terça-feira, 21 de novembro de 2017

AINDA SOBRE DRIVES SÓLIDOS ― SATA X PATA

AUJOURD’HUI ROI, DEMAIN RIEN.

Instalar um SSD SATA III numa placa-mãe que não suporta essa versão do barramento pode não justificar o investimento e o trabalho, conforme eu disse na postagem anterior. Para entender isso melhor, vejamos conceitos de informatiquês traduzidos para o português. Acompanhe.

Se compararmos o processador ao “cérebro” do PC, a placa-mãe (ou motherboard, ou ainda placa-de-sistema) será seu “coração”. É ele que integra o BIOS e o chipset, que provê funcionalidade ao computador e determina, dentre outras coisas, quais processadores podem ser utilizados, o tipo e a quantidade máxima de memória suportada, as frequências dos barramentos, a quantidade de slots de expansão, portas seriais, paralelas e USB (que definem quais e quantos dispositivos podem ser agregados ao sistema), além de oferecer soquetes para o processador e para os módulos de memória, controladoras para interfaces SATA e/ou IDE/ATA (drives de HD e ópticos), conectores para teclado e mouse, sem mencionar os indefectíveis reguladores de tensão, circuitos de apoio, bateria e outros que tais.

Para entender melhor os barramentos, podemos compará-los a linhas de metrô ― que, no computador, interligam o processador, as memórias e os demais dispositivos e pelas quais trafegam uma quantidade absurda de dados.

Observação: Não confunda barramentos com slots: ainda usando a analogia do metrô, um barramento seria um linha (física) e um slot, uma estação de desembarque ― na forma de soquetes e conectores onde são encaixadas as placas de expansão (vídeo, modem, som, rede, etc.) e conectados os cabos lógicos através dos quais os periféricos se comunicam com a placa.

Os primeiros PCs utilizavam um único barramento geral, já que a convivência entre componentes rápidos (como a CPU e a memória) e lentos (como os periféricos) não causava grandes prejuízos à performance do sistema. Mais adiante, conforme os dispositivos foram se tornando mais rápidos, surgiram novos barramentos (frontal, local, backside, de I/O, etc.). Note que cada slot está associado a um barramento, mas a placa-mãe pode manter barramentos sem associá-los a slots, como era o caso do ISA, no tempo em que o controlador de drive de disquetes, o alto-falante, as portas seriais, paralelas e OS/2 ainda dependiam dele.

O padrão SATA (de Serial AT Attachment) foi desenvolvido no final dos anos 1990 a partir de uma iniciativa da Intel, pois tecnologias futuras de armazenamento de dados exigiriam taxas de transferência não suportadas pelo PATA (de Parallel ATA, também conhecido como ATA ou IDE ATA). As principais diferenças entre essas tecnologias estão na maneira como os dados são transferidos e nos cabos de dados e de energia. No SATA, os bits trafegam em série, um de cada vez, ao passo que no PATA eles seguem em paralelo, com blocos de 16 bits cada. 

Em tese, mais bits sendo transferidos simultaneamente proporcionam maior velocidade, mas a perda de dados decorrente de interferências ― fenômeno conhecido como ruído ― e de outros fatores cuja discussão foge aos propósitos desta abordagem limitou a taxa de transferência do PATA 133 a 1 Gbps. Já no SATA ruído é praticamente inexistente, mesmo em frequências (clock) elevadas, de modo que sua taxa de transferência chega 6 Gbps. Além disso, os cabos que conectam os drives às interfaces SATA da placa-mãe têm dimensões reduzidas (são apenas 4 vias em vez das 40 ou 80 vias dos cabos flat usados no PATA, como você pode ver na imagem que ilustra esta postagem). E por ocuparem menos espaço, os cabos do SATA não atrapalham a circulação de ar no interior do gabinete, minimizando problemas de superaquecimento. Isso sem mencionar que é  praticamente impossível conectar um cabo SATA de maneira invertida, ao contrario dos cabos flat do PATA, que entravam na posição errada sem grande esforço do integrador ― e o mesmo se aplica aos conectores de alimentação elétrica.

É mais vantajoso usar o SATA também com HDDs convencionais (eletromecânicos), tanto pelas taxas de transferência mais elevadas quanto por esse padrão dispensar a configuração MASTER/SLAVE (cada dispositivo utiliza um único canal de transmissão) e oferecer suporte ao hot-swap ― que permite a troca do drive “a quente”, ou seja, com o computador ligado, o que é muito útil em servidores, embora essas máquinas costumam usar o SAS (Serial Attached SCSI), mas isso também foge aos propósitos desta abordagem. 

Por hoje chega, pessoal. Amanhã a gente retoma daqui.

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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A SOCIEDADE BRASILEIRA E O ELEFANTE DE DRUMMOND


A maioria de nós está apreensiva com a falta de alternativas para a sucessão presidencial, e não sem razão. Todavia, mais importante que a descobrir "um nome" é a sociedade civil criar meios para controlar o governo, pois não elegemos anjos, mas pessoas de carne e osso.

De certo modo, já exercemos algum controle, mas somente em relação a grandes temas, já que tratamos como normais e cotidianas as inúmeras aberrações que colocam a nação de cabeça para baixo, como o recente pedido oficial de Geddel Vieira Lima para saber o nome e o telefone de quem o denunciou.

Felizmente, a procuradora-geral Raquel Dodge negou esse absurdo ― que, se acolhido, daria início a uma prática inusitada: caso a polícia revelasse o nome e o endereço do delator, estaria quebrando o anonimato de informantes e permitindo que eles fossem assassinados (ou alguém acha que Geddel queria apenas tomar uma cervejinha com o dito-cujo?). Mas só o fato de tamanha aberração ter existido e circulado como uma notícia normal dá uma boa ideia de como anda o Brasil.

Enfim, a vida continua... Engolindo um sapo aqui, outro acolá, acostumamos o estômago para os grandes batráquios de fim de mandato. Um deles, que está sendo urdido nos bastidores do Congresso e no próprio STF é a derrubada da prisão em segunda instância ― que tanto os parlamentares quanto alguns ministros do Supremo veem como saída para neutralizar não só a Lava-jato, mas todas as operações que envolvam políticos corruptos. Enunciado como uma tese jurídica, o fim da prisão em segunda instância faz sentido pois todos são inocentes até que a sentença seja confirmada pelo STF. Na prática, todavia, reverter o entendimento será um retrocesso que resultará fatalmente em impunidade geral. Todos terão direito a uma trajetória semelhante à de Paulo Maluf, que de recurso em recurso vai tocando a vida, exercendo mandatos e até defendendo outros acusados de corrupção, como o próprio Michel Temer.

Enquanto essas coisas acontecem, o debate entre os que querem a mudança tende a focar no perfil do líder que nos vai salvar. Em que rua, em que esquina o encontraremos? Acho improvável que um grande líder aflore desse mar de lama ― e mesmo que surja, ele não será um anjo enviado do Céu. A despeito do que afirma a autodeclarada alma viva mais honesta do Brasil, não elegeremos anjos em 2018 ― e nem em qualquer outro pleito. Até lá, precismos fortalecer as organizações que trabalham com a transparência, fortalecendo, consequentemente, a sociedade civil como um todo.

Nem todos pensam da mesma maneira, naturalmente, mas a situação que o país atravessa é dramática e requer empenho para que pontos de convergência sejam encontrados. A fronteira do pessimismo não nos deve desesperar. Há algumas instituições funcionando, há grupos trabalhando na busca da transparência, há a possibilidade real de que todos os que querem mudanças encontrem um denominador comum.

Como o poeta que fabrica um elefante com seus parcos recursos, a sociedade terá de construir seu sistema de defesa. Alguns móveis velhos, algodão, cola, a busca de amigos num mundo enfastiado que duvida de tudo ― o Elefante de Drummond é inspirador.

