segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

MAS É CARNAVAL...

O PODER CORROMPE, E O PODER ABSOLUTO CORROMPE ABSOLUTAMENTE.

Eu pretendia ficar na encolha nesta segunda de Carnaval, já que a audiência cai barbaramente em feriadões que tais, mas achei por bem relembrar que:

Para prevenir ressacas cruéis – daquelas que combinam dor de cabeça com boca seca, fadiga, tremores e outros desconfortos afins –, a solução é não encher a cara. Na impossibilidade, evite misturar destilados com fermentados e beber de barriga vazia (o álcool é absorvido mais lentamente quando existe alimento no estômago, mas tome cuidado para não errar na quantidade e colocar tudo para fora no meio da festa).

Comer frutas ou algo gorduroso antes de beber (como miolo de pão besuntado com manteiga ou embebido em azeite) também ajuda, da mesma forma que tomar suco, refrigerante ou água entre as biritas (para manter o organismo hidratado e reduzir a concentração do álcool).

Se as medidas profiláticas não foram suficientes, a ressaca irá castigá-lo no dia seguinte, e não existem fórmulas milagrosas para combatê-la - a menos que você esteja em Las Vegas, onde existe o Hangover Heaven (paraíso da ressaca, numa tradução livre). Criado pelo médico Jason Burke, o serviço promete acabar com a ressaca: basta um telefonema para ser atendido por um ônibus que funciona como clínica itinerante e, a bordo do veículo, receber uma solução intravenosa com soro fisiológico, vitaminas B1 e B12, anti-inflamatórios, anti-náuseas e outras substâncias destinadas a ajudar na desintoxicação do organismo. O tratamento dura 45 minutos e custa de 90 a 150 dólares. 

Não sendo o caso, o jeito é deixar o corpo processar naturalmente – ou regurgitar – o excesso de álcool. Nesse entretempo, evite comidas ácidas, gordurosas ou de difícil digestão, e não caia naquela conversa de que ressaca se cura com mais bebida (isso pode até amenizar os sintomas no curto prazo, mas uma hora qualquer o nível de álcool no seu organismo terá de baixar).

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domingo, 26 de fevereiro de 2017

MAIS UM CARECA A MENOS NUMA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS CADA VEZ MAIS ENROLADA

Na noite da última quinta-feira, José Serra entregou sua carta de demissão ao presidente Michel Temer, que, pego de surpresa, tentou convencê-lo a optar por uma licença. Mas o ministro foi irredutível. Segundo ele, o pedido se deve a uma “instabilidade segmentar vertebral e estenose foraminal” ― um problema na coluna cervical ― e requer um tratamento intensivo de quatro meses, durante os quais ele não poderia fazer os longos voos internacionais, indispensáveis ao exercício das funções de chanceler, sob pena de lesão na medula.
Assim, a “equipe de notáveis” do governo abre mais uma vaga a ser preenchida. Fala-se que a pasta será mantida sob o controle do PSDB, e o principal cotado ― até o momento ― é o líder do governo no Senado Federal, Aloysio Nunes Ferreira. Serra reassumirá suas funções no Senado, na vaga ocupada hoje pelo suplente José Aníbal, e assim terá mais tempo para dedicar também à sua defesa, já que ele é um dos mais de 100 citados na Delação do Fim do Mundo.

Observação: Com a aprovação de Alexandre Moraes para substituir Teori Zavascki no Supremo, restou a Temer escolher um novo ministro da Justiça e Segurança Pública. Meio que a contragosto e a despeito das críticas públicas do vice-presidente da Câmara, o presidente convidou o deputado Osmar Serraglio, que não só aceitou o cargo como se comprometeu a “manter distância” da Lava-Jato. Resta ainda definir que ocupará a secretaria nacional da Segurança Pública, hoje sob o comando do Ministério da Justiça. Fala-se no criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, amigo de Temer, que chegou a ser cotado para comandar o próprio Ministério quando o PMDB chegou ao poder, mas acabou sendo descartado devido a declarações que deu com críticas à Lava-Jato.

Falando em delações e que tais, Eliseu Padilha, o todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil e amigo pessoal de Michel Temer, pediu afastamento do governo na última quinta-feira (23), a pretexto de fazer uma cirurgia de retirada de próstata. O pedido se deu um dia após as declarações do ex-assessor especial da Presidência da República José Yunes, de que teria intermediado o recebimento e a entrega de um envelope ao ministro, em setembro de 2014 (pouco antes da eleição presidencial na qual a chapa Dilma-Temer foi reeleita), pelo doleiro Lúcio Funaro, apontado pela Lava-Jato como operador do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A matéria de capa da revista Veja com a informação de que Yunes afirma ter sido “mula” de Padilha também alimentou, no início da noite da quinta-feira, as teorias de que o ministro estaria sendo “rifado”. Fontes próximas a Yunes e Temer disseram ter sido “surpreendidas” com as declarações do ex-assessor, enquanto auxiliares de Padilha afirmaram, em caráter reservado, que a declaração de Yunes parecia ser uma estratégia de “fogo amigo” para tirar o ministro da Casa-Civil. Para O ANTAGONISTA, é mais do que evidente que a manobra foi combinada com o presidente: Yunes entrega Padilha, que deixa o governo para tratar da saúde e não vota mais, sacrificando-se em benefício de Temer.

Volto a lembrar que o time de notáveis ― prometido por Temer quando assumiu interinamente a presidência com o afastamento da mulher sapiens, em maio do ano passado ―, revelou-se um notável time de enrolados com a Justiça. Tanto que seu ministério teve sucessivas baixas desde então, fechando o ano passado com a média uma por mês. Agora, com a confirmação de Moreira Franco para a Secretaria Geral da Presidência da Banânia e a saída de Serra e de Padilha, o primeiro escalão do governo ainda conta com quatro integrantes citados na Lava-Jato (dentre os quais o próprio Michel Temer), sem prejuízo de outros nomes que podem surgir depois do Carnaval, por conta da recém-homologada delação dos 77 da Odebrecht.

Para evitar uma degradação ainda maior da sua já escassa popularidade, Temer disse, no último dia 13, que “meras citações” não bastam para provocar demissões, mas que afastará temporariamente qualquer auxiliar que venha a ser denunciado pela PGR (situação em que o direito a salários e ao foro privilegiado são mantidos) e definitivamente se e quando o STF aceitar a denúncia (antes, portanto, da sentença condenatória, caso o réu seja declarado culpado). Aparentemente, trata-se de uma medida saneadora; na prática, porém, ela concede sobrevida aos delatados na Lava-Jato ― mantido o atual ritmo de tramitação dos processos no Supremo (detalhes nesta postagem), não há a menor possibilidade de alguém ser denunciado antes do final do mandato do presidente, em dezembro do ano que vem.

Para a oposição, a regra estabelecida por Temer, visando amenizar um previsível desgaste futuro, pode não funcionar depois que o conteúdo das delações e todos os seus detalhes forem revelados. Mas, convenhamos, todo esse desgaste poderia ter sido evitado se o presidente tivesse sido mais seletivo na escolha de seus “notáveis”: Maurício Quintella, por exemplo, jamais deveria ter sido nomeado ministro (dos Transportes), já que havia sido condenado pela Justiça Federal de Alagoas em 2014. E o mesmo vale para Blairo Maggi (da Agricultura), que réu em um processo que trata do uso de dinheiro público para suposta compra de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado; para Gilberto Kassab (de Ciência, Tecnologia e Comunicações), réu em diversas ações de improbidade administrativa na Justiça de São Paulo (além de citado na Lava-Jato); José Serra (que, como dito nesta matéria, acabou de se demitir do Ministério das Relações Exteriores), por ser réu em um processo de improbidade administrativa na Justiça Federal do Distrito Federal; e para Eliseu Padilha (também citado linhas atrás), que é réu desde 2014 em um processo de improbidade administrativa na Justiça Federal do Rio Grande do Sul, além de ser citado também na Lava-Jato.

