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando dezenas de cabos.

 

O EDVAC veio à luz em 1947, já com memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados. Foi seguido pelo UNIVAC, que utilizava fita magnética em vez de cartões perfurados. Mas foi o advento do transistor que revolucionou a indústria dos computadores — notadamente a partir de 1954, quando o uso do silício como matéria-prima barateou significativamente os custos de produção.


Os primeiros mainframes totalmente transistorizados foram lançados pela IBM no final dos anos 1950. Na década seguinte, a Texas Instruments revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados, compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores, e usados com sucesso no IBM 360 (lançado em 1964). Já no início dos anos 1970, a Intel desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários circuitos integrados (CIs) numa única peça silício, dando origem aos microprocessadores e viabilizando o surgimento do Altair 8800 (vendido sob a forma de kit e responsável, ainda que indiretamente, pela fundação da Microsoft), do PET 2001 (lançado em 1976 e considerado o primeiro microcomputador pessoal) e dos Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

 

O sucesso estrondoso da Apple incentivou a IBM a criar seu PC (acrônimo de Personal Computer), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS acabaram se tornando padrão de mercado. A primeira interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse foi criada pela Xerox e incorporada ao LISA por Steve Jobs. Quando a Microsoft lançou sua interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS, a Apple já estava anos-luz à frente, mas foi o Windows, e não o macOS, que se tornou o sistema operacional para microcomputadores mais popular do planeta.

 

Tudo isso para dizer que o que hoje chamamos de computador — seja um desktop, um notebook, um smartphone ou um tablet — evoluiu ao longo dos séculos em etapas que misturam avanços científicos, engenhocas eletromecânicas e uma boa dose de ousadia criativa. No início, eram máquinas enormes, barulhentas e com um apetite pantagruélico por energia. Os primeiros sequer tinham disco rígido, quanto mais mouse, tela colorida ou sistema operacional amigável, e a interação com o usuário era feita por meio de cartões perfurados, fitas magnéticas e comandos crípticos. Mas já dizia o poeta que não há nada como o tempo para passar.

 

Microcomputadores rudimentares, mas já voltados ao consumidor final (como Apple I, Commodore 64 e afins) surgiram nos anos 1970 e começaram a se popularizar entre os usuários domésticos em meados dos anos 1990. Na década seguinte, os "micros" (como as pessoas chamavam seus PCs) já tinham presença garantida em escritórios, escolas e lares de classe média. Os laptops vieram logo depois, seguidos pelos netbooks e, mais adiante, pelos ultrabooks — versões mais compactas e baratas que sacrificavam desempenho em nome da mobilidade.

 

Meu primeiro portátil — um Compaq Evo n1020v Intel Celeron 1,7 GHz/20 GB/128 MB — custou R$ 4,4 mil no início de 2003 (cerca de R$ 12 mil, se atualizado pelo IGPM, ou R$ 30,4 mil, pela variação do salário-mínimo). Hoje, notebooks de entrada custam a partir de R$ 3 mil, como é o caso do IdeaPad 1 da Lenovo, que integra um chip AMD Ryzen 3 7320U e tela grande (15,6 polegadas). Mas ele vem com míseros 4 GB de RAM e SSD de 256 GB, sem falar que no sistema operacional, que é uma distro Linux.

 

Atualmente, qualquer smartphone básico tem mais "poder de fogo" do que os computadores que levaram o homem à Lua — o que explica, pelo menos em parte, por que desktops e notebooks foram relegados a situações que exigem telas de grandes dimensões, teclado e mouse físicos, além de processamento, memória e armazenamento superiores aos que os "pequenos notáveis" de entrada e intermediários conseguem oferecer. Mas quem precisa de um note para fazer o que não consegue fazer com o celular terá de investir cerca de R$ 4 mil num Samsung Galaxy Book 4, por exemplo, que integra um processador Intel Core i3-1315U, 8 GB de RAM, 256 GB de SSD — e vem de fábrica com o Windows 11.

 

Se você quer portabilidade sem abrir mão de uma tela grande e hardware potente, o Galaxy Book 4 Ultra oferece painel AMOLED de 16 polegadas com resolução QHD e taxa de atualização de 120 Hz, Intel Core Ultra 9-185H e Nvidia GeForce RTX 4070 — suficientes para rodar a maioria dos jogos atuais sem problemas —, além de respeitáveis 32 GB de RAM e 1 TB de SSD. Mas não espere pagar menos de R$ 10 mil por essa belezinha.

