domingo, 12 de fevereiro de 2017

PONTOS A PONDERAR

Na condição de presidente nacional do maior partido da base aliada do governo petralha, Michel Temer era tudo que a gente não queria ver na presidência da Banânia. Mas “beggars can’t be choosers”; em sendo o vice da calamidade em forma de gente, o peemedebista tornou-se a única opção para penabundarmos a titular sem afrontar a Constituição. Mas, convenhamos: embora o país esteja uma merda, seria ainda pior se a Dilma tivesse dado sequência a sua desastrosa gestão. Felizmente, a gerentona de araque é página virada da nossa ingloriosa história ― embora a mídia ainda lhe conceda espaço, de vez em quando, por conta de seus desatinos delirantes ― e seu abjeto predecessor e mentor segue pela mesma trilha.

Pelo andar da carruagem, o penta-réu que se autodeclara a “alma viva mais honesta do Brasil” não demora a passar da página de política para a policial, ainda que, em sua megalômana parlapatice, insista em nos assombrar ― qual egun mal despachado ― com seus devaneios de poder (por incrível que pareça, ele ainda encontra quem lhe compra o peixe). Mas o fato é que, sem argumento sólido para se defender das acusações contra sua ímproba pessoa, resta a Lula fazer o máximo de alarido para disfarçar a inconsistência do seu batido e abilolado ramerrão, como fez ao recorrer à Comissão de Direitos Humanos da ONU (que lhe mandou plantar batatas) e ao processar o juiz Sergio Moro por abuso de autoridade (o que também resultou em nada vezes nada). Agora, sua defesa pede ao STF que corrija o “erro histórico” cometido com a suspensão da sua nomeação e posse como ministro-chefe da Casa Civil no governo Dilma. O pedido foi feito na última segunda-feira, no âmbito de um mandado de segurança impetrado pelo PPS contra a nomeação do molusco asqueroso, com único propósito era lhe restituir o direito a foro privilegiado e tirá-lo da alçada do juiz Sergio Moro (maracutaia que foi prontamente abortada por uma liminar do ministro Gilmar Mendes, para quem a nomeação do sacripanta fraudou a Constituição).

A nova manifestação dos advogados do petralha se deu depois que Michel Temer nomeou Moreira Franco para a Secretaria-Geral da Presidência ― posto recriado por medida provisória com o fito de, ao que tudo indica, conferir foro privilegiado ao aliado. O partido Rede Sustentabilidade impetrou um mandado de segurança pedindo a suspensão da nomeação do “Angorá” e, na última quarta-feira, uma liminar do juiz federal Eduardo Rocha Penteado suspendeu a nomeação (por desvio de finalidade e ofensa à moralidade). A AGU recorreu da liminar, mas ainda não se sabe o resultado (ou não se sabia até o momento em que eu concluí este texto).

Observação: A Folha apurou que há quatro ações na Justiça Federal sobre o mesmo assunto, duas no DF, uma em São Paulo e outra no Amapá. Com a nomeação, Franco ganha foro privilegiado no STF poucos dias após a homologação dos acordos dos executivos da Odebrecht (só na delação de Cláudio Melo Filho, que comandava o setor de propina da empreiteira, ele foi citado 34 vezes, acusado ter recebido dinheiro para defender os interesses da empresa. A JF do RJ concedeu liminar suspendendo a nomeação, assim como um juiz de Brasília que já havia tomado a mesma decisão, revertida na manhã da última quinta-feira pelo TRF da 1ª Região, após recurso apresentado pela AGU. A Justiça Federal no Amapá também concedeu liminar suspendendo a nomeação, mas é provável que a AGU recorra também dessa decisão. 

Voltando à indicação de Alexandre de Moraes à vaga no STF, eu já havia dito nesta postagem que o procurador Deltan Dallagnol entende que a questão pode impactar a Lava-Jato se o escolhido não compartilhar do entendimento do tribunal (consubstanciado após uma votação cujo placar foi 6 x 5)  sobre a execução provisória da pena (após condenação em segunda instância). Vejamos agora um resumo do que diz o jornalista Reinaldo Azevedo:   

(...) O Brasil é virtualmente o único país em que um processo criminal passa por 4 instâncias, sem falar dos infindáveis recursos (…) A orientação do tribunal nesse tema decide se o envio do réu à
prisão deve aguardar todos os recursos nas quatro instâncias, ou pode ser feita após o tribunal de apelação confirmar a condenação (…) Se a perspectiva é de impunidade, o réu não tem interesse na colaboração premiada. Por que vai entregar crimes, devolver valores e se submeter a uma pena se pode escapar da Justiça? Por outro lado, quanto mais efetivo o direito e o processo penal, mais interessante fica a alternativa de defesa por meio da colaboração premiada. A colaboração é um instrumento que permite a expansão das investigações e tem sido o motor propulsor da Lava-Jato. O criminoso investigado por um crime “A” entrega os crimes B, C, D, E – um alfabeto inteiro ― porque o benefício é proporcional ao valor da colaboração. Mas ela é um ponto de partida ― e não de chegada ― da investigação, e acordos objetivam trocar um peixinho por um peixão ou um peixão por um cardume.

Observação: Em suma, a execução provisória é o que pode garantir um mínimo de efetividade da Justiça Penal contra corruptos, levando-os à prisão dentro de um prazo mais razoável, e é importante para que a Lava-Jato continue a se expandir, chegando a todo o espectro da corrupção. Assim, a escolha do novo ministro, a depender de sua posição nesse tema, continua a ter um imenso impacto, ainda que ele não se torne relator da Operação.

Moraes já deixou claro ser favorável à prisão depois da condenação em segunda instância, mas não cumpre a uma autoridade fazer esse tipo de patrulhamento (...) A peroração de Dallagnol transforma em agentes da impunidade os cinco ministros que defenderam que a prisão se efetive somente depois de esgotados os recursos — como está previsto na Constituição. Formaram a maioria em favor da possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Luiz Fux, Teori Zavascki, Roberto Barroso e Edison Fachin. Observem: a questão é mesmo controversa, não obedece nem mesmo a geografia ideológica ou teórica do Supremo (...) Digamos que esse tema volte e que a gente descubra que Moraes decidiu que a prisão só vale depois do último recurso. Isso evidenciaria uma conspiração? Moraes seria apenas um voto. E os outros cinco ministros que votaram contra, também estariam metidos na conspiração? (...)

Surge do MPF outra frente de fofoca contra o futuro ministro do Supremo: ele será o revisor do petrolão no plenário do tribunal e poderia tentar limpar a barra de Michel Temer ― ou dos respectivos presidentes da Câmara e do Senado, caso eles virem réus… Bem, um revisor, como o nome diz, revisa o processo e pode apresentar um voto alternativo. Mas, de novo, para que se provasse a conspiração, seria preciso contar com o concurso de mais cinco conspiradores. Isso que Dallagnol faz, à diferença do que sustentam seus fanáticos, é ruim para o país. Alimenta o clima de permanente desconfiança nos Poderes da República e nas instituições. Mais: o PT aplaude. Passa-se sempre a impressão de que ninguém presta.

Essa é a opinião de Reinaldo; o fato de eu publicá-la não significa (necessariamente) que concordo com ela. VEJA reuniu 10 controvérsias envolvendo Moraes (vale a pena conferir).

Em sua defesa, Moraes alegou ter renunciado a todos os processos em que advogava quando assumiu a Secretaria de Segurança Pública do governo Alckmin, e que nem ele, nem seus sócios, prestaram serviços à pessoas acusadas de fazerem parte do crime organizado, apenas à pessoa jurídica da cooperativa. No entanto, segue lutando contra a pecha de “advogado do PCC”. Outra crítica diz respeito à sua idade, já que terá muitos anos pela frente no STF, e que alguém mais velho poderia fazer mais sentido. Mas essa é uma crítica de menor importância, ainda que válida.

O que pegou mesmo foi o receio de que Moraes possa contribuir para colocar panos quentes da Lava-Jato. Ser o preferido de muitos senadores do PMDB acende a luz amarela. Merval Pereira, em sua coluna, falou do assunto com moderação, relembrando outros casos com viés político na escolha e defendendo a capacidade técnica do indicado. Sobre o receio de ser o revisor das decisões da Lava-Jato, o jornalista comenta: “Pela ordem prevista no Regimento Interno do STF, o revisor é sempre o primeiro a votar depois do relator, o que já causou muita tensão nas sessões do mensalão, por exemplo, quando o revisor de Joaquim Barbosa era o ministro Ricardo Lewandowski. O relator acusou por diversas vezes o revisor de tentar prolongar o julgamento se utilizando de suas prerrogativas.

