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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

DE OLHO EM CIRO GOMES



Magoado com a estratégia de Lula para isolá-lo no primeiro turno e de olho na eleição de 2022, Ciro Gomes decidiu preservar o seu nome da disputa do segundo turno, frustrando os petistas que apostavam que ele faria um gesto em favor de Haddad. 

Bolsonaro venceu o pleito, mas tanto Ciro quanto sua vice, Kátia Abreu, cresceram na campanha, e agora o pedetista parece disposto a liderar a oposição ao próximo governo — uma oposição de verdade, não como a do PT, que impede o país de funcionar.

Ciro demonstrou bom senso anunciar seu rompimento com Lula e a seita do inferno. Em entrevista à Folha, fez duras críticas ao partido “que se quer hegemônico e é traidor”. Disse ter sido “miseravelmente traído por Lula e seus asseclas”, e que não declarou voto ao fantoche porque não quer mais fazer campanha com o PT. Disse ainda que considerou “um insulto” o convite para assumir o papel de vice no lugar de Haddad: “Esses fanáticos do PT não sabem, mas o Lula, em momento de vacilação, me chamou para cumprir esse papelão que o Haddad cumpriu. E não aceitei. Me considerei insultado.”

Perguntado se será candidato em 2022, Ciro respondeu que quem conhece o Brasil sabe que afirmar isso agora é um mero exercício de especulação. “Só essa cúpula exacerbada do PT é que já começou a campanha de agressão. Eu não. Tenho sobriedade e modéstia. Acho que o país precisa se renovar. O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje. E o Bolsonaro estava no lugar certo, na hora certa. Só o petismo fanático vai chamar os 60% do povo brasileiro de fascista”.

Ciro disse ainda que Lula sabia da roubalheira do petrolão porque ele, Ciro, avisara ao então presidente que, na Transpetro, Sérgio Machado estava roubando Renan Calheiros, e que Lula se corrompeu por isso e que hoje está cercado de bajuladores como Gleisi Hoffmann, Leonardo Boff, Frei Betto.

Na avaliação do ex-governador, “Haddad é uma boa pessoa, mas, se fosse uma pessoa que tivesse mais fibra, jamais teria aceitado esse papelão. Toda segunda ir lá [visitar Lula]... Quem acha que o povo vai eleger pessoa assim? Lula nunca permitiu nascer ninguém perto dele. E eles empurram para a direita, que é o querem fazer comigo.”

Pelo andar da carruagem, o PDT deve entrar em rota de colisão com o PT, que muito provavelmente ficará isolado na condição de oposição radical a qualquer preço. Ciro sinaliza que fará uma oposição sadia, patriótica. Haverá um caminho pelo meio para a oposição, da esquerda mais responsável, que pode render frutos para sua liderança. Mas a única chance de o PT voltar a ser a grande esperança do povo brasileiro é se nada der certo no governo de Bolsonaro. Daí porque os petistas certamente apostarão no quanto pior, melhor.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

FALTANDO 6 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO



Enquanto a gente sofre com a síndrome do macaco (para saber do que se trata, clique aqui e veja a foto no final da postagem), PT e PDT padecem da síndrome do mau perdedor. O primeiro por estar prestes a levar uma monumental lavada do PSL; o segundo por ter ficado em terceiro lugar no primeiro turno. Inconformados, ambos pleiteiam a cassação de Bolsonaro, baseados numa denúncia de que empresários teriam bancado a compra de “pacotes de disparo de mensagens pelo WhatsApp contra o PT”, que foi publicada pela Folha na semana passada.

Chega a ser hilário um pedido desses partir do PT, que sempre jogou sujo o jogo eleitoral, tanto na esfera legal quanto do ponto de vista moral. À extensa lista de infrações cometidas pela seita do inferno ao longo de três governos e meio, acrescentam-se na reta final desta campanha erros crassos equivocadamente tratados no noticiário como “estratégias”. Da insistência na candidatura falaciosa do criminoso de Garanhuns ao prosaico “Lula Livre”, do “mensalinho do Twitter — em que influenciadores foram pagos para postar loas a candidatos petistas — à retomada da programática passado, culminando com a conversão súbita ao dito pelo não dito no segundo turno, a legenda da estrela apagada só fez reforçar as razões do modelo rejeitado pelo eleitorado — que Bolsonaro soube tão bem cooptar jogando com a manipulação das emoções negativas.

Observação: Haddad afirma que está disposto a debater com Bolsonaro a qualquer momento e em qualquer lugar, mesmo numa enfermaria, e o capitão diz que “quem conversa com poste é bêbado”. A julgar pelos nível dos últimos confrontos televisivos entre João Doria e Marcio França — no da Globo o mediador chegou a dizer que esperava que ambos sobrevivessem ao programa e no da Record a baixaria foi ainda pior —, os eleitores não vão perder grande coisa, já que ninguém parece disposto a discutir programas de governo, mas apenas atacar o adversário para tentar ganhar no grito. Triste Brasil.