 

Por último, mas não menos importante: quem é fã do iOS não tem como não gostar do macOS — e, se é para mudar de sistema operacional, nada como fazê-lo em grande estilo. O Apple MacBook Pro M4 é capaz de executar com desenvoltura tarefas exigentes como edição de vídeo, gráficos 3D, desenvolvimento de IA e até simulações científicas. 


Ele oferece ampla gama de portas para periféricos e monitores externos — incluindo três portas USB-C/Thunderbolt 5 e uma HDMI 2.1 —, não esquenta e praticamente não faz barulho. No entanto, como a RAM e a unidade de armazenamento vêm soldadas à placa-mãe, convém escolher a melhor configuração que o bolso suportar, já que upgrades de hardware estão fora de cogitação.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

DICAS PARA CELULARES MOTOROLA

TÃO POBRE QUANTO QUEM TEM POUCO É QUEM DESEJA O QUE NÃO PODE TER.

Android e iOS respondem, respectivamente, por 70% e 28% do mercado mundial de dispositivos móveis. Entre os fabricantes parceiros do Google — lembrando que o iOS roda somente no hardware da Apple —, Samsung, Motorola, Xiaomi e Realme dominam 36%, 19%, 16% e 6% do mercado brasileiro. 

Uma vez que cada empresa cria sua própria interface de usuário (UI), os ícones, botões, menus, layouts e informações na tela podem variar. Alguns recursos e aplicativos estão presentes nos aparelhos de todas as marcas, mesmo que com implementações diferentes, mas outros são exclusivos de modelos específicos de cada uma delas. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Pode-se  gostar ou não de Lula (e muita gente gosta), pode-se culpá-lo pelo aumento do déficit público e pelo descontrole da inflação, acusá-lo de jamais ter descido do palanque — embora uma de suas promessas de campanha foi justamente pendurar as chuteiras em 2026, depois de “recolocar o Brasil nos eixos” —, de ter aumentado em 60% o número de ministérios para acomodar ex-comparsas do mensalão e do petrolão, e por aí afora. Mas de alguém que se apresenta como ministro(a) da “Inovação”, dos “Povos Indígenas”, do “Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar”,  basta esperar o pior para não sair decepcionado. Quando se trata do ministro da Fazenda, o buraco é mais embaixo: se somente neurocirurgiões podem fazer operações a cérebro e pilotos da aviação, guiar um Boeing, como o “ex-alcaide Suvinil” — o pior entre os prefeitos das oito maiores capitais brasileiras, segundo pesquisa do Vox Populi — pode ser ministro da Fazenda?

Por outro lado, responsabilizar Lula pela crise com os EUA — como têm feito governadores que pretendem representar a direita na disputa presidencial de 2026 — é “desonestidade mental”. O petista não precisaria ter contaminado a relação entre os dois países com a doença infantil do antiamericanismo, mas esquecer de lembrar — ou lembrar de esquecer — o papel de Bolsonaro e do filho 03 nessa tragicomédia bufa é uma clara tentativa de manipulação do eleitorado, e pretensões eleitorais não autorizam ninguém a distorcer os fatos de modo para moldá-los às próprias conveniências. 

O que se tem, no caso, é a figura de um psicopata que decidiu acionar sua usina de punições para dar vazão à própria violência — uma doença que um telefonema do macróbio vermelho não cura.


Os produtos da Apple sempre se destacaram pela excelência, mas os iPhones básicos custam mais caro que os smartphones Android intermediários — lembrando que modelos de topo de linha também não são para qualquer bolso: o Galaxy S25 Ultra, o Realme GT7 Pro, o Poco F7 Ultra e o Xiaomi 15 Ultra custam a partir de R$ 7.198, R$ 7.260, R$ 7.999 e R$ 9.993, respectivamente.  

 

Observação: Entre os dumbphones Motorola que usei, o Razr V3 e o Krzr K1 foram os mais marcantes. Depois que os telefoninhos se tornaram smart, migrei para a Samsung. Quando meu Galaxy M23 "estacionou" no Android 14, escolhi o Moto G75 para substituí-lo — além do chip Snapdragon 6 Gen 3, dos 256GB de armazenamento e dos 8GB de RAM (expansíveis até 16GB com o RAM Boost Inteligente), ele oferece proteção IP68 combinada com certificação MIL-STD-810H, cinco atualizações de sistema e patches de segurança até 2029.