Talvez esse seja o maior obstáculo político à indicação de Alexandre de Moraes ao STF, já que Temer pode ser um dos citados pelas delações da Lava-Jato. No entanto, é provável que o novo ministro não tenha de revisar nenhum processo contra ele, pois, pela tese que vigora, o presidente da República não pode ser investigado por fatos anteriores ao seu mandato (e muito menos processado). A PGR já se pronunciou a esse respeito em relação a Dilma, e mesmo que alguns ministros do Supremo, como o decano Celso de Mello, considerem que a lei não impede a investigação sobre o presidente, mas que ele seja processado, Janot não deve mudar de posição, e é a ele que compete pedir uma investigação do presidente. Se Moraes, caso venha a ser aprovado, vai agir com independência e imparcialidade, é algo que só o tempo dirá. Mas a escolha levanta suspeitas e incomoda pelo caráter político. Ao nomear para o Supremo um colaborador próximo, Temer sinaliza que priorizou interesses próprios em detrimento dos interesses da nação (aliás, esse sistema de indicação tem se mostrado viciado e precisa ser revisto, para não comprometer a credibilidade da instituição).

Alexandre de Moraes merece o benefício da dúvida, mas é imperativo ficarmos atentos a qualquer sinal de conivência com os acusados na Lava-Jato. O Brasil precisa de um STF independente.

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

SOBRE A REELEIÇÃO DE RODRIGO MAIA E SMARTPHONE SER “TREM DO CAPETA”


A eleição de Eunício Oliveira para a presidência do Senado e a [reeleição] de Rodrigo Maia para a da Câmara deram a Temer uma base parlamentar forte e coesa. Com cerca de 400 deputados, o presidente da Banânia já não tem desculpa para não aprovar as reformas e deixar sua marca na história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, como afirmou mais de uma vez que gostaria de ser lembrado. No Senado, a situação é ainda melhor: Até o PT fez acordo para ficar na Mesa. Claro que, em alguns pontos, Temer terá de negociar, de abrir mão de alguma coisa, mas isso é regra do jogo no presidencialismo de coalizão.

A reeleição de Maia foi alvo de diversas ações na Justiça, pois o regimento interno proíbe reeleição na mesma legislatura, e como o mandato dos atuais deputados vai até 2018, Maia, em tese, só poderia voltar a ocupar a presidência a partir de 2019 (e ainda assim se conseguir se reeleger). Em sua defesa, o democrata diz que não estaria enquadrado na regra, no que foi respaldado pelo presidente da CCJ da Câmara, para quem “inexiste “vedação expressa” que impedisse sua candidatura, já que a situação “excepcional” de mandato-tampão não é prevista na Constituição. Os demais postulantes recorreram ao STF, mas o ministro Celso de Mello rejeitou os pedidos e liberou a candidatura de Rodrigo Maia ― embora a decisão seja meramente liminar; dependendo da decisão do plenário, a eleição, em tese, pode vir a ser anulada (isso se chama Brasil, minha gente).

Observação: Reportagem publicada pelo “Jornal Nacional” deu conta de que o MPF deve investigar Maia pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Uma investigação feita pela PF chegou à conclusão de que há “indícios fortes” de que o deputado prestou "favores políticos" e defendeu interesses da OAS no Congresso em 2013 e em 2014, e que, em troca da defesa dos interesses da empreiteira na Câmara, recebeu da OAS (empreiteira de Leo Pinheiro) doações eleitorais no valor de R$ 1 milhão. O dinheiro teria sido repassado oficialmente à campanha ao Senado de César Maia, pai do deputado, numa manobra para esconder a origem da propina. Agora fica fácil entender porque RM tentou aprovar a toque de caixa as medidas que punem procuradores e juízes por “abuso de poder”.

Por último, mas não menos importante: O deputado peemedebista mineiro Fábio Ramalho, eleito vice-presidente da Câmara, foi um dos primeiros a chegar à festa de comemoração, em um restaurante chique às margens do Lago Paranoá. O parlamentar, que usa dois celulares simplórios, sem conexão com a Internet, por entender que “smartphone é trem do capeta”, creditou sua vitória aos concorridos jantares que costuma oferecer toda quarta-feira a deputados do baixo e do alto clero. Fiel a seus hábitos, ele deixou cedo o restaurante, pois as panelas já estavam no fogo em seu apartamento funcional, onde, diferente do ambiente sofisticado da comemoração de Rodrigo Maia, sua “festa da vitória” se deu em mesinhas espalhadas pela sala, ao som da dupla sertaneja Jorge e Mateus, num vídeo exibido na TV. Em vez de camarões, filés e profiteroles com sorvete do cardápio da festa do Democratas, ele serviu feijão tropeiro, porco assado, linguiça de porco com pimenta e pé de moleque trazidos de Malacacheta. À curiosidade dos jornalistas sobre a fama de que seus jantares ofereciam bem mais do que leitão à pururuca, o político com jeitão mineiro do interior jurou que seus convidados são quase sempre homens. Como dizia o velho Jack Palance, “acredite se quiser”...

Observação: Para quem não se lembra, na legislatura anterior o vice era Waldir Maranhão ― aquele que assumiu interinamente a presidência com o afastamento de Eduardo Cunha e tentou anular a votação do impeachment da anta vermelha. Pelo jeito, a Câmara trocou um cachaceiro por um putanheiro.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

BRECHAS DE SEGURANÇA EM IMPRESSORAS PÕEM EM RISCO DADOS DOS USUÁRIOS

NO BRASIL AS COISAS ACONTECEM, MAS DEPOIS, COM UM SIMPLES DESMENTIDO, DEIXARAM DE ACONTECER.

Segundo o site de tecnologia GIZMODO, um grupo de pesquisadores da  Ruhr University Bochum descobriu diversas vulnerabilidades de segurança em pelo menos 20 modelos de impressoras de grandes marcas ― Dell, HP, Lexmark, Brother, Samsung são alguns dos fabricantes possuem de modelos afetados pela falha ―, e alertou que pelo menos uma dessas brechas permite o roubo de informações que deveriam somente ser impressas (para mais informações, siga este link ou acesse este blog; para visualizar a tabela com os modelos afetados, clique aqui).

Algumas impressoras podem ser bloqueadas por ataque DDoS (*) ou resetadas para os padrões de fábrica. Pior ainda, no entanto, é a possibilidade de capturar documentos enquanto eles são enviados para impressão. Na pior das hipóteses, os pesquisadores dizem que um hacker poderia utilizar a impressora como um ponto de entrada para puxar as credenciais da rede de uma organização e ganhar níveis ainda maiores de acesso à rede.

O time diz ter entrado em contato com todas as marcas afetadas em outubro, e a Dell foi a única a responder. O Gizmodo entrou em contato com as companhias que foram identificadas e apurou que tanto a Lexmark quanto a HP estão investigando o caso. O site promete divulgar novas informações tão logo recebam outras respostas.

(*) Ataques DDoS consistem no envio de milhares de requisições simultâneas para um mesmo endereço, visando causar instabilidades ou mesmo levar o site a parar de responder. Numa analogia elementar, seria como uma central PABX, que deixa de redirecionar as ligações para os ramais quando a demanda cresce a ponto de esgotar sua capacidade operacional.

ALEXANDRE DE MORAES NO STF?

Ao longo da semana passada, Temer recebeu dezenas de indicações para a vaga que a morte de Teori Zavascki abriu no STF. O candidato mais forte era Mauro Campell, ministro do STJ, por seu perfil discreto e por ter sido amigo de Teori. Até mesmo o juiz Sergio Moro chegou a ser cogitado, mas sua escolha traria prejuízos à Lava-Jato, pois, uma vez no Supremo, o magistrado estaria impedido de julgar, no grau recursal ou habeas corpus, os processos em que atuou atuado na 13ª Vara Federal de Curitiba (não sei se Temer levou em conta essa questão, mas para mim ― e para os demais brasileiros que pugnam pelo fim da corrupção e pela punição exemplar de corruptos e corruptores ― isso era uma fonte de preocupação). Enfim, quando o dublê de Kojak e Kinder Ovo estava praticamente descartado, seu nome voltou à baila e desde então, como não poderia deixar de ser, o caldeirão de especulações começou a ferver. Vejamos o que disseram a propósito algumas figurinhas carimbadas da República ― até porque não tenho mais paciência para o besteirol exacerbado dos fanáticos, extremistas e teóricos da conspiração.