Será que, como Lula no Mensalão e no Petrolão, nosso ilustre presidente também “não sabia de nada”? Conversa! Ele sabia de tudo desde 2014 (e Lula também, mas isso já é outra história). Temer e Yunes são amigos desde a década de 60. No ano passado, essa amizade rendeu a este último a presidência do diretório municipal do PMDB em Sampa e a chefia do gabinete adjunto de agenda do presidente, de onde passou para assessoria especial da Presidência. Em dezembro, porém, afirmando que seu nome havia sido “jogado no lamaçal de abjeta delação por irresponsáveis denúncias” (leia-se a delação de Cláudio Mello Filho, um dos 77 da Odebrecht), ele se afastou do governo, embora tenha mantido a direção do PMDB ― e o comando do Yacht Club de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo.

Temer vê com preocupação o imbróglio que arrasta seu principal ministro para o olho do furacão da Lava-Jato e coloca seus dois velhos amigos em rota de colisão. Ele sabia que Yunes havia prestado depoimento ao Ministério Público e também sobre a entrevista à revista Veja ― onde Yunes afirma que Padilha o usou como “mula” na campanha de 2014. “Contei tudo ao presidente em 2014. “O presidente sabe que é verdade isso. Ele não foi falar com o Padilha. Reagiu com aquela serenidade de sempre (risos). Eu decidi contar tudo a ele porque, em 2014, quando aconteceu o episódio e eu entrei no Google e vi quem era o Funaro, fiquei espantado com o “currículo” dele. Nunca havia conhecido o Funaro”, afirmou ele, segundo o jornal O Globo.

Vamos continuar de olho nessa Casa de Noca para ver que bicho dá.

Bom Carnaval a todos.

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sábado, 25 de fevereiro de 2017

LULA PRESIDENTE EM 2018??? SÓ SE FOR PRESIDENTE BERNARDES(*)

No vídeo que eu publiquei no post do último domingo, Joice Hasselmann expõe as entranhas de uma recente pesquisa do instituto CNT/MDA, na qual Lula aparece como favorito em 2018. Mas há mais a dizer sobre o tema, até porque causa estranheza, nos cidadãos de bem deste país, a perspectiva de o molusco abjeto, réu em cinco ações na Justiça Penal (e contando...), vir a se candidatar novamente à presidência da Banânia e, pior, acabar sendo eleito. Mas o fato é que, em se tratando de Brasil, tudo é possível. A incapacidade de o brasileiro aprender com o passado é um caso a ser estudado por sociólogos ou antropólogos. O problema é que esses sociólogos e antropólogos costumam ser parte do problema.

O “americano” que melhor representaria o brasileiro médio seria Bart Simpson: O queijo que dá choque é a esquerda, e Bart é o eleitor brasileiro, sempre levando choque, mas insistindo em busca da “justiça social”, do “messias salvador da Pátria”, do “governante poderoso que vai acabar com a miséria”. Logo, começamos por essa parte: sim, seria possível até mesmo Lula vencer em 2018! A probabilidade e remota, mas isso não basta para nos tranquilizar totalmente.

Enfim, temos outros nomes que são Lula com roupagem diferente, como Marina Silva e Ciro Gomes, com chances reais. Seria trocar seis por meia dúzia. Esquerda radical por esquerda radical. E esses dois possuem mais chances do que Lula.

O molusco aparece em primeiro, é verdade, mas há uma pegadinha: 70% dos entrevistados são indecisos (e propensos, portanto, a engrossar a ala dos votos brancos e nulos). Lula é líder apenas entre os 30% restantes. Seu eleitorado é fanático; sempre existirá uma parcela da população ― cerca de 25% ― disposta a votar em sua insolência, aconteça o que acontecer, mesmo que divulguem um vídeo com o nove-dedos estuprando criancinhas. Mas a proporção de votos que ele teria é a mesma de outras pesquisas, ou seja, não houve aumento. Para se eleger, Lula precisaria dos não-fanáticos, mas seu índice de rejeição é muito alto (45%, segundo o Datafolha de dezembro, que certamente deu uma amenizada nesse número, dado o histórico do instituto). Demais disso, incluíram na pesquisa mais de um candidato do PSDB, o que divide os votos. No dia do pleito, haverá apenas um ― que pode não ser nenhum dos pesquisados ―, sem mencionar que há candidatos ainda desconhecidos fora de suas bases (Bolsonaro, por exemplo), mas que ficarão em evidência quando campanha começar de fato.

Portanto, não há motivo para pânico ― pelo menos por enquanto. A pesquisa é furada e a chamada é sensacionalista, praticamente uma propaganda do Lula. Isso não significa que os brasileiros decentes não tenham o direito de ficar assustados com o simples fato de alguém como Lula ainda ter votos ― o que retrata nosso atraso, nossa vocação para o fracasso, para a bandidagem, para a malandragem. E Ciro Gomes? Cruzes! Como esse projeto de caudilho nordestino consegue enganar tanta gente? É preciso ser muito estúpido mesmo. Mas, como sabemos, a estupidez tem um passado glorioso e um futuro promissor em nosso país. Especialmente no nordeste, onde pulula a ignorância. O Antagonista mostra como esses votos ainda estão à venda, pelo visto:

A popularidade de Lula na pesquisa em apreço mostra que, mais uma vez, a compra de votos no Nordeste pode determinar o nome do próximo presidente do Brasil. Lula continua popular também entre os eleitores menos alfabetizados, aí incluídos os que mais sofreram com a ruína provocada por Dilma. Ainda assim, aqueles que falam que a educação é uma panaceia, a solução para todos os nossos males, ignoram que a questão fundamental é: qual educação? Temos “doutores” aos montes por aí pregando o socialismo, defendendo o PT e o PSOL. Essa gente é causa dos nossos males, não solução.

No caminho de Lula, há ainda a Lava-Jato. O sujeito é réu em cinco processos (e os efeitos da Delação do Fim do Mundo se farão sentir depois do Carnaval). Não será tão simples para ele, portanto. O problema maior deve ser mesmo Ciro, que encanta a massa de alienados bancando o machão (lembra Collor com a história do “homem macho de colhão roxo”), e que migrou seu discurso sempre oportunista mais para a esquerda, para ocupar o espaço deixado pela crise petista. Ele é perigoso, e deve ser alvo de ataques constantes daqueles cientes do perigo.

Bolsonaro também esbarra nos altos índices de rejeição. Um nome de fora, como João Dória, teria mais chances de levar. Resta saber se os tucanos, sempre divididos, vão se entender com base no desejo real de vencer, ou se as disputas de ego falarão mais alto, levando um dos três caciques da velha guarda à disputa, somente para ser derrotado outra vez.

Falta muito para a eleição de 2018, mas a batalha já começou. E como podemos ver pela pesquisa, a esquerda não morreu. Está ferida, mas viva. E o Brasil só vai melhorar mesmo quando enterrar essa praga de vez!


(*) Referência à penitenciária de segurança máxima Silvio Yoshihiko Hinohara, no município paulista de Presidente Bernardes, onde estão “hospedados” os chefões do tráfico Marcola e Fernandinho Beira-Mar.


ALEA JACTA EST...
Com um sorriso de 60 dentes e a careca refulgente ― que, como bem ressaltaram José Simão e Ricardo Boechat, lembra um Kinder Ovo, um desodorante roll-on ou... um vibrador (confiram o vídeo; é de mijar de rir), Alexandre de Moraes foi aprovado pelo plenário do Senado na última quinta-feira quinta-feira, para ocupar a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki, no mês passado. 
Na sessão plenária, o “protégée” do presidente da Banânia precisava de maioria absoluta (41 votos), mas o placar foi 55 a 13. Na véspera, a Comissão de Constituição e Justiça da Casa ― composta por 27 parlamentares, 13 dos quais investigados pela Lava-Jato, inclusive seu presidente, o peemedebista maranhense Edison Lobão ― avalizaram  o candidato por 19 votos a 6 (inexplicavelmente, a petralha Gleisi Hoffmann se declarou impedida de votar).
Para o bem ou para o mal, a sorte está lançada. A cerimônia de posse no STF deve acontecer em até 30 dias.


