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terça-feira, 29 de julho de 2025

LENDAS, MITOS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

O SUCESSO TEM MUITOS PAIS, MAS O FRACASSO É ORFÃO

Aprendemos na escola que Santos Dumont foi o "Pai da Aviação", criou o relógio de pulso e se suicidou ao ver sua invenção (o avião, não o relógio de pulso) ser usada para fins bélicos. No entanto, na maioria dos países dos 7 continentes (que eram cinco nos meus tempos de estudante) a invenção do avião é atribuída aos irmãos norte-americanos Wilbur e Orville Wright.

 

O inventor brasileiro ganhou projeção mundial em 1901, ao contornar a Torre Eiffel a bordo de um balão dirigível. Quando ele realizou o primeiro voo homologado pela Federação Aeronáutica Internacional com seu icônico 14-Bis, os irmãos Wright já haviam patenteado o Flyer e voado com ele dezenas de vezes. Chauvinistas inconformados alegavam que a engenhoca dependia de uma espécie de catapulta para decolar, mas os irmãos demonstraram que sua criação era capaz de decolar sem o auxílio de tais artifícios.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A ideia de que Bolsonaro dirige os rumos da direita brasileira vai se tornando uma das ilusões mais persistentes da mitologia política contemporânea. Ele ainda projeta uma aparência de liderança — multiplicada pela presença de sua facção nas redes sociais —, mas seu poder efetivo é declinante. 

Aos poucos, o projeto de unificação das forças de direita em torno de uma hipotética candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas vai se dissipando. Diante da teimosia de Bolsonaro, que finge não estar inelegível, líderes conservadores tocam seus próprios planos. Depois de Ronaldo Caiado, primeiro líder de direita a se lançar na corrida presidencial, entrará na disputa Romeu Zema. Seu nome será lançado pelo partido Novo, em 16 de agosto. Ironicamente, a candidatura de Zema nascerá sob as barbas de Tarcísio, em São Paulo. 

Em política, quem não ambiciona o poder vira alvo. Mas quem só ambiciona o poder erra o alvo. Depois do golpe falhado, Bolsonaro tinha dois objetivos estratégicos: não ser preso e continuar dando a impressão de que comanda. Sua margem de manobra é mínima. 

Com o tarifaço de Trump ou sem ele, a condenação deve chegar em setembro. Enquanto finge que faz e acontece, o "mito" dos apatetados tenta se equilibrar em meio ao entrechoque das forças que disputam o seu espólio. Só que, ao invés de governá-las, ele começa a ser governado por elas — e se dar por satisfeito com a promessa de um futuro indulto.

 

Por estar com as mãos ocupadas controlando seus balões, Santos Dumont tinha dificuldade em ver as horas no relógio de bolso, e pediu ao amigo joalheiro Louis Cartier que adaptasse uma pulseira de couro ao maior relógio feminino de sua coleção. Mas isso não faz dele o inventor do relógio de pulso — na melhor das hipóteses, pode-se dizer que ele contribuiu para a adoção do acessório pelo público masculino. 

 

Acredita-se que o primeiro relógio de pulso tenha sido encomendado pela irmã de Napoleão Bonaparte ao relojoeiro Abraham-Louis Bréguet, ou criado pelos fundadores da relojoaria suíça Patek-Phillipe — embora haja registros de que Robert Dudley, 1º Conde de Leicester, presenteou a rainha Elizabeth I, em 1571, com um pequeno relógio de bolso atrelado a uma delicada pulseira de couro.

 

Santos Dumont foi encontrado morto em 23 de julho de 1932, no quarto 151 do Grande Hotel La Plage, em Guarujá (SP), mas a causa da morte no atestado de óbito foi posteriormente alterada para "parada cardíaca". A versão segundo a qual o uso bélico do avião levou-o a se matar não passa de uma lenda urbana consolidada durante o período getulista, e a história de que ele teria ficado inconsolável quando foi abandonado por Jorge Dumont Villares — um sobrinho com quem ele supostamente mantinha um relacionamento íntimo — permanece no campo da especulação. Até sua alegada homossexualidade é questionada por alguns biógrafos, que mencionam sua paixão pela socialite Yolanda Penteado e um affair com a cantora lírica Bidu Sayão.