O ministro do Marco Aurélio Mello disse ver a indicação com bons olhos, pois, além de atual ministro da Justiça, Moraes é professor, constitucionalista, foi secretário de Segurança Pública em Sampa, na gestão Kassab, e secretário de Justiça e Segurança Pública no governo Alckmin. Eu diria também que ele é filiado ao PSDB, que advogou para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que vazou informações sigilosas sobre as investigações da Lava-Jato e demonstrou total incompetência diante da crise no sistema carcerário. Isso sem mencionar que, em sua tese de doutoramento, sustentou que, na indicação ao cargo de ministro do Supremo, fossem vedados os que exercem cargos de confiança “durante o mandato do presidente da República em exercício”, para que evitar “demonstração de gratidão política”. Por esse critério, a meu ver, ele próprio deveria se dar por impedido e declinar da indicação. Mas não vai.

Para Claudio Lamachia presidente nacional da OAB ― “a sociedade brasileira espera que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, um advogado e reconhecido constitucionalista, uma vez tendo confirmada sua indicação pelo Senado, exerça sua missão no STF pautada pela necessária independência e de forma absolutamente técnica”. Cá entre nós, não seria de se esperar exatamente isso de qualquer indicado para assumir uma vaga no STF?

O fato é que, se o ora indicado à vaga de ministro do Supremo não estava à altura do Ministério da Justiça, tampouco estará para compor nossa mais alta Corte de Justiça. E isso pode se tornar um problemão: ministros de Estado são exonerados regularmente, mas ministros do Supremo, salvo raras exceções, permanecem no cago até a aposentadoria compulsória ― o que garante a Alexandre de Moraes nada menos que 26 como guardião da Constituição (que Deus nos ajude). Mas Temer e seus acólitos parecem pensar diferente, haja vista a pressa do Senado em aprovar sua indicação para o cargo. Dilma levou mais um ano para substituir Joaquim Barbosa e ninguém morreu por isso ― mas essa senhora nunca foi referência para coisa alguma, de modo que..., bom, deixa pra lá.

Importa mesmo dizer é que, se as questões da homologação da Delação do Fim do Mundo e da relatoria da Lava-Jato já foram resolvidas, não há motivo para nomear o novo ministro a toque de caixa. Mesmo assim, o recém-eleito presidente do Senado, Estrupício de Oliveira, sucessor de Renan Caralheiros, anunciou na última terça-feira que a sabatina na CCJ e a votação em plenário devem ocorrer antes do Carnaval. E se o PMDB tem pressa, mau sinal, porque o partido disputa com o PT, cabeça a cabeça, o título de agremiação política com maior número de corruptos.

Observação: Adivinha quem foi eleito na última quinta-feira, por aclamação, para presidir a CCJ do Senado pelos próximos 2 anos? Edison Lobão ― que, quando era ministro de Minas e Energia, teria recebido R$ 1 milhão do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, em troca de ingerência política em favor dos interesses do consórcio responsável pelas obras da usina nuclear Angra 3. O ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado, outro delator da operação, disse que o senador “queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB”. Eis aí mais um dos “notáveis” de Michel Temer. É mole???

Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-Jato, postou no Face que o novo ministro terá “forte impacto” no futuro da operação, sobretudo por poder inverter o placar da votação da questão relativa ao cumprimento de pena dos condenados em segunda instância ― tese avalizada pelo Plenário do Supremo no ano passado por 6 votos a 5, mas que, se mudar, pode prejudicar o trunfo representado pela delação premiada. Mais uma vez, “alea jacta est”.

E como hoje é sexta-feira:




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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A SEGURANÇA É UM HÁBITO E COMO TAL DEVE SER CULTIVADA

ANTES SÓ DO QUE MUITO ACOMPANHADO.

Há muito que navegar na Web passou de um bucólico passeio no parque a um safári selvagem, onde os perigos se escondem em cada sombra (quase como acontece nas esquinas das grandes cidades, notadamente depois que o governo perdeu o controle da segurança pública e abandonou a população à sua própria sorte, mas isso já é assunto para ser discutido na minha comunidade de política).

No ano passado, vazamentos de senhas afetaram milhões de internautas, e o pior é que muitos deles continuam relapsos, ignorando aplicativos antivírus, antispyware e de firewall e pouco se importando com as regrinhas básicas de segurança digital cuja adoção eu venho recomendando em muitas das quase 3.000 postagens que publiquei aqui no Blog ao longo dos últimos dez anos e lá vai fumaça.

Se você imagina que roubos de senhas e dados confidenciais acontecem apenas com quem visita sites suspeitos, está mais que na hora de rever seus conceitos: só no ano passado, milhões de usuários de serviços de webmail populares e de armazenamento de arquivos “na nuvem” foram alvo da bandidagem cibernética. 

O Yahoo!, que é um dos mais tradicionais serviços de email da Web, confirmou recentemente um dos maiores vazamentos da história da internet (emails, senhas, datas de nascimento e números de telefone foram surrupiados de pelo menos meio milhão de usuários). E o pior é que o incidente ocorreu em 2014, mas só veio a público no final do ano passado, quando a empresa reconheceu também que outro episódio semelhante, ocorrido em 2013, envolveu cerca de 1 bilhão de contas de usuários. O GMail ― popular provedor de correio eletrônico da gigante Google ― também foi alvo de ataques parecidos (consta que um cracker russo conseguiu acessar dados de, pasmem, 24 milhões de contas de email). Nem o Hotmail (da Microsoft) escapou, embora o número de usuários “hackeados” tenha sido bem menor.

Acha pouco? Então vamos lá: em maio do ano passado veio a público que um grupo de hackers do mal estava vendendo no mercado negro 117 milhões de senhas de contas de usuários do popular Linkedln (na época, a empresa não havia criptografado as senhas, o que contribuiu para o vazamento das informações). Meses mais tarde, foi a vez do Dropbox, onde o vazamento afetou 60 milhões de usuários.

Por essas e por outras, e considerando que não basta ter um antivírus para proteger os dados de , creepware e outros malwares, é fundamental manter os arquivos confidenciais criptografados, especialmente se você costuma armazená-los em drives virtuais (na nuvem). E para isso a suíte de segurança Steganos Online Shield é sopa no mel ― clique aqui para obter mais informações, testar o produto gratuitamente por 7 dias e adquirir uma licença válida por um ano (ao custo de R$ 99,00).
ransomware

Vale relembrar também que é igualmente importante utilizar senhas fortes, conforme eu já disse em diversas oportunidades. O problema é que senhas seguras são difíceis de memorizar, e a dificuldade aumenta à medida que cresce o número de serviços online que acessamos mediante logon (webmail, netbanking, e por aí afora). A boa notícia é que a Steganos oferece o Password Manager, um gerenciador de senhas muito legal, que armazena dados de logon de diferentes sites e inicia automaticamente as sessões, além de gerar senhas seguras e diferentes para cada conta, robustecendo ainda mais a proteção ― clique aqui para fazer uma avaliação gratuita por 30 dias e/ou obter uma licença válida por um ano (por R$79,90).

Volto a lembrar também que desde 1996 a Steganos oferece softwares para a segurança digital, que protegem os dados ― dentro e fora da internet ― com as melhores tecnologias de criptografia, e estão disponíveis em português, espanhol, alemão, inglês e francês. Para mais informações sobre a empresa e seus produtos, acesse www.segurisoft.com.br.

A MORTE, A DEMAGOGIA E LULA LÁ... (Continuação da postagem anterior)

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) descreveu de forma lapidar o comportamento do deus pai da Petelândia no velório da mulher: “Lula não tem limites em sua capacidade de ser indecoroso. Conseguiu ir além mais uma vez desse limite ao profanar a própria viuvez e ousar atribuí-la a terceiros. Se alguém pode ser responsabilizado pelo infortúnio de dona Marisa, é quem a envolveu nesse mar de delitos e que não soube (ou não quis) poupar a própria família. Ao tentar politizar – e terceirizar – um drama que ele e somente ele produziu, expõe-se ao vexame público. Fez com a família o que fez com a pátria, semeando desordem e infelicidade. E agora quer acusar a justiça, na tentativa de inverter os papéis. O réu é ele, não a justiça. Se não consegue respeitar o Brasil, deveria ao menos respeitar sua família”.

Na avaliação do economista e colunista Rodrigo Constantino, para ser apenas desprezível, Lula teria de melhorar muito. Sua moral é não ter moral alguma, usar qualquer coisa para se beneficiar pessoalmente, mesmo que pisando nos outros, ferrando com a vida de milhões, destruindo um país inteiro. Claro que um sujeito desses não encontraria nem mesmo na saúde da esposa um limite ético para o silêncio, para a reflexão, para a reclusão civilizada que separa o humano da política. A vida de Lula é o palanque, e o vitimismo é sua marca registrada. Quando “dona” Marisa teve um AVC e foi internada, algumas pessoas partiram para um ato deplorável: celebrar, festejar, torcer pelo pior. Tudo muito tosco. A vida de um ser humano deveria estar acima disso. Se ela é culpada, se é cúmplice do marido, o chefe de uma quadrilha, então que ela pague por isso (...) Mas vibrar com seu AVC é inadmissível, como é inaceitável fazer uso político do caso pelo outro lado.