O código proprietário do iOS torna as configurações gerais mais homogêneas e intuitivas, mas o código aberto do Android amplia a gama de alterações na interface, nos recursos e nos aplicativos pré-instalados. Mas isso não significa que um sistema seja melhor que o outro, e sim que cada um tem vantagens e desvantagens


Pasta Segura — implantada pela Motorola em 2023 — oferece um espaço protegido por senha (diferente da usada para desbloquear o aparelho) para guardar aplicativos sensíveis, além de "disfarçar" ícones e nomes de apps bancários, entre outros, tornando o acesso mais seguro. Para tirar selfies sem tocar no botão de captura, as funções Detector de sorriso, Tocar em qualquer lugar e Selfie com gesto são sopa no mel. Para ativar, acesse as configurações da câmera e procure por Métodos de Captura ou similar, e para "poupar" os botões físicos do aparelho, toque em Configurações > Sistema > Gestos ative a Captura de tela com três dedos.

 

Se você costuma acessar apps do celular em outro dispositivo — como tablets Lenovo, PCs e televisores — e editar documentos de forma alternada, o Smart Connect cria um ecossistema de integração que facilita o compartilhamento de arquivos. Já a divisão de tela permite usar dois aplicativos simultaneamente (abra o aplicativo Moto, selecione o menu Gestos e ative a opção Deslize para dividir).

 

Uma função disponível nas opções de Acessibilidade informava por voz o nome do contato ou o número do telefone do desconhecido que estava ligando, mas foi descontinuada no Android 13 e nas versões posteriores. Em alguns aparelhos, pode-se configurar o Google Assistente para anunciar chamadas. Na impossibilidade, aplicativos como o Caller Name Talker e o Caller Name Announcer oferecem funcionalidades semelhantes, ainda que com menos integração ao sistema e mais propagandas do que seria de desejar.

 

Continua...

terça-feira, 29 de julho de 2025

LENDAS, MITOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

O SUCESSO TEM MUITOS PAIS, MAS O FRACASSO É ORFÃO

Aprendemos na escola que Santos Dumont foi o "Pai da Aviação", criou o relógio de pulso e se suicidou ao ver sua invenção (o avião, não o relógio de pulso) ser usada para fins bélicos. No entanto, na maioria dos países dos 7 continentes (que eram cinco nos meus tempos de estudante) a invenção do avião é atribuída aos irmãos norte-americanos Wilbur e Orville Wright.

 

O inventor brasileiro ganhou projeção mundial em 1901, ao contornar a Torre Eiffel a bordo de um balão dirigível. Quando ele realizou o primeiro voo homologado pela Federação Aeronáutica Internacional com seu icônico 14-Bis, os irmãos Wright já haviam patenteado o Flyer e voado com ele dezenas de vezes. Chauvinistas inconformados alegavam que a engenhoca dependia de uma espécie de catapulta para decolar, mas os irmãos demonstraram que sua criação era capaz de decolar sem o auxílio de tais artifícios.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A ideia de que Bolsonaro dirige os rumos da direita brasileira vai se tornando uma das ilusões mais persistentes da mitologia política contemporânea. Ele ainda projeta uma aparência de liderança — multiplicada pela presença de sua facção nas redes sociais —, mas seu poder efetivo é declinante. 

Aos poucos, o projeto de unificação das forças de direita em torno de uma hipotética candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas vai se dissipando. Diante da teimosia de Bolsonaro, que finge não estar inelegível, líderes conservadores tocam seus próprios planos. Depois de Ronaldo Caiado, primeiro líder de direita a se lançar na corrida presidencial, entrará na disputa Romeu Zema. Seu nome será lançado pelo partido Novo, em 16 de agosto. Ironicamente, a candidatura de Zema nascerá sob as barbas de Tarcísio, em São Paulo. 

Em política, quem não ambiciona o poder vira alvo. Mas quem só ambiciona o poder erra o alvo. Depois do golpe falhado, Bolsonaro tinha dois objetivos estratégicos: não ser preso e continuar dando a impressão de que comanda. Sua margem de manobra é mínima. 

