sexta-feira, 26 de abril de 2019

DICAS PARA RESOLVER PROBLEMAS ELEMENTARES DE COMPUTAÇÃO — PARTE 2


NÃO É A BURRICE QUE NOS MANTÉM BURROS, MAS A ESTÚPIDA MANIA QUE TEMOS DE NÃO A ADMITIR.

Desde que os sistemas operacionais e programas passaram a contar com interfaces gráficas, o “X” no canto superior direito da janela serve para encerrar o aplicativo mediante um simples clique do mouse. Há casos, no entanto, em que o software deixa de responder, e clicar no “X” não surte efeito algum. 

Em situações que tais, dê um clique direito num ponto vazio da Barra de Tarefas, selecione a opção Gerenciador de Tarefas, localize o item rebelde na lista da aba Processos, selecione-o e pressione o botão Finalizar Tarefa (melhor ainda é clicar em Finalizar árvore de processos, mas no Windows 10 essa opção só aparece quando você clica no processo a partir da aba Detalhes). Com alguma sorte, o programa será encerrado e voltará a funcionar normalmente quando você o reconvocar.

Se o travamento contaminar o sistema e impedir que você use o mouse, pressione simultaneamente as teclas Ctrl+Shift+Esc (ou tecle Windows+R, digite taskmgr na caixa de diálogo do menu Executar e pressione Enter) para acessar o Gerenciador de Tarefas do Windows. Se nem assim você conseguir encerrar o programa insurreto, o SUPER F4 é tiro e queda. Depois de instalar o programinha, pressione Ctrl+Alt+F4 para encerrar o aplicativo rebelde — ou pressione a tecla com o logo do Windows combinada com F4 e repare que o ponteiro mouse assumirá a forma de uma caveira com duas tíbias cruzadas (como nas bandeiras dos piratas); aí é só levar a caveirinha até a janela do programa, dar um clique, e pronto: ele será finalizado no ato, esteja travado ou não.

Se as dicas anteriores não funcionaram, mas o mouse e o teclado estiverem operantes, tente “matar” o app teimoso via prompt de comando. Abra o menu Executar, digite cmd na caixa de diálogo e pressione Enter; na tela do prompt, digite taskkill, dê um espaço, digite /im, dê outro espaço, digite nomearquivo.exe e pressione Enter (substitua “nomearquivo” pelo nome do executável do programa; por exemplo, caso queira encerrar o iTunes, substitua “nomearquivo.exe” por “iTunes.exe”).

Outra dica que não é bombril, mas tem 1001 utilidades: no caso de o computador ficar lento, errático ou instável, reiniciar o sistema pode recolocar o bonde nos trilhos. Antes, porém, experimente abrir o Gerenciador de Tarefas, selecionar Windows Explorer e pressionar o botão Reiniciar. Se o resultado não for o esperado, tecle Ctrl+Alt+Del e, na próxima tela, clique em Sair. Torne a fazer o logon e veja que o sistema estará pronto para uso em bem menos tempo do que se você reiniciasse o computador.

Observação: Note que a tela convocada pelo atalho retrocitado também dá acesso ao Gerenciador de Tarefas, o que pode ser útil se você não conseguir abri-lo via Barra de Tarefas, atalho Ctrl+Shift+Esc ou menu Executar.

Se o travamento for sério a ponto de impedi-lo usar o teclado ou mouse, você não terá como acessar as opções de desligamento do menu Iniciar. Nesse caso, mantenha o botão Power (liga/desliga) pressionado por 5 segundos e a máquina será desligada (sugiro esperar de um a dois minutos antes de tornar a ligar o computador).

Até a próxima dica.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

AINDA SOB A REDUÇÃO DA PENA DE LULA, A ALMA VIVA MAIS HONESTA DESTA GALÁXIA



Ao injetar no drama criminal de Lula a perspectiva de migrar da sala VIP de 15 m² para a antessala da prisão domiciliar, o STJ colocou o ex-presidente numa espécie de trilha para o céu. Mas criminalistas companheiros acreditam que o petralha será abatido em seu voo de galinha e devidamente recolocado no caminho do inferno pelo TRF da 4.ª Região: se não houver novas surpresas, a 8.ª Turma ratificará a condenação a 12 anos e 11 meses imposta pela juíza Gabriela Hardt ao petralha antes que ele possa reivindicar a progressão de regime, pois a nova pena será somada à do tríplex, ora reduzida para 8 anos e 10 meses, perfazendo o total de 21 anos e 9 meses.

Observação: Mesmo se a decisão sair depois de setembro e Lula estiver no semiaberto ou arrastando uma tornozeleira em casa, ele voltará para o regime fechado: ainda que se desconte o tempo de prisão já cumprido, o gatuno só atingiria a marca de um sexto da pena no alvorecer de 2022.

O TRF-4 não costuma dormir no ponto; no caso do tríplex, os desembargadores levaram seis meses e 12 dias para confirmar a sentença do então juiz Sergio Moro. É certo que os autos do processo sobre o sítio, que foi julgado em fevereiro, ainda não subiram (devido a chicanas protelatórias que não vem ao caso detalhar neste momento), mas isso não muda o fato de que a fronteira entre o céu e o inferno, para Lula, passou a ser demarcada pela capacidade de sua defesa atrasar o relógio dos desembargadores da 8.ª Turma.

Além dos dois processos em que já foi condenado, Lula responde a outros seis — pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa —, cujas penas máximas podem somar 134 anos de prisão. Pelo andar da carruagem, o próximo a ser julgado (também pela 13ª Vara Federal do Paraná, agora sob o comando do juiz Luiz Antonio Bonat) é o que trata da cobertura em São Bernardo do Campo e do terreno em São Paulo onde seria erguida a nova sede do Instituto Lula (os autos estão conclusos para sentença desde novembro de 2018).

Outros quatro processos tramitam na Justiça Federal do DF; um foi aberto a partir da Operação Janus, dois derivam da Operação Zelotes e um baixou do STF para a primeira instância. Há ainda uma ação penal aberta na JF de São Paulo e outra em que o molusco foi absolvido de tentar obstruir a Justiça por meio da compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

A redução de pena obtida na última terça-feira está longe de atender aos desejos da defesa — que postulava a anulação da condenação —, mas não deixa de ser uma vitória técnica importante, pois até então nenhum recurso apresentado havia vingado. Desta feita, depois de ser devidamente industriada por alguns ministros supremos garantistas (capitaneados por Gilmar Mendes, o infalível), a 5.ª Turma do STJ “entendeu” que o TRF-4 exagerou, e estabeleceu uma uma pena ainda menor do que a definida no primeiro grau pelo juiz Sergio Moro.

Por outro lado, a despeito de o nobre advogado Cristiano Zanin e distintíssima companhia tentarem surfar na onda da recente decisão do Supremo Tribunal Federal que manda para a Justiça Eleitoral os casos em que um réu sem foro privilegiado é acusado de crimes conexos aos de natureza eleitoral, o argumento não colou.

Agora que Lula foi condenado em terceira instância, que efeitos uma possível mudança na jurisprudência do STF sobre o cumprimento antecipado da pena teria sobre ele? Essa é uma questão de alta indagação jurídica e que divide opiniões, até porque a hermenêutica tupiniquim é extremamente criativa.

Para alguns palpiteiros de plantão, o sacripanta vermelho só perderia o direito à progressão de regime quando e se a segunda condenação (no processo do sítio) for confirmada tanto pelo TRF-4 quanto pelo STJ, pois aí a Vara de Execuções Penais fará a unificação das penas, aumentando o tempo necessário para que ele obtenha o benefício em questão. A prevalecer essa tese, mesmo tendo sido condenado em terceira instância na última terça-feira, ele poderia pleitear o regime semiaberto em setembro, quando terá cumprido já 1/6 da pena nos moldes definidos pelo STJ.