 

Todo fato tem ao menos três versões — a sua, a minha e a verdadeira — e todos temos direito às nossas versões, mas não aos nossos próprios fatos. Quando as versões se sobrepõem aos fatos, surgem mitos, boatos e teorias da conspiração. Mitos são lendas criadas para explicar a origem do mundo e transmitir crenças sobre o desconhecido (o Gênesis é um bom exemplo), enquanto boatos são narrativas baseadas em informações não verificadas e transmitidas oralmente (até serem rebatizadas de fake news e disseminadas via aplicativos de mensagens e posts nas redes sociais). Já as teorias da conspiração associam eventos políticos ou sociais a esquemas secretos orquestrados por grupos poderosos — e o fato de carecerem de comprovação sustentável não as torna menos convincentes para quem quer acreditar.

 

Einstein ensinou que o Universo e a estupidez humana são infinitos; Saramago, que o pior tipo de cegueira é a cegueira mental. Aristóteles — e outros e outros filósofos gregos antes dele — concluíram que a Terra era esférica ao observar a sombra projetada sobre a Lua durante os eclipses lunares. No entanto, a despeito das milhares de fotos tiradas do espaço — e até da superfície lunar —, 8% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana. 

 

Nos EUA, de 2% a 4% dos adultos defendem categoricamente o terraplanismo e 9% expressam dúvidas sobre a esfericidade do nosso planeta. A má notícia é que conteúdos terraplanistas geram três vezes mais engajamento nas redes sociais do que conteúdos científicos sobre o formato da Terra, e a péssima é que um em cada quatro americanos não sabe que a Terra gira em torno do Sol — vale lembrar que Copérnico propôs o heliocentrismo no século XVI, mas a Igreja Católica só aceitou oficialmente esse modelo no início do século XX.

 

Outra sandice que ainda persiste surgiu em 1969, a reboque da alunissagem da Apollo 11. Há várias versões, mas todas acusam a NASA de ter encenado a farsa na Área 51 — ou no deserto de Mojave, ou no Atacama. Segundo os conspiracionistas, os seis desembarques tripulados realizados entre 1969 e 1972 foram falsificados, e os doze astronautas jamais pisaram na Lua, a despeito de cinco das seis bandeiras americanas espetadas lá continuarem em pé — ironicamente, a deixada pela Apollo 11 foi derrubada pelo escapamento do foguete de decolagem.

 

A "tremulação" da bandeira espetada por Neil Armstrong, que leva água ao moinho dos teóricos da conspiração — pois "só seria possível se houvesse vento" —  decorreu do manuseio pelos astronautas, que introduziram uma haste na borda horizontal superior da bandeira para manter o pano estendido. Já a ausência de estrelas nas fotos deveu-se à configuração das câmeras, ajustadas para capturar a superfície lunar iluminada pelo Sol. As "sombras inexplicáveis", atribuídas ao uso de refletores, resultaram da combinação entre o solo acidentado e a perspectiva das fotos, e os supostos reflexos de "objetos estranhos" nos visores dos capacetes são perfeitamente compatíveis com o equipamento que os astronautas carregavam.
 
As missões Apollo foram acompanhadas por observadores independentes que verificaram as transmissões ao vivo e os sinais de rádio vindos da Lua. Além disso, 382 kg de rochas lunares foram analisados por cientistas de todo o mundo, e imagens de alta resolução feitas por sondas e telescópios modernos mostram claramente os locais de pouso — incluindo marcas dos módulos lunares e equipamentos deixados para trás na superfície.

 

Cerca de 400 mil pessoas (entre astronautas, engenheiros, técnicos, etc.) e centenas de empresas (como Lockheed e a Boeing) participaram, direta ou indiretamente, do projeto Apollo, e nenhuma prova concreta de fraude surgiu em 56 anos. A antiga URSS tinha tecnologia para rastrear foguetes e interceptar comunicações da NASA, e expor a suposta fraude seria uma vitória propagandística gigantesca durante a Guerra Fria. Seu silêncio, nesse contexto, é mais uma prova da veracidade da alunissagem.

 

Refletores a laser deixados na Lua continuam sendo usados por observatórios como o de Apache Point (EUA) para medir a distância Terra-Lua com precisão milimétrica. Mais de 40 países — incluindo a Rússia — analisaram amostras lunares e atestaram sua composição única (sem água, com isótopos de oxigênio inexistentes na Terra). Além disso, manter milhares de pessoas caladas por décadas exigiria subornos ou ameaças perpétuas — basta uma aposentadoria, um desligamento ou uma crise de consciência para desmoronar tudo.

 

Os negacionistas sustentam sua narrativa em supostas falhas ou inconsistências, argumentando, inclusive, que a tecnologia para enviar missões tripuladas à Lua era insuficiente para enviar missões tripuladas à Lua, e que o Cinturão de Van Allen, as erupções solares, o vento solar, as ejeções de massa coronal e os raios cósmicos tornariam tais viagens impossíveis. O astrônomo Phil Plait, autor do premiado blog "Bad Astronomy", tem um post específico em que desmascara não apenas o caso da bandeira, mas várias outras falaciosas repetidas por conspiracionistas. 