Com o tarifaço de Trump ou sem ele, a condenação deve chegar em setembro. Enquanto finge que faz e acontece, o "mito" dos apatetados tenta se equilibrar em meio ao entrechoque das forças que disputam o seu espólio. Só que, ao invés de governá-las, ele começa a ser governado por elas — e se dar por satisfeito com a promessa de um futuro indulto.

 

Por estar com as mãos ocupadas controlando seus balões, Santos Dumont tinha dificuldade em ver as horas no relógio de bolso, e pediu ao amigo joalheiro Louis Cartier que adaptasse uma pulseira de couro ao maior relógio feminino de sua coleção. Mas isso não faz dele o inventor do relógio de pulso — na melhor das hipóteses, pode-se dizer que ele contribuiu para a adoção do acessório pelo público masculino. 

 

Acredita-se que o primeiro relógio de pulso tenha sido encomendado pela irmã de Napoleão Bonaparte ao relojoeiro Abraham-Louis Bréguet, ou criado pelos fundadores da relojoaria suíça Patek-Phillipe — embora haja registros de que Robert Dudley, 1º Conde de Leicester, presenteou a rainha Elizabeth I, em 1571, com um pequeno relógio de bolso atrelado a uma delicada pulseira de couro.

 

Santos Dumont foi encontrado morto em 23 de julho de 1932, no quarto 151 do Grande Hotel La Plage, em Guarujá (SP), mas a causa da morte no atestado de óbito foi posteriormente alterada para "parada cardíaca". A versão segundo a qual o uso bélico do avião levou-o a se matar não passa de uma lenda urbana consolidada durante o período getulista, e a história de que ele teria ficado inconsolável quando foi abandonado por Jorge Dumont Villares — um sobrinho com quem ele supostamente mantinha um relacionamento íntimo — permanece no campo da especulação. Até sua alegada homossexualidade é questionada por alguns biógrafos, que mencionam sua paixão pela socialite Yolanda Penteado e um affair com a cantora lírica Bidu Sayão.

 

Todo fato tem ao menos três versões — a sua, a minha e a verdadeira — e todos temos direito às nossas versões, mas não aos nossos próprios fatos. Quando as versões se sobrepõem aos fatos, surgem mitos, boatos e teorias da conspiração. Mitos são lendas criadas para explicar a origem do mundo e transmitir crenças sobre o desconhecido (o Gênesis é um bom exemplo), enquanto boatos são narrativas baseadas em informações não verificadas e transmitidas oralmente (até serem rebatizadas de fake news e disseminadas via aplicativos de mensagens e posts nas redes sociais). Já as teorias da conspiração associam eventos políticos ou sociais a esquemas secretos orquestrados por grupos poderosos — e o fato de carecerem de comprovação sustentável não as torna menos convincentes para quem quer acreditar.

 

Einstein ensinou que o Universo e a estupidez humana são infinitos; Saramago, que o pior tipo de cegueira é a cegueira mental. Aristóteles — e outros e outros filósofos gregos antes dele — concluíram que a Terra era esférica ao observar a sombra projetada sobre a Lua durante os eclipses lunares. No entanto, a despeito das milhares de fotos tiradas do espaço — e até da superfície lunar —, 8% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana. 

 

Nos EUA, de 2% a 4% dos adultos defendem categoricamente o terraplanismo e 9% expressam dúvidas sobre a esfericidade do nosso planeta. A má notícia é que conteúdos terraplanistas geram três vezes mais engajamento nas redes sociais do que conteúdos científicos sobre o formato da Terra, e a péssima é que um em cada quatro americanos não sabe que a Terra gira em torno do Sol — vale lembrar que Copérnico propôs o heliocentrismo no século XVI, mas a Igreja Católica só aceitou oficialmente esse modelo no início do século XX.

 

Outra sandice que ainda persiste surgiu em 1969, a reboque da alunissagem da Apollo 11. Há várias versões, mas todas acusam a NASA de ter encenado a farsa na Área 51 — ou no deserto de Mojave, ou no Atacama. Segundo os conspiracionistas, os seis desembarques tripulados realizados entre 1969 e 1972 foram falsificados, e os doze astronautas jamais pisaram na Lua, a despeito de cinco das seis bandeiras americanas espetadas lá continuarem em pé — ironicamente, a deixada pela Apollo 11 foi derrubada pelo escapamento do foguete de decolagem.