Texto inspirado num artigo publicado por FERNANDO GABEIRA no Estadão

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PROBLEMAS COM O WINDOWS 10 CREATORS FALL UPDATE?

MEGLIO UN UOVO OGGI DI UNA GALLINA DOMANI 

Depois de “promover“ seu festejado sistema operacional a serviço, em 2015, e oferecer gratuitamente o Windows 10 para usuários das edições 7 e 8.x, a Microsoft já disponibilizou 3 atualizações abrangentes. A primeira, lançada em julho de 2016, foi o Anniversary Update (versão 1607); na sequência, vieram o Creators Update (1703), há cerca de seis meses, e o Creators Fall Update (1709), que foi incluído no Patch Tuesday deste mês.

Observação: No Windows 10, as versões são identificadas pelo ano e o mês de lançamento (1507 = ano de 2015 e mês 07). Para descobrir qual versão está instalada no seu computador, clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Sobre.

Como nos updates anteriores ― e na própria evolução para o Windows 10 ―, a empresa adotou uma política de prioridades, mas não demorou para que todos os usuários recebessem os arquivos de instalação via Windows Update.

No que concerne ao FALL UPDATE (ou update de outono, já que, a despeito de ser primavera no hemisfério sul, a Microsoft padronizou o nome adotado nos EUA), eu publiquei no mês passado uma dica para quem quisesse furar a fila de espera (confira nesta postagem), embora recomendasse a todos que aguardassem a vez, até porque milhões de usuários do Windows 10 ― inclusive este que vos escreve ― tiveram problemas com o update de aniversário (detalhes nesta postagem).

E se a atualização versão 1703 entrou lisa feito quiabo (pelo menos nas minhas máquinas), o Fall Update resolveu me dar trabalho: além da demora para descarregar os arquivos, quando eu reiniciava o computador o sistema ressurgia do mesmo jeito que havia encerrado. Clicando em Configurações > Atualizações e Segurança > Windows Update > Exibir histórico de atualizações instaladas, eu obtinha a informação de que uma atualização aguardava a reinicialização do computador, mas eu reiniciava e tudo voltava como antes no Quartel de Abrantes.

Dias depois, surgiu na tela a notificação de que era preciso reiniciar o computador para concluir uma atualização. “Agora vai”, pensei eu. No entanto, mesmo desativando todos os módulos da minha suíte de segurança e acionando a opção atualizar e desligar no menu Iniciar, o boot seguinte carregava a versão 1703. Assim, resolvi forçar a instalação a partir do site https://www.microsoft.com/pt-br/software-download/windows10, e aí a coisa finalmente funcionou.

Tanto o download quanto a atualização propriamente dita demoraram um bocado ― no total, acho que o processo levou umas 3 horas para ser concluído. Mas depois que eu rodei minhas suítes de manutenção para limpar arquivos, corrigir erros no disco, desfragmentar os dados e limpar e compactar o Registro, os poucos probleminhas pontuais que observei desapareceram. O último deles foi uma demora anormal no desligamento, que o Windows atribuía a um aplicativo que se recusava a fechar ― só que não dizia qual era. Mas isso também deixou de acontecer depois de mais algumas reinicializações.

Então, se você estiver com dificuldade para instalar o Creators Fall Update nos moldes convencionais, faça como eu fiz. Basta seguir o link que eu citei linhas atrás, clicar em Atualizar Agora e seguir as instruções do assistente.

Voltarei a assunto dentro de alguns dias, depois de estudar melhor os aprimoramentos implementados pela Microsoft nessa nova versão ― que, para minha surpresa, manteve o MS Paint intocado, o que foi providencial. Mesmo que o Paint.Net seja gratuito e bem mais pródigo em recursos do que o espartano editor de imagens nativo do Windows, utilizá-lo com desenvoltura requer um tempo de adaptação. E o mesmo vale para o Paint 3D, que veio na atualização anterior.

Era isso, pessoal. Espero ter ajudado. Boa sorte a todos.

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domingo, 19 de novembro de 2017

QUANTO CUSTA SUSTENTAR A CATERVA PARLAMENTAR


Nossos congressistas dão expediente 3 dias por semana e gozam 55 dias de férias por ano. Por essa “exaustiva jornada de trabalho”, eles recebem R$ 33,7 mil por mês ― ou seja, mais que os R$ 30,9 mil pagos ao presidente da Banânia e seus ministros de Estado.

Cada deputado federal custa mensalmente aos contribuintes a “bagatela” R$ 168,6 mil ― e são 513 excelências a mamar, nas tetas do Erário, o leite provido pelos escorchantes impostos que pagamos.

Os Senadores recebem o mesmo valor, mas são em menor número ― 81. Todavia, a folha de pagamento da casa contempla, atualmente, 91 membros, já que 10 titulares estão afastados ou licenciados (mas recebendo religiosamente seus proventos), e seus respectivos suplentes também precisam mamar. 

Segundo The Economist, o salário dos nossos valiosos parlamentares seja o quinto na lista de 29 países pesquisados, a despeito de o salário mínimo tupiniquim ficar em 83º lugar. Não é à toa que PIB do Distrito Federal, de R$ 73.971,05 corresponde a 2,5 vezes o PIB per capita nacional, muito embora Brasília não produza riqueza alguma (os outros estados da Federação com os maiores PIB per capita são, pela ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

Mas não é só: a despeito da jornada reduzida e dos dois recessos anuais ― ao longo da segunda quinzena de julho e das vésperas do Natal até o começo de fevereiro, o que perfaz 55 dias de dolce far niente ―, nossos políticos “trabalham mais” que seus pares do Reino Unido e EUA, por exemplo, que gozam 145 dias e 80 dias de férias por ano, respectivamente. Aliás, a semana de trabalho do legislativo norte-americano é igual à de Brasília: somente há sessões deliberativas às terças, quartas e quintas-feiras.

Matéria publicada no site da revista ISTOÉ em 2013 dá conta de que um político eleito pelo voto popular percebia, nos anos 1980, remuneração equivalente a de um engenheiro. Além disso, dispunha de três ou quatro assessores e de uma pequena ajuda de custo para pagar as contas do gabinete. Pegar carona em aeronaves da FAB, somente em missões oficiais. Assim, cada integrante do Congresso Nacional custava aos cofres públicos o equivalente a 33 salários mínimos (cerca de US$ 2 mil) ― contra 203 salários mínimos ou US$ 62 mil que passaram a custar na época do levantamento.

Atualmente, de acordo com um levantamento feito pela ONG Contas Abertas, o Legislativo nos custa R$ 1,16 milhão por hora ao longo dos 365 dias do ano ― aí incluídos os fins de semana, recessos parlamentares e as segundas e sextas-feiras, quando deputados e senadores batem asas de Brasília com destino a suas bases eleitorais. Além do polpudo salário, suas insolências recebem toda sorte de benefícios indiretos, como verba de gabinete, auxílio moradia, cota de passagens para seus destinos eleitorais e reembolso ilimitado de despesas com saúde. Para piorar, salvo em raríssimas exceções, essa caterva prioriza interesses próprios em detrimento dos interesses da nação, e os partidos a que pertencem, em sua esmagadora maioria, servem apenas para lucrar com coligações espúrias e vender de tempo de televisão em campanhas eleitorais.

Resumo da ópera: O Legislativo custa R$ 1,16 milhão por hora aos cidadãos brasileiros, em todos os 365 dias do ano. Esse valor inclui fins de semana, recessos parlamentares e as segundas e sextas-feiras, quando os parlamentares retornam a suas bases eleitorais ― nesses dias, o Senado e a Câmara continuam funcionando, porque podem ocorrer sessões de debates, solenidades e reuniões de suas comissões ― pausa para as gargalhadas.