Na guerra generalizada de fake news, o PT é tanto vítima quanto algoz, como no caso recente em que Haddad tuitou uma informação falsa (que depois apagou) sobre suposto voto de seu adversário contra um projeto de lei envolvendo a inclusão de portadores de deficiência — e isso vários dias depois de a informação já ter sido desmentida nas mídias sociais. É nítida, portanto, a impressão de esse insurgimento do PT não passa de mera tentativa de “vencer no tapetão”, e que o PSL resolveu surfar nessa onda, vislumbrando a possibilidade — remota, mas enfim... — de anulação do primeiro turno e de um segundo pleito tendo como adversários o segundo e o terceiro colocados no sufrágio do último dia 7.

Observação: Segundo Maurício Lima publicou na seção Radar da revista Veja, o próprio Lula já admitiu abertamente a derrota na eleição. Na visão dele e da cúpula do PT, só um grande escândalo poderia mudar o resultado final. Talvez seja isso que Haddad e o PT, com uma ajudinha da Folha, estão querendo produzir com essa "denúncia".

O Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral estão aí para receber denúncias, promover investigações e julgar os casos que chegarem à corte, mas será que há consistência na acusação envolvendo Bolsonaro, seus apoiadores e o WhatsApp? (a propósito, assistam ao vídeo no final desta postagem). Será que não faltam indícios de materialidade do suposto crime eleitoral, já que não foi apresentada comprovação de que o esquema realmente existiu, colocando em xeque a própria fundamentação da denúncia?

Na última sexta-feira, o WhatsApp cancelou as contas das agências  mencionadas na reportagem da Folha, mas não deu maiores detalhes sobre o teor dos conteúdos que foram compartilhados, o que não permite inferir se os envios eventualmente já feitos configurariam a existência de um esquema criminoso. Supondo que haja empresários pagando agências para disparar mensagens as tais mensagens, seria preciso apurar se o dinheiro vem de pessoas físicas ou jurídicas, já que empresas não podem contribuir para campanhas eleitorais, mas seus donos podem — ao menos dentro de certos limites.

A capa da Folha fala em “empresas” e o título da reportagem, em “empresários”. Apesar do uso do plural, apenas a rede de lojas Havan foi citada, e seu proprietário negou ter pago pelo envio de mensagens. Junte-se a isso o fato de a denúncia não envolver doação oficial de campanha — para caracterizar caixa 2, seria preciso comprovar que o esquema foi realizado com conhecimento ou anuência de Bolsonaro; se tiver sido fruto de iniciativa independente, tomada por apoiadores do candidato, não se pode considerá-lo doação irregular de campanha.

Supondo que se trate de uma ação individual sem o conhecimento da campanha do capitão, a resolução 23.551/2017 do TSE proíbe expressamente a compra de cadastros e pune os responsáveis pelo envio das mensagens, independentemente de terem alguma ligação formal com a campanha, mas o candidato só é responsabilizado se for comprovado seu prévio conhecimento. E se o envio de mensagens tiver usado apenas a base de dados fornecida pela própria campanha, com os números de pessoas que voluntariamente se dispuseram a informar seus dados? Mais uma vez, a reportagem diz que houve compra de cadastros, mas não apresenta provas, além do que a referida resolução do TSE não prevê todas as situações nem delimita até onde vai a liberdade individual quando se trata de ajudar um candidato.

Caberá ao MPE investigar as denúncias. Se efetivamente for possível ir além do que foi publicado até agora, amarrar todas as pontas soltas — que são muitas — e se apurar que há realmente indícios de crime eleitoral, que o caso seja levado ao TSE, a quem caberá julgar e responsabilizar os envolvidos (o que não exclui o próprio Bolsonaro). Do contrário, teremos de nos questionar se não estamos diante de mais uma tentativa petista de deslegitimar uma eleição que o PT está prestes a perder, mostrando como o discurso que tenta colocar a legenda no “campo democrático” não passa de mais um engodo do partido, que desde o início do ano vem tumultuando o processo sucessório com o (felizmente já esquecido) “eleição sem Lula é fraude”.

O TSE ficou de se pronunciar na tarde deste domingo (ontem), mas o que eu consegui apurar até a conclusão deste texto é que foi decretado sigilo no inquérito instaurado pela PF a pedido da PGR/PGE Raquel Dodge (para investigar o disparo de fake news em massa pelo WhatsApp referentes a Bolsonaro e Haddad), e que a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que não há “base empírica” para as “criativas teses” em mensagens de conteúdo falso que lançam suspeitas sobre o processo eleitoral. Em suas próprias palavras: “As criativas teses que intentam contra a lisura do processo eleitoral não possuem base empírica. Estão voltadas à disseminação rápida de conteúdos impactantes sem o compromisso com a verdade. A resposta da instituição, ao contrário, há de ser responsável, após análise das imputações. Reafirmo: o sistema eletrônico eleitoral é auditável. Qualquer fraude nele necessariamente deixaria digitais, permitindo a apuração das responsabilidades.”