Seja como for, se Lula conseguir se virar em dinheiro para continuar bancando honorários caríssimos e outras despesas atinentes a sua defesa, seus advogados certamente insistirão na tese da prescrição do crime de corrupção passiva (que agora foi rejeitada também pelo STJ). Outra possibilidade é a prisão domiciliar, caso o STF entenda que, por ter mais de 70 anos, o paciente faz jus a esse tratamento. Essa alternativa foi cogitada pelo ex-ministro supremo Sepúlveda Pertence, que integrou a defesa de Lula durante algum tempo, mas não foi adiante por decisão do próprio Lula, que rejeita o uso de tornozeleira eletrônica. Mas melhor seria acorrentá-lo a uma bola de ferro e colocá-lo numa instituição penal agrícola, já que mantê na sala VIP da PF em Curitiba já custou aos cofres públicos nada menos que R$ 3,6 milhões.

De acordo com o parágrafo 4º do artigo 33 do Código Penal, modificado por uma lei sancionada pelo próprio Lula, “o condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais”. No julgamento desta terça-feira, o STJ reduziu também o montante devido da reparação de R$ 16 milhões para R$ 2,4 milhões, valor que ainda precisa ser corrigido (e pago, caso Lula venha a pleitear a progressão para o regime semiaberto em setembro).

Outra possibilidade aventada por alguns especialistas ainda mais criativos é a defesa invocar o artigo 387, parágrafo 2.º, do CPP para tentar pleitear o regime semiaberto imediatamente. De acordo com esse dispositivo, “o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. Se a tese for aceita, a pena calculada pelo STJ poderá ser diminuída pelo tempo que o prisioneiro já passou na cadeia, o que resultaria em um montante de cerca de 7 anos e 9 meses, abrindo a possibilidade de progressão.

Tudo somado e subtraído, fica nítido que os ventos mudaram. Desde que Lula foi preso, seus advogados não logaram uma única decisão favorável até a última terça-feira, a despeito de terem recorrido mais de 200 vezes no processo do tríplex (aí considerados apelos, embargos, pedidos de habeas corpus e chicanas de toda sorte). Pode até ser uma vitória de Pirro, mas nem por isso deixa de causar preocupação.

Volto a esse assunto com mais detalhes na postagem de amanhã ou na seguinte. Nesse entretempo, torçamos para que Lula leve em conta a opinião de Tarso Genro, para quem "todo alvo de investigações sobre casos de corrupção deve entender que dar um tiro na cabeça é prova de altivez". 

Observação: Não sou fã do ex-ministro de Lula, até porque minha opinião sobre o PT e os devotos dessa seita infernal é a pior possível (se você acha exagero, veja como como essa patuleia de merda vem agindo para obstruir a votação da PEC previdenciária). Por outro lado, considerando a montoeira de asnices que enfeitam o currículo desse sujeito, essa opinião distorcida, se inspirasse o molusco nove-dedos, até que faria algum sentido.


DICAS PARA RESOLVER PROBLEMAS ELEMENTARES DE COMPUTAÇÃO


MELHOR VIVER UM DIA COMO LEÃO DO QUE CEM ANOS COMO CORDEIRO.

Os computadores “nasceram” em meados do século passado, inicialmente como imensos mainframes, que ocupavam salas inteiras e tinham menos poder de processamento que uma calculadora de bolso atual. Já os microcomputadores começaram a ser pensados lá pelos anos 1960, mas demorou quase 3 décadas para eles se popularizarem entre usuários domésticos.

Aqui pelas nossas bandas, a “internet” foi acessada pela primeira vez em 1995, quando o Laboratório Nacional de Computação Científica, no Rio de Janeiro, estabeleceu via Bitnet uma conexão com a  Universidade de Maryland (à vertiginosa velocidade de 1 Kbps). Poucos anos depois, o acesso à "rede mundial de computadores" deixaria de ser uma quase exclusividade governamental-corporativa para se estender também ao âmbito dos usuários domésticos de PCs, que já tinham o microcomputador na conta de utensílio tão trivial quanto um televisor ou um forno de micro-ondas. Mais adiante, a banda larga permitiria o uso simultâneo da linha telefônica para chamadas e voz e a cesso a dados, e garantiria a quem pudesse arcar com seu custo uma navegação mais estável e veloz do que os míseros 56 Kbps ensejados pelos jurássicos modems analógicos e redes dial-up.

Com a popularização dos PCs, proliferaram cursos de informática e de montagem e manutenção de micros (como eram carinhosamente chamados os PCs em seus mais verdes anos), além de publicações especializadas, com destaque para revistas que incluíam CDs recheados de joguinhos e outros inutilitários — que quem tivesse um PC e acesso à Internet também poderia baixar, mas fazê-lo a partir de uma conexão discada não só era um exercício de paciência, mas também encarecia bastante a conta do telefone.

Com o barateamento dos aparelhos “de grife” e as facilidades do crediário, a integração caseira de micros foi caindo no esquecimento, levando para o buraco as publicações sobre informática — mesmo as mais tradicionais, como Info, PC-World, PC & Cia., sumiram das bancas. Os blogs de tecnologia também amargaram uma queda de audiência brutal — nos tempos áureos, meu humilde site era visitado milhares de vezes por dia, mas agora atrai uns poucos gatos pingados e raramente recebe comentários.

Os smartphones se tornaram substitutos quase perfeitos dos PCs convencionais — quase, porque não é tudo que você faz num laptop ou num desktop pode ser feito num celular —, e a pré-instalação do sistema operacional simplificou a vida dos usuários, que só precisam ligar o aparelho, fazer alguns ajustes básicos e, claro, entupi-lo com uma miríade de inutilitários. Mesmo assim, sempre surge um probleminha ou outro que uma simples realização não resolve, daí eu continuar publicando minhas dicas de informática (muitas das quais se aplicam também ao sistema móvel Android, que é o mais usado em smartphones).

Feita essa breve introdução, passemos ao que interessa, começando por dizer que desde as mais vetustas edições do Windows uma “Lixeira” funciona como “salva-vidas”, permitindo recuperar algo que foi descartado acidental ou indevidamente. Na verdade, o ícone da lata de lixo dá acesso a uma pasta (ou diretório) onde ficam armazenados temporariamente os arquivos excluídos; em sendo preciso resgatá-los, basta abrir a Lixeira, dar um clique direito sobre item desejado e escolher a opção Restaurar, presente no menu de contexto. Claro que isso só vai funcionar se os arquivos ainda estiverem na Lixeira; se você a esvaziou e precisar recuperar alguma coisa posteriormente, terá de recorrer a uma ferramenta dedicada e torcer para que os dados ainda não tenham sido sobrescritos.

Observação:  Essa “mágica” acontece porque os arquivos deletados não são expurgados imediatamente do disco — na verdade, o Windows simplesmente altera Tabela de Alocação de Arquivos de forma a disponibilizar os clusters respectivos para novas gravações. Note que, quanto mais cedo você tentar recuperar o arquivo apagado e excluído da lixeira, maior serão suas chances de sucesso. A simples instalação da ferramenta de resgate pode pôr tudo a perder, de modo que, se você não tiver o programinha no seu PC, baixe uma opção portátil — sugiro o Restoration — diretamente num pendrive ou HDD externo.

Sempre há quem se sinta incomodado em confirmar de exclusão dos arquivos enviados para a Lixeira, embora trate-se de camada de segurança adicional, mais ou menos uma cláusula de arrependimento que permite desistir contrato depois de o ter assinado. A quem interessar possa, basta dar um clique direito sobre o ícone da Lixeira, selecionar Propriedades e desmarcar a caixa de verificação ao lado de “Exibir caixa de diálogo de confirmação de exclusão” para que a mensagem deixe de ser exibida. Aliás, a tela das propriedades da lixeira permite também configurar o sistema para “Não mover arquivos para a lixeira. Remover arquivos imediatamente quando excluídos — bastando para isso desmarcar a caixa de verificação ao lado dessa opção, mas tenha em mente que isso reduzirá drasticamente suas chances de recuperar algo que venha a apagar acidentalmente.  