 

A "tremulação" da bandeira espetada por Neil Armstrong, que leva água ao moinho dos teóricos da conspiração — pois "só seria possível se houvesse vento" —  decorreu do manuseio pelos astronautas, que introduziram uma haste na borda horizontal superior da bandeira para manter o pano estendido. Já a ausência de estrelas nas fotos deveu-se à configuração das câmeras, ajustadas para capturar a superfície lunar iluminada pelo Sol. As "sombras inexplicáveis", atribuídas ao uso de refletores, resultaram da combinação entre o solo acidentado e a perspectiva das fotos, e os supostos reflexos de "objetos estranhos" nos visores dos capacetes são perfeitamente compatíveis com o equipamento que os astronautas carregavam.
 
As missões Apollo foram acompanhadas por observadores independentes que verificaram as transmissões ao vivo e os sinais de rádio vindos da Lua. Além disso, 382 kg de rochas lunares foram analisados por cientistas de todo o mundo, e imagens de alta resolução feitas por sondas e telescópios modernos mostram claramente os locais de pouso — incluindo marcas dos módulos lunares e equipamentos deixados para trás na superfície.

 

Cerca de 400 mil pessoas (entre astronautas, engenheiros, técnicos, etc.) e centenas de empresas (como Lockheed e a Boeing) participaram, direta ou indiretamente, do projeto Apollo, e nenhuma prova concreta de fraude surgiu em 56 anos. A antiga URSS tinha tecnologia para rastrear foguetes e interceptar comunicações da NASA, e expor a suposta fraude seria uma vitória propagandística gigantesca durante a Guerra Fria. Seu silêncio, nesse contexto, é mais uma prova da veracidade da alunissagem.

 

Refletores a laser deixados na Lua continuam sendo usados por observatórios como o de Apache Point (EUA) para medir a distância Terra-Lua com precisão milimétrica. Mais de 40 países — incluindo a Rússia — analisaram amostras lunares e atestaram sua composição única (sem água, com isótopos de oxigênio inexistentes na Terra). Além disso, manter milhares de pessoas caladas por décadas exigiria subornos ou ameaças perpétuas — basta uma aposentadoria, um desligamento ou uma crise de consciência para desmoronar tudo.

 

Os negacionistas sustentam sua narrativa em supostas falhas ou inconsistências, argumentando, inclusive, que a tecnologia para enviar missões tripuladas à Lua era insuficiente para enviar missões tripuladas à Lua, e que o Cinturão de Van Allen, as erupções solares, o vento solar, as ejeções de massa coronal e os raios cósmicos tornariam tais viagens impossíveis. O astrônomo Phil Plait, autor do premiado blog "Bad Astronomy", tem um post específico em que desmascara não apenas o caso da bandeira, mas várias outras falaciosas repetidas por conspiracionistas. 

 

Mesmo assim, os teóricos da conspiração afirmam que tudo foi simulado, com a suposta participação do cineasta Stanley Kubrick. A maioria dessas teorias foi desconstruída pelos apresentadores do programa "MythBusters", que até usaram uma câmara de vácuo para desbancar as teorias. Mas o povo "do contra" não se convence: segundo eles, o programa é patrocinado pela NASA.

 

O físico David Grimes, da Universidade de Oxford (UK), concebeu uma equação levando em conta o número de conspiradores envolvidos (411 mil funcionários da NASA) e o tempo transcorrido desde o evento, e concluiu que alguém fatalmente teria dado com a língua nos dentes depois de 3,7 anos. Bill Kaysing (pai da teoria da fraude) jamais trabalhou na NASA — era redator técnico em uma contratante —, e Bart Sibrel (documentarista) pagou astronautas para "jurar sobre a Bíblia" — e levou um soco de Buzz Aldrin. Nenhum cientista, engenheiro ou astronauta envolvido jamais confirmou a fraude, mesmo diante de ofertas milionárias.

 

Pode-se levar um burro até o riacho, mas não se pode obriga-lo a beber. Da mesma forma, argumentar com quem acredita nessas patacoadas é como dar remédio a defunto. À luz da Navalha de Ockham — conceito filosófico segundo o qual, diante de várias explicações possíveis para um fenômeno, a mais simples costuma ser a correta — a alunissagem foi real porque a física, a política e a psicologia humana tornam a fraude virtualmente impossível. 