Indagada sobre eventual falha do TSE no combate à disseminação de mensagens com conteúdo falso, Rosa Weber negou, mas ponderou que a desinformação é um fenômeno mundial para o qual não há uma solução “pronta e eficaz”. Novamente, nas palavras da presidente da Corte: “A desinformação visando minar a credibilidade da Justiça Eleitoral, a meu juízo, é intolerável e está merecendo a devida resposta. Nossa resposta está se dando tanto na área jurisdicional como também na própria área administrativa. Agora, se tiverem a solução para que se evitem ou se coíbam 'fake news', por favor, nos apresentem. Nós ainda não descobrimos o milagre.”

Eventuais novidades sobre mais esse circo mambembe serão objeto do post de amanhã, ou, em havendo relevância maior, numa postagem em edição extraordinária.


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domingo, 21 de outubro de 2018

A UMA SEMANA DO 2º TURNO, PT ARMA CIRCO MARAMBAIA NA JUSTIÇA ELEITORAL




SE VOCÊ AINDA NÃO PERCEBEU QUEM OS POLÍTICOS, MINISTROS DE TRIBUNAIS, GÊNIOS DOS PARTIDOS ETC. ESCOLHERAM PARA FAZER O PAPEL DE PALHAÇO NESSE PICADEIRO, OLHE-SE NO ESPELHO.

Mesmo ciente da inelegibilidade chapada de Lula, o PT levou sua candidatura adiante o quanto pode, de olho na “transferência de votos” para o (sempre negado) “plano B” — que acabou sendo Haddad devido à recusa do brioso Jaques Wagner em se prestar ao papel de fantoche). Agora, às vésperas do segundo turno, quando tudo indica que sua derrota será acachapante, a seita do inferno, rápida como um raio, se articula para melar a eleição e ganhar “no tapetão”, deslegitimando a eventual vitória de Bolsonaro mediante a acusação de que sua candidatura está sendo impulsionada nas redes sociais por organizações que atuam no “subterrâneo da internet”. Ou, nas palavras da ainda senadora Gleisi Hoffmann

Eu acuso o senhor [Bolsonaro] de patrocinar fraude nas eleições brasileiras. O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de WhatsApp pagos de fora deste país. O senhor está recebendo recursos ilegais, patrocínio estrangeiro ilegal, e terá que responder por isso. (…) Quer ser presidente do Brasil através desse tipo de prática, senhor deputado Jair Bolsonaro?

Como salientou o Estadão em editorial, “se vem do PT, não pode ser casual”.

À narrativa da fraude eleitoral junta-se o esforço para que o partido se apresente ao eleitorado — e, mais do que isso, à História — como o único que defendeu a democracia e resistiu à escalada autoritária supostamente representada pela possível eleição de Bolsonaro. Esse “plano B” foi lançado quando ficou claro que a patranha lulopetista da tal “frente democrática” não enganou ninguém.

A própria ideia de formação de uma “frente democrática” é, em si, uma farsa lulopetista, destinada a dar ao partido a imagem de vanguarda da luta pela liberdade contra a “ditadura” de Bolsonaro. Tudo isso para tentar fazer os eleitores esquecerem que o PT foi o principal responsável pela brutal crise política, econômica e moral que o País ora atravessa — e da qual, nunca é demais dizer, a candidatura Bolsonaro é um dos frutos. Como os eleitores não esqueceram, conforme atesta o profundo antipetismo por trás do apoio a Bolsonaro, o partido deflagrou as denúncias de fraude contra o adversário. Aliás, o pau-mandado de Lula chegou até mesmo a mencionar a hipótese de “impugnação” da chapa de Bolsonaro por, segundo ele, promover “essa campanha de difamação tentando fraudar a eleição”.

Observação: Como é que uma frente política pode ser democrática tendo à testa o PT, partido que pretendia eternizar-se no poder por meio da corrupção e da demagogia? Como é que os petistas imaginavam ser possível atrair apoio de outros partidos uma vez que o PT jamais aceitou alianças nas quais Lula não ditasse os termos, submetendo os parceiros às pretensões hegemônicas do demiurgo que hoje cumpre pena em Curitiba por corrupção?

O PT tenta mais uma vez manter o País refém de suas manobras ao lançar dúvidas sobre o processo eleitoral, como fez ao testar os limites legais e a paciência do eleitorado sustentando a candidatura do criminoso de Garanhuns — e bom lembrar que, até bem pouco tempo atrás, o partido denunciava, inclusive no exterior, que “eleição sem Lula é fraude”. Tudo isso reafirma a natureza profundamente autoritária de um partido que não admite oposição, pois se julga dono da verdade e exclusivo intérprete das demandas populares. O clima eleitoral já não é dos melhores, e o partido ainda quer aprofundar essa atmosfera de rancor e medo ao lançar dúvidas sobre a lisura do pleito e da possível vitória de seu oponente. Mas nada disso surpreende, considerando que essa corja sempre se fortaleceu na discórdia, sem jamais reconhecer a legitimidade dos oponentes — prepotência que se manifesta agora na presunção de que milhões de eleitores incautos só votaram em Bolsonaro porque “foram manipulados fraudulentamente pelo subterrâneo da internet”.