Outra maneira de deletar arquivos diretamente — ou seja, sem que eles passem pela Lixeira — é manter pressionada a tecla Shift durante a exclusão, tanto via menu suspenso quanto via tecla Delete. Mas, de novo, é preciso ter mente que a recuperação posterior, fora do âmbito da Lixeira, irá depender de programinhas dedicados e nem sempre produzirá os resultados desejados.

Tudo somado e subtraído, sugiro manter a configuração que armazena os itens excluídos na Lixeira e esvaziar a dita-cuja no final do dia, antes de encerrar o Windows e desligar o computador.

Volto com mais dicas na próxima postagem. Até lá.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

MINISTRO SUPREMO COM VOCAÇÃO PARA CENSOR — ESCRITO NAS ESTRELAS?



5ª Turma do STJ iniciou o julgamento do REsp de Lula pouco depois das 14 h de ontem. O primeiro a votar foi o ministro Felix Fisher, relator do processo, que já havia rejeitado o recurso monocraticamente, mas desta vez votou favoravelmente à redução da pena para 8 anos 10 meses e 20 dias de prisão, no que foi acompanhado pelos ministros Jorge Mussi Reynaldo Soares Marcelo Navarro Ribeiro Dantas

Pelo Código PenalLula pode pedir progressão da pena para o regime domiciliar ou semiaberto após cumprir 1/6 da sentença — o que se dará em setembro próximo. Todavia, se a condenação a 12 anos e 11 meses referente ao sítio de Atibaia for ratificada pelo TRF-4 (e é isso que se espera), o pulha continuará preso em regime fechado. Demais disso, uma vez condenado no STJ, o petralha não será beneficiado no caso de o STF mudar a jurisprudência sobre a condenação em 2ª instância e vincular o início do cumprimento provisório da pena à condenação em terceira instância

Resumo da ópera: Lula ganhou na foice, mas perdeu no machado.


*******

Com a tentativa de amordaçar a revista Crusoé e o site O Antagonista, o ministro censor Alexandre de Moraes — escolhido para relatar o inquérito bizarro aberto de ofício por Dias Toffoli para investigar supostas ofensas, ameaças e fake news envolvendo o STF e seus supremos membros — não só atropelou a Constituição e cuspiu na liberdade de expressão como deu um tiro no pé, como se costuma dizer, pois chamou a atenção do Brasil inteiro (e de parte da imprensa internacional) para aquilo que que o presidente supremo queria manter longe dos holofotes.

Em 2007, o príncipe das empreiteiras, Marcelo Odebrecht, interessado em ampliar a fortuna com a construção de hidrelétricas no Rio Madeira, referia-se a José Antonio Dias Toffoli, então chefe da Advocacia Geral da União, como “Amigo do Amigo de meu pai”. Como descobriu a Lava-Jato, o amigo do pai era Lula. Se as negociações fossem, digamos, republicanas, por que usar essa linguagem cifrada? Por que não identificar o atual presidente do Supremo apenas como chefe da AGU?

Aos 50 anos, Alexandre de Moraes esqueceu que o surgimento da internet tornou impossível ocultar a verdade com métodos semelhantes aos usados enquanto vigorou o Ato Institucional número 5 — durante a ditadura militar que agora sabemos nunca ter existido. Antes da era digital, a presença de censores nas redações e a apreensão de edições inteiras impediam que chegassem aos leitores informações ou opiniões consideradas inconvenientes pelo regime militar. Hoje as coisas ficaram mais complicadas. O que a Crusoé teve de ocultar foi escancarado pela imensa vitrine formada pelas redes sociais. 

O ministro censor nasceu em 13 de dezembro de 1968, dia em que foram consumados os trabalhos de parto do AI-5. Enquanto o bebê Alexandre berrava no berçário, o Brasil democrático chorava o assassinato da liberdade de expressão. Se nome é destino, como acreditam tantos, Alexandre de Moraes reforçou a suspeita de que data de nascimento também pode ser. Ele nasceu junto com a censura. Talvez tenham nascido um para o outro.

Com Augusto Nunes

AINDA SOBRE O MELTDOWN, O SPECTRE E O RETPOLINE


CHI VA, NON PUÓ; CHI PUÓ, NON VA; CHI SA, NON FA; CHI FA, NON SA; E COSI, MALE IL MONDO VA.

Antes do assunto do dia, um comunicado importante:
Patch Tuesday deste mês (liberado no último dia 9) trouxe problemas de incompatibilidade, travamento e congelamento total do sistema para alguns usuários, notadamente em PCs com antivírus das marcas Avast, Avira, Sophos e McAfee. No meu caso específico, o desconforto é mínimo — habilitar um ou dois módulos do Avast Premier toda santa vez que ligo ou reinicio o computador —, mas há relatos de pessoas que não conseguem reiniciar o Windows, que amargam uma lentidão exagerada na inicialização ou demoram horas para conseguir fazer o logon.

Não há como saber se e como a máquina será afetada até que a instalação do patch seja concluída e o sistema, reiniciado, mas sabe-se que as versões mais atingidas são o Windows 7, 8.1, Server 2008 R2, Server 2012 e Server 2012 R2. A Avast recomenda deixa o sistema na tela de logon por cerca de 15 minutos e, em seguida, reiniciar o computador, mas acessar o modo de segurança e desativar o antivírus é uma solução mais eficaz, desde que você habilite o Windows Defender e o Windows Firewall. Instalar uma suíte de segurança que não conflite com o patch só faz sentido se a ferramenta de proteção em uso for gratuita (ou se a licença estiver prestes a expirar), até porque espera-se que a Microsoft desenvolva uma correção para esse problema e a libere com a possível urgência.  
Alguns fabricantes de antivírus estão se antecipando e lançando suas próprias correções, o que nos leva especular se a falha de compatibilidade não está nesses softwares, e não no patch da Microsoft. Mas isso só ficará claro depois que a empresa se pronunciar oficialmente sobre o assunto.

***********************************

Vimos que uma falha de design dos processadores Intel dá acesso a blocos de memória protegidos pelo sistema operacional, e que pessoas mal-intencionadas pode explorar essa brecha para ter acesso remoto não autorizado a informações confidenciais dos usuários de máquinas vulneráveis. Essa falha deu origem a duas vulnerabilidades: a Meltdown, que remove a barreira entre as aplicações para usuários e as partes sensíveis do sistema operacional, e a Spectre, que engana funcionalidades vulneráveis, fazendo-as vazar o conteúdo da sua memória. Ambas advêm de uma falha de hardware e, portanto, demandam correção em nível de projeto.

Como paliativo, foram desenvolvidos patches (remendos de software) destinados a minimizar esse problema (para saber mais, clique aqui), mas eles acabaram criando outro ao provocar uma redução de até 30% no desempenho dos processadores. Mais adiante, uma solução criada originalmente pelo Google foi implementada pela Microsoft no build 1809 do Windows 10 (atualização de recursos lançada em novembro do ano passado), visando reduz o impacto da anterior na performance do computador e proporcionando, em alguns casos, ganho adicional de até 25%. Por alguma razão incerta e não sabida, essa correção precisa ser habilitada, o que significa basicamente executar dois comandos de prompt. Você pode obter informações detalhadas no site da Microsoftmas também pode seguir o roteiro simplificado que eu publico a seguir:

— Digite cmd na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas (ou da Cortana, conforme a configuração do seu Windows 10) e tecle Enter. Clique com o botão direito sobre “Prompt de Comando/Aplicativo da área de trabalho” e selecione a opção Executar como administrador.

