O lema “Brasil acima
de tudo” foi criado durante a ditadura militar pelo grupo de paraquedistas
nacionalistas Centelha Nativista e,
ao que tudo indica, inspirou o bordão “Brasil
acima de tudo, Deus acima de todos”, adotado por Bolsonaro — que foi paraquedista no exército — para batizar sua coligação.
Todavia, a julgar como o capitão vem procedendo ultimamente, a expressão "O CLÃ BOLSONARO ACIMA DE QUALQUER
COISA" complementaria perfeitamente a divisa presidencial.
Bolsonaro foi polêmico
(para dizer o mínimo) em seus quase 30 anos como deputado do baixo-clero, mas
as barbaridades que dizia então não tinham grande repercussão na vida política
do país. Agora, as contestar críticas não com argumentos e fatos, mas com
ideologia pura, ele não só fomenta crises como coloca o Brasil em situação
embaraçosa no cenário internacional.
Observação: Em mais um capítulo da queda de braço com a Ancine, o capitão decidiu que a agência só financiará filmes evangélicos: Os primeiros serão: Bruna Pastorinha! Templo é Dinheiro! A Dentadura do Pastor (com Feliciano) e Querida, converti as crianças (com Doidamares).
Observação: Em mais um capítulo da queda de braço com a Ancine, o capitão decidiu que a agência só financiará filmes evangélicos: Os primeiros serão: Bruna Pastorinha! Templo é Dinheiro! A Dentadura do Pastor (com Feliciano) e Querida, converti as crianças (com Doidamares).
O presidente tacha seus adversários de comunistas — assim como o PT
tacha os seus de direitistas, fascistas e outras bobagens. Ao descobrir
a dimensão do poder de sua caneta Bic
(que agora abandonou por ser francesa), passou a esbravejar que quem manda é
ele, mais ninguém. Em seus delírios narcisistas, já se comparou ao Rei no jogo de Xadrez, disse que elegeu
sozinho boa parte do PSL e que pode
deixar o partido quando lhe der na telha. Agora, às vésperas de se submeter a
mais uma cirurgia no abdome — agora para sanar um hérnia incisional —, afirmou
que não transferiria o cargo para o vice, general Hamilton Mourão, mas depois voltou atrás.
Observação: Uma de muitas lições que nosso presidente deveria aprender é: Nunca se deve nomear quem se pode demitir.
Observação: Uma de muitas lições que nosso presidente deveria aprender é: Nunca se deve nomear quem se pode demitir.
Depois de alardear que o vice-procurador-geral assumiria interinamente
a PGR até que ele escolhesse o
substituto de Raquel Dodge, surpreendeu
a todos tirando da cartola um nome que não fazia parte da listra tríplice do MPF. Para espanto — e desagrado geral —,
escolheu o subprocurador Augusta Aras,
que já teceu severas críticas à Lava-Jato
e foi simpatizante da esquerda lulopetista (ou continua sendo, vai lá saber). É
nítido que baseou a escolha em interesses pessoais e de seus familiares, mandando
às favas os interesses nacionais dos interesses nacionais.
Até mesmo a claque amestrada criticou a decisão do
"mito" — que, na live da última quinta-feira, pediu paciência a todos
e, aos bolsomínions, que apagassem as críticas e ataques publicados nas redes
sociais. Segundo a tropa de choque palaciana, Bolsonaro fez sua escolha pensando no bem do país, não em agradar
ou desagradar setores específico, Mas nem a Velhinha de Taubaté engoliria tamanha potoca. O que o presidente
quer é um procurador-geral subserviente e alinhado a suas, digamos, convicções. Só que faltou combinar com o
MPF: em nota, a ANPR criticou a escolha de Ares,
não só por desrespeitar a lista tríplice, mas também por representar um
retrocesso democrático e institucional na relação entre o Executivo e o Ministério
Público — órgão independente e que não é subordinado ao Palácio do Planalto.
No Congresso e na
ala garantista do STF, a notícia foi
como um oásis de água fresca para beduínos sedentos. A banda podre do
parlamento, que aprovou o espúrio projeto contra o abuso de autoridade,
comemorou entusiasticamente a indicação de Aras,
sobretudo porque ela representa mais uma derrota imposta pelo governo ao ministro
Sérgio Moro dentro do governo. Já entre os membros da nossa mais alta
Corte de Justiça, onde a Justiça raramente se faz presente... bem, é melhor
deixar pra lá.
O repúdio dos bolsomínions tem razão de ser. Aras é visto como um petista enrustido,
uma biruta de aeroporto que gira para onde o vento sopra. Ao retirar seu nome
da cartola, o "messias salvador" virou a maçaneta da porta do inferno.
Já tem gente jogando a toalha, classificando de traidor aquele a quem dias
atrás venerava como herói. E o timing só piorou as coisas, já que a
indicação se deu dias depois que o staff criminal de Raquel Dodge pediu
demissão, justamente por farejar algo de podre no reino na PGR.
Observação: Após receber o apoio de Dias Toffoli e Rodrigo Maia
para sua recondução ao cargo por mais dois anos, Dodge recomendou excluir o segundo e o irmão do primeiro do acordo
de delação de Leo Pinheiro, que acumulava
poeira em sua gaveta havia mais de um ano. E agora, quando o liberou, sugeriu
ao relator, ministro Edson Fachin,
que omitisse citações de Maia e de Ticiano Dias Toffoli. Naturalmente, os
procuradores sentiram o cheiro de enxofre...
Vale lembrar que a nomeação de Raquel Dodge para suceder a Rodrigo
Janot também gerou protestos e apreensões. Augusto Aras tem um lado “A” e um lado “B”. No lado “A”, é amigo do
PT, acha Che Guevara lindo e supõe que a prioridade da Justiça brasileira é
proteger os direitos da ladroagem. No lado “B”, ele é o contrário disso tudo. Mas
só vai mostrar quem é, de fato, quando começar a tomar decisões. A conferir.
Rodrigo Constantino
lembra que o brasileiro parece ser vocacionado a idolatrar políticos. Mas
misturar política com religião pode ser um erro fatal. Esperar que um
"salvador da pátria", munido apenas do “apoio popular”, enfrente o
"sistema", combata os corruptos do “establishment” e conserte o
“mecanismo”... Não é assim que a banda toca. Os bolsomínions colocaram o
capitão num pedestal, e agora veem que seu santo de devoção tem pés de barro.
Chega de falsos heróis ou de “mitos”. Lideranças podem fazer
a diferença, mas precisamos de instituição republicanas sólidas, mas com
decência na forma e realismo nos fins. É uma luta lenta, sem bala de prata, sem
solução mágica, sem fanatismo. Por outro lado, de nada adianta tirar um
santo-do-pau-oco para colocar outro em seu lugar. Temos mais é que torcer para este
governo dar certo. Para tanto, é preciso que as reformas avancem e que a Economia
retome o crescimento. E isso só será conseguido se pressionarmos o presidente,
cujos defeitos vêm se tornando mais visíveis agora, se sem o manto da
incorruptibilidade a lhes cobrir. Mas devemos cobrá-lo sem paixão nem ódio. Bolsonaro
não é uma entidade sobrenatural. É um político comum, que emplacou três filhos
na política e coloca sua família acima de tudo, inclusive do Brasil.