Como se vê, a democracia não tem preço, mas o nosso Congresso tem! Resta saber se vale o que custa, ou seja, se compensa, para o povo, pagar tão caro por senadores que, a despeito das evidências que só lhes faltaram pular no colo, anularam prontamente as medidas impostas pelo STF a um certo tucano traidor da pátria ― que agora vai lutar pela aprovação de uma PEC que cria o cargo de “neto vitalício de Tancredo” com direito a foro privilegiado. 

Ou que, também ao arrepio de todas as evidências, não autorizou o Supremo a investigar o primeiro presidente da nossa história a ser denunciado, no exercício do cargo, por crimes de corrupção, formação de quadrilha e obstrução da Justiça

Ou que, em mais um arroubo indecente de fisiologismo escrachado, mandou soltar os três deputados estaduais presos na Operação Cadeia Velha, levando os cariocas a quase pôr abaixo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (o bando estadual não foi contemplado nesta sequência, mas sê-lo-á numa próxima oportunidade). Vale lembrar que a decisão da ALERJ pode ser revertida pelo STF, mas vale lembrar também que o "supremo elenco" inclui ministros como Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello...

Como se vê, quando se trata de política e de políticos, nem tudo é dissabor. Há também desgosto e decepção.

sábado, 18 de novembro de 2017

MAIS SOBRE NOSSA FAUNA PARLAMENTAR...



Vivemos numa democracia representativa, onde todo poder emana do povo e em seu nome é exercido ― pausa para as gargalhadas...

... e onde a população interfere no funcionamento do governo por meio de eleições, ainda que, dada a qualidade do nosso eleitorado, melhores resultados são obtidos através das redes sociais e manifestações populares, como as que nos trouxeram eleições diretas e, mais adiante, o previsível e previsivelmente traumático impeachment da nefelibata da mandioca.

Os 3 poderes da República ―Executivo, Legislativo e Judiciário ― são instituições independentes, cada qual com suas funções específicas. A imprensa é tida como o quarto poder, mas isso é outra conversa. No Legislativo, que é o foco desta abordagem, a fauna parlamentar tupiniquim é composta por 513 deputados federais e 81 senadores ― boa parte dos quais é atualmente investigada na Lava-Jato, mas isso também é outra conversa.

Aos nobres integrantes da Câmara Federal cabe elaborar e revisar as leis, de acordo com as demandas populares e os ditames da Constituição ― podem rir de novo ―, bem como cobrar as contas do Executivo, autorizar a abertura de processo contra o presidente da República (impeachment) por crime de responsabilidade, e por aí vai. Aos conspícuos senadores compete aprovar a escolha de magistrados, ministros do TCU, presidentes e diretores do Banco Central, embaixadores e o Procurador Geral da República, bem como autorizar operações financeiras de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, fixar limites da dívida pública e avaliar periodicamente o funcionamento do Sistema Tributário Nacional. Adicionalmente, suas insolências podem elaborar projetos de lei ― que são debatidos e votados por seus pares e pelos membros da Câmara ―, bem como analisar, avaliar e aprovar ou rejeitar projetos de lei propostos pelos deputados federais ou pelo chefe do Executivo.

O Congresso Nacional (que é formado pela Câmara, Senado e TCU) tem como principais atribuições votar medidas provisórias, vetos presidenciais, leis de diretrizes orçamentárias e o orçamento geral da União, além de dar posse ao presidente da República e seu vice, autorizá-los a se ausentar do país por período superior a 15 dias, autorizar o presidente da República a declarar guerra, celebrar a paz, permitir que forças estrangeiras entrem ou saiam do país, aprovar o estado de defesa, a intervenção federal, o estado de sítio ― e suspender essas medidas ―, deliberar sobre tratados, fixar a remuneração dos parlamentares (a raposa tomando conta do galinheiro, como veremos mais adiante), apreciar os atos de concessão de rádio e televisão, autorizar referendos, convocar plebiscitos, aprovar iniciativas do Executivo no que tange a atividades de energia nuclear, e por aí afora.

Observação: As atribuições do Congresso estão especificadas nos artigos 48 e 49 da Constituição Federal, sendo que aquelas elencadas no primeiro exigem a participação do Executivo ― mediante sanção presidencial ―, enquanto que as do segundo tratam de competências exclusivas do Congresso, estabelecidas por meio de Decreto Legislativo. O presidente do Senado acumula a função de presidente do Congresso, o mandato é de 2 anos e, a despeito de os membros da mesa diretora do Senado não poderem ser reconduzidos aos mesmos cargos na eleição imediatamente subsequente ao mandato, prevalece o entendimento de que essa proibição não se aplica quando se tratar de uma nova legislatura, de modo que sua reeleição é, sim, possível.

Veremos no próximo capítulo quanto custa manter essa caterva ativa e operante. Até lá.

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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

FESTIVAL DE PINOCCHIOS



No último dia 27, o MPF pediu o bloqueio de R$ 21,4 milhões em bens e valores de Lula e outros R$ 2,5 milhões de seu filho Luis Claudio, conforme revelou o site da revista ÉPOCA na última quinta-feira.

O pedido foi feito nos autos do processo oriundo da Operação Zelotes, em que o ex-presidente é acusado dos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Aproveitando o embalo, MPF solicitou ainda o bloqueio de R$ 22,1 milhões dos empresários Mauro Marcondes e Cristina, donos da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Ltda.

De acordo com a defesa do ex-presidente, “não há qualquer base jurídica e materialidade” no pedido. Para Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente petralha, a ação penal integra o rol de ações propostas contra Lula e seus familiares sem qualquer materialidade, com o objetivo de perseguição política. Então tá.

Mas não é só do lado de baixo do Equador que as mentiras campeiam soltas. Segundo levantamento feito pelo jornal americano The Washington Post, desde que assumiu a presidência dos EUA, Donald Trump fez 1.628 afirmações do tipo ― uma média de 5,5 mentiras ou meias-verdades por dia. Nesse ritmo, ele deve chegar a 1.999 declarações falsas até o fim do ano.

Ainda segundo o Post, a situação foi ainda pior no último mês: Trump faltou com a verdade ou usou informações distorcidas 9 vezes por dia, em média. Se seguir essa tendência, passará facilmente das 2 mil mentiras até 31 de dezembro.

O levantamento aponta também que Trump tende a se repetir. Até o momento, ele já contou 50 fatos sem precisão 3 ou mais vezes. No topo da lista, repetida em 60 ocasiões, está alguma variação da alegação de que a reforma da saúde adotada em 2010 ― conhecida como Obamacare ― está “essencialmente morta”.

Volto amanhã com a sequência sobre o Congresso Nacional. Até lá.

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AINDA SOBRE OS DRIVES SÓLIDOS (SSD)

MEGLIO TARDI CHE MAI. 

Quase ninguém mais monta PCs por conta própria hoje em dia ― não só porque sai mais barato comprar um modelo de grife, mas também pelo fato de os notebooks serem mais versáteis, substituírem com vantagens o computador de mesa e ainda poderem ser levados de casa para o escritório, para a casa de praia ou de campo, em viagens de trabalho, enfim... 

Ainda assim, algum gato-pingado pode achar que vale a pena investir uma grana na troca do drive de HD do seu desktop velho de guerra por um modelo de estado sólido. Eu, particularmente, acho melhor comprar um PC com essa tecnologia já embarcada, mas se você acha que sua máquina vale o investimento, não deixe de conferir qual a versão do barramento SATA suportado pela placa-mãe, porque instalar um SSD que opera em SATA III num PC cuja placa não vai além do SATA II pode não ser vantajoso do ponto de vista da performance nem justificar o desembolso (voltaremos a esse assunto oportunamente).