— Na linha de comando, digite:

reg add "HKLM\SYSTEM\CurrentControlSet\Control\Session Manager\Memory Management" /v FeatureSettingsOverride /t REG_DWORD /d 0x400 e pressione a tecla Enter.

Observação: Note que qualquer espaço, letra ou caractere a mais, a menos ou trocado fará com o comando seja recusado.

— Em seguida, digite este comando:

reg add "HKLM\SYSTEM\CurrentControlSet\Control\Session Manager\Memory Management" /v FeatureSettingsOverrideMask /t REG_DWORD /d 0x400 e torne a pressionar a tecla Enter (note que a recomendação anterior vale também neste caso).

— Feche a tela do prompt e reinicie o computador.

Para conferir se a configuração foi implementada com sucesso, basta executar no PowerShell (com poderes de administrador) um script que a Microsoft disponibiliza em seu GitHub. O procedimento é um tanto trabalhoso, mas seguro morreu de velho. Clique aqui para saber como fazer isso, aqui para informações adicionais e aqui para assistir ao tutorial completo em vídeo.

terça-feira, 23 de abril de 2019

AINDA SOBRE A PEC DA PREVIDÊNCIA

ATUALIZAÇÃO - 17h30: 

A 5ª Turma do STJ iniciou o julgamento do REsp de Lula pouco depois das 14 h desta terça-feira. O primeiro a votar foi o ministro Felix Fisher, relator do processo, que já havia rejeitado o recurso monocraticamente, mas agora votou favoravelmente à redução da pena para 8 anos 10 meses e 20 dias de prisão, no que foi acompanhado pelos ministros Jorge Mussi e Reynaldo Soares e Marcelo Navarro Ribeiro Dantas
Pelo Código Penal, Lula pode pedir progressão da pena para o regime domiciliar ou semiaberto após cumprir 1/6 da sentença — o que se dará em setembro próximo. Até lá, se a condenação a 12 anos e 11 meses referente ao sítio de Atibaia for ratificada pelo TRF-4 (e é isso que se espera), o pulha continuará preso em regime fechado. 
Demais disso, ora condenado no STJ, o ex-presidente petralha continuará preso, mesmo que o STF mude a jurisprudência sobre a condenação em 2ª instância e decida que o cumprimento provisório da pena seja iniciado após decisão de terceira instância
Lula ganhou na foice, mas perdeu no machado.

*********************

O objetivo precípuo dos parlamentares é a reeleição. É por isso que eles não se arriscam a contrariar o eleitorado para aderir a apelos emocionais do presidente e de seus ministros (a menos que sejam recompensados por recursos políticos que neutralizem esse risco). E mesmo sabendo que 9 de cada 10 eleitores não lembram em quem votaram para deputado ou senador, e menos ainda como seus representantes votaram projetos de lei de interesse popular.

Jair Messias Bolsonaro sabe melhor que ninguém o que move o baixo-clero da Câmara, até porque fez parte dessa seleta confraria por quase 30 anos. Curiosamente, subir a rampa do Planalto o fez esquecer a importância de uma coalizão de partidos para assegurar a aprovação da agenda do governo. Sobretudo as propostas de emenda constitucional, como a previdenciária, que precisam de 60% dos votos para ser aprovadas. E não há governabilidade possível se o presidente contar apenas com os votos de seu partido, que representam apenas 10% da Câmara e menos que isso no Senado.

Em qualquer sistema político multipartidário, a coalizão é essencial, tanto para garantir a coordenação e a coesão necessárias para obter os votos favoráveis, quanto para promover o compartilhamento do poder. Isso implica o uso de “moedas de troca”, particularmente a distribuição de cargos, e não se trata necessariamente de corrupção. Mas o presidente parece prisioneiro de seu discurso de campanha e das declarações de que não cederá ao “toma lá dá cá” das negociações políticas.

Promessas eleitorais podem ser relevantes para a vitória, e essa é uma delas. Mas insistir em mantê-las a ferro e fogo durante toda a gestão é o atalho mais curto para o fracasso. Pelo bem do país — e do próprio mandato —, Bolsonaro precisa construir uma narrativa que convença os eleitores da necessidade de ajustar o discurso à realidade, pois apelar para o patriotismo dos parlamentares é o segundo atalho mais curto para o fiasco deste governo (e do próxima, e do seguinte, pelo menos enquanto o presidencialismo não der lugar ao parlamentarismo como sistema de governo nesta republiqueta de bananas).

Bolsonaro erra quando diz que a melhor reforma da Previdência é aquela que passar no Congresso. Não é. O cenário mudará rapidamente para pior se a desidratação contrariar as expectativas do mercado, evidenciando que não será interrompida a marcha para o calote da dívida, isto é, o crescimento ininterrupto da relação dívida pública. Sem admitir e promover uma coalizão partidária coesa, o capitão pode amargar uma derrota que definirá, para pior, o futuro de seu governo e, por extensão, deste pobre país.

As negociações do governo com o chamado Centrão — grupo informal composto por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade — em busca de votos favoráveis à reforma da Previdência na CCJ da Câmara complicaram bastante. Já havia praticamente um acerto entre esses partidos e o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, para alterar pontos que não comprometessem a economia estimada pela equipe econômica, mas, segundo o Congresso em Foco, supostos cálculos sigilosos que embasaram a elaboração da proposta teria causado revolta entre deputados. Em princípio, havia um acordo sobre quatro pontos que não causam impacto na economia prevista de R$ 1,1 trilhão em dez anos, esperada com a aprovação da PEC. Com as notícias sobre o sigilo, porém, o Centrão voltou a pressionar pela restrição ao abono salarial e a desconstitucionalização, que já havia aceitado discutir apenas na comissão especial.

Atualização: Agora cedo, saiu a notícia de que deputados da oposição querem barrar a votação da admissibilidade da PEC na CCJ, como noticiou a RENOVA, alegando que a razão do sigilo em torno dos detalhes do projeto enviado pela equipe econômica é motivo para travar o avanço da reforma. O presidente da Câmara tranquilizou a tigrada dizendo que eles terão acesso aos dados detalhados que embasam a proposta de reforma. Pelo Twitter (que neste governo parece ser uma espécie de Diário Oficial informal), Rodrigo Maia postou a seguinte mensagem: “A CCJ é uma comissão apenas de admissibilidade. Conversei com o secretário especial de Previdência, Rogério Marinho, e ele vai apresentar nesta quinta-feira os números que embasam a proposta antes da instalação da comissão especial.”

Ainda sobre essa reforma polêmica, mas indispensável, reproduzo um texto impagável do brilhante J.R. Guzzo:

Depois de ouvir ad nauseam toda essa discussão sobre a “reforma da Previdência”, você está achando que ela é “contra os pobres”? Ou acha que é exatamente o contrário? Ou, ainda, não acha nem uma coisa nem outra, até porque não tem mais paciência para continuar ouvindo essa conversa que não acaba mais? Anime-se: o professor gaúcho Fernando Schüler, conferencista e consultor de empresas, tem a solução definitiva para o seu problema.

Se a reforma da previdência fosse contra os pobres, explicou Schüler dias atrás, já teria sido aprovada há muito tempo, e sem a menor dificuldade. Pela mais simples de todas as razões: tudo aquilo que prejudica o pobre diabo que está tentando não morrer de fome, e não tem tempo para fazer “articulação política”, passa como um foguete da NASA pelas duas casas do Congresso deste país. Passa tão depressa, na verdade, e com tanto silêncio, que ninguém nem fica sabendo que passou.

A reforma proposta pelo governo só está encontrando essa resistência desesperada do PT, dos seus satélites e da massa da politicalha safada porque é, justamente, a favor dos pobres e contra os ricos. Cem por cento contra os ricos no caso, algumas dezenas de milhares de funcionários públicos com salário-teto na casa dos R$ 40 mil por mês, sobretudo nas camadas mais altas do Judiciário e do Legislativo. São esses os únicos que vão perder, e vão perder em favor dos que têm menos ou não têm nada.