 

Mesmo assim, os teóricos da conspiração afirmam que tudo foi simulado, com a suposta participação do cineasta Stanley Kubrick. A maioria dessas teorias foi desconstruída pelos apresentadores do programa "MythBusters", que até usaram uma câmara de vácuo para desbancar as teorias. Mas o povo "do contra" não se convence: segundo eles, o programa é patrocinado pela NASA.

 

O físico David Grimes, da Universidade de Oxford (UK), concebeu uma equação levando em conta o número de conspiradores envolvidos (411 mil funcionários da NASA) e o tempo transcorrido desde o evento, e concluiu que alguém fatalmente teria dado com a língua nos dentes depois de 3,7 anos. Bill Kaysing (pai da teoria da fraude) jamais trabalhou na NASA — era redator técnico em uma contratante —, e Bart Sibrel (documentarista) pagou astronautas para "jurar sobre a Bíblia" — e levou um soco de Buzz Aldrin. Nenhum cientista, engenheiro ou astronauta envolvido jamais confirmou a fraude, mesmo diante de ofertas milionárias.

 

Pode-se levar um burro até o riacho, mas não se pode obriga-lo a beber. Da mesma forma, argumentar com quem acredita nessas patacoadas é como dar remédio a defunto. À luz da Navalha de Ockham — conceito filosófico segundo o qual, diante de várias explicações possíveis para um fenômeno, a mais simples costuma ser a correta — a alunissagem foi real porque a física, a política e a psicologia humana tornam a fraude virtualmente impossível. 

 

Enfim, cada um pode acreditar no que quiser. Se tanta gente ainda acredita que Lula foi absolvido e que Bolsonaro é um patriota de mostruário...

quarta-feira, 9 de julho de 2025

SALVE-SE QUEM PUDER (CONTINUAÇÃO)


VOCÊ NUNCA VAI CHEGAR A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

No post do último sábado, vimos que Lula se casou em primeiras núpcias em 1969, enviuvou três anos depois, teve um caso — e uma filha — com Míriam Cordeiro e se casou com Maria Letícia da Silva, que lhe três filhos — além de Marcos Cláudio, do primeiro casamento dela. Marisa morreu em 2017, cinco meses antes de Sergio Moro sentenciar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. 

No velório, o viúvo inconsolável proferiu um discurso lacrimoso; nas redes sociais, mensagens de solidariedade se misturaram a posts que oscilavam entre o mau gosto e o grotesco. Militantes e puxa-sacos relembraram a infância pobre da finada, mas ninguém mencionou que ela "fechava os olhos" (metaforicamente falando) para Rosemary Noronha, com quem seu marido tinha um caso desde anos 1990 (mas que só veio a público em 2012, quando a PF deflagrou a Operação Porto Seguro).

A "segunda-dama" acompanhou o petista (a quem ela se referia como "Deus") em nada menos que 32 viagens oficiais. Seu nome não constava do manifesto de voo e ela não se hospedava na mesma suíte do chefe — mas ficava nos melhores hotéis, frequentava restaurantes estrelados e recebia uma mesada de R$ 50 mil da OAS, segundo a delação de Leo Pinheiro. Quando o escândalo veio a público, o repórter Thiago Herdy e o jornal O Globo entraram na Justiça para obter a quebra do sigilo dos gastos de Rose nos cartões corporativos da Presidência, mas o STJ varreu o imbróglio para debaixo do tapete.

Em 2014, quando o movimento "Volta, Lula" começou a ganhar tração, Dilma — fiel à promessa de "fazer o diabo para se reeleger" — ameaçou divulgar as despesas da concubina real, forçando seu criador e mentor a sair do caminho. Segundo o blog Diário do Poder, os gastos com cartões corporativos durante os governos petistas giraram em torno de R$ 50 milhões por ano, em média, contra R$ 3 milhões no último ano de FHC. 

Em setembro de 2013, Augusto Nunes escreveu em sua coluna na revista Veja que Lula completava 288 dias de silêncio sobre o escândalo que transformou o escritório da Presidência da República em São Paulo em esconderijo de quadrilheiros chefiados pela amante. Na mesma edição, Felipe Moura Brasil revelou que, além da reforma do sítio e da conclusão do triplex à beira-mar, Leo Pinheiro concedeu um terceiro "favor" a Lula: calar sua amásia, que ameaçava abrir o bico ao se sentir abandonada — pouco tempo depois, o marido de Rose passou a constar na folha de pagamento da empreiteira.

