ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS! CERTO PERDESTE O SENSO!
Às vezes, basta uma imagem antiga para acender o fósforo da dúvida e alimentar a chama da imaginação. O que você veria se pudesse espiar o passado por uma fresta no tempo? Um mundo estranho, silencioso e preto-e-branco? Algo que não deveria estar lá — uma figura deslocada, um gesto familiar, um artefato impossível?
O Hipster do Passado tornou-se um dos memes mais fascinantes sobre viagens no tempo. Tudo começou em 2010, quando o Museu Virtual de Baskerville, na Colúmbia Britânica, disponibilizou online uma coleção de fotografias históricas. Numa delas — uma imagem em preto e branco datada de novembro de 1941 — vê-se um homem usando óculos escuros modernos, camiseta com estampa aparentemente contemporânea e um corte de cabelo no estilo hipster dos anos 2000.
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA
Alexandre de Moraes — o terror dos criminosos travestidos de políticos — decretou pela segunda vez a perda do mandato de Carla Zambelli, anulando a votação em que nossos conspícuos deputados desafiaram o veredicto do STF. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz um ditado no qual conviria ao presidente da Camarilha Federal prestar atenção.
Ante a condenação de uma parlamentar à pena de prisão, Hugo Motta deveria providenciar o ato formal de Zambelli — que está presa na Itália, aguardando a extradição. No caso de Alexandre Ramagem — que chamou Xandão de “rei do Brasil” e “descontrolado” ao comentar a decisão do ministro de anular a votação da Câmara dos Deputados que havia mantido a parlamentar no cargo.
Não tem sido fácil para o presidente da Câmara ser Hugo Motta e manter um mínimo de compostura. Deveria procurar uma gota de amor-próprio no fundo do poço. Se encontrar, talvez apresse também o expurgo de Dudu "Bananinha" Bolsonaro dos quadros da Câmara.
O flagrante contraste com os trajes típicos da década de 1940, usados pelas demais pessoas que aparecem na foto, suscitou hipóteses de que se tratava de um viajante temporal que voltara aos anos 1940 e fora fotografado durante o evento. Mas logo surgiram explicações mais prosaicas: os óculos escuros já existiam na época; a camiseta poderia ser apenas uma peça casual daqueles tempos; o corte de cabelo, embora incomum, não seria impossível — e assim por diante.
O próprio museu tentou desmistificar as teorias e contextualizar a fotografia historicamente, mas o mistério do Hipster do Passado permanece, evidenciando tanto a fascinação coletiva com a possibilidade de viajar no tempo quanto a tendência humana de buscar o extraordinário no comum.
Outro caso que alimentou teorias conspiratórias sobre viagens temporais é o Mistério do Celular. Em 2010, ao assistir aos extras do DVD de O Circo (1928), de Charlie Chaplin, o cineasta irlandês George Clarke reparou numa mulher caminhando com a mão no ouvido, aparentemente conversando com alguém. "Ela está claramente falando com alguém — não há outra explicação além da viagem no tempo", disse ele num vídeo que logo acumulou milhões de visualizações.
A cena realmente é intrigante. A mulher caminha naturalmente, com um objeto junto ao ouvido, fazendo movimentos que parecem familiares a qualquer pessoa do século XXI. Mas será que estamos vendo o que realmente está acontecendo?
Dez anos depois do filme de Chaplin, outro "anacronismo temporal" foi capturado num filme promocional da empresa DuPont. A certa altura, uma funcionária aparece caminhando pelo local com algo próximo ao ouvido, aparentemente falando ao telefone — como fazemos hoje com um celular. A qualidade da imagem torna o caso ainda mais desconcertante, e o gesto, ainda mais inequívoco. Mas como seria possível alguém "falar ao telefone" enquanto caminha por uma fábrica em 1938?
A ciência sabe muito — mas não sabe tudo. Sabe, por exemplo, que o cérebro é uma máquina de reconhecimento de padrões extremamente sofisticada — e às vezes excessivamente criativa —, mas ainda não consegue explicar satisfatoriamente as EQMs (experiências de quase morte) nem o déjà vu (a estranha sensação de já ter vivenciado uma situação pela qual a pessoa nunca passou). A dúvida gera a incerteza que move o moinho das teorias sobre experiências vividas em outra encarnação, lapsos entre planos de existência, e por aí vai.
Talvez a "pareidolia tecnológica" explique esses casos. Esse fenômeno — que já foi considerado sintoma de psicose — nos leva a ver animais em nuvens ou o rosto de Cristo em qualquer coisa: de manchas na parede a torradas e caranguejos. No livro "The Demon-Haunted World", o astrofísico Carl Sagan anotou que a hiperpercepção facial resulta de uma necessidade evolutiva de reconhecer rostos — mas isso é outra conversa.
Nosso cérebro, condicionado por décadas de uso de telefones, tende a interpretar determinados gestos e posições como "falar ao telefone", mas talvez a mulher no filme de Chaplin estivesse usando um aparelho auditivo portátil (essa tecnologia começou a ser desenvolvida nos anos 1920), com dor de dente (o gesto de levar a mão ao ouvido é uma reação comum), ou simplesmente protegendo o ouvido do frio ou do vento. Falar sozinho ou gesticular enquanto se caminha são comportamentos banais desde que o mundo é mundo, e outras possibilidades incluem dispositivos experimentais, equipamentos de trabalho (fones de ouvido ou proteção auricular eram comuns em ambientes industriais) ou algum acessório não relacionado a telefonia. No entanto, como dizia um sargento que conheci nos anos 1970, "explica, mas não justifica."
Esses casos se juntam a outros "mistérios" similares, nos quais imagens antigas permitem múltiplas interpretações — levando-nos a projetar nosso mundo tecnológico onde ele não existe, ou a procurar evidências que confirmem teorias extraordinárias. Mas nada disso muda o fato de que as viagens no tempo são uma possibilidade real, embora nossa tecnologia ainda não nos permita colher o fruto mais desejado da árvore da relatividade.
Talvez a verdadeira magia não esteja na possibilidade de viajar no tempo, mas na capacidade infinita da mente humana de encontrar mistérios e conexões onde menos se espera. Então, na próxima vez que você vir algo “impossível” em uma foto antiga, lembre-se: às vezes, o maior mistério não está na imagem — mas no espelho.
Continua...

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