Não parece possível, humanamente, eliminar de maneira mais clara as dúvidas sobre a reforma da previdência. Alguém já viu, em cerca de 200 anos de existência do Congresso Nacional, alguma coisa a favor de rico dar trabalho para ser aprovada? Ainda há pouco, só para ficar num dos exemplos mais degenerados do estilo de vida dessa gente, deputados e senadores aprovaram o pagamento de 1,7 bilhão de reais para a “campanha eleitoral de 2018” dinheiro vivo, saído diretamente dos seus impostos e entregue diretamente no bolso dos congressistas. São os mesmos, em grande parte, que viraram um bando de tigres para salvar os pobres da reforma.

Poderiam ser mencionados, aí, uns outros 1.000 casos iguais, em benefício exclusivo da manada que tem força para arrancar dinheiro do Erário. No caso da previdência a briga é para conservar os privilégios de ministros, desembargadores, procuradores, auditores, ouvidores, marajás da Câmara dos Deputados, sultões do Senado e toda a turma de magnatas que conseguem ganhar ainda mais que o teto e exigem, ao se aposentar, os mesmos salários que ganham na ativa algo que nenhum outro brasileiro tem.

Não adianta nada, com certeza, apresentar números, fatos e provas materiais que liquidam qualquer dúvida sobre a injustiça rasteira de um sistema que se utiliza da lei para violar o princípio mais elementar das democracias o de que todos os cidadãos são iguais em seus direitos e em seus deveres. A previdência brasileira determina, expressamente, que os cidadãos são desiguais; quem trabalha no setor privado, segundo as regras que se pretende mudar, vale menos que os funcionários do setor público e, portanto, tem de receber aposentadoria menor. Quando se demonstra essa aberração com a aritmética, a esquerda diz que as contas não valem, pois se baseiam em “números ilegais”. Não há, realmente, como continuar uma conversa a partir de um argumento desses e nem há mesmo qualquer utilidade prática em conversar sobre o assunto. Os defensores dos privilégios não estão interessados em discutir número nenhum; estão interessados, apenas, em defender privilégios. Por que raios, então, iriam perder seu tempo se aborrecendo com fatos?

O que existe, no fundo, é uma questão que vai muito além da previdência social. É a guerra enfurecida que se trava no Brasil para manter exatamente como estão todas as desigualdades materiais em favor das castas que mandam no Estado todas as desigualdades, sem exceção, e não apenas a aposentadoria com salário integral. Sua marca registrada é um prodigioso esforço de propaganda para fazer as pessoas acreditarem que o agressor está do lado dos agredidos e que qualquer tentativa séria de defender o pobre é uma monstruosidade que precisa ser queimada em praça pública.

Acabamos de viver, justo agora, um dos grandes momentos na história dessa mentira que faz do Brasil um dos países mais injustos do mundo quando o ministro Paulo Guedes foi à Câmara para explicar, com paciência de monge beneditino e fatos da lógica elementar, a reforma da previdência. O PT fez o possível para impedir o ministro de falar. Ao fim, tentou ganhar pelo insulto. Um deputado de segunda linha faturou seus 15 minutos de fama dizendo que Guedes era “tigrão com “os aposentados”, mas “tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país”.
A grosseria serviu para três coisas. Em primeiro lugar, fez o deputado ouvir que “tchutchuca é a mãe”. Em segundo lugar, levou o ex-presidente Lula a dizer, da cadeia, que estava “orgulhoso” com a agressão mais um sinal, entre tantos, do bem que ele fará pelo Brasil se for solto ou premiado com a prisão domiciliar. Em terceiro lugar, enfim, abriu mais uma avenida-gigante para se dizer quem é quem, mesmo, em matéria de “tchutchuca” com os ricos, parasitas e piratas neste país tchutchuca na vida real, como ela é vivida na crueza do seu dia a dia, e não na conversa de deputado petista. Aí não tem jeito: os fatos, e puramente os fatos, mostram que Lula, guiando o bonde geral da esquerda verde-amarela, foi o maior “tchutchuca” de rico que o Brasil já teve em seus 500 anos de história; ninguém chegou perto dele, e nem de forma tão exposta à luz do sol do meio dia. Pior: o ex-presidente não foi só a grande mãe gentil dos ricos. Foi também a fada protetora dos empreiteiros de obras bandidos, dos empresários escroques e dos variados tipos de ladrão que tanto prosperam em países subdesenvolvidos as criaturas do pântano, como se diz.

O desagradável desta afirmação é que ela tem teores mínimos de opinião; só incomoda, ao contrário, porque sua base é uma lista sem fim de realidades que há muito tempo estão acima de discussão. Vamos lá, então, coisa por coisa. Não há dúvida nenhuma, já que é preciso começar por algum lugar, que o maior corruptor da história do Brasil, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, passou de mãos dadas com Lula os oito anos de seu governo noves fora o paraíso que viveu com Dilma Rousseff. Quem diz que Odebrecht é um delinquente em modo extremo não é este artigo; é ele mesmo, que confessou seus crimes, delatou Deus e o mundo e por conta disso está preso até hoje em prisão domiciliar, certo, mas preso. Também não foi o seu filho, nem qualquer cidadão que você conheça, quem conseguiu receber 10 milhões de reais da empreiteira Andrade Gutierrez como investimento numa empresa de vídeo games. Foi o filho de Lula. Os 10 milhões sumiram; a empresa faliu. A Andrade Gutierrez lamenta: o negócio não deu certo, dizem eles, e a gente perdeu todo o dinheiro que deu para o Lulinha. Uma pena, não é? Mas acontece com as melhores empresas do mundo. O empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, réu confesso, delator e hoje presidiário, foi o grande protetor e protegido de quem? De Lula a quem, por sinal, denunciou no fatal triplex do Guarujá. Querem mais? É só chamar o Google.

Em dezesseis anos de Lula e Dilma não se conhece um único caso de rico prejudicado pelo governo — a não ser os produtores rurais roubados pelos movimentos sociais do PT e outras vítimas da criminalidade oficial. Os banqueiros, por exemplo, jamais ganharam tanto dinheiro na história da economia brasileira como durante o reinado da esquerda. Não apenas foram protegidos contra qualquer espécie de concorrência liberdade econômica, no lulismo bancário, só vale na hora de deixar os bancos cobrarem os juros mais altos do mundo. Foram os maiores beneficiários da dívida pública alucinante que Lula e o PT tanto se orgulham de ter criado, pois na sua cabeça isso é sinal de que “o governo está se endividando para ajudar os pobres” quando na verdade faz a população pagar 100 bilhões de dólares por ano em juros que vão para os bolso dos rentistas, a começar pelos banqueiros.

Também não há precedentes de tanta caridade pública para empresários amigos quanto na era Lula-PT. Quem foi mais “tchutchuca” de Eike Batista, Joesley Batista e outros abençoados do BNDES? Quem inventou a Sete Brasil, uma das aberrações mais espantosas jamais criadas pelo capitalismo de compadres do Brasil? Do começo ao fim, foi apenas uma arapuca para vender sondas imaginárias à Petrobras e “ressuscitar a indústria naval brasileira” vigarice de terceira categoria que fez obras e empregos virarem fumaça quando a ladroagem toda veio abaixo.