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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CIBERSEGURANÇA EXPLICADA

A DIFERENÇA ENTRE O RELIGIOSO E O CAROLA É QUE O PRIMEIRO AMA A DEUS, O SEGUNDO, TEME. 

A despeito do nome intimidante, a cibersegurança é, na verdade, muito simples. Em linhas gerais, trata-se de você proteger a si mesmo e blindar suas informações online. Claro que é impossível prevenir todas as ameaças ― online ou na vida real ―, mas sempre se pode minimizar significativamente os riscos usando o velho bom senso.

Hackers “do mal” se valem dos mais variados tipos de truque para acessar e explorar seus dados pessoais. Um deles, bastante comum e, infelizmente, muito eficaz, é o phishing (como um e-mail falso, aparentemente enviado pelo seu banco, por exemplo, que pede confirmação ou atualização de dados pessoais). Convém ter em mente que instituições financeiras e órgãos como Receita Federal, Justiça Eleitoral, Serasa e outros que tais não mandam emails orientando o destinatário a clicar num determinado link para atualizar seus dados ou solucionar uma pendência qualquer. Em outras palavras: no que diz respeito ao phishing, o ceticismo é sua melhor arma.

Já os malwares ― acrônimo formado a partir de “malicious software” (programa malicioso) para referenciar, indistintamente, qualquer praga digital, aí incluídos os próprios vírus ― visam infectar o computador das vítimas, causar danos, roubar informações confidenciais, e por aí afora. Eles são disseminados de várias maneiras, mas as mais comuns são os velhos e eficientes anexos de email e links mal-intencionados. Naturalmente, eles não dizem algo como “olha, abra o arquivo em anexo (ou clique no link abaixo) e seja infectado”. Pelo contrário. A bandidagem digital costuma ser bastante criativa, e se vale da engenharia social para explorar a ingenuidade, a curiosidade ou a ganância das vítimas.  
Fique atento, portanto, a tudo em que você clica ― anexos de emails, links, arquivos de instalação de programas freeware, etc. E redobre os cuidados se a mensagem incluir promessas mirabolantes e irrecusáveis (como “fotos reveladoras” de artistas, cracks para “esquentar” programas comerciais caros, e por aí vai) ou algo como “repasse para todos os seus contatos”. Fique esperto.

Observação: Infelizmente, ainda existe gente que não estranha uma mensagem informando que foi sorteado num concurso para o qual não se inscreveu, ou que um ditador nigeriano vai depositar um milhão de dólares em sua conta se ele lhe enviar os dados bancários (aí incluída a senha), mas também tem quem acredita na fada do dente, no coelho da páscoa e na honestidade de Lula, fazer o quê?

 Fique atento também aos sites que você acessa. Páginas web são vulneráveis a ataques, dos mais simples ao mais sofisticados, e essa é uma ameaça particularmente difícil de neutralizar, pois até mesmo sites legítimos e acima de qualquer suspeita podem ser “sequestrados” ou “contaminados” pelos criminosos. Às vezes, nem é preciso aceitar uma “varredura antivírus” gratuita que é oferecida numa janelinha pop-up, por exemplo, ou seguir um link que a webpage disponibiliza para seja lá o que for; basta acessar a página para ser infectado por algum código malicioso.

Se um link ou download lhe parecer suspeito, provavelmente ele é. Só instale aplicativos a partir do website dos respectivos fabricantes ou de fontes confiáveis, e não clique em nada que pareça remotamente suspeito ― mesmo que a origem seja aparentemente segura. Habitue-se a salvar os arquivos de instalação dos softwares na sua área de trabalho e fiscalizá-los com seu antivírus antes de dar prosseguimento à instalação. Se, a despeito do “nada consta” do seu app de segurança, você continuar cismado, obtenha uma segunda opinião sobre o anexo suspeito com o VirusTotal ― serviço gratuito que utiliza dezenas de ferramentas diferentes para checar se o arquivo está infectado.

Ao instalar programas, notadamente freeware, atente para eventuais penduricalhos que costumam vir “no pacote”. Se não houver como impedir a instalação dos acessórios, interrompa a instalação do software principal (você certamente encontrará outro que faça o mesmo trabalho sem lhe enfiar goela abaixo uma barra de ferramentas para navegador mais que suspeita ou outros PUPs, que, depois de instalados, podem ser difíceis de remover).

Observação: O NINITE e o UNCHECKY também podem salvar sua pele. O primeiro é um serviço baseado na Web e, portanto, dispensa instalação; basta acessar o site, marcar as caixas correspondentes aos programas desejados e clicar em Get Installer para baixar os respectivos instaladores sem eventuais penduricalhos indesejados. O segundo é um aplicativo residente que permite desmarcar as caixas de verificação que resultam em “instalações casadas”, além de alertar para possíveis "armadilhas" que levam o usuário a instalar os PUPs por engano.

SOBRE O (DESA) FORO PRIVILEGIADO

Numa sessão extremamente longa, monótona e cansativa, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por 19 votos contra 7 (surpreendentemente, a senadora Gleisi Hoffmann deu-se por impedida e, portanto, não votou), a indicação de Alexandre de Moraes para a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki. Na manhã da última quinta-feira (menos de 24 horas depois, portanto), o plenário ratificou a nomeação do Kinder Ovo, por 55 votos a 13. 

Observação: Dos 27 parlamentares que compõem a CCJ, 10 são investigados na Lava-Jato, aí incluído seu presidente, o senador maranhense Edison Lobão. É enojante, mas o  Brasil é isso: uma Banânia governada por corruptos, onde o povo, ignorante, é constantemente manipulado por uma asquerosa patuleia proselitista.

Passemos ao post de hoje:

Dias atrás, a guerra de liminares envolvendo a nomeação de “Angorá” (que guarda indiscutível semelhança com a nomeação de Lula por Dilma, em março do ano passado, para tirar o petralha do alcance da República de Curitiba) reaqueceu o velho debate sobre o foro privilegiado ― que, no Brasil, contempla mais de 20 mil indivíduos, do presidente da República a ministros de Estado, passando por congressistas, magistrados, procuradores e até membros do Ministério Público.

O STF não foi pensado ou estruturado para analisar provas ou receber denúncias, mas para julgar recursos e questões constitucionais. Desvirtuar suas funções contribui significativamente para a impunidade: segundo levantamento feito pela revista Exame em 2015, de 500 parlamentares que foram alvo de investigação ou ação penal no Supremo, nos últimos 27 anos, apenas 16 foram condenados, 8 foram presos e somente um continua no xadrez (os demais ou recorreram foram beneficiados pela prescrição para se livrar dos processos).

O ministro Luiz Roberto Barroso sugeriu recentemente limitar o foro privilegiado. Com a homologação da delação dos 77 da Odebrecht, mais de uma centena de deputados, senadores, ministros, ex-ministros, governadores e ex-governadores ― aí incluídos o presidente da Banânia e boa parte de seus assessores de primeiro escalão ― serão investigados pelo Ministério Público e pela Justiça Federal. Se essa enxurrada de processos desaguar no Supremo, nenhum de nós viverá o bastante para ver o resultado.

Para o decano Celso de Mello, “enquanto a Constituição mantiver essas inúmeras hipóteses de prerrogativa de foro, a Corte deveria interpretar a regra constitucional nos seguintes termos: a prerrogativa de foro seria cabível apenas para os delitos cometidos em razão do ofício. Isso significa que atuais titulares de cargos executivos, judiciários ou de mandatos eletivos só teriam prerrogativa de foro se o delito pelo qual eles estão sendo investigados ou processados tivessem sido praticados em razão do ofício ou no desempenho daquele cargo”.