Algumas placas trazem essa informação impressa no próprio chassis, mas é mais fácil consultar o manual do aparelho (no caso de um PC de grife) ou da própria motherboard (no caso de uma integração caseira). Caso você não disponha dessa documentação ― ou ela não inclua essa informação ―, faça uma busca no Google a partir da marca e modelo da placa, 

Falando no vil metal, drives sólidos de grandes capacidades custam caro, mas modelos híbridos (SSHD) já são encontrados a preços mais palatáveis. A rigor, esses dispositivos são drives eletromecânicos que dispõem também de chips de memória flash, e assim proporcionam um ganho de performance considerável. Mas tenha em mente que os drives híbridos não são a melhor opção para quem trabalha com softwares pesados ou é fã de games radicais ― situação na qual um SDD “puro” é a melhor solução.

Note também que, se adicionar um drive sólido no seu computador e mantiver o HDD, você não deve ceder ao comodismo e deixar o Windows na unidade eletromecânica. Em outras palavras, ou se reinstala o sistema e todos os drivers no SSD, ou não se usufrui integralmente do potencial que essa unidade tem a oferecer.

Continuamos na próxima postagem.

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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PARA QUE SERVE O CONGRESSO NACIONAL?


Nossa fauna parlamentar trabalha de terça a quinta-feira em Brasília, deixando a capital da República às moscas no restante da semana. Nesta semana em particular, devido ao feriado do dia 15, a gazeta dessa classe particularmente laboriosa foi plena, geral e irrestrita, embora a pauta de debates e votações devesse ser retomada após o sepultamento da segunda denúncia contra Michel Temer, no mês passado. Mas qual o quê!

Brasília da Fantasia é um ponto fora da curva, um exoplaneta totalmente divorciado da realidade tupiniquim. Tem até ministra que reclama de “trabalho escravo” porque recebe R$ 30.471,10 mensais de aposentadoria e somente R$ 3.292 do salário de ministro, já que re a lei determina que nenhum funcionário público perceba salário superior ao dos ministros do STF. “Como vou comer, beber e calçar? Só no meu IPTU em Brasília pago mais de R$ 1 mil. E tenho meu apartamento em Salvador, que pago uma pessoa para cuidar. Sou aposentada, poderia me vestir de qualquer jeito e sair de chinelo na rua, mas, como ministra de Estado, não me permito andar dessa forma. Tenho o direito de peticionar, a autoridade vai decidir e eu vou acolher. É algum pecado fazer analogia à escravidão? Não acho que errei”, disse Luislinda Valois ― esse é o nome da criatura, e R$ 61 mil é o total que ela receberia por mês se não tivesse voltado atrás ― e se a Justiça acolhesse seu despretensioso petitório de 207 páginas, naturalmente.

Não sei por que precisávamos de uma secretaria de Direitos Humanos, nem muito menos a razão pela qual o Chefe Supremo do Quadrilhão do PMDB ― nosso primeiro presidente denunciado por crime comum no exercício do cargo e que se valeu de todos os estratagemas concebíveis para impedir que a Câmara autorizasse o Supremo a investigá-lo ― lha concedeu status de ministério no início do ano. Enfim, cada povo tem o governo que merece, e o brasileiro, que parece especialmente vocacionado a perpetuar os erros do passado, vem amargado passivamente o terceiro tempo do funesto governo lulopetista, que se teria encerrado em 2016 se a deposição da anta vermelha tivesse levado seu vice de embrulho, e não o promovido a titular. Mas não foi o que aconteceu, e agora não adianta chorar.

Mudando de pato para ganso, pouca gente sabe para que serve o Congresso Nacional, mesmo que o impeachment da ex-presidanta incompetenta nos tenha familiarizado com algumas sutilezas do Poder Legislativo ― e até mesmo do Judiciário. Então, sem mais preâmbulos, vamos ao assunto.

Nosso país é uma República Federativa supostamente democrática e regida por um sistema de governo presidencialista. Trata-se de um Estado Democrático de Direito baseado no “modelo dos Três Poderes”, surgido na França do século XVIII, por obra e graça de Montesquieu, para pôr fim ao Estado Absolutista Moderno ― no qual o monarca, agraciado com a “proteção e o ordenamento divino”, gozava de poder ilimitado.

Os três poderes da República, como se sabe, são o Executivo ― a quem compete gerenciar o Estado e pôr em prática as leis aprovadas ―, o Legislativo ― que se encarrega da elaboração das leis ― e o Judiciário ― que tem por incumbência apreciar os litígios entre cidadãos e entre cidadãos e Estado e julgá-los segundo um ordenamento jurídico. Para os efeitos desta postagem, vamos nos ater ao Poder Legislativo, que é integrado pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas de União (órgão de apoio que presta auxílio ao Congresso nas atividades de controle e fiscalização externa).

Nosso Parlamento é bicameral, ou seja, formado por duas casas que possuem graus de representação política e prerrogativas próprias em equilíbrio inquestionável ― em outras palavras, nenhuma delas tem mais poder do que a outra. Em tese, o bicameralismo evita que o sistema político se torne refém de um mesmo grupo e dos mesmos interesses, já que as propostas apresentadas por uma das casas são sempre revisadas pela outra, bem como previne a tirania da maioria, porquanto as minorias podem ser representadas ao mesmo tempo em que os interesses da maioria são contemplados.

Os 513 deputados que compõem a Câmara Federal podem representar demandas mais específicas da população, já que o número de pessoas que cada um representa é menor do que no Senado, onde 81 parlamentares cuidam de assuntos, digamos, mais gerais. Vejamos isso em detalhes.

A Câmara Federal ― também chamada de Câmara Baixa, o que não quer dizer que tenha menos poder que o Senado ― é descrita na Constituição como sendo a representante do povo, já que os deputados, em número que varia de 8 a 70 por Estado (aí incluído o Distrito Federal), são eleitos de forma proporcional à população do Estado que representam. Seu mandato é de 4 anos, de modo a possibilitaria a renovação do quadro a cada eleição se suas insolências não pudessem reeleger e permanecer no cargo por diversas legislaturas, sucessivas ou intercaladas.

O Senado é constituído por 3 representantes de cada Estado (e do DF), mas eleitos segundo o princípio majoritário. Isso significa que as 81 cadeiras são ocupadas pelos candidatos que obtêm mais votos ― diferentemente do que acontece na Câmara, onde a proporção de votos obtidos por partido ou coligação e o tamanho da população de cada Estado são levados em conta. Os senadores têm mandato de 8 anos, mas a renovação parcial do elenco se dá a cada 4 anos ― 1/3 dos membros é substituído numa eleição e 2/3 na subsequente, embora também nesse caso exista a (indesejável) possibilidade de reeleição. Para se candidatar a senador, a idade mínima é de 35 anos ― contra 21 para os deputados ―, daí porque o Senado é composto de políticos supostamente mais experientes e chamado de Câmara Alta.

Por hoje é só, pessoal. O resto fica para a próxima postagem.

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A AMEAÇA RANSOMWARE

A CHI DAI IL DITO SI PRENDE ANCHE IL BRACCIO 

Conforme eu já mencionei em outras oportunidades, o ransomware parece se ter tornado a praga da década. Felizmente, as velhas e batidas dicas de segurança ― como não abrir anexos de email nem clicar em links suspeitos sem antes verificar a procedência da mensagem, atualizar regularmente o Windows e os demais aplicativos, instalar e manter up-to-date um arsenal de segurança responsável etc. ― continuam valendo e produzindo bons resultados, embora ainda não exista uma ferramenta totalmente idiot-proof , ou seja, capaz de proteger o usuário dele próprio.

Feita essa ressalva, passemos a algumas dicas práticas e funcionais contra o ransomware, que eu extraí de um “guia” publicado pelo site Fat Security se o seu inglês não estiver enferrujado, vale a pena ler a matéria completa.

Faça backups de seus arquivos importantes (isso, mesmo, no plural, pois quem tem dois tem um, e quem tem um não tem nenhum), atualize-os regularmente e salve as cópias em outra partição do HD, drives de HD externos, pendrives, ou mesmo em CD/DVD, caso seu computador disponha de um gravador de mídia óptica.

Mantenha o sistema operacional e demais aplicativos devidamente atualizados e instale um programa antivírus de qualidade, que inclua proteção de rede. Se seus arquivos forem sequestrados, não se desespere nem aja por impulso: existem diversas ferramentas de decodificação gratuitas disponíveis online, e é possível que alguma delas o ajude a restabelecer o acessa a seus arquivos criptografados. Os grandes fabricantes de ferramentas de criptografia atualizam seus produtos com a mesma frequência que os bandidos desfecham seus ataques.

Por mais importantes que sejam os arquivos, resista à tentação de pagar o resgate. Como eu disse no post anterior, nada garante que os cibercriminosos cumprirão sua parte no acordo, sem falar que sujeitar-se a chantagistas é meio caminho andado no sentido de vir a ser chantageado outras vezes.

A tecnologia antivírus da Avast bloqueia mais de 1 bilhão de ataques de malware cada mês. Mesmo que um ransomware tente burlar as camadas de segurança, um módulo baseado no comportamento escaneia todos os programas em execução para identificar qualquer movimento suspeito. Se um arquivo se comportar de maneira anormal, ele será prontamente enviado para a quarentena, onde ficará inerte até que o usuário o libere ou exclua. Além disso, os produtos da Avast disponibilizam uma proteção que impede a encriptação não autorizada dos arquivos importantes, como você pode conferir no site da empresa.

Amanhã retomamos a sequência sobre o HDD. Até lá.

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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

SÓ FALTA AGORA A PATRULHA DO PENSAMENTO PROIBIR PIADA DE PAPAGAIO


Em março deste ano, o ator José Mayer foi acusado de assédio sexual por uma figurinista da Globo e cinco dias depois já estava fora do elenco da nova novela de Aguinaldo Silva. No último dia 8, sete horas após começar a se espalhar o vídeo no qual Willian Waack parece dizer “é coisa de preto”, a emissora enviou comunicado em que anunciava seu afastamento do Jornal da Globo, que ele ancorou nos últimos dez anos.  

Como bem observou J.R. Guzzo em sua coluna na edição de Veja desta semana, não existe hoje no Brasil nenhuma obrigação moral e cívica mais cobrada do cidadão do que se manifestar contra o “preconceito” e a “intolerância”. Nelson Rodrigues ― cujo nome estaria no topo da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua portuguesa ― seria hoje considerado uma ameaça nacional, teria a leitura de seus textos vetada em salas de aula e sua entrada proibida no departamento de teledramaturgia da Rede Globo.

Preconceito e intolerância, em termos práticos, são o que afirmam ser um grupelho de artistas com ou sem obra, intelectuais com ou sem algum intelecto visível e gente de currículo em estado gasoso, mas que por alguma razão é apresentada como “importante”. São eles os árbitros do que é certo e errado no país e quem decide como todos os demais cidadãos devem se comportar dos pontos de vista moral, social e político.

O delito essencial, por esse catecismo, é pensar com a própria cabeça a respeito de uma lista cada vez maior de assuntos sobre os quais há decisões tomadas em última instância e apresentadas diariamente nos meios de comunicação. O resultado é que o combate a tudo que possa ser carimbado como intolerância está criando no Brasil mais uma raça de intolerantes.

Tudo bem que cada um pense o que quiser; além do mais, todo cidadão é livre para levar a vida que prefere, ou que pode, em termos de sexualidade. Mas não há razão para a sociedade se escandalizar com quem não concorda ou não entende que as coisas sejam assim ― ou não acredita que esse assunto seja de interesse universal.

Não deveria ser considerado intolerante, retrógrado ou totalitário quem acredita, por exemplo, que os sexos são só dois, masculino e feminino. Ou que todo ser humano tem um pai e uma mãe, que são um homem e uma mulher, já que homens não ficam grávidos por lhes faltarem útero, trompas e ovário, e as mulheres não produzem espermatozoides. Não poderia haver nenhum problema com nada disso, mas há.

A lista de pecados capitais contra o pensamento obrigatório vai longe. Você estará perto da blasfêmia se argumentar que animais não têm direitos, pois a noção de direito se aplica unicamente a seres humanos. Animais não podem ter o direito de votar, por exemplo ― embora muitos deles votem, como comprova o fato de Lula e Dilma terem sido eleitos, mas isso já é outra conversa―, ou de receber salário mínimo. Mas dizer isso é infração gravíssima.

Também é tido como preconceito grave discordar da ideia de que o crime no Brasil é um “problema social” e que os criminosos, portanto, são vítimas da sociedade, e não agressores. O deputado Jair Bolsonaro foi condenado por uma juíza do Rio de Janeiro por ter feito uma piada de quilombola durante uma palestra. A Constituição, obviamente, proíbe que um deputado seja punido por falar o que lhe passa pela cabeça, mas a juíza argumentou que “política não é piada” e foi em frente. Não é piada? Como assim? De que país ela está falando?

A intolerância contra opiniões começa a produzir, depois de algum tempo, disparates como esse. É uma surpresa que o Ministério Público ainda não tenha proibido as piadas de papagaio, de freiras e de louras, ou que outra juíza como a que condenou Bolsonaro não tenha decretado que a Dama deve valer o mesmo que o Rei no jogo de baralho.

Bom feriado a todos.

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terça-feira, 14 de novembro de 2017

AÉCIO E A HISTÓRIA DO NOME AÉCIO


O senador Aécio Neves, afastado por suspeitas de corrupção e reempossado por uma decisão absurda de seus pares, embasada na decisão ainda mais absurda do STF ― obrigado, ministra Cármen Lúcia, por seu estapafúrdio Voto de Minerva ―, foi alvo de críticas e palavras de ordem dos tucanos paulistas, no último domingo, durante a convenção estadual do partido. No plenário e nos corredores da Assembleia Legislativa, militantes gritavam Fora, Aécio!

Se esta Banânia fosse realmente um país civilizado, o conselho de ética do Senado jamais teria... Bom, deixa pra lá... Afinal, o que esperar de um país governado por um presidente duplamente denunciado por corrupção, associação criminosa e obstrução à Justiça; um país que tem como pré-candidato à sucessão presidencial um criminoso condenado e réu em mais 6 ações penais; um país onde a Justiça Eleitoral ignora provas cabais contra uma chapa que abusou do poder econômico para se eleger ― e financiou sua companha com dinheiro roubado ― simplesmente porque o presidente do TSE é amiguinho do presidente da República; um país cuja mais alta é integrada por figuras como Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli?