 

Enfim, cada um pode acreditar no que quiser. Se tanta gente ainda acredita que Lula foi absolvido e que Bolsonaro é um patriota de mostruário...

quarta-feira, 9 de julho de 2025

SALVE-SE QUEM PUDER (CONTINUAÇÃO)


VOCÊ NUNCA VAI CHEGAR A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

No post do último sábado, vimos que Lula se casou em primeiras núpcias em 1969, enviuvou três anos depois, teve um caso — e uma filha — com Míriam Cordeiro e se casou com Maria Letícia da Silva, que lhe três filhos — além de Marcos Cláudio, do primeiro casamento dela. Marisa morreu em 2017, cinco meses antes de Sergio Moro sentenciar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. 

No velório, o viúvo inconsolável proferiu um discurso lacrimoso; nas redes sociais, mensagens de solidariedade se misturaram a posts que oscilavam entre o mau gosto e o grotesco. Militantes e puxa-sacos relembraram a infância pobre da finada, mas ninguém mencionou que ela "fechava os olhos" (metaforicamente falando) para Rosemary Noronha, com quem seu marido tinha um caso desde anos 1990 (mas que só veio a público em 2012, quando a PF deflagrou a Operação Porto Seguro).

A "segunda-dama" acompanhou o petista (a quem ela se referia como "Deus") em nada menos que 32 viagens oficiais. Seu nome não constava do manifesto de voo e ela não se hospedava na mesma suíte do chefe — mas ficava nos melhores hotéis, frequentava restaurantes estrelados e recebia uma mesada de R$ 50 mil da OAS, segundo a delação de Leo Pinheiro. Quando o escândalo veio a público, o repórter Thiago Herdy e o jornal O Globo entraram na Justiça para obter a quebra do sigilo dos gastos de Rose nos cartões corporativos da Presidência, mas o STJ varreu o imbróglio para debaixo do tapete.

Em 2014, quando o movimento "Volta, Lula" começou a ganhar tração, Dilma — fiel à promessa de "fazer o diabo para se reeleger" — ameaçou divulgar as despesas da concubina real, forçando seu criador e mentor a sair do caminho. Segundo o blog Diário do Poder, os gastos com cartões corporativos durante os governos petistas giraram em torno de R$ 50 milhões por ano, em média, contra R$ 3 milhões no último ano de FHC. 

Em setembro de 2013, Augusto Nunes escreveu em sua coluna na revista Veja que Lula completava 288 dias de silêncio sobre o escândalo que transformou o escritório da Presidência da República em São Paulo em esconderijo de quadrilheiros chefiados pela amante. Na mesma edição, Felipe Moura Brasil revelou que, além da reforma do sítio e da conclusão do triplex à beira-mar, Leo Pinheiro concedeu um terceiro "favor" a Lula: calar sua amásia, que ameaçava abrir o bico ao se sentir abandonada — pouco tempo depois, o marido de Rose passou a constar na folha de pagamento da empreiteira.

Nunca se soube quem pagou os honorários dos 38 advogados que defenderam madame quando a PF desmantelou a quadrilha que aproximava autoridades de empresários em troca de propinas. Segundo a investigação, Rose ocupava posição de destaque na organização e jamais conseguiu explicar como comprou tanto com o pouco que ganhava.

Em nome da intimidade com o "chefe", a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes fazia valer suas vontades, mesmo que afrontasse superiores ou humilhasse subordinados. Nos eventos palacianos, ela colecionou tantos desafetos (começando pela primeira-da­ma, que a detestava) que acabou sendo transferida para São Paulo, onde viveu dias de soberana até a PF acabar com a festa. Demitida, banida do serviço público e indiciada por formação de quadrilha e corrupção, chegou a ameaçar envolver Lula no escândalo.

Voltando ao velório: Lula trombeteou que a esposa morreu "triste com a maldade que fizeram com ela". Que foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; que eles nunca brigaram; que ela jamais pediu um vestido, um anel. E concluiu, emocionado, que continuaria grato a ela até o dia da própria morte, quando voltaria a encontrá-la usando o mesmo traje vermelho escolhido para o enterro: "A gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e a gente não tem medo do vermelho quando morre".