Observação: O foro especial por prerrogativa de função ― esse é o nome correto do que chamamos comumente de foro privilegiado ― foi instituído para proteger o exercício de função ou mandato público, de modo que o “benefício” cessa no exato momento em que o beneficiado deixa de exercer o cargo que o garante. Nos moldes atuais, um investigado só tem foro privilegiados enquanto ocupa um cargo que lhe assegura essa prerrogativa. No entanto, se o indivíduo já responde a processo quando se elege deputado federal, por exemplo, o processo é remetido ao Supremo. Findo o mandato de sua excelência, caso ainda não tenha sido julgado (situação mais comum), a ação volta para a instância de origem, mas torna a ser enviada para o STF no caso de o sujeito ser reeleito.

A discussão ganhou novas nuances com a entrada de Edson Fachin e Gilmar Mendes. O primeiro considera que a exceção “incompatível com o princípio republicano” e defende a realização de um debate para determinar se o mecanismo pode ser alterado por uma nova interpretação constitucional, como sugere Barroso, ou se depende de uma ação do Legislativo, já que seria necessária uma mudança na Constituição. Já o segundo pondera que, pelo fato de o Supremo ser a última instância, os processos demoram mais para ser julgados, além de criticar a criação de uma Vara Especial para cuidar apenas das ações contra políticos, tirando-os ao STF, pois isso “criaria uma casta de superjuízes todo-poderosos”.

Barroso entende que um parlamentar ou ministro só deveria ser investigado, processado e julgado pelo Supremo por atos praticados no exercício do cargo que lhe garante prerrogativa de foro ― ações anteriores deveriam continuar nas instâncias ou tribunais em que começaram. Ele encaminhou a Carmen Lucia um pedido formal para que seja debatida uma proposta de restrição, mas a presidente não tem prazo para colocar o assunto na pauta. Na última sexta-feira, 17, o ministro Fachin, atual relator da Lava-Jato no STF, avalizou as opiniões do colega, mas ponderou que a proposta deve ser analisada com cuidado para não invadir competências do Legislativo, a quem compete alterar apresentar e votar Propostas de Emenda Constitucional (PECs). 

A OAB defende a redução do amplo quadro de agentes públicos beneficiados pelo foro privilegiado. Em nota pública, Claudio Lamachia, afirmou, na última terça-feira, que “é preciso reduzir o número de agentes públicos beneficiados pelo foro privilegiado e redefinir urgentemente os critérios para que essa proteção não sirva de salvaguarda para quem tenha cometido irregularidades”. Na sua avaliação, “entre as consequências negativas das atuais regras está a sobrecarga dos tribunais superiores, obrigados a julgar os privilegiados. Outro efeito péssimo é a impunidade, uma vez que a estrutura do Judiciário fica congestionada e não consegue julgar as ações, resultando em prescrições e morosidade”.

Resta saber como ficará o caso do “trio calafrio”, agora que a PF (finalmente) chegou à conclusão de que, ao nomear Lula para a Casa Civil, em março do ano passado, Dilma buscava tirar seu mentor do alcance da “República de Curitiba” ― felizmente, não conseguiu; a nomeação foi barrada pelo ministro Gilmar Mendes e se tornou inócua depois que a anta vermelha foi impichada e os petralhas que compunham seu ministério, exonerados ―, numa clara tentativa de “embaraçar o avanço das investigações da Lava-Jato” (para mais detalhes, siga este link, pule os 3 primeiros minutos e assista ao restante do clipe). A PF entende que o conjunto probatório é suficiente para a abertura de inquérito, mas não vai indiciar os envolvidos enquanto o STF não definir se a competência de foro. O relatório enviado pela PF ao Supremo sugere que Dilma, Lula e Merdandante sejam denunciados criminalmente na Justiça Federal, uma vez que nenhum deles tem foro privilegiado, e recomenda que a parte que toca ao ministro do STJ seja desmembrada, já que ele só pode ser processado no Supremo.

Observação: No caso de Merdandante, sobre o crime de tráfico de influência, a PF se baseou em conversas gravadas por Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio do Amaral, numa das quais o então ministro teria oferecido ajuda em troca do silêncio de Delcídio, ou seja, para evitar que ele acordasse uma delação premiada. Contra Dilma pesa ainda a indicação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o STJ, em 2015, com o fito de facilitar a soltura de empresários presos na Lava-Jato (notadamente Marcelo Odebrecht).

Continuamos numa próxima oportunidade, pessoal. Abraços e até lá.

E pra quem acha que o Bode dos Mil Cabritos está com essa bola toda:



E como hoje é sexta-feira:


Continuamos depois do Carnaval. Abraços e até lá.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

SEGURANÇA É COISA SÉRIA, TANTO NO MUNDO REAL QUANTO NO “VIRTUAL”

NEM TODO GORDO É BOM, MUITOS SE FINGEM DE BONZINHOS PORQUE SABEM QUE CORREM MENOS.

Como a Saúde e a Educação, a Segurança Pública está falida no Brasil. Um bom exemplo disso foram as rebeliões e chacinas que pipocaram no início do ano, em presídios de diversos Estados brasileiros, deixando um rastro de centenas de mortos. Outro exemplo ― talvez ainda mais preocupante ― eclodiu em Vitória no começo deste mês, quando familiares de PMs capixabas resolveram acampar na porta dos batalhões, impedindo que as viaturas patrulhassem a cidade, espalhando o terror, sitiando os munícipes em suas casas e levando o comércio a baixar as portas e as escolas a suspender as aulas. Em uma semana, o número de assaltos, homicídios e outros crimes cresceu em progressão astronômica, e ninguém, absolutamente ninguém, teve colhões para dispersar os “manifestantes” e restabelecer a ordem pública.

Observação: Não pretendo discutir aqui o mérito dessa “greve” ou o cabimento das reivindicações salariais dessa categoria, mas não posso me furtar a comentar que de nada adianta fazer o que fez (preventivamente) o governador do Rio ― ou seja, prometer aumento quando o Estado não tem recursos sequer para pagar os salários atrasados. No domingo, mulheres de policiais fluminenses já montavam acampamento diante de 29 batalhões, enquanto o saldo de mortos nas cidades capixabas atingidas pela paralisação da polícia atingia quase 150.

Há muito que navegar na Web deixou de ser um “bucólico passeio no parque”, tantos são os perigos que espreitam os internautas em cada esquina sombria da Rede (para quem confunde alhos com bugalhos, a internet é “o meio físico” da rede mundial de computadores, ao passo que a Web é sua porção multimídia). Atualmente, abrir o navegador é como empreender um safari na Jângal ― ou dar um passeio noturno pelos morros cariocas ou pela periferia paulistana, por exemplo.

Infelizmente, não existe uma solução mágica para o problema. Entretanto, como eu venho dizendo há mais de uma década no meu Blog (e já dizia antes, na mídia impressa, considerando que o primeiro dos muitos trabalhos que publiquei sobre Tecnologia da Informação focava a insegurança digital), o conhecimento, aliado à prevenção, é a nossa melhor arma ― ou mesmo a única que temos.

A figura do “computador da família” ficou no passado, da mesma forma que a conexão discada e outras práticas comuns nos tempos de antanho. Os próprios notebooks, que já foram o sonho de consumo de 10 entre 10 usuários de PCs, foram superados pelos “portáteis de verdade” (tablets e smartphones, não necessariamente nessa ordem, e que, vale lembrar, não substituem o velho PC, embora funcionem como um “complemento”) e os roteadores wireless tornaram-se artigos de primeira necessidade em casa, no escritório, na sala de espera do médico, do dentista, do barbeiro, enfim... Aqui em Sampa, as redes sem fio já chegaram a praças e outros logradouros públicos ― como estações do Metrô (embora não funcionem dentro dos vagões) ―, e umas poucas linhas de ônibus também oferecem essa facilidade (o que é um contrassenso, pois contemplam uns poucos privilegiados, enquanto o grosso da população amarga ônibus lotados, com higiene e segurança abaixo da crítica e motoristas de uma descortesia à toda prova). Não obstante, conforme eu disse nesta postagem, para o bem ou para o mal, o poder da tecnologia depende de quem a controla.  