Como vivemos no país do faz de conta, parece que essa palhaçada — a exemplo da candidatura do presidiário, a seu tempo — ainda vai dar pano pra manga. A ação movida pela coligação do PT, baseada em uma reportagem da Folha, foi distribuída e terá como relator o ministro Jorge Mussi, corregedor-geral eleitoral. Paralelamente, O PDT de Ciro Gomes ingressou com um pedido para anular o primeiro turno do das eleições (ele foi encaminhado ao corregedor-geral do TSE e tem o mesmo fundamento inicial da ação movida pelos petistas).

Tudo somado e subtraído, a ideia que fica é de que isso é coisa de mau perdedor. Resta saber como a Justiça Eleitoral se pronunciará a respeito. O pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, apresentado pelos tucanos quando a anta vermelha derrotou o mineirinho safado por um punhado de votos, demorou mais de 3 anos para ser julgado, e o resultado foi o Circo Marimbondo montado pelo então presidente da Corte Eleitoral, ministro Gilmar Mendes. Aliás, se você não percebeu quem os políticos, ministros de tribunais, gênios dos partidos etc. escolheram para fazer o papel de palhaço nesse picadeiro, olhe-se no espelho.



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domingo, 5 de agosto de 2018

O PRESO POLÍTICO E O POLÍTICO PRESO


Desde que Gleisi Hoffmann teve a brilhante ideia de comparar o ex-presidente Lula ao traficante Fernandinho Beira-Mar, pedindo isonomia para que seu amado líder também pudesse dar entrevistas de dentro da cadeia, essa relação entrou no debate político. Na quarta-feira, na “Central das Eleições” da GloboNews, o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, deixou implícito um paralelo quando acusou Lula de ter operado “freneticamente” de dentro da prisão para isolá-lo politicamente, impedindo que o PSB o apoiasse.

Mesmo preso e incomunicável, Lula recebe visitas de políticos, advogados e dublês de políticos e advogados que atuam como meninos-de-recados, ajudando-no a contornar a decisão da juíza da 12ª Vara Federal de Curitiba, que o proibiu de gravar vídeos, dar entrevistas, participar por videoconferência de atos de pré-campanha e comparecer à convenção do PT (como se já não bastassem as regalias que lhe são concedidas, a começar pela sala especial na Superintendência da PF em Curitiba).

Outros criminosos, como Fernandinho Beira-Mar (e Marcinho VP, também citado pela defesa de Lula) se comunicam de dentro dos presídios através de celulares que lhes chegam às mãos clandestinamente. Já o petralha,  sozinho numa sala de 15 metros quadrados e sob vigilância constante de agentes da Polícia Federal, não teria como usar um celular se ser flagrado. Aliás, atribui-se a ele um comportamento distinto do ex-governador Sérgio Cabral, por exemplo, que seria arrogante e pretensioso, mesmo na condição em que se encontra. Lula é afável, conversador, e numa dessas conversas teria revelado achar ninguém no PT com condições de substituí-lo e ganhar as eleições (isso vai ao encontro do que eu disse postagens atrás, sobre o molusco jamais ter dado espaço para que outra liderança crescesse a ponto de lhe ofuscar o brilho).

Mas Lula tem mais liberdade que os bandidos comuns para mandar seus “salves” — recados enviados para fora da cadeia por líderes de facções criminosas, com a conivência de visitantes ou mesmo de advogados. Foi através desses “salves” que ele costurou o isolamento de Ciro Gomes e a estratégia para forçar o PSB a ficar neutro na campanha presidencial — o PT apoiará a reeleição do governador Paulo Câmara em Pernambuco em troca do apoio do PSB a Fernando Pimentel na disputa pelo governo de Minas Gerais (com isso, Marcio Lacerda, candidato do PSB ao governo mineiro, teve de abandonar a disputa).

Mesmo preso, o criminoso de Garanhuns comanda com mão de ferro seu grupo político — classificado de “organização criminosa” nas sentenças que o condenaram —, para, como dito linhas e postagens atrás, inibir o surgimento de novas lideranças que lhe façam sombra. Da cadeia, ele condena à morte política que se atreve a desafiar suas ordens, da mesma forma como fazia quando estava solto e comandava a ORCRIM.