Nunca se soube quem pagou os honorários dos 38 advogados que defenderam madame quando a PF desmantelou a quadrilha que aproximava autoridades de empresários em troca de propinas. Segundo a investigação, Rose ocupava posição de destaque na organização e jamais conseguiu explicar como comprou tanto com o pouco que ganhava.

Em nome da intimidade com o "chefe", a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes fazia valer suas vontades, mesmo que afrontasse superiores ou humilhasse subordinados. Nos eventos palacianos, ela colecionou tantos desafetos (começando pela primeira-da­ma, que a detestava) que acabou sendo transferida para São Paulo, onde viveu dias de soberana até a PF acabar com a festa. Demitida, banida do serviço público e indiciada por formação de quadrilha e corrupção, chegou a ameaçar envolver Lula no escândalo.

Voltando ao velório: Lula trombeteou que a esposa morreu "triste com a maldade que fizeram com ela". Que foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; que eles nunca brigaram; que ela jamais pediu um vestido, um anel. E concluiu, emocionado, que continuaria grato a ela até o dia da própria morte, quando voltaria a encontrá-la usando o mesmo traje vermelho escolhido para o enterro: "A gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e a gente não tem medo do vermelho quando morre".

Em um vídeo de 6 minutos, Joice Hasselmann sintetizou a desfaçatez do viúvo que transformou o esquife da mulher em palanque e foi aplaudido pelos micos amestrados de sempre, embora muitos tenham lido nas entrelinhas a monstruosidade moral de um safardana nauseabundo, capaz de usar a morte da esposa como palanque para proselitismo político.

Lula e Rosângela da Silva (hoje Rosângela Lula da Silva) se conheceram nos anos 1990. Filiada ao PT desde os 17 anos, ela trabalhou na Itaipu Binacional e na Eletrobras. O namoro começou em 2017, durante a inauguração do campo de futebol "Dr. Sócrates Brasileiro", em Guararema (SP). 

Quando Lula foi preso, Janja se tornou uma figura constante nas vigílias em frente da Superintendência da PF em Curitiba. Foi ela quem puxou o "Parabéns para Você" no microfone e soprou as velinhas de 74 anos do petista, e era dela a casa que ele usou como QG provisório para entrevistas quando saiu da prisão. 

Eles se casaram em maio de 2022, durante a pré-campanha presidencial do petista, e a união repercutiu internacionalmente.

Conclui no post de sexta-feira.

domingo, 29 de junho de 2025

ALTERNATIVAS AO CHURRASCO NOSSO DE CADA DOMINGO — CONTINUAÇÃO

SE NÃO HOUVESSE TRILHOS, O TREM NÃO PODERIA DESCARRILAR.

Meu pai me apresentou o steak tartare quando eu era criança, e até hoje esse acepipe é um dos meus pratos favoritos. O nome "tartare" é indevidamente associado aos tártaros — povo nômade da Ásia Central —, que, reza a lenda, comiam crua a carne que colocavam sob a sela, durante a cavalgada, para amaciar.

Mitos e ledas à parte, trata-se de uma variação do bifteck à l’américaine, servido na França com cebola e salsa picadas, alcaparras e batatas fritas, mas torradas com manteiga derretida e vodca gelada combinam com ele como champanhe com caviar.

Quanto à carne moída, acém e paleta são opções mais econômicas que o patinho, e, se bem temperadas, rendem excelentes refogados, molhos à bolonhesa e recheios de tortas, empadões, pastéis e pimentões. 


Ao refogar, aqueça o azeite, coloque primeiro a cebola e depois o alho, deixe caramelizar, espalhe a carne no fundo da panela e espere alguns minutos antes de começar mexer — ou a água vertida impedirá a formação da desejada crosta dourada. Igualmente importante é acrescentar o sal somente quando a carne estiver totalmente selada, ou soltará mais líquidos e cozinhará ao invés de fritar.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Se conselho fosse bom, ninguém dava de graça, e lugar de palpite é em chalé de jogo do bicho. Lula não precisa de conselhos — muito menos dos meus. Mas, em vez de quebrar o país com suas bondades assistencialistas eminentemente eleitoreiras para tentar recuperar a popularidade perdida e, ao mesmo tempo, reforçar o caixa do governo, faria melhor se abandonasse a ideia de judicializar o aumento do IOF e vetasse o aumento de cadeiras na Câmara Federal. 