Conectar seu smartphone, tablet ou note a redes públicas ― como as oferecidas gratuitamente em restaurantes, aeroportos, agências bancárias, grandes magazines e assemelhados ― é uma prática comum, já que os planos comercializados pelas operadoras de telefonia móvel celular costumam ser bastante restritivos (em termos de franquia de dados) e as conexões, lentas e instáveis. Mas o que é de todos não é de ninguém, e compartilhar routers Wi-Fi pode ser tão perigoso quanto dividir a cama com estranhos. Portanto, use o recurso com moderação e evite fazer compras online, realizar transações financeiras via netbanking ou mesmo acessar sua conta de email ou qualquer outro webservice que exija login (nome de usuário e senha). Caso seja realmente inevitável, troque as senhas com a possível urgência. Lembre-se: “as paredes têm ouvidos”, e a gente nunca sabe quem pode estar escutando por trás delas.

Continuamos na próxima postagem. Até lá, assista a este clipe de vídeo.



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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

PARA O BEM OU PARA O MAL, O PODER DA TECNOLOGIA DEPENDE DE QUEM A CONTROLA

SE VOCÊ CONHECE O INIMIGO E CONHECE A SI MESMO, NÃO PRECISA TEMER O RESULTADO DE CEM BATALHAS. SE VOCÊ SE CONHECE, MAS NÃO CONHECE O INIMIGO, PARA CADA VITÓRIA GANHA SOFRERÁ TAMBÉM UMA DERROTA. SE VOCÊ NÃO CONHECE NEM O INIMIGO NEM A SI MESMO, PERDERÁ TODAS AS BATALHAS.

Uma inocente faca de cozinha pode se transformar numa arma poderosa nas mãos de alguém mal-intencionado. E mesmo se aplica à tecnologia em geral, embora poucos de nós atentamos para esse fato.

Quando comemoramos o lançamento de um novo smartphone, não paramos para pensar que seu mais recente aplicativo de rastreamento de localização, sua tecnologia de conectividade e outros aprimoramentos abrem um amplo leque de aplicações que dão margem ao abuso de poder (também para se dizer o mínimo). Ou, quando instalamos um novo programa no PC, que o Estado Islâmico constrói seus próprios drones, que redes zumbis sequestram eletrodomésticos para derrubar a internet, que publicações suspeitas na WEB disseminam notícias falsas que, não raro, distorcem ou eclipsam a verdade.

Ferramentas idealizadas para dar às pessoas a capacidade de criar, obter e distribuir informações são largamente utilizadas para exercer influência, coletar dados, monitorar comunicações, e assim por diante. Os perigos que a tecnologia moderna apresenta são mais insidiosos que os das gerações que nos precederam, até porque, enquanto a ameaça nuclear era facilmente demonstrada pelas imagens de aniquilação de um cogumelo atômico, não existe paradigma para o potencial de danos que as armas digitais podem proporcionar.

Não se trata de defender o retrocesso a um contexto onde nossa privacidade era mais bem protegida, pois seria utopia achar que alguém abriria mão da miríade de benefícios que a tecnologia vem proporcionando ao longo das últimas décadas. O que eu pretendo com este texto é alertar para o fato de que qualquer um pode saber a qualquer momento qualquer coisa sobre praticamente qualquer evento que aconteceu, aconteça esteja acontecendo em qualquer parte do planeta ― algo impensável há uma geração. E que pessoas mal intencionadas e governos repressivos podem se valer dessas mesmas tecnologias para coletar enormes quantidades de dados de comunicação, barrar protestos muito antes que eles aconteçam e infiltrar-se nas redes sociais com propaganda subliminar da sua visão do mundo.

A solução não é frear a inovação num esforço disfarçado para manter as ferramentas essenciais longe das mãos dos criminosos, mas implementar as tecnologias de segurança mais criativas que tivermos ― e desenvolver outras novas ― para preservar e manter livre dessas interferências o extraordinário panorama que a comunicação criou.

A tecnologia em si é agnóstica: tem poder para fazer o bem ou o mal, dependendo de quem a controla. Isso sempre foi assim. Os combustíveis fósseis poluem, os antibióticos levam às superbactérias resistentes e um exército de cafeteiras inteligentes pode derrubar metade da internet. Cada nova invenção traz efeitos colaterais, requerendo outro ciclo de inovação para colocá-la de novo nos trilhos, como num círculo vicioso. Mas temos de seguir em frente. Sempre.

Para preservar o mundo em que queremos viver ― um mundo que se caracterize pela independência, liberdade e progresso crescente ―, precisamos ficar de olho em quem tem acesso à tecnologia disponível ― ditadores e terroristas descobrem novos caminhos para disseminar as suas ideias ― e fazer o possível para protegê-la dos crescentes perigos que a ameaçam. Uma coisa é ter informações coletadas pela Justiça, que está sujeita à observação de um governo democraticamente eleito, uma imprensa livre e organizações que monitoram a sociedade. Outra coisa ― muito diferente ― é agências como a KGB em governos autoritários terem acesso a essas informações. No primeiro caso, talvez não queiramos que a nossa informação esteja acessível às autoridades. No segundo, porém, não temos como evitar que ela seja utilizada para objetivos nefastos.

Tudo isso leva a pensar nos riscos da privacidade e nas implicações geopolíticas de governos espionando os cidadãos. Afinal, eles usam a tecnologia para servir e proteger ou para obter vantagens e perseguir?

Enquanto utilizamos nossos smartphones, dirigimos nossos carros ou mesmo navegamos despreocupadamente na Web, estamos gerando mais e mais dados que podem ser coletados, compartilhados e analisados. Exigimos privacidade, mas também queremos tecnologias de compartilhamento que podem comprometê-la, e a única forma de equilibrar essas demandas é vigiar de perto quem está coletando nossas informações e como elas estão sendo utilizadas. Quanto mais dados criamos, mais deveríamos vigiar aqueles que os coletam.

Como usuários tecnológicos e cidadãos, precisamos exigir medidas para garantir as normas democráticas que todos valorizamos. A liberdade não é o preço que temos de pagar pelo progresso.
Da próxima vez que você vir notificações no seu smartphone, pense na incrível capacidade ao alcance dos seus dedos, no enorme potencial de melhorar as nossas vidas e na urgente necessidade que temos de nos proteger contra aqueles que querem usar tudo isso para o mal.

Postagem inspirada em um texto publicado originalmente no site The Parallax.

REINALDO AZEVEDO EM CHOQUE. ELE DESCOBRIU QUE NÃO É DEUS!
Confira no vídeo.



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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

COMO LIMPAR O CACHE DO NAVEGADOR

AMAR É SER FIEL A QUEM NOS TRAI.

Na postagem da última sexta-feira, vimos como limpar o cache do Google Chrome. Para fazer o mesmo no Mozilla Firefox, clique no botão Abrir menu (que fica na extremidade esquerda da barra de endereços e é identificado por três linhas horizontais), clique em Opções > Avançado > Rede e, no campo Conteúdo web offline e dados do usuário, clique em Limpar agora. Feito isso, reinicie o navegador.

Para quem é fã do Internet Explorer, basta abrir o navegador, clicar no ícone da engrenagem (no canto superior direito da janela), selecionar Opções de Internet e, na aba Geral, em Histórico de navegação, clicar em Excluir. Na tela de exclusão, marque os itens do cache que deseja apagar e depois clique no botão Excluir (com a barra de menus sendo exibida, é possível selecionar as opções de internet pelo menu Ferramentas). Reinicie o navegador.

No Edge, clique nas reticências (...) no canto superior direito da janela e, no menu que se abre em seguida, selecione Configurações e clique em Escolher o que limpar. Faça suas escolhas e pressione o botão Limpar. Reinicie o navegador.

No Opera, clique no botão Menu (no canto superior esquerdo da janela), selecione Mais ferramentas, clique em Limpar dados de navegação, proceda aos ajustes desejados e pressione o botão Limpar dados de navegação (note que você pode chegar a essa tela mais facilmente abrindo o navegador e pressionando a combinação de teclas Ctrl+Shift+Delete). Reinicie o navegador.