A esses bem-aventurados da elite brasileira, de quem a esquerda se diz tão horrorizada, mas a quem serve com a devoção de moleque de senzala, juntam-se os ladrões puros e simples. Em que outra ocasião da história política do Brasil o roubo do Tesouro Nacional viveu dias de tanta glória como nos governos de Lula e seus subúrbios? Basta citar um nome para se entender o processo inteiro: Sérgio Cabral. Precisa mais? O homem soma quase 200 anos de prisão, confessou um caminhão de crimes e tornou-se o governador mais ladrão que a humanidade já conheceu. Mas foi um dos grandes heróis de Lula não se esquecerá jamais o mandamento público do ex-presidente, dizendo que votar em Cabral era um dever moral, ético e político. E quem foi o grande inventor de Antônio Palocci? Nada mais típico do que Palocci, transformado por Lula em vice-rei da sua Presidência. O cidadão se apresentava como “trotskista”, ou, tecnicamente, como militante da extrema esquerda. Roubou tanto, segundo suas próprias confissões, que jamais se saberá ao certo o prejuízo que deu. Só o apartamento em que mora em São Paulo, e onde cumpre hoje sua “prisão domiciliar”, vale mais que o patrimônio que 99% dos brasileiros vão obter durante todas as suas vidas. Isso não é ser rico? E se Palocci não é uma criatura de Lula, de quem seria, então?

A verdade é que durante todo o período em que a esquerda mandou no governo o Brasil continuou sendo um dos países de maior concentração de renda em todo o mundo. Em dezesseis anos de lulismo, foi massacrado sem trégua o principal instrumento de melhoria social que pode existir num país a educação pública. Pelos últimos dados do Banco Mundial, a média da população brasileira só vai atingir o mesmo índice de compreensão da matemática existente nos países desenvolvidos daqui a 75 anos. Essa é a boa notícia; em matéria de leitura, vamos precisar de mais 260 anos para chegar lá. É o resultado direto do abandono da educação dos pobres em benefício da educação dos ricos. Por conta dos programas de “democratização” da universidade de Lula e Dilma, o Brasil gasta quatro vezes mais por ano com um aluno da universidade pública, ou cerca de R$ 21 mil, do que com um garoto que está no ensino básico. Queriam o que, com essa divisão do dinheiro público que se gasta na educação?

Em matéria de ação pró-pobre, houve muita propaganda, muito filminho milionário de João Santana mais um réu confesso de corrupção mostrando a clássica família negra feliz-com mesa farta-carrinho na porta-tomando avião-etc., etc., mas essas fantasias quase só existiam na televisão. Dinheiro, que é bom, foi para o bolso dos nababos, dos Marcelos e Eikes e Geddels. Foi para ditadores da África o filho de um deles, por sinal, é um fugitivo da polícia internacional. Foi para obras em Cuba e na Venezuela. Foi para os “prestadores de serviço”, ONGs amigas e artistas da Lei Rouanet. Foi, num país de 200 milhões de habitantes, para os barões mais bem pagos de um funcionalismo público que já soma quase 12 milhões de pessoas entre União, Estados e Municípios 450.000 só nesse Ministério da Educação que produz a catástrofe descrita acima. Para a plebe sobrou o programa oficial de esmolas do Bolsa Família, ideal para perpetuar a miséria, ou pior que isso segundo o Banco Mundial, de novo, 7 milhões de brasileiros caíram abaixo da linha da pobreza apenas de 2014 para 2016. Quem gerou essa desgraça? Não foi o governo da Cochinchina, nem o ministro Paulo Guedes.

A situação fica definitivamente complicada para os pobres quando quem diz que está cuidando deles serve no exército do inimigo aqueles que têm como principal razão de sua existência, talvez a única, defender direitos e princípios que são apenas presentes pagos com o dinheiro de todos.

SPECTRE, MELTDOWN E RETPOLINE — COMO ATIVAR A CORREÇÃO E MELHORAR O DESEMPENHO DO PROCESSADOR


NÃO EXISTE DINHEIRO BOM OU DINHEIRO RUIM. EXISTE APENAS DINHEIRO.

Uma falha de projeto descoberta nos processadores Intel, em janeiro do ano passado, permitia que cibercriminosos tivessem acesso a blocos de memória protegidos pelo sistema operacional e, consequentemente, a informações sensíveis dos usuários (tais como senhas e outros dados pessoais/confidenciais). Em parceria com a Microsoft, a Apple e as comunidades GNU/Linux, a Gigante dos Processadores criou uma correção, mas o problema é que ela reduzia em até 30% o desempenho do processador (o impacto variava conforme o modelo do chip e a atividade realizada durante a medição).

A boa notícia é que uma correção desenvolvida originalmente pelo Google e introduzida pela Microsoft na build 1809 do Windows 10 (atualização abrangente de recursos liberada no segundo semestre do ano passado) pode melhorar em até 25% a performance global do computador. Sua ativação é um tanto trabalhosa, e eu não percebi qualquer mudança para melhor no meu PC — embora tampouco tenha percebido qualquer mudança para pior depois de instalar a correção que a Microsoft disponibilizou no ano passado.

Antes de compartilhar o caminho das pedras, cumpre relembrar que você pode "dar um gás" num PC de configuração chinfrim habilitando todos os núcleos do processador — desde que o chip seja multi-core, naturalmente. E se houver suporte ao multiprocessamento lógico, tanto melhor, pois aí será possível habilitar também os núcleos virtuais.

Observação: Quando a frequência de operação dos processadores alcançou 3 GHz, os fabricantes se deram conta de que seria impraticável aumentar ainda mais o número de transistores e a velocidade de operação sem elevar o custo de produção a ponto de os microchips se tornarem comercialmente inviáveis. Para contornar o problema, eles recorreram inicialmente ao multiprocessamento lógico tecnologia mediante a qual um único processador funciona como duas CPUs virtuais — e, mais adiante, aos processadores multicore com dois ou mais núcleos físicos.

Para ativar todos os núcleos da CPU no Windows 10:

— Tecle Win+R para abrir o menu Executar, digite msconfig na respectiva caixa de diálogo e pressione Enter.

— Na tela das configurações do sistema, clique em Inicialização do sistema, em Opções avançadas... Na janelinha que se abre em seguida, marque a caixa ao lado de Número de processadores e selecione a quantidade desejada (as opções disponíveis variam conforme as características da sua CPU).

Observação: Aproveite o embalo para forçar o uso da memória total disponível; basta desmarcar a caixa de verificação ao lado de Memória máxima.

— Ao final, confirme em OK e reinicie o computador para validar a reconfiguração.

Para não estender demais esta postagem, o resto fica para a próxima.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

PEC DA PREVIDÊNCIA NA CCJ — A HORA DO TOMA-LÁ-DÁ-CÁ


Bolsonaro foi eleito com 57 milhões de votos graças ao discurso antipetismo, anticorrupção e anti velha política. Uma vez empossado, desperdiçou os 100 primeiros dias de mandato com estultices que minaram sua popularidade e emperraram a tramitação do seu principal projeto e sustentáculo de governo.

Se tudo tivesse seguido o script, a reforma da Previdência estaria concluída no final deste semestre. Pelo andar da carruagem, devemos nos dar por felizes se até lá ela tiver sido aprovada na CCJ e na Comissão Especial da Câmara. (Na CCJ, a PEC pode ser aprovada amanhã — desde que o PT e seus satélites não atrapalhem e o governo renegocie a idade mínima, o benefício de prestação continuada e outras questões que nada têm a ver com a admissibilidade da proposta e só deveriam ser debatidas na próxima fase).

Quase quatro meses depois de ter subido a rampa, o capitão continua com os dois pés no palanque, fiel ao discurso que lhe rendeu bons resultados na campanha. Mas treino é treino e jogo é jogo; a partida começou pra valer em janeiro e o centroavante não se deu conta de que, neste nosso presidencialismo de cooptação, é impossível governar sem uma sólida base de apoio político-partidária. E Bolsonaro deveria saber disso melhor que ninguém, pois passou os últimos trinta anos no baixo-clero da Câmara, convivendo com deputados em sua maioria fisiologistas, useiros e vezeiros em colocar interesses pessoais ou corporativistas à frente das instâncias nacionais.