Voltando a Aécio, o neto de Tancredo ― que a esta altura deve estar se revirando na tumba ―, o professor Dionísio da Silva tece algumas considerações curiosas sobre a origem do nome, como você pode conferir no blog do jornalista Augusto Nunes ou ler no texto transcrito a seguir:

De onde veio este nome tão memorável para um senador que está fazendo tanta coisa feia? Nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida, ao lado dos pais que temos, do país em que nascemos e das primeiras escolas que frequentamos.
O nome Aécio começa com “A” porque veio do Latim escrito Aetius, que é dito “Écius”. Se viesse do Latim falado, seria Écio, como tantos outros no Português se chamavam e se chamam.
Aetius é palavra que veio do Grego Aétios para o Latim. Quem tornou este nome muito popular foi o general Aécio (Flavius Aetius, diz-se “Flávius Aécius”, era seu nome em Latim). Ele comandou o exército romano na vitória sobre Átila na segunda metade do século V.
O rei dos hunos, cujo cavalo impedia que a grama crescesse por onde ele passava, estava fazendo mais um arrastão no poderoso império romano e vencendo todas as batalhas. Dalton Trevisan, atento observador de tudo, diz que o cavalo de Átila era uma égua.
Mas não tinha ainda enfrentado Aécio, que, em face de um exército imperial destruído, comandava tropas sem um único soldado regular. O que o general Aécio fez passou à História como grande lição militar e de vida: procurou alianças. Primeiro com chefes militares e depois com aristocratas.
E assim derrotou o temível Átila, rei dos hunos, que assombrava o império romano liderando os povos bárbaros e perpetrando as maiores atrocidades.
A famosa Batalha dos Campos Catalúnicos foi travada no dia 20 de junho do ano 451, em território hoje pertencente à França. Aécio teve piedade com o derrotado e permitiu que ele escapasse. A causa da batalha? Como a de tantas outras, uma ninharia. Mas vamos seguir a famosa recomendação: Cherchez la femme (Procurai a mulher).
Justa Grata Honória, irmã complicada do imperador romano Valenciano III, estava casada desde há alguns anos com um senador chamado Herculano, que, muito ciumento, não a deixava sair de casa para nada. Honória enviou, então, uma mensagem ao rei dos hunos pedindo socorro. Houve problemas de tradução do Latim para o Huno, língua hoje extinta, da qual sobraram poucas palavras, a maioria nomes de pessoas.
Átila entendeu que era uma proposta de casamento. Por isso, exigiu de dote para a noiva a metade dos domínios do imperador romano Valenciano III, que naturalmente recusou. E Átila lançou mais um de suas campanhas contra o já não tão poderoso império romano. Mas, então, se ferrou, como se diz popularmente, cuja variante é obscena e não deve ser aqui registrada.
Átila morreu na noite de núpcias dois anos depois de derrotado por Aécio. Segundo alguns, envenenado por inimigos presentes à festa das bodas. Segundo os historiadores romanos e as sagas lendárias, atravessado pela adaga da noiva, que se chamava Gudrun. Ela ainda tocou fogo no palácio, matando muita gente.
A história diz uma coisa, as narrativas lendárias dizem outras. E Gudrun foi parar na famosa Canção dos Nibelungos, agora com o nome de Kriemhild, que veio para o Português com dupla grafia: Cremilde e Cremilda.
No Germânico, Cremilda é aquela que luta com a cara encoberta. Quer dizer, sem cara dura. Duro é só o elmo que a protege. Assim, poderia dispensar o óleo de peroba.
O antigo Aécio tinha vergonha na cara e ninguém lhe recomendaria óleo de peroba, como prescrevem tantos hoje nas redes sociais ao senador Aécio Neves, derrotado por Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014. “Ele iludiu mais de 50 milhões de brasileiros” e “voltou a escancarar a face escura”, observou o jornalista Augusto Nunes, acrescentando que agora só resta aos tucanos dignos “abandonar o ninho infestado de vigaristas”.

*Deonísio da Silva é diretor do Instituto da Palavra e Professor Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá.

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― FINAL

QUEM FALA O QUE QUER OUVE O QUE NÃO QUER.

Se os drives sólidos, (SSD na sigla em inglês) ainda não aposentaram os HDDs eletromecânicos, é porque seu custo de fabricação torna muito caras as unidades com com grande capacidade de armazenamento.

SSDs são compostos basicamente por células de memória flash e uma controladora ― que gerencia o cache de leitura e gravação dos dados, criptografa informações, mapeia trechos defeituosos da memória, e por aí vai. Eles não têm motor, pratos, braços, agulhas eletromagnéticas nem qualquer outra peça móvel, razão pela qual são menores, mais resistentes e milhares de vezes mais rápidos que os discos rígidos tradicionais, sem mencionar que seu baixo consumo de energia os torna uma excelente opção para os fabricantes de notebooks.

Como não há pratos magnéticos formatados em trilhas, setores e cilindros para armazenar os arquivos ― nos SSDs, a gravação/leitura é feita mais ou menos como na memória RAM ―, a fragmentação dos dados não chega a ser um problema. Portanto, embora seja possível desfragmentar esses drives, os fabricantes recomendam não o fazer ― primeiro, por não trazer benefício algum; segundo, porque a desfragmentação consiste numa longa sequência de leituras e regravações, e o número de vezes que uma célula de memória flash pode ser regravada não é infinito.

Observação: Segundo os fabricantes, os SSDs duram entre 5 e 10 anos ― o que pode parecer pouco, mas quem é que ainda não trocou o computador, hoje em dia, depois de 5 anos de uso? Mesmo assim, diante da possibilidade de uma ou outra célula de memória falhar antes do tempo, o controlador do drive é incumbido de remapear as páginas defeituosas (utilizado setores de uma área de armazenamento temporário) conforme os defeitos vão surgindo, o que concede uma "sobrevida" aos drives sólidos.

Como eu disse mais cedo, o grande entrava na popularização dos SSDs é o custo de produção. Daí os modelos de grandes capacidades serem direcionados a notebooks top de linha (e preços estratosféricos) e as máquinas de preços mais acessíveis manterem a tecnologia anterior (mídia eletromagnética) ou combinarem um drive sólido de capacidade modesta com um HDD com profusão de espaço. E como os SSDs funcionam melhor com pelo menos 25% de espaço livre (isso evita que os blocos de memória “encham” e, consequentemente, preservam a performance original do drive), o indicado é instalar neles apenas o sistema operacional e os aplicativos mais usados e manter o restante no HDD.

Como qualquer outro componente do PC, o SSD depende de drivers de hardware para funcionar, sendo importante mantê-los sempre atualizados, notadamente se o drive estiver instalado numa controladora AHCI, que aumenta o desempenho do “disco” em até 15% em relação à IDE (voltaremos a esse assunto em outra oportunidade).

Observação: Drivers (ou controladores) são programinhas de baixo nível (designação que nada tem a ver com o grau de sofisticação do software, mas sim com seu envolvimento com o hardware) que funcionam como uma “ponte” entre o sistema operacional e os dispositivos de hardware que integram ou estão conectados ao computador. Sem o driver da impressora, por exemplo, o sistema não saberia qual é a versão do aparelho, em qual porta ele está conectado, se está ou não funcional, se há papel na bandeja e tinta nos cartuchos, e assim por diante.

Outra maneira de aumentar consideravelmente o desempenho dos SSDs é habilitar o TRIM, que identifica blocos de memória com dados inválidos e apaga o conteúdo automaticamente. Para conferir se esse recurso está ativo e operante, abra o prompt de comando e digite fsutil behavior query DisableDeleteNotify. Se a resposta for 0, o TRIM está ativo; se for 1, digite o comando fsutil behavior set DisableDeleteNotify 0 e o recurso será ativado.

Assista a um comparativo interessante entre o HDD e o SSD (se o vídeo não abrir, siga este link: https://youtu.be/rjCmLJtITK4).


Bom feriado e até quinta-feira.

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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

ELEIÇÕES 2018 ― SANATÓRIO GERAL


O Brasil vire uma era gangrenada, em que as pessoas têm medo de ficar em casa e ser assaltadas por bandidos comuns, e de ir votar para presidente e ser assaltadas pela falta de opções. Uma era em que o presidente ― o primeiro da nossa história a ser denunciado por crime comum no exercício do cargo ― sobrevive graças a tudo que existe de ruim na caixa de ferramentas do poder; em que um deputado acompanha mulheres de chefões do tráfico até o ministro da Justiça para propor a retomada das visitas íntimas; em que uma ministra decorativa (?!) pugna pela mudança da lei de proventos em benefício próprio.

A sociedade assiste, inerte, a todos esses desmandos, mas, embora muitos ladrem nas redes sociais, poucos saem às ruas para morder. E, pior: diante da inexistência de um remédio que dê jeito, já se pensa em amputação ― e, pior ainda: com o risco de a democracia ir de embrulho.