No UC-Browser, abra o navegador, clique no botão com as três linhas horizontais (no canto superior direito da janela) ou pressione as teclas Ctrl+Shift+Delete, marque as caixas de verificação desejadas e clique em Limpar dados de navegação. Reinicie o navegador.

Abraços a todos e até mais ler.

AS NOVELAS NA REPÚBLICA DA BANÂNIA

Como eu disse nesta postagem, ainda falta um capítulo da novela “Moreira Franco ministro da Secretaria-Geral da Presidência da Banânia”. No penúltimo, apresentado na semana passada, Celso de Mello devolveu a “Angorá” a prerrogativa de foro. Mas o PSOL recorreu, e a palavra final será do Plenário da Corte (aguardem, portanto, novas emoções).

Observação: Ao ratificar o status de ministro de Moreira Franco e lhe garantir a prerrogativa de foro, Celso de Mello refutou o entendimento de que isso significa impunidade: “o foro privilegiado não implica em obstrução e muito menos em paralisação dos atos de investigação criminal ou de persecução penal”, afirmou o decano da Corte. Pode até ser, mas para isso seria preciso que o Supremo processasse e julgasse os políticos que estão fora do alcance da Justiça Comum.

O Judiciário tem sido pródigo na criação de “jabuticabas”. No final do ano passado, a pretexto de contornar a crise entre os poderes, o STF manteve Renan Calheiros ― que é alvo de 13 investigações e réu em uma ação por peculato ― nas funções de senador e de presidente do Senado, mas o excluiu da linha sucessória da presidência da República. Na prática, porém, o efeito foi nulo, devido ao recesso do final de ano e à eleição de Eunício Oliveira. Só que a decisão pegou mal. O próprio ministro Marco Aurélio ― voto vencido ― afirmou que seus pares criaram a figura “meio-senador”. E, com efeito: à luz da Constituição, cabe ao vice assumir as funções do titular; na falta ou impedimento do vice, assumem os presidentes da Câmara Federal, do Senado e do STF, nessa ordem. Assim, conclui-se que a linha de sucessão é uma prerrogativa do cargo, não de quem o exerce. Manter o “Cangaceiro das Alagoas” na presidência do senado e afastá-lo da linha sucessória foi uma decisão esdrúxula ― por menos que isso o decano Celso de Mello foi chamado de “juiz de merda” pelo ex-ministro da Justiça Saulo Ramos (detalhes nesta postagem).

Mas estamos no Brasil, onde não se estranha que o presidente da República indique seu ministro da Justiça para uma vaga no STF, embora o próprio indicado defenda que sejam vetados os que exercem cargos de confiança durante o mandato do presidente da república em exercício, para evitar uma “demonstração de gratidão política”. Tampouco se estranha que o presidente da CCJ do Senado, que deverá avalizar a indicação de Alexandre de Moraes ao cargo, é o senador Edison Lobão ― que começou a vida como jornalista, tornou-se empresário depois de ganhar a confiança do Clã dos Sarney e hoje é um dos homens mais ricos do Maranhão, onde controla seu próprio sistema de comunicação. Como se não bastasse, uma parcela significativa dos senadores que deverão sabatinar o candidato a ministro do Supremo foi mencionada nominalmente pelos delatores da Lava-Jato. Tudo bem que ser acusado é uma coisa e ter sua culpa provada é outra, mas vale lembrar, mais uma vez, a máxima da “mulher de César”, a quem não basta ser honesta, tem também de parecer honesta. Num país minimamente sério, o lupino estaria preocupado em evitar a própria cassação, mas já dizia Charles De Gaulle que isto aqui não é um país sério.

Só mesmo nesta Banânia que uma presidente impichada mantém os direitos políticos ― por conta de uma estapafúrdia maracutaia urdida pelo PT e parasitas afins, com a cumplicidade dos então presidentes do Congresso e do STF, que limparam seus digníssimos rabos com a Constituição ao avalizar a votação em duas etapas e o fatiamento da pena. Agora, a mulher sapiens diz que “não descarta a possibilidade de concorrer a uma cadeira no Senado”. Como seu execrável mentor ― que já é penta-réu na Lava-Jato, mas ainda aspira a disputar novamente a presidência ―, a ex-grande-chefa-toura-sentada age como se não fosse investigada por obstrução de Justiça e não estivesse a um passo de se tornar ré. A cada dia que passa, mais sujeiras afloram do pântano pútrido dos malfeitos da anta vermelha. Até o julgamento do impeachment, ela era considerada incompetente, mas proba ― como se o episódio de Pasadena, o financiamento de suas campanhas com dinheiro de propina da Odebrecht, o estrepitoso estelionato eleitoral que a levou ao segundo mandato (devidamente abortado, felizmente) e outras atrocidades cabeludas jamais tivessem existido.

Talvez “Janete” confunda “senadora” com “sonhadora”, ou então ache que esse cargo existe na Papuda, no Complexo Médico Penal de Pinhais ou qualquer outra instituição penal que lhe seja designada para suas próximas férias (compulsórias) à custa do Erário. Claro que não pensam assim seus abilolados e extragalácticos apoiadores, sempre prontos a defender a petralhada a qualquer custo, mesmo que isso signifique não só distorcer os fatos, mas também mentir deslavadamente. Embora Dilma (e os demais ex-presidentes da República ainda vivos) nos custem uma pequena fortuna ― mais de R$ 1 milhão por ano, per capita, em salários, verbas para bancar assessores, carros oficiais e outras mordomias ―, alguns sites e blogs “de esquerda” ainda têm a desfaçatez de afirmar que a fiduma vive com os “parcos” 5 mil e poucos reais que o INSS lhe paga de aposentadoria. Depois, quando a gente perde a paciência e diz o que essa patuleia hipócrita precisa ouvir... Bem, deixa pra lá.

Ah, e não deixem de assistir. Novidades bombásticas!!!



Se não abrir, siga o link https://youtu.be/jjZh8wgPsMM

Se sobrar tempo e jeito, este também é imperdível. Um pouco longo, mas vale a pena assistir:

https://youtu.be/YvvHTM-UUiA

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

NAVEGADOR LENTO... (Parte 4)

NÃO FAZER NADA É A COISA MAIS DIFÍCIL QUE SE PODE FAZER.

Depois que passaram a suportar extensões ― como são chamados os programinhas internos que agregam funções adicionais ao browser ―, os navegadores se tornaram mais “versáteis”. Mas nem tudo são flores nesse jardim: da mesma forma que o consumo exagerado de memória e a sobrecarga do cache, essas extensões podem acarretar lentidão, instabilidade e, em situações extremas, travar o aplicativo (ou o próprio sistema operacional).  

Conforme já foi dito, a maioria dos navegadores tem o (péssimo) hábito de alocar grandes quantidades de memória RAM ― se você usa o Windows 10 e dispõe de menos de 3 GB de RAM, já deve ter notado que seu browser vai ficando mais e mais lento durante uma sessão prolongada de navegação, e que fechar as tabs (abas) ociosas ou encerrar e reabrir o programa nem sempre resolve o problema.

A RAM armazena as informações apenas temporariamente, de modo que seu espaço é bem mais “modesto” que o da memória de massa (representada pelo disco rígido ou, em máquinas mais sofisticadas, pelo SSD). Por conta disso, à medida que novos programas vão sendo executados (ou novas abas do navegador são abertas), a assim chamada "memória física" do computador tende a se esgotar. Para solucionar esse problema, o ideal é partir para um upgrade de RAM (alguns especialistas sugerem reconfigurar a memória virtual, mas eu não recomendo esse procedimento, muito menos no Windows 10).