Durante a sabatina na Globo News, na noite da última quarta-feira, Ciro Gomes ponderou que, mesmo considerando injusta a prisão de Lula, é impossível tê-lo na conta de “preso político”. Por sua atuação “frenética”, o petista não passa de um político preso tentando se manter no controle da esquerda — coisa que eu também já disse isso em diversas oportunidades. Mas para não ficar apenas com a minha opinião, transcrevo a seguir o que disse Dora Kramer em sua coluna em Veja desta semana:

Tudo na abordagem eleitoral do PT de insistir numa candidatura presidencial legalmente impossível mostra que a sigla voltou a apostar no quanto pior, melhor — partindo do princípio de que, perdido por um, perdido logo de uma vez por mil. E nada pior para o país que a eleição de um brucutu enlouquecido, cuja ascensão ao poder equivaleria à assinatura de um contrato com o aprofundamento de todas as crises, a quebra da ordem social, a desorganização da economia e a desestabilização institucional.

O traço desse cenário caótico não é fruto de exagero, de delírio, muito menos de posicionamento ideológico. Resulta apenas da soma dos atributos mentais, orais e gestuais do deputado Jair Bolsonaro, cuja exibição não deixa a menor dúvida. Faz sucesso? Ora, a figura do rinoceronte Cacareco (Google, juventude!) em tempos idos também fez, e de lá para cá houve vários campeões de audiência no quesito voto inútil nas eleições. Uns eleitos, outros apenas fermento no índice de nulos.

Isso dito, não é Bolsonaro o foco aqui. Ou melhor, é e não é, mas vamos adiante. O tema mesmo é a rota escolhida pelo PT nesta eleição, um caminho rumo ao abismo. O partido, ou a parte que segue Lula (a outra existe, mas só sussurra ou simplesmente se cala), optou pelo suicídio. Não elegerá o presidente, embora faça de conta que isso não acontecerá por obra das “forças do atraso”. Não pode, por causa da candidatura fantasma, organizar-se nos estados. Não articula alianças política e eleitoralmente eficazes e, portanto, tende a eleger poucos parlamentares no âmbito nacional e estadual.

Candidaturas majoritárias — a presidente, governador e senador — impulsionam a eleição dos representantes nos pleitos proporcionais tanto ao Congresso quanto às assembleias legislativas. Na disputa pela Presidência, Lula se fará procurador de alguém que poderá ser Jaques Wagner, Fernando Haddad ou outrem para ficar ali fingindo que joga a sério. Como só pretende definir o delegado(a) aos 45 minutos, este(a) não terá tempo nem autoridade para estruturar bons palanques estaduais. Como consequência, o PT tende a eleger bancada parlamentar ínfima, ficando, assim, relegado à irrelevância do ponto da influência política sobre o próximo governo. Considerando-se que tal estratégia não resulta de burrice, de ingenuidade nem de desconhecimento de causa por parte de Lula, sobra uma hipótese: extinta a relevância institucional do coletivo, restaria ao partido a tarefa de sustentar o mito com base na fantasia da vítima do “sistema”.

Daí que Lula joga o partido ao naufrágio a fim de sobreviver na condição de uma ilha de excelência regressiva a ser resgatada das cinzas, dando de ombros à própria responsabilidade na deflagração do incêndio. Levando-se em conta que a eleição de Bolsonaro seria a garantia do caos, não seria de todo ruim (ao contrário, seria ótimo) para o PT a eleição daquele que consolidaria a falência geral a fim de que o embuste pudesse se travestir de fênix regenerada e injustamente castigada.

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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

CIRO GOMES SABATINADO NA GLOBO NEWS




 Desde a última segunda-feira que a Globo News vem sabatinando os pré-candidatos e candidatos à Presidência que mais pontuaram nas pesquisas eleitorais. O programa se chama CENTRAL DAS ELEIÇÕES 2018, vai ao ar às 22h30 e conta com a participação de jornalistas e comentaristas como Miriam Leitão, Valdo Cruz, Merval Pereira, Andréia Sadi, Fernando Gabeira, Gerson Camarotti, Mario Sergio Conti, Cristiana Lobo e Roberto D'Ávila. Entre segunda e quarta foram entrevistados Álvaro Dias, Marina Silva e Ciro Gomes; Alckmin, que deveria participar na noite desta quinta-feira, trocou a data com Jair Bolsonaro, que, segundo o próprio, não teria conseguido reagendar um compromisso.

Não sou fã incondicional da Globo, mas nem por isso demonizo a emissora — ao contrário de muitos, sobretudo a patuleia ignorante. No entanto, acho que programas de entrevistas e debates permitem avaliar melhor as propostas e opiniões dos candidatos do que o horário político obrigatório, um troço incomodativo e sem sentido, mas que os políticos disputam com unhas e dentes e custa caro para os contribuintes. Para quem não sabe, essas inserções na programação do rádio e da TV, nos anos eleitorais, é gratuita para os candidatos, mas deveria ser bancada pelas emissoras, já que o direito de transmissão tem caráter de serviço público e é explorado mediante concessões. O correto, a meu ver, seria elas assumirem esse compromisso no momento em que recebessem as concessões, em vez de ser ressarcidas via compensação fiscal — para se ter uma ideia, em 2010 a “propaganda gratuita” custou R$ 850 milhões aos cofres públicos. Por essas e outras, tenha em mente que, quando o programa que você estiver ouvindo pelo rádio ou vendo pela TV for interrompido pelo blábláblá dos candidatos, é você quem está pagando a conta.