Do mequetrefe seboso e hepta-réu em plena pré-candidatura antecipada e ilegal ao político militar da reserva ― cujo nome do meio é “Messias” ―, nossa falta de opção envolve nomes testados e reprovados ― como o de Marina Silva, da Rede que não pega peixe, e de Geraldo Alckmin, o tucano da asa quebrada. Sem falar nos neófitos Luciano Huck, que promete trocar o ENEM pelo SOLTERANDO; o engenheiro, administrador de empresas, economista, palestrante e fundador do Partido Novo João Amoedo; e ― pasmem! ― o médico Robert Rey, vulgo Dr. Hollywood, que se autodefine como “a última esperança” e, dentre outras bobagens, quer tornar obrigatória a execução do Hino Nacional todas as manhãs, quando todos deverão ficar em pé e colocar a mão direita no lado esquerdo do peito. É ou não um SANATÓRIO GERAL?!

Some-se a isso o fato de nossa mais alta Corte abrigar ministros do quilate de Gilmar Mendes, o divino, e dar a chave galinheiro às raposas. E como se não bastasse, o que parecia ser a luz no fim do túnel é, sabe-se agora, o farol da locomotiva que vem em desabalada carreira: o PSDB, que já foi a nossa esperança de pôr fim à espúria administração lulopetista ― que roubou a mais não poder e, por obra e graça da incompetenta que sucedeu ao bandido, quebrou o país ―, não sabe para que lado se atira. 

Com sua vocação inata para se envolver em processos indecisórios, o partido que ganhou a disputa ao Planalto por duas vezes consecutivas (e no primeiro turno) e ficou em segundo lugar nos quatro pleitos subsequentes tem agora quatro ministros indesejados, um presidente afastado (Aécio), cuja imoral salvação do mandato abriu as portas da impunidade para políticos do país afora, um presidente substituto (Jereissati) que passou de candidato a efetivo a destituído; um postulante ao cargo (Perillo) que clama por elegância e um presidente de honra macróbio (FHC), mas lúcido o bastante para alertar o tucanato do risco de o partido virar linha auxiliar do PMDB. Isso para não mencionar os baixos índices de intenção de voto de três políticos mais do que conhecidos nacionalmente (Serra, Alckmin e o próprio Aécio),  

Vivemos num país de chatos, onde se vai inventando, de cima para baixo, uma sociedade mal-humorada, neurastênica e hostil à liberdade de expressão, que convive mal com a observação dos fatos, a ciência e o raciocínio lógico. Às vésperas do apagar das luzes de 2017, temos um cenário político ainda pior do que o de 2016, cujo fim a gente aguardava ansiosamente, acreditando que tudo seria melhor a partir do ano novo.

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HDD/SSD ― A MEMÓRIA DE MASSA DO PC ― Parte 8

O BRASIL ESTÁ DOMINADO POR FACÇÕES CRIMINOSAS. DOS PRESÍDIOS AOS PALÁCIOS.

Qualquer suíte de manutenção que se preza oferece módulos destinados tanto à correção de erros no HDD quanto à desfragmentação dos arquivos. Esses programinhas tendem a ser mais rápidos e até mais eficientes que as ferramentas nativas do Windows, mas, na opinião de alguns analistas, o Defrag já é tão bom quanto ― ou até melhor que ― seus equivalentes de varejo.

Eu uso e recomendo o Smart Defrag, que é rápido, tem interface amigável e oferece uma vasta gama de recursos adicionais, como a desfragmentação off-line (feita durante a inicialização, de maneira a agir sobre arquivos que ficam inacessíveis quando o sistema operacional está carregado), a otimização (que regrava os arquivos do sistema no início do disco para acelerar o desempenho), a consolidação do espaço livre, e por aí vai. Para conhecer outras opções, digite “desfragmentação” no campo de pesquisas do Blog e pressione a tecla Enter.

Mesmo que as encarnações recentes do Windows ― se instaladas em partições formatadas com o sistema de arquivos NTFS ― sejam menos sujeitas à fragmentação do que suas predecessoras ― que usavam por padrão a FAT 32 ―, convém rodar mensalmente o Defrag ou outro desfragmentador de sua preferência, pois desfragmentações muito espaçadas tendem demorar muito para ser concluídas.

Tenha em mente que, embora seja necessária, a desfragmentação sempre envolve o risco de algum arquivo ser remanejado para setores defeituosos do disco (os famosos bad blocks) e apresentar problemas de leitura ou ficar inacessível. Por isso, antes de rodar o Defrag (ou outra ferramenta análoga), convém checar a “saúde” do drive com Chkdsk ou outra ferramenta similar (também disponibilizadas pelas melhores suítes de manutenção).

Via de regra, os discos rígidos dispõem de um estoque de setores “de reserva”, dos quais o Chkdsk e seus equivalentes se valem para substituir os badblocks. Mas esse estoque é limitado, a substituição nem sempre funciona a contento e, para piorar, setores defeituosos têm o mau hábito de se reproduzir feito coelhos. Então, ao primeiro sinal de problemas, você deve fazer um backup de seus arquivos importantes e programar a substituição do HDD com a possível urgência.

Observação: Badblocks podem ser produzidos por desligamentos inadequados (como os que acontecem quando o fornecimento de energia é interrompido inesperadamente), mas também decorrem do mau funcionamento do drive ou de algum de seus componentes, de trepidações e impactos, enfim... Se você tem um notebook e costuma levá-lo de um lado para outro, habitue-se a desligar o aparelho quando for transportá-lo ― ou, no mínimo, coloque o sistema para Hibernar ― evite o modo Suspender, pois aí o desligamento é parcial e o HDD continua sujeito aos efeitos danosos de sacolejos e impactos.

Enfim, para convocar o Chkdsk no Windows 10, abra a pasta Computador, dê um clique direito sobre o ícone que representa o drive desejado (caso haja mais de um), clique em Propriedades > Ferramentas > Correção de erros > Verificar agora... e siga as instruções na tela. Se houver erros a corrigir e/ou setores defeituosos a reparar, será preciso reiniciar o computador, já que a ferramenta precisa ter acesso exclusivo à unidade de sistema e isso só é possível antes de o Windows ser carregado.

Você pode executar o Chkdsk via prompt de comando (veja mais detalhes sobre o prompt de comando no Windows 10 nesta postagem). Para isso, acesse o prompt com prerrogativas de administrador, digite o comando CHKDSK X: /F (substitua o “X” pela letra correspondente à unidade desejada), pressione a tecla Enter e aguarde a realização da checagem. Note que é preciso incluir o parâmetro /F, ou o chkdsk será executado no modo de leitura e se limitará a identificar eventuais problemas ― ou seja, não procederá às devidas correções. Note também que boas ferramentas de manutenção ― como o Advanced System Care, da IOBit ― integram módulos que realizam essa tarefa de maneira mais simples e rápida.

No próximo capítulo a gente conversa sobre a desfragmentação de unidades SSD e encerra esta sequência. Até lá.

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domingo, 12 de novembro de 2017

WILLIAN WAACK, O INIMIGO DO POVO? (Ou: WAACK FOI PRO BREJO)



Após vazamento do vídeo em que fez comentários “racistas”, o apresentador William Waack, 66 anos, foi afastado da bancada do Jornal da Globo, que comandou nos últimos 10 anos.
A trajetória do vídeo começou pelas mãos de Diego Pereira, que vazou com a ajuda de um amigo (também negro) em grupos de WhatsApp no início da tarde da última quarta-feira, e às 21h24 a emissora comunicou o afastamento do jornalista ― punição que tem tudo para se tornar um clássico em matéria de hipocrisia, oportunismo e conduta histérica. 