Com mais de 30 partidos dispostos ao casamento — a depender do dote, naturalmente —, o presidente se nega a fatiar o governo que montou a partir dos núcleos que comandaram sua exitosa campanha (militares, ruralistas, liberais, olavistas, evangélicos e familiares) e recheou com ministros heterodoxos e, salvo honrosas exceções, de uma parvoíce asinina. Alguém precisa lembrá-lo de que, sem uma base sólida de apoio, governar esta banânia é tão impraticável quanto calçar sapato em minhoca.

Observação: Todos os ex-presidentes da “nova república” se renderam ao sofisticado sistema de escambo em que cargos, verbas, emendas e ministérios são trocados por apoio parlamentar à pauta do governo. O famoso toma-lá-dá-cá sempre existiu, e quem se rebelou acabou defenestrado — caso dos abantesmas Fernando Collor e Dilma RousseffPode-se não gostar de Michel Temer, mas não se pode deixar de reconhecer sua invejável habilidade em negociar com o Congresso. Basta lembrar quão rapidamente foram aprovadas as reformas que ele chegou a propor antes de ser abatido em seu voo de galinha pelo moedor de carne bilionário Joesley Batista. Ou como ele conseguiu sobreviver aos petardos de Janot, ainda que para isso tenha se tornado refém dos congressistas terminado seu mandato-tampão melancolicamente, com os piores índices de popularidade já registrados na história desta República.  

Com uma sutileza digna de rinoceronte em loja de cristais, Bolsonaro travou uma queda de braço tão pueril quanto despropositada com o presidente da Câmara — o que lhe rendeu a aprovação em tempo recorde do orçamento impositivo das emendas coletivas e “inflacionou o mercado futuro”, como se nota dos obstáculos que os parlamentares vêm espalhando ao longo do tortuoso caminho da reforma previdenciária. Outro sinal claro do Congresso ao presidente foi o massacre infligido pela oposição a Paulo Guedes durante uma sessão na CCJ, sem que absolutamente ninguém da base aliada acorresse em seu socorro. Por que os deputados supostamente aliados não se manifestaram? Para sinalizar ao governo que não abrem mão do toma-lá-dá-cá, e que, se não receberem o que desejam (exigem?), o tão sonhado R$ 1 trilhão de economia nos próximos dez anos cairá para uns R$ 800 milhões, e olhe lá. Nesse patamar, a reforma da Previdência certamente voltaria à baila no próximo governo ou no seguinte, e novos e emocionantes capítulos dessa novela continuariam se sucedendo sem cessar.

Bolsonaro está usando algo vital para o país como balão de ensaio, o que pode colocar em xeque seu futuro político. Muitos acreditam que o chefe do Executivo se curvará ao sistema de trocas, até porque é possível fazê-lo sem enveredar pelo caminho da corrupção, mas isso é conversa para outra hora. Se continuar peitando os parlamentares, o capitão estará como que os estimulando a buscar ainda mais independência, e o resultado será inevitavelmente a instabilidade, embora tenha como consequência positiva a possível adoção do parlamentarismo no Brasil, claro que não amanhã ou na próxima eleição, mas daqui a alguns anos. Aliás, nosso esclarecidíssimo eleitorado já perdeu esse bonde uma vez, no plebiscito de 1993. Se aprendeu alguma coisa desde então, isso é o tempo que irá dizer.

Para encerrar: No post da última sexta-feira eu comentei en passant que o vice-líder do governo na Câmara, por influência do guro de meia pataca Olavo de Carvalho, apresentou um pedido de impeachment contra o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, alegando “conduta indecorosa, desonrosa e indigna” e “conspiração para conseguir o cargo de Jair Bolsonaro”. Um dos argumentos sustentados pelo congressista patarateiro é um like de Mourão na publicação em que a jornalista Rachel Sheherazade dirigiu elogios ao vice-presidente e críticas ao titular. O general classificou como “bobagem” o pedido de impeachment e afirmou que "se prosperar, ele volta para a praia". Quanto ao dublê de pensador e astrólogo, talvez fosse melhor ele voltar a fazer mapa astral, chupar seu cachimbo lá em Richmond, na Virgínia, e palpitar menos no governo tupiniquim. Todo mundo sairia ganhando.

GERENCIADORES DE MEMÓRIA RAM


É MELHOR IR LONGE DEMAIS DO QUE NÃO IR LONGE O BASTANTE.

Máquinas com pouca memória tendem a apresentar desempenho sofrível, o que é particularmente irritante nos tempos atuais, quando todo mundo quer tudo para ontem. Ligar o PC e ir tomar um café enquanto o Windows carrega, amargar uma demora surreal durante a inicialização de um aplicativo e outras situações que tais são verdadeiras provações (já vimos como minimizar esse aborrecimento em dezenas de postagens), mas o ReadyBoost — vide post anterior —, combinado manutenções preventivas responsáveis, pode ajudar um bocado. 

Ao primeiro sinal de lentidão exagerada, dê um clique direito num ponto vazio da Barra de Tarefas, clique na opção Gerenciador de Tarefas e confira o que está rodando em segundo plano e consumindo recursos valiosos do computador. A aba Processos permite ordenar os itens em execução por consumo de memória, o que facilita a identificação dos mais gulosos e a finalização dos que não fazem falta nesse momento específico. Na aba Desempenho, clicando em Memória, você pode avaliar a quantidade de RAM alocada e disponível; na aba Detalhes, acessar a lista dos processos que estão rodando em segundo plano e, consequentemente, consumindo memória o tempo todo.

A aba Inicializar lista os aplicativos pegam carona com o Windows e o impacto que eles causam na inicialização do sistema — muitos deles estão ali de enxeridos, e você não só pode como deve inibir sua atualização automática, desde que tome o cuidado de não desativar o antivírus e o firewall, que precisam iniciar junto com o sistema operacional para oferecer proteção responsável (para saber o que é ou não seguro excluir dessa lista, faça uma pesquisa no Google). 

Observação: Tenha em mente que, mesmo depois de removidos da lista, os apps continuarão disponíveis, embora possam demorar um pouco mais para responder quando forem convocados.

A Web está coalhada de programinhas com mil e uma utilidades, e ferramentas para gerenciar a memória RAM não são exceção, e embora não façam milagres, elas podem ser úteis em máquinas com pouca memória física. O popular CleanMem otimiza o uso da RAM em tempo real, reduzindo o impacto da memória virtual (recurso que aloca um espaço no disco rígido para usar como extensão da memória física, mas que tem como inconveniente o fato de o HDD ser milhares de vezes mais lento do que a já relativamente lenta memória RAM). Uma vez instalado, ele cria uma entrada no Agendador de Tarefas do Windows para liberar memória a cada 15 minutos, de modo que você só precisa instalar o programinha e "esquecer", ainda que seja possível executar essa limpeza manualmente se e quando você achar necessário.

domingo, 21 de abril de 2019

A GREVE DOS CAMINHONEIROS, UMA PIADA PRONTA, O ERRO GROTESCO DO STF E UM VÍDEO SENSACIONAL


Os caminhoneiros estão divididos sobre a possibilidade de uma nova greve após o anúncio do aumento de R$ 0,10 no preço do óleo diesel nas refinarias. Uma ala quer antecipar para o próximo dia 29 a paralisação que estava marcada para 21 de maio, enquanto a outra prefere aguardar novas ações do governo. Para piorar, empresas de ônibus responsáveis pelo transporte coletivo urbano prometem se juntar aos caminhoneiros para pressionar o governo. O líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), Ivar Schmidt, acredita que é cedo para uma paralisação. Segundo ele, "o governo atual é muito recente e ainda não teve tempo de trazer uma solução, mas se tiver mais dois reajustes já seria motivo para uma nova greve".