Depois de flertar com o Centrão, que acabou apoiando o candidato tucano, Ciro Gomes apostava numa coligação com o PSB, que fechou um acordo de apoio mútuo com o PT. Na entrevista, ele falou sobre o isolamento de sua candidatura, comentou sobre a política econômica que pretende implantar para resolver os problemas do Brasil de uma vez por todas em no máximo dois anos, que inclui o controle do Executivo sobre o Banco Central). Também lamentou que Lula e o PT terem trabalhado para inviabilizar sua aliança com o PSB: “Quando eu entrei nessa luta eu sabia bastante bem que eu era um cabra marcado para morrer. Trabalham juntos para me isolar o PMDB do Michel Temer, o PSDB do Geraldo Alckmin e o PT do Lula. Devo ter alguma coisa bem interessante para mostrar ao povo”.

Homem inteligente e político experiente, mas com discurso mais afinado com a parcela pensante da esquerda — o que exclui a militância petista —, Ciro já tentou sensibilizar os órfãos de Lula dizendo que sua vitória seria a única chance de o petralha sair da cadeia, já que ele considera sua condenação injusta e, se eleito, colocará juízes e membros do ministério público de volta em “suas caixinhas”. 

Em outro momento da entrevista, não hesitou em chamar Temer, Cunha, Moreira Franco e Padilha de ladrões, o que denota uma visão seletiva da corrupção que tomou conta da política tupiniquim. Questionado sobre o que disse a propósito da prisão de Lula, o cearense de Pindamonhangaba (SP) respondeu que o país vive uma “anarquia institucional”, “um estado de baderna”. Chegou mesmo a afirmar que, ao falar na tal “caixinha”, quis dizer devolver as instituições às funções previstas na Constituição.

Mais adiante, Ciro criticou a estratégia do PT de insistir na candidatura de Lula: “Se o Lula não é candidato como o senso comum acha, é arriscado ou não é arriscado trazer o país para dançar à beira do abismo? E aí a disputa é comigo. Eles não estão pensando no país, essa burocracia do PT. Eles não querem que eu seja quem vai liderar mudança no pensamento progressista brasileiro”, completou.

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terça-feira, 31 de julho de 2018

A NOVELA DA CANDIDATURA DO CRIMINOSO DE GARANHUNS



Como se não bastasse todo o mal que Lula e o PT causaram ao Brasil, a indefinição da situação eleitoral do criminoso de Garanhuns vem tumultuando o já conturbado processo sucessório e aumentando ainda mais a insegurança jurídica no Brasil.

É certo que o Judiciário deve seguir seus ritos, mas, convenhamos: um criminoso condenado disputando a Presidência é uma excrescência até mesmo nesta republiqueta de bananas.

Uma ação do MBL buscando o pronto reconhecimento da inelegibilidade do condenado foi negada pela ministra Rosa Weber no último dia 18. Segundo ela, o pedido foi apresentado através de “instrumento procedimental atípico, oriundo de agente falho de legitimação, fora do intervalo temporal especificamente designado pela lei para tanto”, além de ser necessário o cumprimento do devido processo legal, “garantia constitucional cuja observância condiciona a legitimidade jurídica dos atos e decisões do Estado-Juiz, em reverência ao primado da lei, a impor desde logo o juízo de não conhecimento da presente arguição de inelegibilidade”.

A procuradora-geral Raquel Dodge vai orientar os membros do MP que atuam na área eleitoral a entrar na Justiça contra candidatos condenados por órgãos colegiados do Judiciário, visando garantir que candidatos inelegíveis tenham sua situação definida o quanto antes — e devolvam aos cofres públicos o dinheiro utilizado em suas campanhas. Mesmo não citado nominalmente o ex-presidente petralha, ela deixou claro que a orientação é dar tratamento uniforme a todos os casos, independentemente do cargo disputado.

A insistência do PT em manter Lula no pleito presidencial, registrar sua candidatura no último dia do prazo e negar taxativamente a existência de um plano B — que não só existe como atende por Fernando Haddad ou Jaques Wagner (mais detalhes nesta postagem) — se destina, principalmente, a dar sustentação à narrativa de golpe, conspiração, perseguição política e outras bobagens que os cidadãos de bem deste país estão cansados de ouvir. Lula, por seu turno, não está preocupado em salvar ninguém além dele próprio, e se voltasse ao poder — que Deus nos livre e guarde dessa catástrofe —, faria novamente o que ele e seu bando sempre fizeram: corromper, enganar, sonegar, roubar...

Só não vê quem não quer: afinal, o que dizer de um criminoso condenado, que está cumprindo pena de 12 anos 1 um mês por corrupção e lavagem de dinheiro (no caso do célebre tríplex do Guarujá), que teve mais de 120 recursos negados por juízes, desembargadores e magistrados de todas as instância do Judiciário e que responde a outros seis processos criminais?