Observação: Quando rodamos um programa qualquer, seus executáveis são copiados do disco rígido para a memória física do computador, juntamente com algumas DLLs e arquivos de dados com os quais iremos trabalhar. Considerando que a quantidade dessa memória é limitada e que o próprio sistema operacional já ocupa boa parte dela, a execução simultânea de aplicativos exige o uso da “memória virtual”, sem o que seria impossível executar um aplicativo sem antes encerrar os demais, sob pena de o sistema ficar extremamente lento ou até travar. A memória virtual cria no HDD um espaço que o sistema enxerga como uma espécie de extensão da memória física, mas seu uso acarreta lentidão, pois mesmo os discos eletromecânicos modernos são milhares de vezes mais lentos do que a já (relativamente lenta) memória RAM. Então, para ter um sistema ágil, rodar aplicativos com desenvoltura e navegar na Web sem engasgos ou tropeços, abasteça seu computador com a maior quantidade possível de RAM, respeitadas as limitações do Windows e da placa-mãe.

Sabemos que o Windows tende a "perder o viço" com o uso normal do computador ao longo do tempo. Isso já foi dito e redito em diversas postagens sobre manutenção preventiva, como você pode conferir digitando manutenção no campo de buscas do Blog e teclando Enter ― mas convém fazê-lo antes que o mal cresça, ou será preciso formatar a unidade ou partição onde o sistema se encontra instalado e reinstalá-lo “do zero” (o que pode não ser um bicho-de-sete-cabeças, mas dá trabalho, toma tempo e provoca invariavelmente a perda de arquivos pessoais, já que quase ninguém se preocupa em fazer backups e mantê-los up-to-date). Então, para prevenir acidentes, habitue-se a desinstalar inutilitários e aplicativos redundantes ou desnecessários, limpar o disco e desfragmentar os dados mensalmente (com as ferramentas nativas do sistema ou com o auxílio de suítes de manutenção como o CCleaner, o Advanced System Care ou o Glary Utilities, por exemplo). Acredite: vale a pena.

Se você tem memória de sobra e algumas dezenas de gigabytes de espaço livre no disco rígido, mas sua navegação anda meio claudicante mesmo assim, experimente limpar o cache do navegador.

Observação: Quando ouvimos falar em cache, logo nos vem à mente o cache do processador, mas esse recurso passou a ser usado também em HDs, servidores, placas de sistema e até em softwares ― como no caso dos navegadores, que guardam as páginas localmente para evitar consultas constantes à rede (solução especialmente útil quando a gente navega por páginas estáticas). Todavia, a partir de um certo momento, a memorização offline dos dados deixa de ajudar e começa a atrapalhar. Ou seja, o recurso que deveria aprimorar o desempenho do browser passa a degradá-lo. Então, habitue-se a limpar regularmente o cache do seu navegador

Se você usa o Chrome, clique no botão de configurações (os três pontinhos, lembra?), aponte o mouse para Mais Ferramentas, clique em Limpar dados de navegação... Na tela que se abre em seguida, clique na setinha ao lado de Eliminar os seguintes itens desde, escolha uma das opções disponíveis (sugiro desde o começo) e marque as caixas de verificação ao lado dos itens que você deseja eliminar (sugiro limitar-se às primeiras quatro opções) e, ao final, clique em Limpar dados de navegação, reinicie o navegador e confira o resultado (para não fazer besteira, siga este link e leia atentamente as informações da ajuda do Google antes de dar início à faxina).

Numa próxima oportunidade, veremos como executar esse procedimento em outros navegadores de internet. Abraços e até lá.

 LEVEI MALA DE DINHEIRO PARA LULA

Olha aí mais uma do penta-réu que afirma ser “a alma viva mais honesta do Brasil”, usa o esquife da mulher como palanque e, no discurso, afirma que vai concorrer à presidência para salvar o país: a matéria de capa da revista ISTOÉ desta semana (clique neste link para ler a íntegra da reportagem) revela que, em troca de uma mala cheia de dinheiro, esse “abnegado” teria azeitado uma negociata de R$ 100 milhões entre a Camargo Corrêa e a Petrobrás.

Na entrevista, Davincci Lourenço de Almeida diz que privou da intimidade da cúpula da Camargo Corrêa e que essa estreitíssima relação fez com fosse destacado por Fernando de Arruda Botelho ― marido de Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira da CC ―, no início de 2012, para entregar a propina ao ex-presidente Lula e distribuir outras malas cheias de dinheiro a funcionários da Petrobras.

Lula teria ido buscar a “encomenda” no hangar da Morro Vermelho Taxi Aéreo (também de propriedade da CC), em São Paulo, e posado para selfies com funcionários da empresa. Os retratos permaneceram nas paredes do hangar até setembro de 2015, sendo retirados quando a Lava-Jato começou a fechava o cerco em torno do grupo empresarial em questão. Ainda segundo o entrevistado, os pagamentos tiveram a chancela de Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira da Camargo Corrêa e esposa de Fernando ― que morreu há cinco anos num acidente aéreo, após uma calorosa discussão com o brigadeiro Edgar de Oliveira Júnior, assessor da Camargo, que teria tramado a sabotagem da aeronave (a discussão, regada a gritos, socos e bate-bocas ferozes, teria culminado na demissão do brigadeiro).

As negociatas também foram reveladas ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, que encaminhou os depoimentos à força-tarefa da Operação Lava-Jato. Uma sucessão de estranhos acontecimentos chamou a atenção do Ministério Público, dentre os quais o caminhão de bombeiros comprado por Botelho para atender a eventuais emergências no aeródromo de sua propriedade se encontrar trancado no hangar, no dia do acidente, e que o GPS com as informações de voo, resgatado por Davincci, foi ocultado das autoridades a pedido do brigadeiro. “Ele tomou o aparelho das minhas mãos dizendo que poderia ficar ruim para a família se entregássemos à investigação, e ainda me obrigou a mentir num primeiro depoimento à delegacia”, disse Davincci a reportagem.  

As investigações sobre o acidente haviam sido arquivadas pela promotora Fernanda Segato, em março de 2013, mas foram reabertas em setembro do ano passado, em face dos depoimentos de Davincci, e estão a cargo do delegado José Francisco Minelli, ora em fase de oitiva de testemunhas.
Eduardo Botelho, irmão do empresário supostamente assassinado, revelou à ISTOÉ que “o nível de nojeira da equipe que comandava os negócios do irmão era muito grande. Tudo o que aconteceu naquele dia do acidente aéreo foi estranhíssimo. Fernando estava sendo roubado. Como ele não tinha controle do que acontecia com o avião, pode ter sido sabotado, sim. Era fácil sabotar aquele avião, que era da Segunda Guerra. Podem ter mexido no dia da queda. Se ele não tivesse morrido naquele dia, iria fazer uma limpeza gigantesca nas fazendas da Camargo”. Novas ― e graves ― revelações devem surgir em breve, já que um acordo de colaboração da Camargo Corrêa com o MPF está em fase final de negociação.  

E viva o Brasil, onde só tem gente honesta e um penta-réu, mais honesto que todo mundo, almeja retornar à presidência da República. Só se for Presidente Bernardes (referência à penitenciária onde estão criminosos ilustres, como Marcola e Fernandinho Beira-Mar).

Havendo tempo e jeito, assista a esse clipe de vídeo e veja se não é exatamente isso que eu venho dizendo sempre.


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domingo, 19 de fevereiro de 2017

SOBRE A LAVA-JATO E OUTRAS QUESTÕES AFINS

A Operação Lava-Jato foi deflagrada em março de 2014 e ganhou esse nome porque, a princípio, investigava crimes de lavagem de dinheiro praticados por um grupo que usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores. Curiosamente, o posto que deu origem às investigações fica no Distrito Federal e não tem um lava-jato entre suas instalações.

Às vésperas de seu terceiro aniversário, a Lava-Jato contabiliza 1.500 processos, 71 acordos de colaboração premiada, 9 acordos de leniência, 57 acusações criminais contra 260 pessoas (sem repetição de nome) e 127 condenações que, somadas, correspondem a mais de 1.300 anos de prisão. Dentre outros figurões que se julgavam intocáveis, o juiz Sérgio Moro já condenou 87 indivíduos ― alguns mais de uma vez, por diferentes crimes, totalizando 127 sentenças. Todavia, entre os políticos com direito ao deplorável foro privilegiado, apenas 4 se tornaram réus (até agora).