Foi isso que o PT fez. Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, logo culpou a Lava Jato pelo ocorrido, por “perseguir” Lula e colocar sua família toda sob pressão. Era mera questão de tempo o próprio Lula subir no palanque ― mesmo que esse palanque fosse o esquife da companheira ― e bancar a vítima. Constantino deixa no ar a pergunta: Que tipo de pessoa faz uso político de uma grave condição de saúde da própria mulher? Que tipo indecente de gente tenta obter dividendos políticos com uma tragédia pessoal? Em vez de se dedicar à esposa de forma reclusa, num momento de privacidade que toda família tem direito, Lula escolhe a via da demagogia, do populismo, jogando para a plateia com o discurso de vítima, que culpa os guardiões das leis pelo AVC de Marisa. E conclui: Há um lugar no inferno reservado aos que celebram a morte de Marisa Silva. E há um lugar ainda mais profundo, bem no colo do Capeta, guardado para os que politizam sua morte. Mas não é porque petistas são baixos que seremos também. Uma coisa não justifica a outra. Sejamos decentes, por favor! 

Outro texto imperdível, de Gabriel Tebaldi, corre assim: “‘Nunca entre num lugar de onde tão poucos conseguiram sair’, alertou Adam Smith. ‘A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama’, cravou o romano Ovídio. ‘Corrupção é o bom negócio para o qual não me chamaram’, ensinou o Barão de Itararé. Na contramão de todos, está alguém que abriu mão de si mesmo pelo poder. Lula construiu uma história de vida capaz de arrastar emoções e o levar à presidência. Agora, de modo desprezível, destrói-se por completo. Não é preciso resgatar o tríplex, o sítio ou os R$ 30 milhões em “palestras” para atestar sua derrocada; basta reparar na figura pitoresca em que ele se transformou. O operário milionário sempre esbanjou o apoio popular e tomou para si o mérito de salvar o país da miséria. Contudo, cedeu aos afetos das maiores empreiteiras, não viu mal em lotear a máquina pública e nem se constrangeu de liderar uma verdadeira organização criminosa. Sem hesitar, brincou com os sonhos do povo, fez de seu filho, ex-faxineiro de zoológico, um megaempresário, aceitou financiamentos regados a corrupção e mentiu, mentiu e mentiu. O resultado, enfim, chegou: ao abrir mão de si mesmo, Lula perdeu o povo. Pelas ruas, ele é motivo de indignação e fonte de piadas. Virou chacota, vergonha, deboche. Restou-lhe a militância do pão com mortadela e daqueles que veem a política com os olhos da fé messiânica. Seu escárnio da lei confirma sua queda. Lula ainda enxerga o Brasil como um rebanho de gado e não percebe que está só, cercado por advogados que postergam seu coma moral. Enquanto ofende o judiciário e todos aqueles que não beijam seus pés, trancafia-se na bolha de quem ainda acredita que meia dúzia de gritos e cuspes podem apagar os fatos. O chefe entrou num mundo sem saída, trocou sua consciência pelo poder e corrompeu-se até dissolver sua essência. Lula morreu faz tempo. Restou apenas uma carcaça podre que busca a vida eterna no inferno de si mesmo”.

Sobre como a perda da companheira de 43 anos impactará o molusco septuagenário e abjeto, o jornalista Ricardo Boechat pondera que ao peso do momento somam-se dissabores capazes não apenas de sepultar sonhos que Lula persegue desde a juventude metalúrgica, mas de leva-lo à prisão e de destruir sua biografia. A provação ainda inclui temores ― mais que justificáveis ― quanto ao destino dos filhos, ligadíssimos à mãe, dois dos quais também ameaçados por investigações com horizonte possível de prisão e perdas patrimoniais.

Amigos do ex-presidente se perguntam como e se ele resistirá, ou, mais precisamente, se terá ânimo para concorrer ao Planalto em 2018 ― isso se a Justiça permitir, claro, porque, nunca é demais lembrar, o petralha já é penta-réu. Ainda não foi condenado, é verdade, mas isso pode mudar em breve, pois o juiz Sergio Moro costuma levar 6 meses, em média, para sentenciar réus da Lava-Jato. Isso sem mencionar que outras ações criminais podem resultar das delações dos 77 da Odebrecht ― notadamente as de Emílio e do filho Marcelo ― e de prováveis novos acordos de colaboração, como o do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura (recentemente condenados a 8 anos e 4 meses de prisão).

O conteúdo da delação de Marcelo Odebrecht ainda não foi divulgado. Espera-se que Rodrigo Janot peça ao ministro Fachin a suspensão do sigilo, mas isso pode levar algum tempo, pois as investigações estão apenas começando e o procurador-geral precisa saber quais são os pontos que precisam de sigilo (voltarei a esse assunto numa próxima postagem). No entanto, já se sabe que o príncipe das empreiteiras afirmou taxativamente que Lula recebeu propina em dinheiro vivo. O pai, Emílio, seria ainda mais próximo de Lula, mas detalhes sobre sua delação ainda não são conhecidos.

Observação: Embora uma coisa nada tenha a ver com a outra, Janot pediu a abertura de um inquérito para investigar a prática de obstrução às investigações da Lava-Jato pelo ex-presidente Sarney, pelos senadores Renan e Jucá e pelo ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado. O pedido será analisado pelo ministro Fachin e tem como base a delação de Machado, que gravou seis horas de ligações telefônicas com os peemedebistas. Nos diálogos, Sarney, Renan e Jucá fizeram comentários que demonstravam suas intenções de brecar as apurações da Lava-Jato e de encontrar alternativas para influenciar o então relator Teori Zavascki a “estancar essa sangria”.

Outro que pode complicar a vida do molusco é Ricardo Pessoa, dono da UTC, que afirma ter dado R$ 2,4 milhões para a campanha de Lula à reeleição em 2006. E Eike Batista, que teve relações promíscuas com o BNDES durante o governo do sapo barbudo. E Duda Mendonça, que recebeu nas Bahamas R$ 10 milhões referentes à campanha de Lula em 2002. Como se vê, o braseiro está cada vez mais quente e a batata do ex-presidente petralha não demora a assar.

Resumo da ópera: se Lula não vergar sob a carga que o destino lhe está impondo e jogar a toalha, se resolver tentar dar a volta por cima e retomar a pregação contra as elites e a favor dos pobres ― mantendo viva as esperanças da militância e arquitetando a vingança eleitoral contra os adversários de sempre e, com gosto especial, contra os muitos que o traíram e abandonaram, após incontáveis ceias do poder ―, ele ao menos terá um elemento emocional a mais para explorar, qual seja o fim de um casamento de 43 anos em que dividiu com a companheira pobreza, militância, perseguição política, derrotas, ascensão, glória e (o atual) ocaso. E sugerir que a “perseguição desumana” da Lava-Jato à mulher se encaixa como luva nesse figurino. Alguém duvida?

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O SISTEMA BINÁRIO E A ÁLGEBRA BOOLEANA

O ESPERANTO É A LÍNGUA UNIVERSAL QUE NÃO SE FALA EM LUGAR NENHUM.

Computadores só entendem linguagem de máquina: mesmo quando trabalhamos com textos, figuras, músicas, vídeos, animações e comandos operacionais, eles manipulam e processam os dados na forma de zeros e uns (para mais detalhes, clique aqui e aqui).

O sistema binário (que é a base para a Álgebra Booleana) opera com apenas dois algarismos (0 e 1), embora seja possível codificar qualquer valor decimal dividindo-o sucessivamente por dois, marcando zero quando o resultado for exato e um se sobrar resto e, ao final, lendo esses zeros e uns de trás para diante, como se vê na figura acima, onde o decimal 45 resulta no binário 101101 (para saber mais, clique aqui).

Observação: Se você tem interesse nesse tema, não deixe de ler os artigos sobre Lógica Digital e Álgebra Booleana de Benito Piropo – um dos mais respeitados colunistas de informática do Brasil –, começando por este aqui. Se não for a sua praia, as considerações a seguir e as informações adicionais para as quais remetem os links que eu incluí no texto são suficientes para dar uma ideia elementar.