Causa espécie o fato de o petralha, mesmo com uma capivara dessas, tenha o desplante de concorrer à Presidência e, pior, de não faltarem lunáticos e lobotomizados dispostos a votar nele — ou, em menor medida, em quem ele indicar para concorrer em seu lugar. Como explicar essa barafunda? Por que cargas d’água a ORCRIM insiste nessa aleivosia, em vez de lançar, logo de uma vez, a candidatura de outro petralha qualquer? Numa única frase, a resposta é: porque o PT é Lula, e Lula é o PT. Simples assim.   

Volto ao assunto na próxima postagem. Até lá, veja o que publicou O SENSACIONALISTA sobre o discurso de campanha do postulante à Presidência pelo PDT:

“Após Ciro Gomes dizer que Lula só será solto se ‘a gente’ assumir o poder, Sérgio Moro emitiu ordem de prisão imediata para a locução pronominal — o que foi até comemorado por muitas pessoas que não aguentavam mais ouvir ‘a gente fomos’ e ‘a gente vamos’. Com mais essa frase, aliados de Ciro têm feito de tudo para que sua língua seja presa e impedida de participar da campanha. O advogado do candidato também incluiu em seu plano de governo um documento inspirado em um banco: a carta ‘Saída Livre da Prisão’ do Banco Imobiliário para Lula. Já o molusco respondeu que Ciro só chega ao Planalto se ‘a gente sairmos da prisão’.”

Qual encosto mal despachado, o pseudocearense baixou em Ananindeua, no Pará, onde foi recebido por pajés municipais do PDT e pelo alcaide tucano Manoel Pioneiro, que estava lá não por ser um anfitrião suprapartidário, mas para confraternizar com o aliado — o partido de Ciro participa da coalizão que apoia a candidatura a governador de Márcio Miranda, filiado ao DEM, que terá como vice alguém indicado pelos tucanos. “O Brasil é uma federação complexa”, ensinou o ex-governador do Ceará aos intrigados com a salada de siglas. “Aqui no Pará o importante é derrotar o MDB”. Um repórter se atreveu a perguntar ao belicoso visitante se alianças com tal amplitude não poderiam confundir o eleitorado. A ousadia esgotou a paciência sempre minguada do candidato ao Planalto: “O povo brasileiro é mais inteligente do que julga nosso vão jornalismo”, encerrou a conversa o especialista em tudo.

Até que enfim Ciro acertou uma. Ainda existem brasileiros suficientemente sabidos para identificar embusteiros sem a ajuda de jornalistas. Tampouco é difícil, para quem tem mais de dois neurônios, enxergar um coronel sertanejo, repaginado para parecer menos primitivo, por trás da fantasia de guardião da democracia. Também por isso, o pedetista-caçador-de votos-deveria se abster de tentar justificar a espantosa entrevista que concedeu nesta semana a uma emissora de TV maranhense. Se ganhar a eleição, disse ele, “vou enquadrar juízes, cortar as asas do Ministério Público, soltar Lula da cadeia, domar o Congresso, fazer o diabo”. Tantos assombros permitem deduzir que o candidato à chefia do Executivo vai acumular a presidência do Legislativo e do Judiciário.

Empolgado com o som da própria voz, o parlapatão de Pindamonhangaba (essa é a cidade natal do falso cearense) contou que o ex-presidente presidiário estaria em liberdade caso tivesse ouvido seus conselhos. “Eu vi as coisas acontecendo”, confessou. “Sabia que ia dar problemas. Cansei de avisar pro Lula, mas ele não quis ouvir porque o poder por muito tempo também tira a pessoa do normal”.

Quer dizer: Ciro sabia de tudo. Como não denunciou o que viu, virou — na melhor das hipóteses — cúmplice por omissão da maior roubalheira da história. Isso sim é menosprezar a inteligência alheia. Isso sim é tratar o povo brasileiro como um bando de idiotas.

Com Augusto Nunes.

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sexta-feira, 27 de julho de 2018

ELEIÇÕES 2018 — O DESCALABRO


Dizer que político nenhum presta é generalizar, e toda generalização é perigosa. Por outro lado, toda regra tem exceção, não é mesmo? Acompanhe meu raciocínio.

Faltando pouco mais de 2 meses para nosso qualificadíssimo eleitorado escolher um novo presidente e novos governadores, além de renovar 2/3 do Senado e 100% das câmaras federal e estaduais, a maioria dos postulantes ao Planalto, sobretudo os que estão mal colocados nas pesquisas, apostam na anacrônica propaganda política obrigatória para vender seu peixe podre. 

No entanto, o período durante o qual essas incomodativas inserções na programação do rádio e da televisão (que por si só já é lamentável) será mais curto do que nas eleições anteriores. Além disso, os candidatos dos partidos nanicos não terão tempo sequer para piscar um olho, daí as coligações serem importantes para os que realmente têm chances de emplacar e lucrativa para os que não tem, que lhes vendem seu apoio a peso de ouro, mandando às favas a ideologia.