Os parlamentares alegam que mais 31 deputados custarão aos cofres públicos cerca de R$ 64,5 milhões por ano, mas não é bem assim. Cada novo parlamentar terá direito a uma cota de R$ 38 milhões em emendas orçamentárias, o que soma R$ 684 milhões — totalizando uma despesa extra de R$ 748,6 milhões anuais. A mim me parece que o cidadão brasileiro não precisa de mais "representantes", mas sim de menos impostos e mais lisura no trato com o dinheiro público. Até porque vê os inquilinos do Congresso como personagens que representam a si mesmos e aos próprios interesses — quando mais não seja porque os parlamentares aprovam o Orçamento e gastam o dinheiro como bem entendem.  

Se Lula vetar esse projeto, passará a impressão de que seu governo respeita o contribuinte. Ele não está em posição de cutucar essa caterva, mas deveria fazer o que tem que ser feito. O problema é que se formou um modelo que permite a perenização dos mandatos, tornando difícil extirpar o câncer.

 

Ao preparar steak tartare (receita nesta postagem) e quibe cru, prefira usar filé mignon se for picar a carne na ponta da faca ou patinho bem magrinho se preferir moer a carne. Falando nisso, os quibes que eu degustei na casa de minha tia Latifa, nos anos 1960, eram imbatíveis. Tanto crus como fritos e de bandeja. Jamais consegui reproduzi-los, mas a receita a seguir rende quibes muito superiores aos do Habib's e da maioria dos botecos. Não tão sequinhos por fora e suculentos por dentro como os que eu comia nas casas árabes do Leblon (território da herança sírio-libanesa carioca), mas enfim... 


Você vai precisar de: 

 — 1kg de filé-mignon ou patinho moído duas vezes;

— ½kg de trigo para quibe (fino e de boa qualidade);

— 3 cebolas grandes;

— 4 dentes de alho;

— 2 colheres (sopa) de tempero árabe (canela, noz-moscada, cominho e pimenta da Jamaica, moídas e misturadas em partes iguais);

— 1 xícara (chá) de salsinha fresca;

— 1 xícara (chá) de folhas de hortelã bem fresquinhas;

— Azeite extravirgem, sal e pimenta a gosto.

Pique, processe ou bata no liquidificador o alho, as cebolas, a salsinha e a hortelã, regue com azeite extravirgem, adicione o tempero árabe, acerte o ponto do sal, junte a carne e misture tudo até obter uma massa homogênea.

 

Lave o trigo até a água ficar limpa, deixe de molho por aproximadamente 15 minutos e passe por peneira ou um pano limpo, espremendo até remover toda a umidade. 

 

Para fazer quibes crus ou de bandeja, junte o trigo lavado e escorrido com a carne temperada, molhe as mãos em água gelada, misture tudo até obter uma pasta homogênea, cubra com um pano, leve à geladeira e deixe descansar por aproximadamente 30 minutos. Se for fazer quibes fritos, divida a carne em duas porções iguais, misture uma delas com metade do trigo e reserve a outra porção.


Derreta uma colher (sopa) de manteiga junto com um fio de azeite (para não queimar), doure duas cebolas grandes raladas e cozinhe a carne temperada. Acerte o ponto do sal, adicione duas colheres de suco de limão, tempere com pimenta do reino a gosto, coloque na geladeira e deixe descansar por 30 minutos. Findo esse tempo, tire a carne da geladeira, torne a molhar as mãos em água gelada e molde os quibes no formato de losango, decore-os com folhas de hortelã e sirva com pão sírio, cebola em pétalas, limão em gomos ou em fatias e azeite extravirgem. 


Para o quibe de bandeja, divida a massa em duas metades, espalhe uma delas numa travessa refratária untada, disponha uma camada de cebola picadinha refogada na manteiga, cubra com o restante da massa, pincele com manteiga, risque desenhos em forma de losango e leve ao forno (pré-aquecido a 180°) por cerca de 40 minutos ou até a superfície ficar dourada. Corte os losangos e sirva quente, com o acompanhamento de sua preferência.

Para quibes fritos, molhe as mãos em água gelada, faça bolinhas de massa com 4 a 5 centímetros de diâmetro, fure cada uma delas com o dedo indicador, rode na palma da mão para dar o formato "torpedo", adicione o recheio que você preparou e feche as pontas. 


Aqueça óleo suficiente para cobrir os quibes até a metade, frite-os por 2 ou 3 minutos de cada lado, transfira para uma travessa forrada com papel-toalha, enfeite com folhas de hortelã e sirva com gomos de limão (para espremer), pimenta tabasco, mostarda e ketchup.