Isso se explica ― ao menos em parte ― pelo fato de o STF demorar 617 dias, em média, para receber uma denúncia criminal, coisa que na primeira instância não leva mais que uma semana. O problema é que essa morosidade na tramitação dos processos em nossa mais alta Corte abre uma janela para a impunidade, como se vê no caso do senador e ex-presidente do Congresso Renan Calheiros, que é alvo de 13 inquéritos, mas só se tornou réu em um deles (até agora).

O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, cuida apenas de processos penais, ao passo que o Supremo tem como função precípua garantir a aplicação da Constituição Federal. Simultaneamente aos casos da Lava-Jato envolvendo políticos com foro, a Corte julga dezenas de outras ações, muitas delas urgentes. Em tese, todo processo que tramita no STF tende a ser mais demorado do que numa vara comum, não só pelo número de ações que toca a cada um dos onze ministros, mas também pela complexidade delas. Por conta disso, muitos juristas defendem mudanças no regime de foro privilegiado ― prerrogativa criada para evitar perseguições políticas contra autoridades e pressões de investigados poderosos sobre juízes de primeiro grau.

Existem várias propostas sendo debatidas no meio jurídico, mas uma mudança teria que ser aprovada no Congresso. Todavia, considerando que boa parte dos nossos congressistas (a quem o mandato de deputado ou senador garante a prerrogativa de foro) tem rabo preso com a Justiça, a conclusão é óbvia. Para o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores pedido de impeachment que levou à cassação de Dilma, as perspectivas de mudanças são quase inexistentes, pois dificilmente os rufiões da pátria e proxenetas do Parlamento aprovariam uma proposta que prejudicasse a si próprios e a seus pares. 

Para minimizar a impressão de que o governo compactua com a corrupção, o presidente Michel Temer prometeu afastar definitivamente ministros do seu governo que venham a ser processados no âmbito da Lava Jato ― mas a lentidão do STF contribui para isso demore a ocorrer, para a alegria dos suspeitos, delatados e investigados, pois os atos ilícitos por eles cometidos podem caducar antes mesmo de os processos serem instaurados.

Segundo uma matéria publicada recentemente pela revista Veja, a Lava-Jato mirou e acertou cabeças coroadas ao longo do ano passado. Em Curitiba, Rio de Janeiro ou Distrito Federal, seja pelo escândalo de corrupção na Petrobras ou investigações derivadas dele, foram parar no banco dos réus pesos-pesados como o ex-presidente Lula, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci e o marqueteiro João Santana. O juiz Moro e os demais magistrados de primeira instância à frente destas ações penais, a exemplo de Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, levam uma média de seis a nove meses entre o recebimento de denúncias do Ministério Público Federal e os julgamentos. Considerando a velocidade das canetas de quem vai julgá-los, estes nomes outrora poderosos devem figurar em sentenças judiciais em 2017. Vejamos alguns deles:

Lula é réu em cinco ações penais na Justiça Federal, e deve conhecer suas primeiras sentenças judiciais ainda neste ano (há quem aposte que a primeira desponte ainda neste semestre, o que seria providencial). O petralha foi feito réu pela primeira vez em julho de 2016, quando o juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal que o acusa de ter participado da tentativa de obstrução das investigações da Lava-Jato mediante a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Dois meses depois, Moro abriu a segunda ação penal contra o ex-presidente, desta feita por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do famoso triplex construído pela OAS no Guarujá e no armazenamento de seu acervo pessoal, também bancado pela empreiteira. O terceiro processo foi aberto no mês seguinte pelo juiz Vallisney Oliveira, também da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, no âmbito da Operação Janus. Neste, pesam contra Lula acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de influência em contratos do BNDES que teriam favorecido a empreiteira Odebrecht. Nos dias 16 e 19 de dezembro, respectivamente, os magistrados Oliveira e Moro aceitaram mais duas denúncias contra sua insolência no âmbito da Operação Zelotes ― por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa ―, e em mais um processo da Lava-Jato ― por recebimento de propinas da Odebrecht. E o cara ainda ronca prosa, diz ser a “alma viva mais honesta do Brasil” e, como um egun mal despachado, assombra o país ameaçando voltar à presidência nas próximas eleições (e o pior é que conta com o apoio da patuleia ignara de sempre, iludida pelas benesses auferidas durante a gestão do nove-dedos à custa da roubalheira insana que resultou na crise econômica, política e moral que aí está).

Outra criatura diabólica que se achava intocável, o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha ― preso em Curitiba desde outubro do ano passado ― é acusado em três ações penais e também deve ser julgado nos próximos meses pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas ― por supostamente ter recebido propina na compra de um campo de petróleo na África, pela Petrobras ―, por suposto recebimento de 5 milhões de dólares em propina oriundos de contratos de afretamento de navios-sonda da Samsung Heavy Industries (também pela Petrobras), e por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, prevaricação e violação de sigilo funcional em aportes de fundos de investimento administrados pela CEF. Dizendo-se portador de um aneurisma ― como o que acarretou a morte da ex-primeira-dama vermelha Marisa Leticia, ora canonizada pela ignara militância petista ―, mas recusando-se a fazer o exame médico comprobatório, Cunha tentou se livrar do xadrez, mas seu pedido de habeas corpus foi negado pelo juiz Moro. Em seu despacho, o magistrado disse que o “poder político de Cunha põe em risco não só a instrução processual, mas também a própria conclusão regular do processo, já que os expedientes do acusado, como se verificou no trâmite do Conselho de Ética, também eram destinados a turbar o desenvolvimento regular do processo pelos agentes públicos encarregados”.

Quer mais? Então vamos lá: o ex-ministro petralha Antonio Palocci, preso em setembro passado durante a “Operação Omertà”, tornou-se réu na Lava-Jato no início de novembro e deve conhecer a sentença de Moro dentro de mais alguns meses. A ele são atribuídos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido e intermediado ao PT pagamentos de propina que chegam a 128 milhões de reais.

O publicitário João Santana ― marqueteiro nas campanhas de Lula e Dilma ―, preso em fevereiro de 2016 no âmbito da 23ª fase da Lava-Jato (Acarajé) por lavagem de dinheiro, havia deixado a cadeia em agosto e negociava um acordo de delação premiada. No início deste mês, ele e sua mulher, Monica Moura, foram condenados pelo juiz Sergio Moro a 8 anos e 4 meses de prisão. Dentre outros corréus na ação estava o operador petralha João Vaccari ― o próximo da nossa lista ―, que foi sentenciado a 10 anos por corrupção passiva.

Ex-tesoureiro do PT, Vaccari ― também conhecido como “MOCH” devido à inseparável mochila onde transportava o dinheiro das propinas, já se encontrava preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, em Curitiba. Em setembro de 2015, ele havia sido condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; em maio do ano passado, foi agraciado com mais 9 anos por desvio de dinheiro da diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras, e quatro meses depois, a mais 6 anos e 8 meses por corrupção passiva.

Outro ilustre hóspede da Justiça Penal, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso na Operação Calicute (outro desdobramento da Lava-Jato), também deve encerrar 2017 com pelo menos uma condenação em primeira instância. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava-Jato no Rio, aceitou no início de dezembro a denúncia do MPF pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Cabral é acusado pelos procuradores de ter liderado um esquema de corrupção que desviou 224 milhões de reais de contratos públicos do Estado com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.

Fecho a lista com o “cumpanhêro” José Dirceu, que foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão no mensalão e a mais 20 anos e 10 meses no petrolão. Ex-ministro da Casa Civil de Lula, o guerrilheiro de araque está preso em Curitiba desde agosto de 2015, e deve ser brindado com outra sentença ainda este ano, desta vez por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no suposto recebimento de propina em contratos do setor de compras da Petrobras.

Por hoje chega, gente. O resto fica para outra vez. 

MAIS IMPORTANTE QUE A NOTÍCIA É O QUE ESTÁ POR TRÁS DOS FATOS QUE ELA DIVULGA. CONFIRA NO VÍDEO.


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BOM DOMINGO A TODOS.