A Lógica Digital se baseia em operações onde VERDADEIRO e FALSO são os únicos valores possíveis, de modo que, para tomar decisões, o computador simplesmente gera equações lógicas e as resolve com auxílio das operações NOT, AND, OR, NAND, NOR e XOR. Para facilitar a compreensão, vou simplificar um exemplo usado pelo Mestre Piropo, no artigo cuja leitura eu sugeri linhas atrás:

Imagine que você resolve ir à praia, mas somente no caso de não chover. Então, a decisão (ir à praia) depende da condição (estar chovendo), o que resulta na equação lógica (vou à praia) = [NOT (estar chovendo)], onde o valor da condição (estar chovendo) pode ser verdadeiro ou falso. Se não chover, teremos (Está chovendo) = (FALSO), portanto [NOT (está chovendo)] = [NOT (FALSO)] = VERDADEIRO, e o resultado será (vou à praia) = VERDADEIRO (decisões mais complexas dependem da combinação de valores de duas ou mais condições, mas isso já é outra conversa).

O ideal seria seguir discorrendo sobre transistores e a possibilidade de combiná-los para criar dispositivos capazes de emular operações lógicas e tomar decisões, mas isso exigiria detalhar alguns aspectos básicos de eletrônica digital, o que foge aos propósitos e possibilidades desta postagem.

Um bom dia a todos e até a próxima.

A MORTE, A DEMAGOGIA E O PROSELITISMO POLÍTICO

Durante o velório da esposa, no último sábado, Lula proferiu um discurso emocionado, regado a lágrimas. É compreensível. Mesmo que a ex-primeira-dama já tivesse soprado sua 66ª velinha, fosse hipertensa, portadora de um aneurisma, sedentária e fumante, sua morte foi inesperada. Mas o imprevisto costuma ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos. E como a vida segue para quem fica, o show tem de continuar. Mais do que ninguém, o molusco abjeto sabe disso ― e se aproveita disso, como veremos mais adiante.

A imprensa concedeu ampla cobertura à desgraça que se abateu sobre o Clã Lula da Silva. Nas redes sociais, mensagens de solidariedade, pêsames e congêneres dividiram espaço com posts publicados por gente que não morre de amores por Lula, pelo PT ou por dona Marisa. Alguns resvalaram do mau gosto para o grotesco, o que é indesculpável, mas ainda assim compreensível.

Militantes de esquerda em geral e puxa-sacos em particular relembraram a infância pobre da falecida, que estudou somente até a 7ª série, começou a trabalhar aos 9 anos, enviuvou do primeiro marido aos 20, liderou a marcha pela libertação do segundo ― preso durante as greves do ABC no fim da década de 70 e começo da de 80 ―, costurou a primeira bandeira do PT, apoiou o comandante da ORCRIM nas campanhas; enfim, pintaram-na como uma Amélia melhorada, com a inteligência de Marie Curie, a abnegação de Madre Teresa, a têmpera de Margaret Thatcher e a fleuma de Hillary Clinton (no episódio Monica Lewinsky).

Curiosamente, porém, ninguém mencionou que essa “quintessência da virtude” deixou patente ― bem antes de o escândalo do mensalão vir à tona ― a notória incapacidade petista de separar o público do privado, mandando plantar no gramado do Alvorada um canteiro de flores vermelhas no formato da estrela símbolo do partido. Tampouco foi lembrado que ela ― muito convenientemente ― teria “fechado os olhos” (aqui metaforicamente) para o affair do marido com Rosemary Noronha (entendeu agora o que eu quis dizer com a “fleuma de Hillary”?).

Rose ― como a “segunda-dama” era chamada pelos puxa-sacos do sapo barbudo ― foi apresentada ao então líder sindical Lula pelo “cumpanhêro” José Dirceu. O “caso” teria começado na década de 90, mas só viria a público em 2012, quando a PF deflagrou a Operação Porto Seguro. Nesse entretempo, a moçoila acompanhou “O Chefe” ― ou “Deus”, como costumava se referir ao então presidente ― em pelo menos 32 viagens oficiais. Seu nome não constava do manifesto de voo e o casal não compartilhava a mesma suíte, naturalmente, mas ela ficava nos melhores hotéis, comia do bom e do melhor em restaurantes estrelados e, segundo Leo Pinheiro, recebia R$ 50 mil por mês da OAS (também a pedido do petista, o empreiteiro incluiu o marido da figura na folha de pagamento da empresa).

Quando a história ganhou notoriedade, o repórter Thiago Herdy e o jornal O Globo entraram na Justiça com um pedido de quebra do sigilo dos gastos de Rose no cartão corporativo da Presidência, mas o STJ empurrou a coisa com a barriga. Em 2014, quando o movimento “Volta, Lula” ganhou corpo, Dilma ― que “fez o diabo” para se reeleger ― ameaçou divulgar as despesas da concubina real, levando o petralha a recuar.

Observação: Segundo o jornalista Cláudio Humberto, do site Diário do Poder, os gastos com cartões corporativos no período de 2003 a 2015 somaram R$ 615 milhões (mais de R$ 51 milhões por ano), enquanto que, no último ano do governo FHC, a conta foi de “apenas” R$ 3 milhões. A farra chegou a tal ponto que um alto funcionário do Ministério das Comunicações chegou a pagar duas mesas de sinuca com o cartão corporativo, que também foi usado por seguranças da “primeira-família”, em SBC, para pagar equipamentos de musculação e materiais de construção para Lurian, filha de Lula.

Em setembro de 2013, o jornalista Augusto Nunes publicou em sua coluna: 

"Neste sábado, Lula completará 288 dias de silêncio sobre o escândalo que protagonizou ao lado de Rosemary Noronha. Ele parece ainda acreditar que o Brasil acabará esquecendo as bandalheiras que reduziram a esconderijo de quadrilheiros o escritório da Presidência da República em São Paulo. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, a edição de VEJA tratará de reiterar que a memória da imprensa independente não é tão leviana. As revelações contidas nas quatro páginas tornarão mais encorpada e mais cinzenta a pilha de perguntas em busca de resposta. Por exemplo: quem está bancando os honorários do oneroso exército de advogados incumbido de livrar de punições judiciais a vigarista de estimação do ex-presidente? Num depoimento à Polícia Federal, Rose não conseguiu explicar como comprou o muito que tem com o pouco que ganha. De onde vem o dinheiro consumido pela tropa de bacharéis que cobram em dólares americanos? Lula sabe”. Segue um excerto da matéria: A discrição nunca foi uma característica da personalidade de Rosemary Noronha. Quando servia ao ex-presidente em Brasília, ela era temida. Em nome da intimidade com o “chefe”, fazia valer suas vontades mesmo que isso significasse afrontar superiores ou humilhar subordinados. Nos eventos palacianos, a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes colecionou tantos inimigos — a primeira-da­ma não a suportava — que acabou sendo transferida para São Paulo. Mas caiu para cima. Encarregada de comandar o gabinete de Lula de 2009 a 2012, Rose viveu dias de soberana e reinou até ser apanhada pela Polícia Federal ajudando uma quadrilha que vendia facilidades no governo. Ela usava a intimidade que tinha com Lula para abrir as portas de gabinetes restritos na Esplanada. Em troca, recebia pequenos agrados, inclusive em dinheiro. Foi demitida, banida do serviço público e indiciada por crimes de formação de quadrilha e corrupção. Um ano e meio após esse turbilhão de desgraças, no entanto, a fase ruim parece ter ficado no passado. Para que isso acontecesse, porém, Rosemary chegou ao extremo de ameaçar envolver o governo no escândalo."

Voltemos ao discurso emocionado de Lula no velório da esposa. Ao se referir à investigação contra eles no âmbito Lava-Jato, sua insolência disse que ambos foram vítimas de injustiça, que a esposa morreu “triste com a maldade que fizeram com ela”, e que espera que “os facínoras que fizeram isso com ela um dia peçam desculpas” e blá, blá, blá. Confira um trecho do comício:

Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que as mentiras que estão contando são verdadeiras. Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos. Marisa nunca pediu um vestido, um anel. Eu vou continuar agradecendo à Marisa até o dia que eu não puder mais agradecer, o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e não tinha medo de vermelho quando morre”.

Tocante? Para os sentimentaloides, talvez; para mim, não. E, pelo visto, nem para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, para o economista e colunista Rodrigo Constantino, para a jornalista Joice Hasselmann ― que sintetizou de maneira irreprochável, neste vídeo de 6 minutos, o que eu penso da desfaçatez do viúvo que transformou esquife em palanque (e foi aplaudido pelos micos amestrados de costume) ― e tantos outros que leram nas entrelinhas a monstruosidade moral de um safardana nauseabundo, capaz de usar o AVC da mulher para fazer proselitismo político.

Não dá para ter dó de um desqualificado dessa catadura.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

ADOBE ― ATUALIZAÇÕES NECESSÁRIAS

O TERCEIRO SEXO JÁ ESTÁ QUASE EM SEGUNDO.