 

Dicas


Os quibes ficarão mais crocantes por fora e úmidos por dentro se você aquecer ½ litro de água com um fio de óleo, dissolver um tablete de caldo de carne, temperar com pasta de alho e sal, orégano, pimenta do reino e uma folhinha de hortelã e deixar o trigo de molho por cerca de uma hora, com a vasilha tampada. Ao final, proceda como foi explicado. 


Se quiser variar, substitua o recheio de carne moída por requeijão cremoso ou Polenguinho. 


Fritar poucas unidades por vez evita que o óleo esfrie e deixe os quibes encharcados. 


Se não for fritar todos eles, acondicione os restantes (crus, mas já modelados) em sacos plásticos e guarde no congelador por até 3 meses. 

 

Bom proveito.

sábado, 7 de junho de 2025

O POPULISMO E O POPULACHO

SE ELES GOVERNAM, É PORQUE O POVO OBEDECE.

Durante visita oficial a Portugal, o então presidente brasileiro José Sarney se gabou de ter concedido o direito de voto aos analfabetos, e seu homólogo português respondeu: "Cá em Portugal não temos analfabetos". 

Na mesma viagem, o imortal maranhense foi a uma livraria em busca de determinada obra, mas não havia exemplares disponíveis. Quando o livreiro prometeu consegui-los em dois dias, ele perguntou se o estabelecimento fechava aos sábados. O livreiro respondeu: "Não, Excelência. Nossa livraria fecha às sextas-feiras, por volta das 17h, e reabre às segundas-feiras, pontualmente às 8h da manhã."
 
Havia analfabetos em Portugal — e ainda os há —, mas, no Brasil, qualquer pessoa que consiga assinar o nome é considerada como alfabetizada, o que não só prejudica a comparação como torna as estatísticas pouco confiáveis. O governo finge investir na alfabetização da população desde os anos 1940 — o MOBRAL, por exemplo, foi criado pelos militares em 1967 e funcionou durante 18 anos —, mas só produziu analfabetos funcionais, que até aprendem a ler, mas não são capazes de interpretar um texto nem de fazer contas.


Observação: Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), 29% da população entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais — ou seja, quase um terço dos brasileiros economicamente ativos estão fadados a subempregos com jornadas exaustivas e salários indignos. No caso daqueles que completaram o ensino superior, a taxa de analfabetismo funcional é de 12%. Os alfabetizados em nível elementar, que possuem capacidades básicas de escrita e leitura e conseguem resolver questões matemáticas simples, formam o maior grupo entre os brasileiros, com 36%. Pessoas com alfabetismo consolidado (que têm ao menos a capacidade de selecionar múltiplas informações em textos e compreender tabelas) são 35% da população. No segmento empregado, o levantamento aponta que 27% dos trabalhadores são analfabetos funcionais, 34% atingem o nível elementar e 40% têm níveis consolidados de alfabetismo. Em 2021 — segundo ano da pandemia — o (des)governo Bolsonaro destinou apenas R$ 6 milhões para alunos jovens e adultos, o menor nível neste século. Não à toa, o número de analfabetos funcionais entre jovens de 15 a 29 anos aumentou de 14% para 16%. De acordo com o indicador, 95% dos analfabetos só conseguem fazer um número limitado de tarefas nesse ambiente, e 40% dos alfabetizados proficientes (nível mais alto da escala) apresentam desempenho médio ou baixo em tarefas digitais.

Uma vez que apedeutas e iletrados são mais fáceis de manipular e formar "doutores com diploma" dá mais "Ibope", por que os políticos investiriam na alfabetização básica? Curiosamente, o mesmo governo que agrilhoa as pessoas à ignorância e as edulcora com promessas assistencialistas responsabiliza-as por dependerem de programas eleitoreiros, como o Bolsa Família e assemelhados. 
 
Manter o populacho analfabeto interessa aos políticos populistas, que se alimentam da ignorância e se reelegem repassando esmolas. Afinal, povo instruído dá trabalho: lê, compara, desconfia, questiona, não se contenta com pão velho nem com circo medíocre e tampouco aceita facilmente trocar o voto por um saco de cimento, um vale gás ou uma selfie com seu bandido de estimação. Assim, manter o rebanho ignorante não é somente uma consequência do descaso histórico, mas uma estratégia — e das mais eficazes.
 
O discurso é sempre o mesmo: a educação é prioridade. Mas basta uma greve de professores por melhores salários para os paladinos da austeridade fiscal trombetearam que "não há dinheiro". Curiosamente, sempre há recursos para emendas parlamentares, aumentos salariais do alto escalão, perdão de dívidas bilionárias de apaniguados ou construção de estádios superfaturados em cidades sem time. 
 