Os ministros da Economia e de Minas e Energia vieram a público explicar que a independência da Petrobras está mantida e que ela continua livre para aplicar os reajustes que julgar apropriados. Na última quarta-feira, a estatal anunciou aumento médio de 4,8% na refinaria, atribuindo o percentual inferior ao anunciado anteriormente a variações no frete marítimo e operações de hedge (proteção cambial). Na véspera do aumento, o governo anunciou um pacote de medidas para afastar os riscos de greve, tais como a liberação de R$ 2 bilhões para melhorias em estradas e uma linha de crédito de R$ 500 milhões do BNDES para os caminhoneiros, além de prometer intensificar a fiscalização do cumprimento da tabela de frete. A ministra da Agricultura está articulando junto à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e à Confederação Nacional da Indústria (CNI) medidas para desburocratizar entraves que vêm impedindo que cooperativas de autônomos busquem cargas diretamente na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Dito isso, passemos a um texto da lavra do jornalista Willian Waak, que foi afastado do "Jornal da Globo" em dezembro de 2017, depois de o ex-operador de VT Diego Rocha Pereira divulgar um vídeo em que o Waak faz “comentários racistas” durante a cobertura da eleição americana, ao se irritar com a buzina de um carro e afirmar (em off, naturalmente) que o barulho era "coisa de preto". Antes, porém, uma “piada pronta” que eu não sei como escapou a José Simão: O mesmo Dias Toffoli que instalou “de ofício” aquele polêmico inquérito para combater fake news envolvendo o STF e seus supremos ministros resolveu anular uma decisão do ministro Luiz Fux que o próprio Toffoli avalizou em outubro do ano passado, proibindo o criminoso mais famoso do Brasil de dar entrevistas desde sua cela VIP na Superintendência da PF em Curitiba. A graça dessa “piada” está no fato de não existir fábrica de fake news maior do que a autoproclamada “alma viva mais honesta do Brasil”. Só rindo para não chorar.

Observações:

1) Mario Sabino, publisher da Crusoé, foi intimado e teve de prestar esclarecimentos; leia a seguir o trecho do artigo exclusivo em que ele narra o que aconteceu na PF: "O delegado designado para conduzir o inquérito inconstitucional saído da cachola de Dias Toffoli e Alexandre de Moraes não soube dizer aos meus advogados em qual condição eu estava ali: se de investigado, testemunha ou, sei lá, colaborador. Ele afirmou ainda que, por ser sigiloso, desconhecia o teor exato do inquérito a meu respeito. Sim, você leu certo: o delegado designado para conduzir o inquérito disse não ter ideia sobre o que estava sendo investigado sobre mim. Se é que eu era investigado, claro."

2) No pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, o senador Alessandro Vieira diz que, ao instaurar o inquérito para apurar supostos ataques ao STF, o presidente da corte cometeu “claro abuso de poder e sem fundamento legal, com o evidente propósito de intimidar quaisquer cidadãos que ousassem manifestar qualquer tipo de opinião contrária às visões defendidas pelos componentes daquele colegiado”. “Não bastasse a grave intervenção estatal na vida privada de cidadãos idôneos, a verdadeira perseguição perpetrada pelos denunciados passou a atingir, em grave ofensa ao Estado Democrático de Direito, no dia 15/04/2019, órgãos de imprensa aos quais a Constituição Federal garante livre exercício”, acrescentou o parlamentar, referindo-se à censura imposta à Crusoé e a O Antagonista, agora já revogada.

3) A procuradora-geral da República enviou parecer ao STF contra os pedidos do ex-presidente Lula para dar entrevistas. Raquel Dodge defendeu a liberdade de expressão e de imprensa, mas ressaltou que, em algumas situações, há a possibilidade de proibir que presos concedam entrevistas: “O fato é que ele [Lula] é um detento em pleno cumprimento de pena e não um comentarista de política”. E acrescentou: “Conclui-se que a proibição de que Luiz Inácio Lula da Silva conceda entrevistas em áudio e/ou vídeo, apesar de ser restritiva da sua liberdade de expressão, é medida proporcional e adequada a garantir que as finalidades da pena a ele imposta sejam concretizadas, sendo, portanto, compatível com a ordem jurídica do país”.

Não custa lembrar que Lula é um criminoso condenado, não um comentarista de política. Mas parece que vale tudo nesta banânia, onde todos são iguais perante a lei, mas sempre tem quem seja mais igual que os outros. Sem mais delongas, vamos ao texto de Waak.

Toffoli assumiu a presidência do STF em setembro último com a proposta de baixar a temperatura das brigas institucionais e evitar surpresas, como uma canetada que libertasse Lula. Era o momento crítico pré-eleitoral (que o diga o atentado contra Bolsonaro) e o então comandante do Exército, general Villas Bôas, tinha combinado com o mais jovem presidente do Judiciário que seu chefe de Estado-Maior e hoje ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, uma das principais cabeças políticas das Forças Armadas, seria assessor especial de Toffoli.

O esquema de “pacificação” funcionou até ser engolido pelo agravamento da mais espetacular disputa da crise brasileira, que opõe expoentes de enorme projeção da Lava-Jato, de um lado, e integrantes de peso do Supremo e do mundo político no Legislativo, de outro. E vai acabar arrastando também o Executivo na disputa para determinar quem exerce o poder de fato sobre os principais agentes políticos (e suas decisões).

A Lava-Jato se entende como uma instância de controle externa sobre o mundo da política, descrito como irrecuperável, podre e intrinsecamente corrupto até que seu principal paladino, Sergio Moro, decidisse fazer parte dele como ministro da Justiça. Do outro lado, há sólidas razões doutrinárias sustentando objetivos políticos lícitos, como os de assegurar que quem governa e legisla é quem foi eleito, e não procuradores e juízes. Razões desmoralizadas perante parte numerosa do público pelos que delas fazem uso só para escapar da Justiça. Mas o fato é que uma parte do Supremo e um número grande de políticos, entre eles muita gente honesta, acham que já passou da hora se de colocar limites e frear o ativismo de expoentes da Lava-Jato.

É nesse contexto que ocorre o injustificável ato do Supremo de impor censura à publicação de material envolvendo Toffoli e encarado como parte da “guerra suja” movida por quem enxerga o STF como obstáculo, seja qual for o motivo. É um drama carente de heróis autênticos: o STF dispõe de sólidos indícios para supor que existe, sim, uma campanha organizada e dirigida para desmoralizar a Corte e alguns de seus integrantes, por razões somente políticas, e que seus adversários da trincheira da Lava-Jato há muito se tornaram agentes políticos com agenda própria de poder (exercido direta ou indiretamente pelo controle da política).

Nesta altura da crise já importa pouco, embora possa parecer paradoxal, determinar quem tem razão, quem está do lado “certo”. Há uma notória atmosfera de desconfiança e perda de credibilidade das principais instituições (incluindo a grande mídia), em meio a um clamor difuso, porém virulento, expresso em “vamos expulsar a quadrilha do STF”, lema associado à visão de que, “com um Congresso cheio de corruptos, não é possível negociar”. É o tal do famoso “monstro”, chamado de “opinião pública” antes da era digital, e que todos os agentes políticos, incluídos os da Lava-Jato, do Supremo e variadas lideranças políticas incitam, inflamam e ainda acham que conseguem dirigir.

Emparedar o Supremo e acuar o Legislativo em nome da imensamente popular campanha anticorrupção provavelmente aglutinará número nutrido de atores políticos, incluindo pedaços do Executivo. Há uma convergência tácita atualmente entre aqueles (como os expoentes da Lava-Jato) que encaram o Supremo como obstáculo jurídico a ser superado e os “revolucionários” localizados na extrema franja, e com forte ascendência sobre Bolsonaro, para os quais a “limpeza” e o controle de instituições (incluindo Judiciário e Legislativo) têm de ser capitaneados a machadadas. Nesse sentido, a censura imposta pelo Supremo não só é inconstitucional e execrável em si. Trata-se de um grotesco e formidável erro numa luta política.

Para encerrar a postagem deste domingo de Páscoa com algo, digamos, agradável, confira o vídeo a seguir:


Boa Páscoa a todos.