No início deste ano, a Adobe liberou atualizações de segurança para os seus serviços Flash Player, Adobe Reader e Acrobat, corrigindo vulnerabilidades críticas.

O update do Flash Player corrige 13 falhas ― que poderiam levar à execução remota de código e burlar restrições de segurança ―, embora a empresa afirme desconhecer a existência de algum exploit que se aproveite dessas brechas. Então, se você é usuário do Windows, Mac ou Linux, faça o upgrade para a versão 24.0.0.194 (os plug-ins do Chrome, Edge e IE serão atualizados automaticamente por meio dos mecanismos de updates dos próprios navegadores).

Os updates do Adobe Reader e do Acrobat corrigem 29 vulnerabilidades ― que poderiam levar a execução arbitrária de código ―, mas, da mesma forma como no Flash, o fabricante nega ter conhecimento de algum exploit que as explore, conquanto recomende enfaticamente o upgrade para a versão 15.023.20053 (do Reader DC e do Acrobat; Se você ainda usa os Acrobat XI e Reader XI, faça o upgrade para a versão 11.0.19, mas considere a possibilidade de substituí-los o quanto antes pelas opções mais recentes).

Observação: Devido a seu sandbox de segurança, que dificulta a implementação de exploits, o Adobe Reader e o Acrobat deixaram de ser alvo da bandidagem digital, mas o Flash continua sendo largamente explorado, com ataques de dia zero e exploits integrados em ferramentas de ataques baseadas na web.

Barbas de molho, pessoal.

O QUE APENAS SE PARECE NÃO É IGUAL ― Por Ricardo Noblat

Na política, o que apenas se assemelha muitas vezes vira idêntico, análogo, tal qual. Assim como o fato (cuja realidade pode ser comprovada) dá lugar à versão – ou a mais de uma. Tudo depende do gosto do freguês, que pode ser aquele que compra, mas também o que vende habitualmente a determinada pessoa, ou grupo de pessoas.

É prerrogativa do presidente da República criar e extinguir ministérios, e nomear ministro quem bem quiser, desde que habilitado. Comparar o que fez Dilma ao promover Lula a chefe da Casa Civil com o que fez Temer ao promover Moreira Franco a ministro da Secretaria Geral é confundir “feijoada com paio” com Cid Sampaio ― dou por dispensável explicar o que seja feijoada com paio. Quanto a Cid Sampaio, ele foi um político da extinta União Democrática Nacional (UDN) que governou Pernambuco entre 1959 e 1963.

Lula foi promovido a ministro porque corria o risco de ser preso pelo juiz Sérgio Moro. Ele já era investigado formalmente pela Polícia Federal e, 12 dias antes, havia sido levado coercitivamente para depor. Vazaram áudios que deixaram claro que a nomeação tinha como objetivo protegê-lo da primeira instância da Justiça de (Moro, no caso), garantindo-lhe o privilégio de só prestar conta ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos áudios, na véspera da posse, Dilma informou a Lula que um emissário lhe entregaria cópia do ato da nomeação que ele deveria assinar e que já fora assinado por ela. Por quê? Porque de posse do ato, se o japonês da Polícia Federal batesse à sua porta nas próximas horas, 

Lula poderia escapar de ser preso alegando que já era ministro.
O japonês não apareceu. Lula tomou posse no dia seguinte. Mas ela acabou anulada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Moreira Franco está no governo desde que Temer substituiu Dilma para que ela respondesse fora do cargo ao processo de impeachment. Continuou no governo depois que Temer sucedeu a Dilma em definitivo. Sabe-se que é citado em delação ainda não divulgada, mas por ora é só. Delação não é processo, é meio de prova. Pode dar ensejo ou não a uma denúncia. Somente se a denúncia for aceita é que ele se tornará réu.

Lula já foi denunciado cinco vezes. E é réu em cinco processos que estão nas mãos de Moro. A única coisa que se pode dizer é que Moreira ganhou o direito a foro especial que Lula tentou ganhar, mas que perdeu. É fato que processo no STF demora mais a andar do que processo sob o comando de Moro. Em compensação, não é de Moro a última palavra. Cabe recursos. No STF, não cabe. A última palavra é dele.
De volta ao mundo da política: posso achar que Temer fez de Moreira ministro para protegê-lo de Moro. Mas só posso achar. Nada de ilegal há nisso. Quanto à moral... O conceito de moral na política é outro.

Para concluir, segue o clipe de vídeo em que Joice Hasselmann sintetiza - em pouco mais de 5 minutos, e de maneira irretocável - exatamente o que eu penso do molusco safardana que usou esquife como palanque e o AVC da mulher como ferramenta para proselitismo político (e foi aplaudido pelos micos amestrados de sempre e mais um bando de imbecis sentimentaloides).



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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CONFIAR DESCONFIANDO

A IGUALDADE PODE SER UM DIREITO, MAS NUNCA SERÁ UM FATO.

A Internet nasceu como um experimento militar, mas acabou se tornando uma ferramenta utilíssima para os mais variados fins. A Web reúne bilhões de páginas, e, através delas, a gente acessa um universo de informações sobre praticamente tudo que se pode imaginar. Mas nem tudo que se lê ou vê na Web é confiável, como tampouco o é aquilo que a mídia divulga ou que ouvimos de parentes, amigos, colegas de trabalho.

O ser humano não inventou a mentira. Ela existe desde que o mundo é mundo e está presente na natureza, como comprova o gambá que se finge de morto, o camaleão que muda de cor e o inseto que se disfarça de planta, por exemplo. Mas é inegável que o Homem a tenha aprimorado a tal ponto que muitos fazem dela um meio de vida, como é o caso de golpistas, vigaristas e assemelhados.

O conto do vigário não nasceu com a Web, mas foi aprimorado no “mundo virtual”, onde pessoas mal-intencionadas se valem da “engenharia social” para explorar a empatia, a comiseração, a ingenuidade e, por que não dizer, a ganância de suas vítimas em potencial. O golpe ganhou esse nome porque o malandro pedia à vítima que cuidasse uma mala ou sacola, supostamente cheia de dinheiro, que teria recebido de um vigário ― daí o termo “vigarice” ― enquanto ia tratar de um assunto urgente. E para reforçar a credibilidade do engodo, pedia ao “pato” uma quantia em dinheiro ou um objeto de valor como garantia. Claro que quem desaparecia era o golpista, deixando a vítima com um monte de jornal velho ou qualquer outra coisa sem valor. 

Outro golpe velho como a serra, mas que é ressuscitado na Web de tempos em tempos, é do suposto príncipe (ou ditador, dependendo da versão) de um país africano qualquer, que envia um email dizendo ter sido preso injustamente e oferecendo uma polpuda recompensa ao destinatário, caso ele lhe adiante o dinheiro da fiança. Em outro famoso 171 ― aplicado de forma recorrente em salas de bate-papo virtual ―, o malandro troca mensagens com diversas vítimas em potencial, escolhe a mais adequada (não faltam corações solitários em chats online), avança com a relação até fase das juras de amor eterno e aí sugere um encontro tête-à-tête e pede o dinheiro para a passagem ― o vigarista invariavelmente “mora em outra cidade” e está “momentaneamente descapitalizado”, mas promete devolver o dinheiro no segundo encontro, e blá, blá, blá. O resto você já pode imaginar: a vítima fica sem o dinheiro e com o coração partido, ao passo que o espertinho volta às salas de bate-papo com outro nickname (apelido) para escolher seu próximo alvo.

A Web está coalhada de mentiras, mas ainda assim, segundo um estudo do Reuters Institute, 46% dos americanos usam redes sociais como fonte de informação ― e 14% afirmam que elas são sua fonte principal. No Brasil, os números são ainda maiores: 72% e 18%, respectivamente, o que denota o perigo de manter o Facebook, o Google e o Twitter em territórios sem lei. Por outro lado, controlar o que é publicado esbarra numa questão delicada: a censura.

Observação: Mesmo que a maioria dos autores e replicadores de notícias falsas queira apenas alavancar a audiência de seus sites espúrios para faturar com anúncios, sempre há extremistas e os ideológicos que se aproveitam do número potencial de leitores para propagar o ódio, o preconceito e a baixaria política (volto a essa questão numa próxima oportunidade).

Igualmente perigosos (ou ainda mais perigosos) são os malwares ― nome que designa softwares maliciosos, como vírus, trojans, spywares e assemelhados), mas isso já é assunto para a próxima postagem.  Abraços a todos e até lá.

