Magoado
com a estratégia de Lula para
isolá-lo no primeiro turno e de olho na eleição de 2022, Ciro Gomes decidiu preservar o seu nome da disputa do segundo turno,
frustrando os petistas que apostavam que ele faria um gesto em favor de Haddad.
Bolsonaro venceu o pleito, mas tanto Ciro quanto sua vice, Kátia
Abreu, cresceram na campanha, e agora o pedetista parece disposto a liderar
a oposição ao próximo governo — uma oposição de verdade, não como a do PT, que impede o país de funcionar.
Ciro demonstrou bom senso anunciar seu rompimento com Lula e a seita
do inferno. Em entrevista
à Folha, fez duras críticas ao partido “que se quer hegemônico e é traidor”.
Disse ter sido “miseravelmente traído por Lula
e seus asseclas”, e que não declarou voto ao fantoche porque não quer mais
fazer campanha com o PT. Disse ainda que considerou “um insulto” o convite para assumir o papel de vice no lugar de Haddad: “Esses fanáticos do PT
não sabem, mas o Lula, em momento de
vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado.”
Perguntado
se será candidato em 2022, Ciro respondeu que quem conhece o Brasil sabe que afirmar isso agora é um
mero exercício de especulação. “Só essa cúpula exacerbada do PT é que já começou a campanha de
agressão. Eu não. Tenho sobriedade e modéstia. Acho que o país precisa se
renovar. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma
força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje. E o Bolsonaro estava no lugar certo, na
hora certa. Só o petismo fanático vai chamar os 60% do povo brasileiro de
fascista”.
Ciro disse ainda que Lula sabia da roubalheira do petrolão
porque ele, Ciro, avisara ao então
presidente que, na Transpetro, Sérgio
Machado estava roubando Renan Calheiros,
e que Lula se corrompeu por isso e que hoje está cercado de bajuladores como Gleisi Hoffmann, Leonardo
Boff, Frei Betto.
Na avaliação do ex-governador, “Haddad é uma boa pessoa, mas, se fosse uma pessoa que tivesse mais fibra, jamais teria aceitado esse papelão. Toda segunda ir lá [visitar Lula]... Quem acha que o povo vai eleger pessoa assim? Lula nunca permitiu nascer ninguém perto dele. E eles empurram para a direita, que é o querem fazer comigo.”
Na avaliação do ex-governador, “Haddad é uma boa pessoa, mas, se fosse uma pessoa que tivesse mais fibra, jamais teria aceitado esse papelão. Toda segunda ir lá [visitar Lula]... Quem acha que o povo vai eleger pessoa assim? Lula nunca permitiu nascer ninguém perto dele. E eles empurram para a direita, que é o querem fazer comigo.”
Pelo
andar da carruagem, o PDT deve entrar
em rota de colisão com o PT, que
muito provavelmente ficará isolado na condição de oposição radical a qualquer
preço. Ciro sinaliza que fará uma
oposição sadia, patriótica. Haverá um caminho pelo meio para a oposição, da
esquerda mais responsável, que pode render frutos para sua liderança. Mas a
única chance de o PT voltar a ser a
grande esperança do povo brasileiro é se nada der certo no governo de Bolsonaro. Daí porque os petistas certamente
apostarão no quanto pior, melhor.