Em um vídeo de 6 minutos, Joice Hasselmann sintetizou a desfaçatez do viúvo que transformou o esquife da mulher em palanque e foi aplaudido pelos micos amestrados de sempre, embora muitos tenham lido nas entrelinhas a monstruosidade moral de um safardana nauseabundo, capaz de usar a morte da esposa como palanque para proselitismo político.

Lula e Rosângela da Silva (hoje Rosângela Lula da Silva) se conheceram nos anos 1990. Filiada ao PT desde os 17 anos, ela trabalhou na Itaipu Binacional e na Eletrobras. O namoro começou em 2017, durante a inauguração do campo de futebol "Dr. Sócrates Brasileiro", em Guararema (SP). 

Quando Lula foi preso, Janja se tornou uma figura constante nas vigílias em frente da Superintendência da PF em Curitiba. Foi ela quem puxou o "Parabéns para Você" no microfone e soprou as velinhas de 74 anos do petista, e era dela a casa que ele usou como QG provisório para entrevistas quando saiu da prisão. 

Eles se casaram em maio de 2022, durante a pré-campanha presidencial do petista, e a união repercutiu internacionalmente.

Conclui no post de sexta-feira.

domingo, 29 de junho de 2025

ALTERNATIVAS AO CHURRASCO NOSSO DE CADA DOMINGO — CONTINUAÇÃO

SE NÃO HOUVESSE TRILHOS, O TREM NÃO PODERIA DESCARRILAR.

Meu pai me apresentou o steak tartare quando eu era criança, e até hoje esse acepipe é um dos meus pratos favoritos. O nome "tartare" é indevidamente associado aos tártaros — povo nômade da Ásia Central —, que, reza a lenda, comiam crua a carne que colocavam sob a sela, durante a cavalgada, para amaciar.

Mitos e ledas à parte, trata-se de uma variação do bifteck à l’américaine, servido na França com cebola e salsa picadas, alcaparras e batatas fritas, mas torradas com manteiga derretida e vodca gelada combinam com ele como champanhe com caviar.

Quanto à carne moída, acém e paleta são opções mais econômicas que o patinho, e, se bem temperadas, rendem excelentes refogados, molhos à bolonhesa e recheios de tortas, empadões, pastéis e pimentões. 


Ao refogar, aqueça o azeite, coloque primeiro a cebola e depois o alho, deixe caramelizar, espalhe a carne no fundo da panela e espere alguns minutos antes de começar mexer — ou a água vertida impedirá a formação da desejada crosta dourada. Igualmente importante é acrescentar o sal somente quando a carne estiver totalmente selada, ou soltará mais líquidos e cozinhará ao invés de fritar.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Se conselho fosse bom, ninguém dava de graça, e lugar de palpite é em chalé de jogo do bicho. Lula não precisa de conselhos — muito menos dos meus. Mas, em vez de quebrar o país com suas bondades assistencialistas eminentemente eleitoreiras para tentar recuperar a popularidade perdida e, ao mesmo tempo, reforçar o caixa do governo, faria melhor se abandonasse a ideia de judicializar o aumento do IOF e vetasse o aumento de cadeiras na Câmara Federal. 

Os parlamentares alegam que mais 31 deputados custarão aos cofres públicos cerca de R$ 64,5 milhões por ano, mas não é bem assim. Cada novo parlamentar terá direito a uma cota de R$ 38 milhões em emendas orçamentárias, o que soma R$ 684 milhões — totalizando uma despesa extra de R$ 748,6 milhões anuais. A mim me parece que o cidadão brasileiro não precisa de mais "representantes", mas sim de menos impostos e mais lisura no trato com o dinheiro público. Até porque vê os inquilinos do Congresso como personagens que representam a si mesmos e aos próprios interesses — quando mais não seja porque os parlamentares aprovam o Orçamento e gastam o dinheiro como bem entendem.  

Se Lula vetar esse projeto, passará a impressão de que seu governo respeita o contribuinte. Ele não está em posição de cutucar essa caterva, mas deveria fazer o que tem que ser feito. O problema é que se formou um modelo que permite a perenização dos mandatos, tornando difícil extirpar o câncer.

