Nossos congressistas dão expediente 3 dias por semana e gozam 55 dias de férias por ano. Por essa “exaustiva jornada de trabalho”, eles recebem R$ 33,7 mil por mês ― ou seja, mais que os R$ 30,9 mil pagos ao presidente da Banânia e seus ministros de Estado.
Cada deputado federal custa mensalmente aos contribuintes a “bagatela” R$ 168,6 mil ― e são 513 excelências a mamar, nas tetas do Erário, o leite provido pelos escorchantes impostos que pagamos.
Os Senadores recebem o mesmo valor, mas são em menor número ― 81. Todavia, a folha de pagamento da casa contempla, atualmente, 91 membros, já que 10 titulares estão afastados ou licenciados (mas recebendo religiosamente seus proventos), e seus respectivos suplentes também precisam mamar.
Segundo The Economist, o salário dos nossos valiosos parlamentares seja o quinto na lista de 29 países pesquisados, a despeito de o salário mínimo tupiniquim ficar em 83º lugar. Não é à toa que PIB do Distrito Federal, de R$ 73.971,05 corresponde a 2,5 vezes o PIB per capita nacional, muito embora Brasília não produza riqueza alguma (os outros estados da Federação com os maiores PIB per capita são, pela ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
Mas não é só: a despeito da jornada reduzida e dos dois recessos anuais ― ao longo da segunda quinzena de julho e das vésperas do Natal até o começo de fevereiro, o que perfaz 55 dias de dolce far niente ―, nossos políticos “trabalham mais” que seus pares do Reino Unido e EUA, por exemplo, que gozam 145 dias e 80 dias de férias por ano, respectivamente. Aliás, a semana de trabalho do legislativo norte-americano é igual à de Brasília: somente há sessões deliberativas às terças, quartas e quintas-feiras.
Matéria publicada no site da revista ISTOÉ em 2013 dá conta de que um político eleito pelo voto popular
percebia, nos anos 1980, remuneração equivalente a de um engenheiro. Além disso, dispunha de
três ou quatro assessores e de uma pequena ajuda de custo para pagar as contas
do gabinete. Pegar carona em aeronaves da FAB,
somente em missões oficiais. Assim, cada integrante do Congresso Nacional custava aos cofres públicos o equivalente a 33 salários mínimos (cerca de US$ 2 mil) ― contra 203 salários mínimos ou US$ 62 mil que passaram a custar na época do
levantamento.
Atualmente, de acordo com um levantamento feito pela ONG Contas Abertas, o Legislativo
nos custa R$ 1,16 milhão por hora ao
longo dos 365 dias do ano ― aí incluídos os fins de semana, recessos
parlamentares e as segundas e sextas-feiras, quando deputados e senadores batem
asas de Brasília com destino a suas bases eleitorais. Além do polpudo salário, suas insolências recebem toda sorte
de benefícios indiretos, como verba de
gabinete, auxílio moradia, cota de passagens para seus destinos eleitorais e
reembolso ilimitado de despesas com saúde. Para piorar, salvo em raríssimas
exceções, essa caterva prioriza interesses próprios em detrimento dos
interesses da nação, e os partidos a que pertencem, em sua esmagadora maioria,
servem apenas para lucrar com coligações espúrias e vender de tempo de
televisão em campanhas eleitorais.
Resumo da ópera:
O Legislativo custa R$ 1,16 milhão por hora aos cidadãos
brasileiros, em todos os 365 dias do ano. Esse valor inclui fins de semana,
recessos parlamentares e as segundas e sextas-feiras, quando os parlamentares
retornam a suas bases eleitorais ― nesses dias, o Senado e a Câmara
continuam funcionando, porque podem ocorrer sessões de debates, solenidades e
reuniões de suas comissões ― pausa para as gargalhadas.
Como se vê, a
democracia não tem preço, mas o nosso Congresso tem! Resta saber se vale o
que custa, ou seja, se compensa, para o povo, pagar tão caro por senadores que, a
despeito das evidências que só lhes faltaram pular no colo, anularam prontamente as medidas impostas pelo STF a um certo tucano traidor da pátria ― que agora vai
lutar pela aprovação de uma PEC que cria o cargo de “neto vitalício de Tancredo” com direito a foro privilegiado.
Ou
que, também ao arrepio de todas as evidências, não autorizou o Supremo a investigar o primeiro presidente da nossa história a ser
denunciado, no exercício do cargo, por crimes de corrupção, formação de quadrilha
e obstrução da Justiça.
Ou que, em mais um arroubo indecente de fisiologismo escrachado, mandou soltar os três
deputados estaduais presos na Operação
Cadeia Velha, levando os cariocas a quase pôr abaixo a Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (o bando estadual não foi contemplado nesta
sequência, mas sê-lo-á numa próxima oportunidade). Vale lembrar que a decisão da ALERJ pode ser revertida pelo STF, mas vale lembrar também que o "supremo elenco" inclui ministros como Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello...