ATUALIZAÇÃO (09h05): Após a conclusão da votação no plenário, a comissão especial
da Câmara voltou a se reunir, na noite desta sexta-feira, para votar a redação
do texto para o segundo turno. Ao final de três horas e meia de debates, o
texto foi aprovado pelo colegiado por 35 votos a 12,
e agora segue para votação em 2º turno, prevista para 6 de agosto. O secretário de Previdência
e Trabalho, Rogério Marinho, reviu a
estimativa de economia com a reforma da Previdência para cerca de R$ 900 bilhões num período de dez anos. Quando o
governo encaminhou o projeto da reforma para o Congresso, a economia prevista era
de R$ 1,236 trilhão.
Por sua interpretação canhestra do presidencialismo de coalizão e aversão a dividir espaço com o Congresso, Bolsonaro recebeu o troco na última quarta-feira, quando o plenário da Câmara, numa inusitada “coalizão sem presidencialismo”, aprovou em primeiro turno, por surpreendentes 379 votos a 131, o texto-base da reforma da Previdência. Pena que a sessão de quinta não tenha sido tão produtiva e que o manancial de destaques tenha atrasado a votação em segundo turno. Mas isso é outra conversa. Interessa mesmo dizer é que o mérito foi de Rodrigo Maia, que, em discurso emocionado, dividiu a glória com seus pares e, nas entrelinhas, deixou claro que o governo mais estorvou do que ajudou. Ao final, puxou para a Câmara duas novas reformas: a tributária e a reorganização do serviço público, mantendo o protagonismo na reforma do Estado brasileiro.
Por sua interpretação canhestra do presidencialismo de coalizão e aversão a dividir espaço com o Congresso, Bolsonaro recebeu o troco na última quarta-feira, quando o plenário da Câmara, numa inusitada “coalizão sem presidencialismo”, aprovou em primeiro turno, por surpreendentes 379 votos a 131, o texto-base da reforma da Previdência. Pena que a sessão de quinta não tenha sido tão produtiva e que o manancial de destaques tenha atrasado a votação em segundo turno. Mas isso é outra conversa. Interessa mesmo dizer é que o mérito foi de Rodrigo Maia, que, em discurso emocionado, dividiu a glória com seus pares e, nas entrelinhas, deixou claro que o governo mais estorvou do que ajudou. Ao final, puxou para a Câmara duas novas reformas: a tributária e a reorganização do serviço público, mantendo o protagonismo na reforma do Estado brasileiro.
Além de ser pessoalmente contrário à reforma previdenciária
e de tê-la levado adiante por absoluta falta de alternativa, Bolsonaro jamais procurou montar uma
base parlamentar ampla e firme, preferindo recorrer à via do conflito, do
confronto e da tensão. Mas não é justo afirmar que ele não ajudou nadica de
nada: só na primeira semana de julho, foram liberados R$ 2,5 bilhões em emendas parlamentares (a título de comparação, de
janeiro a junho foi liberado R$ 1,7
bilhão) visando garantir uma “margem de segurança” para a aprovação da
emenda. Afinal, políticos não são movidos a patriotismo, e nada como o velho
“toma-lá-dá-cá” para agregar firmeza às convicções de suas excelências.
Observação: Vale lembrar que, a despeito de um relacionamento
não promíscuo com o Congresso ser um ponto positivo do governo Bolsonaro, até mesmo a liberação das
emendas parlamentares e de bancadas às vésperas de votações importantes faz
parte do jogo democrático. O que é inadmissível é a compra de votos por baixo
do pano, através da corrupção, como aconteceu nas gestões petistas, com o
mensalão e o petrolão.
Embora Rodrigo Maia
afirme que o Executivo deva retomar o “protagonismo” e anunciar medidas para
fortalecer a economia, isso é o que ele menos quer: quanto mais ativo estiver o
Congresso, mais argumentos terá o presidente da Câmara para dizer que, assim
como a Previdência, medidas de interesse do país são “fruto do esforço de
deputados e senadores, uma construção do Legislativo”.
Como se sabe, há muito que Maia acalenta o sonho de ser presidente da República — não fosse
assim, não teria demonstrando tanto empenho em atuar como artífice da união em
torno do substitutivo aprovado na Comissão Especial e, valendo-se da boa relação
que tem com os partidos de oposição, manter o plenário numa, digamos, “desarmonia
controlada”.
Ainda que o panorama atual seja desfavorável a Bolsonaro — com o Congresso comendo
pelas beiradas, postulantes à sua sucessão mexendo-se desde já e índices de
aprovação nanicos para um governante que, em tese, deveria estar em lua-de-mel
com seus governados — desponta no horizonte um cenário diferente, a depender de
a economia realmente deslanchar. Por essas e outras, em vez de reclamar que o Legislativo
quer transformá-lo numa “rainha da Inglaterra”, o capitão deveria se acomodar
no trono: dando tudo certo ou irremediavelmente errado, tanto o crédito quanto
o débito cairão na sua conta. Portanto, melhor ele ir se acostumando com o
trono de inspiração inglesa e torcer para que os êxitos obtidos pelo Parlamento
lhe rendam frutos suculentos e saborosos.