A lógica é perversa e bem conhecida: quanto pior, melhor. Melhor para quem governa com promessas vazias, com slogans publicitários, com programas que, em vez de emancipar, amarram. Melhor para quem lucra com a miséria alheia, travestindo assistencialismo de justiça social. Melhor para quem prefere um eleitorado submisso a um povo consciente.
 
Como não convém mexer em time que está ganhando — e ganhando muito — a ignorância segue firme, bem nutrida e institucionalizada. Afinal, o que seria do populista sem o populacho?

sábado, 22 de março de 2025

DE VOLTA ÀS SENHAS

SEGREDO ENTRE TRÊS, SÓ MATANDO DOIS.

Embora existam outras formas de autenticação mais sofisticadas e até mais seguras, as senhas continuam sendo largamente utilizadas para desbloquear a tela do celular, acessar o webmail, as redes sociais e por aí afora. 

A impressão digital é mais segura do que o reconhecimento facial, mas perde longe para um PIN de seis dígitos combinado com uma segunda camada de segurança (2FA), e memória fraca deixou de ser desculpa depois que alguém inventou o gerenciador de senhas 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Assim que soube que o PT pediu ao STF a apreensão de seu passaporte, o deputado Eduardo Bolsonaro — apelidado de Dudu Bananinha pelo general Hamilton Mourão — homiziou-se na cueca de Donald Trump.
Bibo Pai, que no gogó é um democrata insuspeitado, trata Bobi Filho como herói da resistência, finge que a proposta de anistia visa abrir as celas dos "pobres coitados" do 8 de janeiro, mas, na prática, ele está predestinado à cadeia, e a anistia que tramita na Câmara é um projeto em benefício próprio.
A PGR foi contra o pedido de apreensão do passaporte e Moraes acabou de demolir o moinho de vento que o "herói da resistência" finge combater. Se sua fuga serve para alguma coisa, é para iluminar a hipocrisia bolsonarista. Sob a presidência da deputado bolsonarista Felipe Barros, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara foi convertida em palco para expor a teatralidade do autoexílio do filho do pai. Em entrevista ao jornal Valor, Barros informou que conversará semanalmente com o fujão para ajustar a agenda da comissão a suas conveniências e lhe oferecer suporte institucional. 
Nesse circo, a Comissão fica no papel de bumbo da desqualificação, reservando ao brasileiro que financia o espetáculo o figurino de bobo.

 

O uso de senha é uma prática mais antiga do que costumamos imaginar: segundo o Antigo Testamento, o termo "xibolete" (do hebraico שבולת, que significa "espiga") funcionava como palavra passe para identificar um grupo de indivíduos. No âmbito da TI, as senhas se popularizaram depois que o MIT criou o Compatible Time-Sharing System (CTSS) e a ArpaNet adotou o login com nome de usuário e senha de acesso.

Quando o correio eletrônico surgiu, uma combinação de 4 algarismos era suficiente, mas a necessidade de uma autenticação segura cresceu com a popularização do e-commerce e do netbanking. Hoje, mesmo senhas como S#i2to&Ø6Da*&%# só oferecem proteção confiável quando combinadas com uma segunda camada de proteção.

Essa segunda camada pode ser um número de identificação pessoal (PIN), a resposta a uma "pergunta secreta", um padrão específico e pressionamento de tela, uma senha de seis dígitos gerada por um token de hardware ou por um aplicativo instalado no smartphone (que vale para um único acesso e expira em menos de 1 minuto), um padrão biométrico etc. A maioria dos webservices suporta o 2FA, mas não o habilita por padrão (a quem interessar possa, o site Two Factor Auth ensina a configurar essa função). 

Chaves de segurança físicas ou digitais, FIDO2Blockchain e outras soluções inovadoras devem se tornar padrão em breve, e autenticação via dados comportamentais promete tornar o processo de login praticamente "invisível". Até lá, continuaremos dependentes das senhas e dos gerenciadores — ruim com eles, pior sem eles, pois amizades se desfazem, namoros terminam, noivados são rompidos, casamentos acabam em divórcio, enfim, segredo entre três, só matando dois.
 
Observação: Para mais dicas sobre senhas, acesse a página da McAfee ou o serviço MAKE ME A PASSWORD; para testar a segurança de suas senhas, acesse CENTRAL DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA DA MICROSOFT ou o site HOW SECURE IS MY PASSWORD.

Continua...

segunda-feira, 3 de março de 2025

COMO ORGANIZAR ÍCONES DE APPS

FAZER O MELHOR NEM SEMPRE É SUFICIENTE; ÀS VEZES É PRECISO FAZER O QUE É PRECISO.

Toda bagunça tem uma ordem que lhe convém, mas organizar os aplicativos de acordo com a categoria facilita o uso do celular. Até porque cada usuário possui, em média, 80 aplicativos instalados, mas usa menos de dez no dia a dia. 

Criar essas pastas é simples, e agrupar Instagram, Facebook e Xwitter numa pasta e reunir calculadora, gravador de voz, bloco de notas e cronometro em outra, por exemplo, não só libera espaço na tela como facilita a localização dos aplicativos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O caminho para o inferno brasileiro começou a ser pavimentado depois que Deus transformou o Caos em ordem, criou o dia e a noite, separou as terras das águas, criou as plantas, as aves, os peixes e então cometeu a maior de todas as burradas. Mais adiante, acusado de protecionismo por conta do tratamento dispensado à porção global que se tornaria o Brasil, o Criador sentenciou: "Vocês vão ver o povinho de merda que eu vou colocar lá". Dito e feito. 
Desde a redemocratização — com exceção de 1994 e 1998 —, o tal povinho de merda tem elegido governos demagogos e populistas em troca de promessas vazias que minaram a igualdade de oportunidades e arruinaram a meritocracia. Os resultados dessas escolhas são a existência de um Estado ineficiente, caro e disfuncional, a predominância do capitalismo de Estado e a participação insignificante desta banânia no comércio mundial. 
Enquanto Lula 3 se equipa para deixar um rombo fiscal monstruoso, taxa de juros nas alturas, inflação alta e o Imposto sobre Valor Agregado mais alto do mundo, esse esclarecidíssimo eleitorado assiste bovinamente ao jogo entre Lula x Bolsonaro, torcendo, quando muito, para que um salvador da Pátria entre em campo em 2026.
A missão da geração passada foi restaurar a democracia, e a da atual é garantir que o Brasil volte a crescer de maneira sustentável. Mas isso só acontecerá se a récua de muares não deixar a política nas mãos de governos populistas, que esgrimem as "virtudes" do nacional-estatismo, tratam a economia de mercado como um mal necessário e sabotam a competitividade econômica. 
Crescimento econômico sustentável não traz votos no curto prazo, mas ajuda a recuperar a esperança no Brasil e deixar um país melhor para as próximas gerações.


No Android, tocar nos três pontinhos à direita de Pesquisar apps e em Criar pasta permite escolher o nome da pasta antes de selecionar os apps que ficarão dentro dela, mas também é possível fazer como no iOS, ou seja, arrastar o ícone de um app em direção a outro para que uma pastinha contendo os dois ícones seja criada (se quiser, pouse o dedo sobre a pasta, toque em Editar e dê a ela um nome que faça sentido para você).

Por ser um sistema de código aberto, o Android é mais "personalizável" que o iOS. Se você pousar o dedo num ponto vazio da tela, poderá escolher temas, mudar a aparência de ícones, criar widgets para os apps na tela inicial, personalizar a tela de bloqueio e por aí afora. Outra diferença entre os dois sistemas é a possiblidade de acessar as configurações e habilitar a opção Instalar apps desconhecidos para instalar apps fora da Google Play Store — mas tome muito cuidado com APKs modificados, pois eles potencializam o risco de infecção por malware

O Android facilita o gerenciamento de arquivos — basta conectar o celular a qualquer PC para enviar ou trocar mídias, fotos, vídeos e até pastas inteiras, ao passo que quem usa o iPhone que não tem um Mac precisa instalar o iTunes no Windows — e o uso simultâneo de dois aplicativos — abra um app qualquer, toque nos três traços, selecione o app que ocupará a parte superior da tela e toque no ícone do outro programa, que será aberto na parte inferior. 

Já o Modo Convidado permite compartilhar o celular com outras pessoas mantendo mensagens, arquivos de mídia, contatos, apps financeiros e dados sensíveis fora do alcance delas. Para habilitá-lo, toque em Configurações > Sistema > Vários usuários > Convidado > Mudar para convidado e crie o novo perfil, que dará acesso apenas aos apps pré-instalados de fábrica.

Observação: Os fabricantes de celulares recebem do Google o sistema puro (AOSP) e criam interfaces de usuário personalizadas, com recursos e funções que variam conforme a marca e o modelo do aparelho. Se alguns recursos são estiverem disponíveis, é porque o fabricante do aparelho não o disponibilizou — caso do Modo Convidado, que a Samsung, que só oferece esse recurso nos tablets Galaxy.