SOBRE A REELEIÇÃO DE RODRIGO MAIA E SMARTPHONE SER “TREM DO CAPETA”

A eleição de Eunício Oliveira para a presidência do Senado e a reeleição de Rodrigo Maia para a da Câmara deram a Temer uma base parlamentar forte e coesa. Com cerca de 400 deputados, o peemedebista não tem desculpa para não aprovar as reformas e deixar sua marca na história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, como afirmou mais de uma vez que gostaria de ser lembrado. No Senado, a situação é ainda melhor: Até o PT fez acordo para ficar na Mesa. Claro que, em alguns pontos, Temer terá de negociar, de abrir mão de alguma coisa, mas isso é regra do jogo no presidencialismo de coalizão. Claro, também, que a Lava-Jato pode abalar essa base ― o recesso do Judiciário terminou, Sergio Moro voltou das férias, as delações dos 77 da Odebrecht foram homologadas e outras que estão por vir têm potencial para atingir em cheio o núcleo do poder. Enfim, vamos aguardar.

A reeleição de Rodrigo Maia foi alvo de diversas ações na Justiça. Para muitos juristas e palpiteiros de plantão, o deputado ascendeu à presidência da Casa em julho do ano passado para concluir o mandato de Eduardo Cunha, e o regimento interno proíbe reeleição na mesma legislatura. Ou seja, como o mandato dos atuais deputados vai até 2018, Maia, em tese, só poderia voltar a ocupar a presidência a partir de 2019, caso viesse a se reeleger deputado. Maia se defendeu afirmando ter sido eleito para um “mandato-tampão” e, por ter ocupado a presidência por um período menor do que o previsto no regimento, não estaria enquadrado na regra que impossibilita a reeleição. Sua posição foi avalizada pelo relator da CCJ da Câmara, Rubens Pereira Junior, para quem “inexiste “vedação expressa” que impeça a candidatura, já que a situação “excepcional” de mandato-tampão não é prevista na Constituição. Os deputados Jovair Arantes, Rogério Rosso, André Figueiredo e Júlio Delgado recorreram ao STF para barrar o pleito (além dessa, pelo menos outras três ações naquela Corte contestaram a eleição), mas o ministro Celso de Mello rejeitou os pedidos e liberou a candidatura de Rodrigo Maia ― embora a decisão seja meramente liminar; dependendo da decisão do plenário, a eleição ainda pode vir a ser anulada (isso se chama Brasil, minha gente).

Por último, mas não menos importante: O deputado peemedebista mineiro Fábio Ramalho, eleito vice-presidente da Câmara, foi um dos primeiros a chegar à festa de comemoração, em um restaurante chique às margens do Lago Paranoá. O parlamentar, que usa dois celulares simplórios, sem conexão com a Internet, por entender que “smartphone é trem do capeta”, creditou sua vitória aos concorridos jantares que costuma oferecer toda quarta-feira a deputados do baixo e do alto clero. Fiel a seus hábitos, ele deixou cedo o restaurante, pois as panelas já estavam no fogo em seu apartamento funcional, onde, diferente do ambiente sofisticado da comemoração de Rodrigo Maia, sua “festa da vitória” se deu em mesinhas espalhadas pela sala, ao som da dupla sertaneja Jorge e Mateus, num vídeo exibido na TV. Em vez de camarões, filés e profiteroles com sorvete do cardápio da festa do Democratas, ele serviu feijão tropeiro, porco assado, linguiça de porco com pimenta e pé de moleque trazidos de Malacacheta. À curiosidade dos jornalistas sobre a fama de que seus jantares ofereciam bem mais do que leitão à pururuca, o político com jeitão mineiro do interior jurou que seus convidados são quase sempre homens. Como dizia o velho Jack Palance, “acredite se quiser”...

Observação: Para quem não se lembra, na legislatura anterior o vice era Waldir Maranhão ― aquele que assumiu interinamente a presidência com o afastamento de Eduardo Cunha e tentou anular a votação do impeachment da anta vermelha. Pelo jeito, a Câmara trocou um cachaceiro por um putanheiro.

Antes de encerrar, vale lembrar que prosseguem as investigações sobre a morte do ministro Teori Zavascki. Confira abaixo um trecho da conversa entre o piloto e a torre de controle do Aeroporto de Paraty (vale lembrar que não existe aeroporto em Paraty, apenas um modesto campo de pouso que nem torre de controle tem; portanto, o vídeo é uma piada - talvez de humor negro, mas com um triste fundo de... enfim, assista e tire você mesmo suas próprias conclusões).


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domingo, 5 de fevereiro de 2017

EDSON FACHIN NA RELATORIA DA LAVA-JATO


A morte trágica de Teori Zavascki se tornou ainda mais trágica porque ele era o relator dos processos da Lava-Jato no STF. Não fosse por isso, seria pranteada por parentes e amigos, algumas autoridades compareceriam ao funeral e o dito ficaria pelo não dito. No entanto, mesmo quando o imprevisto tem voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, a vida precisa seguir seu curso e o show tem de continuar.

Passada a estupefação inicial, causada pela inesperada e imponderável fatalidade, a ministra Carmen Lucia determinou aos assessores do colega falecido que retomassem os trabalhos e, dias depois, homologou ela própria as delações dos 77 da Odebrecht ― mulher de fibra, essa mineira de Montes Claros, bem diferente da conterrânea de Belo Horizonte que foi penabundada da presidência da Banânia no ano passado. Enfim, feita a homologação, restava decidir a questão da relatoria da Lava-Jato no Supremo. Tecnicamente, quem ocupasse a vaga de Zavascki herdaria também os casos que estavam sob seus cuidados. Mas isso aqui é Brasil e, na prática, a teoria é outra, para o bem ou para o mal.

A indicação de ministros do Supremo é prerrogativa do presidente da República. No entanto, Michel Temer preferiu esperar a definição da relatoria, e assim deu-se início a mais um folhetim tupiniquim, com direito a opiniões as mais variadas, muitas vezes oferecidas pomposamente por apedeutas que jamais leram um único artigo da Constituição. Depois de muito disse-que-disse, o ministro Luiz Edson Fachin acabou mudando de Turma, ocupando o lugar de Zavascki e assumindo a relatoria das ações da Lava-Jato. Simples assim ― ou nem tanto.

Desde o início desse monumental imbróglio, cogitaram-se diversas possibilidade, tais como Carmen Lucia avocar para si a relatoria da Lava-Jato ― como já havia feito com homologação da Delação do Fim do Mundo ―, nomear o novo relatar mediante um acordo costurado nos bastidores com os demais ministros ou realizar um sorteio entre todos os 9 magistrados remanescentes ou somente entre os integrantes da 2ª Turma, da qual fazia parte Teori Zavascki. Fosse como fosse, tudo se resolveria na última quarta-feira, dia em que o Supremo voltaria do recesso de quase 40 dias. Só que não.
Ao fim e ao cabo, a solução foi um pouco de cada coisa e saiu na quinta-feira, 2, depois que o novato da Corte foi transferido da primeira para a segunda Turma ― foi preciso obter a concordância dos demais ministros, já que no STF, como nos quartéis, antiguidade é posto. Aí, sim, realizou-se o tal “sorteio” e... Surpresa: deu Edson Fachin na cabeça!

Observação: Fachin foi nomeado para o Supremo em meados de 2015, durante o mandato da anta vermelha. À época, muitos criticaram seu suposto “menosprezo pelo preceito constitucional que garante a propriedade privada no Brasil” e seus laços afetivos com o desprezível MST. Houve até quem dissesse que a indicação do magistrado para o Supremo fazia parte de uma estratégia de Dilma e do PT para melar a Lava-Jato, que o indicado havia se comprometido a conceder um determinado habeas corpus que abriria espaço para a anulação de todas as delações premiadas, e assim por diante. Mas Fachin deu a volta por cima com decisões que, se não foram unânimes no plenário, não tiveram contestação óbvia. Assim, o fato de ele ser o novo relator da Lava-Jato, se não foi a melhor solução, pode ter sido a “menos pior”. Até porque o decano Celso de Mello já havia dito que declinaria da relatoria caso fosse o escolhido, e os demais componentes da segunda turma são Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski (precisa dizer mais alguma coisa?).

Como diz um velho ditado, “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”. Depois de ver tanta coisa “acabar em pizza”, em conchavos espúrios e “acordões” estarrecedores, não é de estranhar que o brasileiro tenha visto com desconfiança o resultado desse “sorteio”. Houve quem dissesse que Carmen Lucia havia “mexido os pauzinhos”, e coisa e tal. Prova disso foi a enxurrada de posts nas redes sociais a propósito do tema. Muitos davam como certa a escolha de Lewandowski (cujas decisões favoráveis ao PT e aos petralhas são notórias, para dizer o mínimo), ao passo que outros apostavam em Gilmar, e outros, ainda, em Toffoli (que, vale lembrar, foi citado por Leo Pinheiro num acordo de delação premiada que acabou barrado por Rodrigo Janot depois que a notícia foi publicada pela revista Veja).