 

Ao preparar steak tartare (receita nesta postagem) e quibe cru, prefira usar filé mignon se for picar a carne na ponta da faca ou patinho bem magrinho se preferir moer a carne. Falando nisso, os quibes que eu degustei na casa de minha tia Latifa, nos anos 1960, eram imbatíveis. Tanto crus como fritos e de bandeja. Jamais consegui reproduzi-los, mas a receita a seguir rende quibes muito superiores aos do Habib's e da maioria dos botecos. Não tão sequinhos por fora e suculentos por dentro como os que eu comia nas casas árabes do Leblon (território da herança sírio-libanesa carioca), mas enfim... 


Você vai precisar de: 

 — 1kg de filé-mignon ou patinho moído duas vezes;

— ½kg de trigo para quibe (fino e de boa qualidade);

— 3 cebolas grandes;

— 4 dentes de alho;

— 2 colheres (sopa) de tempero árabe (canela, noz-moscada, cominho e pimenta da Jamaica, moídas e misturadas em partes iguais);

— 1 xícara (chá) de salsinha fresca;

— 1 xícara (chá) de folhas de hortelã bem fresquinhas;

— Azeite extravirgem, sal e pimenta a gosto.

Pique, processe ou bata no liquidificador o alho, as cebolas, a salsinha e a hortelã, regue com azeite extravirgem, adicione o tempero árabe, acerte o ponto do sal, junte a carne e misture tudo até obter uma massa homogênea.

 

Lave o trigo até a água ficar limpa, deixe de molho por aproximadamente 15 minutos e passe por peneira ou um pano limpo, espremendo até remover toda a umidade. 

 

Para fazer quibes crus ou de bandeja, junte o trigo lavado e escorrido com a carne temperada, molhe as mãos em água gelada, misture tudo até obter uma pasta homogênea, cubra com um pano, leve à geladeira e deixe descansar por aproximadamente 30 minutos. Se for fazer quibes fritos, divida a carne em duas porções iguais, misture uma delas com metade do trigo e reserve a outra porção.


Derreta uma colher (sopa) de manteiga junto com um fio de azeite (para não queimar), doure duas cebolas grandes raladas e cozinhe a carne temperada. Acerte o ponto do sal, adicione duas colheres de suco de limão, tempere com pimenta do reino a gosto, coloque na geladeira e deixe descansar por 30 minutos. Findo esse tempo, tire a carne da geladeira, torne a molhar as mãos em água gelada e molde os quibes no formato de losango, decore-os com folhas de hortelã e sirva com pão sírio, cebola em pétalas, limão em gomos ou em fatias e azeite extravirgem. 


Para o quibe de bandeja, divida a massa em duas metades, espalhe uma delas numa travessa refratária untada, disponha uma camada de cebola picadinha refogada na manteiga, cubra com o restante da massa, pincele com manteiga, risque desenhos em forma de losango e leve ao forno (pré-aquecido a 180°) por cerca de 40 minutos ou até a superfície ficar dourada. Corte os losangos e sirva quente, com o acompanhamento de sua preferência.

Para quibes fritos, molhe as mãos em água gelada, faça bolinhas de massa com 4 a 5 centímetros de diâmetro, fure cada uma delas com o dedo indicador, rode na palma da mão para dar o formato "torpedo", adicione o recheio que você preparou e feche as pontas. 


Aqueça óleo suficiente para cobrir os quibes até a metade, frite-os por 2 ou 3 minutos de cada lado, transfira para uma travessa forrada com papel-toalha, enfeite com folhas de hortelã e sirva com gomos de limão (para espremer), pimenta tabasco, mostarda e ketchup.

 

Dicas


Os quibes ficarão mais crocantes por fora e úmidos por dentro se você aquecer ½ litro de água com um fio de óleo, dissolver um tablete de caldo de carne, temperar com pasta de alho e sal, orégano, pimenta do reino e uma folhinha de hortelã e deixar o trigo de molho por cerca de uma hora, com a vasilha tampada. Ao final, proceda como foi explicado. 


Se quiser variar, substitua o recheio de carne moída por requeijão cremoso ou Polenguinho. 


Fritar poucas unidades por vez evita que o óleo esfrie e deixe os quibes encharcados. 


Se não for fritar todos eles, acondicione os restantes (crus, mas já modelados) em sacos plásticos e guarde no congelador por até 3 meses. 

 

Bom proveito.