A maior parte dos meios de comunicação do Brasil, com a Rede Globo disparada na frente, está se transformando num serviço de polícia do pensamento livre. É repressão pura e simples. Ou você pensa, fala e age de acordo com a atual planilha de ideias em vigor na mídia ou, se não for assim, você está fora.

Os chefes da repressão não podem mandar as pessoas para a cadeia, como o DOPS fazia antigamente com os subversivos, mas podem lhes tirar o emprego. É isso, precisamente, que o comando da Globo acaba de fazer com o jornalista William Waack, estrela dos noticiários da noite, afastado das suas funções por suspeita de racismo. Por suspeita, apenas ― já que a própria emissora não garante que ele tenha mesmo feito as ofensas racistas de que é acusado, numa conversa particular ocorrida um ano atrás nos Estados Unidos. Mas, da mesma forma como se agia no Comitê de Salvação Pública da velha França, que mandava o sujeito para a guilhotina quando achava que ele era um inimigo do povo, uma acusação anônima vale tanto quanto a melhor das provas.

William não foi demitido do seu cargo por ser racista, pois ele não é racista. Em seus 21 anos de trabalho na Globo, nunca disse uma palavra que pudesse ser ofensiva a qualquer raça. Também nunca escreveu nada parecido em nenhum dos veículos de imprensa em que trabalha há mais de 40 anos. Nunca fez um comentário racista em suas numerosas palestras. O público, em suma, jamais foi influenciado por absolutamente nada do que ele disse ou escreveu durante toda a sua carreira profissional. O que William pensa ou não pensa, na sua vida pessoal, não é da conta dos seus empregadores, ou dos colegas, ou dos artistas que assinam manifestos. O princípio é esse. Não há outro. Ponto final.

William Waack foi demitido por duas razões. A primeira é por ser competente ― entre ele, de um lado, e seus chefes e colegas, de outro, há simplesmente um abismo. Isso, no bioma que prevalece hoje na Globo e na mídia em geral, é infração gravíssima. A segunda razão é que William nunca ficou de quatro diante da esquerda brasileira em geral e do PT em particular ― é um cidadão que exerce o direito de pensar por conta própria e não obedece à atitude de manada que está na alma do pensamento “politicamente correto”, se é que se pode chamar a isso de “pensamento”. Somadas, essas duas razões formam um oceano de raiva, ressentimento e neurastenia.

A punição a William Waack tem tudo para se tornar um clássico em matéria de hipocrisia, oportunismo e conduta histérica. A Rede Globo, como se sabe, renunciou à sua história tempos atrás, apresentando ― sem que ninguém lhe tivesse solicitado nada ― um pedido público de desculpas por ter apoiado “a ditadura militar”. Esse manifesto, naturalmente, foi feito com o máximo de segurança e só saiu vários anos depois da “ditadura militar” ter acabado e, sobretudo, depois da morte do seu fundador, que não estava mais presente para dizer se concordava ou não em pedir desculpas pelo que fez. A emissora, agora, acredita estar na vanguarda das lutas populares – não falta gente para garantir isso aos seus donos, dia e noite. William Waack, com certeza, só estava atrapalhando.

No momento em que o Supremo Tribunal Federal pode rever a possibilidade de execução de penas de réus após condenações em segunda instância, o ministro Luís Roberto Barroso afirma que está em curso uma articulação para trazer de volta a “sucessão de recursos protelatórios” e a impunidade de políticos e “ricos delinquentes”.

O que se quer é a sucessão de recursos protelatórios, intermináveis. Se disserem que em seis meses o STJ julga (recursos contra a execução da pena) eu topo, mas o projeto é de se preservar um sistema incapaz de punir essas pessoas”, declarou Barroso na última terça-feira, em São Paulo, em um painel sobre corrupção e compliance da Escola Brasileira de Direito.

Para o ministro do STF, a possibilidade de os réus serem presos após a condenação em segunda instância “fechou a porta à eternização de processos” e à prescrição de processos contra corruptos.
Barroso também mencionou que há uma “operação abafa ostensiva e indecente” contra as investigações anticorrupção no Brasil.

Um país que vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu não é um Estado de direito, é um Estado de compadrio”, completou o ministro, em palavras semelhantes às que ele dirigiu a Gilmar Mendes em uma discussão no plenário do STF, há duas semanas.

Em sua fala, Barroso criticou o foro privilegiado, “uma jabuticaba que ficou amarga”, e disse que, quando o mecanismo foi criado, não se imaginava que haveria 500 inquéritos e ações penais contra detentores da prerrogativa no STF. Para ele, o Supremo não exerce bem o campo penal.

O STF não desempenha bem esse papel e isso desagrada a sociedade, e quando desempenha bem esse papel, desagrada a sociedade política. É um papel que não pode prestar”, declarou o ministro. Ele defende que o foro se limite aos chefes de Poder e valha a fatos praticados no exercício do mandato.

Sobre os esquemas de corrupção descobertos do mensalão e o descoberto pela Operação Lava-Jato, Barroso afirmou que é “impossível não sentir vergonha” diante da “corrupção endêmica é sistêmica” e que este é um momento de “refundação do Brasil”. Sem citar nomes, ele ilustrou a “fotografia embaçada” do atual momento político e moral do país a partir das duas denúncias da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer, as prisões dos ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, as condenações dos ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Antonio Palocci, a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e a denúncia da PGR por corrupção passiva contra o senador e ex-presidenciável Aécio Neves.

Alguém poderia supor que existe uma conspiração contra tudo e contra todos. O único problema com essa teoria são os fatos, os malditos dos fatos. Os áudios, os vídeos, as fotos, as malas de dinheiro, os apartamentos de dinheiro, as provas que saltam de qualquer compartimento que se abra”, disse o ministro do STF, que citou “esquemas profissionais de arrecadação e distribuição de dinheiro”.

Barroso ainda declarou que a “cultura da desonestidade” no país fez com que a corrupção fosse naturalizada. “O roubo virou uma espécie de esporte, naturalizado como se fosse uma coisa normal”, disse. “O viver com dinheiro desviado se tornou um modo de vida para muitos”, completou.

Com J.R. Guzzo.

EM TEMPO: ESTÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL ASSISTIR AOS TELEJORNAIS, MAS AINDA HÁ IMAGENS BONITAS DE SE VER NESTE MUNDO DE DEUS. VEJA QUE COISA LINDA:



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sábado, 11 de novembro de 2017

LULA ― 48 HORAS PARA SE DEFENDER


O ministro Napoleão Nunes Maia, do TSE, concedeu ― na última quinta-feira ― 48 horas para que o ex-presidente apresente defesa contra a acusação de que está antecipando campanha à Presidência da República em 2018.

A julgar pela maneira como Lula reage sempre que é pego com as calças na mão, certamente dirá que não sabe de nada, que não viu campanha alguma, que as fotos e vídeos divulgados (pelo próprio PT e seus militantes-capacho) são tudo invenção da mídia, da Globo, do juiz Moro, etc. e tal ― tudo com a intenção de impedi-lo de ocupar o lugar a que pertence, qual seja a cadeira elétrica, digo, a cadeira presidencial.

Lula deve se tornar em breve hóspede de honra do sistema prisional tupiniquim, mas não custa passar uma conversinha ― e Deus sabe como o Demiurgo de Garanhuns é bom de conversa ― na administração da Papuda ou de Pinhais para tentar incluir na mobília da cela uma cadeirinha especial. Se Cabral conseguiu um Home Theater para chamar de seu, e era só governador, uma poltroninha para o ex-presidente abjeto não seve ser o fim do mundo.

Em tendo tempo e jeito, não deixe de assistir ao clipe que mostra como sua insolência foi recepcionada em Governador Valadares (MG), semanas atrás... (se o vídeo não abrir, clique aqui para assistir na página de origem).



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