O fato é que, na impossibilidade de Celso de Mello assumir a relatoria da Lava-Jato, a maioria esperava que Fachin fosse o escolhido. Sorte nossa? Talvez. A postura de Fachin chega a lembrar a do finado Teori, que preferia falar nos autos a dar entrevistas e fazer pré-julgamentos. Mas ele é o mais novo membro da Corte e a maneira como irá proceder é uma incógnita. Seja como for, o sorteio foi realizado com a ajuda de um algoritmo que, dentre outras variáveis, levou em conta a quantidade de processos a cargo de cada magistrado, de maneira a evitar que o “vencedor” ficasse sobrecarregado. Assim, Fachin levou vantagem no sorteio (se é que se pode considerar “vantagem” herdar um “abacaxi” dessa magnitude).     

Observação: Segundo o Jornal Nacional, o sorteio foi realizado numa sala do terceiro andar do edifício-sede do Supremo, na presença da presidente ministra Carmen Lucia e mais quatro funcionários. Apenas os integrantes da 2ª Turma foram considerados. Seus nomes foram distribuídos numa “régua”, onde cada um tinha 20% de chances. Depois, foi feito um ajuste que levou em conta o número de processos a cargo de cada participante, aspecto que favoreceu o novato da Turma e, em menor medida, o ministro Gilmar Mendes (que, por acumular o cargo de Presidente do TSE, recebeu menos processos que seus pares. Mas o gabinete que Fachin herdou ficou um ano sem receber processo algum ― período entre a aposentadoria de Joaquim Barbosa e a indicação de seu substituto pela ex-presidanta vermelha) ― e, portanto, havia, realmente, mais chances de o novato ser sorteado.

Resumo da ópera: Para o bem ou para o mal, Fachin é o relator da Lava-Jato no STF. Como ele vai desempenhar essa função, aí já é outra história. No geral, no entanto, as opiniões têm sido favoráveis. Alguns palpiteiros veem com preocupação o fato de ele ter sido indicado para a Corte pela mulher sapiens de pouco saudosa memória, mas Joaquim Barbosa foi indicado por Lula e ganhou notoriedade como relator do Mensalão, notadamente por seus embates contra Ricardo Lewandowski ― a quem ele acusou diversas vezes de atuar mais como defensor dos petralhas do que como julgador da ação. Fachin é tido como insuscetível a ideologias partidárias, avesso a comentários, discreto na vida social e mundana e pouco afeito a protagonismos midiáticos. Já demonstrou ter consciência de que não foi indicado ao STF para fazer favores, mas para julgar segundo as leis (como comprovou ao relatar ação do PCdoB contra o rito fixado por Eduardo Cunha para a tramitação do impeachment da nefelibata da mandioca). Também decidiu que o réu Renan Calheiros não podia assumir a Presidência da República, mas defendeu a manutenção de seu mandato e do cargo de presidente do Senado. Também abraçou a tese de que condenados em segunda instância devem aguarda na prisão o julgamento de eventuais recursos. Quando, como plantonista durante um recesso do Judiciário, Lewandowski mandou soltar José Vieira da Silva, prefeito de Marizópolis condenado em segunda instância, alegando ser preciso “prestigiar o princípio da presunção de inocência”, Fachin cassou a liminar e mandou o político de volta para a prisão, respaldando-se na “necessidade de se preservar a estabilidade dos entendimentos fixados em decisões do Supremo.

ALEA JACTA EST!



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sábado, 4 de fevereiro de 2017

A NOVELA DA MORTE DA EX-PRIMEIRA-DAMA

Sempre achei essa história de velório, funeral e o escambau um exercício de masoquismo inenarrável (ou de sadismo, dependendo do ponto de vista). Guardadas as devidas proporções, o mesmo se aplica a prolongar artificial e indefinidamente a “vida” de pacientes em estado vegetativo, desenganados, em situação irreversível e indubitavelmente terminal ― especialmente no caso de septuagenários, octogenários e por aí afora. Digo isso por experiência própria, porque enfrentei situações assim com familiares bem próximos. Sei que essa postura me faz ser visto como uma pessoa fria, desalmada, mas eu chamo a isso pragmatismo.

Passando ao tema da postagem, desde ontem que foi constatada a ausência de atividade cerebral na ex-primeira-dama Marisa Letícia. A família até autorizou a retirada de órgãos para doação e informou que o velório aconteceria no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na grande São Paulo, mas a novela continua: segundo notícias recentes, somente hoje, sexta-feira, que a finada será submetida a dois exames para comprovar sua morte cerebral. O primeiro deve acontecer logo mais, às 12h, e o segundo, por volta das 18h. Esses exames fazem parte do protocolo de avaliação de morte cerebral e são obrigatórios para que se prossiga com a doação de órgãos. Fico pensando se essa situação não seria bem outra se dona Marisa tivesse sido levada para um nosocômio do SUS em vez de internada no Sírio-libanês (um dos hospitais mais caros do Brasil), mas isso já é outra história.

ObservaçãoA propósito, li num site qualquer que “Mesmo não tendo sido oficializada a morte, família confirma velório no ABC” ― vejam como a forma de noticiar um fato pode dar margem a interpretações dúbias; no caso em tela, de que vão enterrar a mulher viva mesmo.

Para atualizar o relato: Na noite de quinta, o comandante da ORCRIM recebeu a visita do presidente da Banânia, que chegou ao hospital por volta das 22h, acompanhado de Eunício OliveiraRenan CalheirosEdison LobãoCássio Cunha LimaHenrique MeirellesJosé SerraMoreira Franco e José Sarney. Todos foram enfaticamente hostilizados pela turba que se concentrava diante do hospital. Aliás, se a PF tivesse deflagrado uma nova vertente da Lava-Jato naquela noite, o Sírio-Libanês seria o lugar ideal para fazer algumas prisões.

Enfim, a desgraça une, como se costuma dizer. Resta saber se Temer irá visitar Lula na cadeia, quando for a hora, ou se a recíproca acontecerá caso se confirmem as denúncias de práticas nada republicanas por parte do ex-vice de Dilma e hora presidente da República. Mas isso também é outra história.

Nas redes sociais, houve manifestações de solidariedade ao Clã dos Lula da Silva, mas também não faltaram politizações do tema. O próprio molusco abjeto atribuiu a morte da mulher à tensão decorrente das acusações na Lava-Jato, e outros imbecis chegaram a acusar diretamente o juiz Sergio Moro ― vejam vocês o ponto a que chega a ignorância do povinho escolhido para habitar este país. Aliás, segundo uma velha anedota, o Criador foi acusado de protecionismo ao favorecer o Brasil, que é, indiscutivelmente, um país privilegiado, e, para botar água na fervura da oposição, Deus resolveu povoar aquele território abençoado com... Bom, deixa pra lá.     

Entre as mensagens mais polêmicas, houve quem comemorasse, quem escrevesse coisas como “aqui se faz, aqui se paga”, e quem insinuasse interesses políticos na morte da ex-primeira-dama. Um meme compartilhado à exaustão pelas redes acusa Lula de “capitalizar com a tragédia”. Eu, de minha parte, vou acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e noticiar os fatos. Já deixei clara minha posição sobre a morte não alterar os atos cometidos na vida pregressa nem anular suas consequências como num passe de mágica. Para mim, fiduma vivo não vira santo, vira fiduma morto (labora em favor do desinfeliz apenas o fato de nos ter livrado de sua incomodativa presença). Mas ressalto que essa minha maneira de ver as coisas não necessariamente tem a ver com a morte da ex-primeira dama ou expressa minha opinião sobre o ocorrido.

Abraços a todos e até a próxima.

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A INTERNET CAIU? APP DO GOOGLE PARA ANDROID SALVA E RECUPERA BUSCAS QUANDO O SINAL VOLTA

SE NUMERICAMENTE ÉS MAIS FRACO, PROCURA A RETIRADA.

A partir de agora, o Google vai armazenar offline as pesquisas dos internautas e restabelecer os resultados, em caso de perda de sinal, tão logo a conexão seja restabelecida.

O recurso é disponibilizado mediante uma atualização do aplicativo de buscas do Google para o sistema móvel Android e promete facilitar a vida de quem padece com conexões instáveis ou irregulares.

Segundo a empresa, a novidade não impactará o consumo de bateria nem a franquia de dados do usuário (que chega a ser ridícula em alguns planos 3G/4G).

As informações são do portal IDG NOW!



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