Tanto Ciro Gomes quanto Geraldo Alckmin “namoraram” o Centrão, embora suas propostas de governo sejam diametralmente opostas. O bloco decidiu apoiar o tucano, levando o candidato do PDT a correr atrás dos eleitores petistas, vendendo-se como a única esperança de soltura do criminoso de Garanhuns. Disse o cearense fajuto (Ciro nasceu em Pindamonhangaba, no interior paulista): “Lula só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga, botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”.

Com o apoio do Centrão, somados os quinhões a que têm direito os dez partidos que devem participar da coligação, Alckmin terá mais de 50% das duas horas diárias dedicadas às candidaturas, aí considerados os programas eleitorais e as muitas inserções ao longo do dia. A cada bloco do horário eleitoral destinado exclusivamente aos presidenciáveis, com 12 minutos e 30 segundos, cerca de 6 minutos e 50 segundos serão destinadas à propaganda do tucano, sem mencionar que o bloco representa também uma nada modesta fatia de R$ 440,4 milhões no fundo eleitoral. Por outro lado, Josué Gomes, filho de José Alencar, que foi vice de Lula, declinou do convite do PSDB para compor a chapa como vice de Alckmin. A meu ver, não se perdeu grande coisa.

A propósito: Rodrigo Maia desistiu de disputar a Presidência — conforme, aliás, eu já havia antecipado nesta postagem. Afinal, se ele pretendesse realmente concorrer ao Planalto e não à reeleição, não haveria por que se ausentar do país durante as viagens de Temer para o exterior. Na verdade, sua pré-candidatura era apenas um balão de ensaio, uma estratégia para valorizar o passe do DEM nas tratativas de coligação com outros partidos. De mais a mais, suas chances de vencer o pleito eram tantas quanto as de uma bola de neve sobreviver no inferno.

Depois que o Judiciário proibiu as doações eleitorais de pessoas jurídicas, o Legislativo se apressou em buscar outra forma de custear as campanhas milionárias. Como se não bastasse o famigerado fundo partidário de R$ 888,7 milhões, nossos parlamentares criaram um Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão — valor elevado posteriormente para R$ 2,5 bilhão com o aval do TSE. E o pior é que se trata de dinheiro público — fruto dos nossos suados impostos — malversado para bancar campanhas de corruptos enquanto o país atravessa seriíssimas dificuldades, com o maior rombo nas contas públicas da história e vários estados falidos, sem um centavo para investir em educação, saúde, segurança pública e atender outras necessidades prementes. 

Em vez de buscar uma solução para a crise, os parlamentares botam mais lenha na fogueira, aprovando, às vésperas do recesso, uma pauta-bomba que inviabilizará o próximo governo. Como se não bastasse, essa corja de fisiologistas corruptos fez diabo para dificultar a renovação dos quadros, visando permanecer eles próprios — e seus filhos e apaniguados — no poder. O próximo presidente, seja ele quem for, terá de administrar uma herança maldita. Veja, por exemplo, a permissão para aumento de salários do funcionalismo, que terá impacto de R$ 6 bilhões — se o benefício for estendido aos militares, o valor subirá para R$ 11 bilhões. Ou a permissão para ratear entre os consumidores as perdas com furto de energia nas distribuidoras de Rondônia e do Acre — o que representa um aumento médio de 5% na conta de luz. Ou, ainda, a permissão para que os municípios deixem de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal quando houver queda maior que 10% na transferência de impostos federais, ou, pior, a autorização para criação de 300 novos municípios com cinco a oito mil habitantes (que dependeriam de recursos da União para manter os cargos e as Câmaras de vereadores). 

Quer mais um exemplo? Então leve dois: Semanas atrás, a Câmara concedeu às transportadoras o direito de abater no imposto de renda tudo que pagarem de pedágio — ou seja, caberá à sociedade pagar o pedágio por elas — detalhe: o projeto foi relatado pelo deputado Nelson Marquezelli, que é um transportador e, portanto, legislou em causa própria. Outro caso parecido aconteceu com as dívidas previdenciárias dos produtores rurais, que provocou perdas de R$ 17 bilhões — a proposta foi relatada por um deputado que também é produtor rural.

Resumo da ópera
: Os parlamentares aprovam gastos e derrubam o que o governo propõe para equilibrar as contas. A atuação dos maus políticos dificulta o cumprimento da meta fiscal para o próximo ano, que já prevê um déficit de R$ 139 bilhões. De acordo com o Valor, tramitam no Congresso 42 projetos com impacto fiscal. Talvez alguns congressistas pensem estar agindo contra um governo enfraquecido, que caminha para seu melancólico fim, mas na verdade estão inviabilizando o país. E a burrice é tanta que os mesmos políticos que agora procuram agradar grupos específicos de eleitores buscam a reeleição — e, portanto, deverão participar do próximo governo.

E viva o povo brasileiro!

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quinta-feira, 12 de julho de 2018

LULA, HADDAD E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS



O sonho do hexa ficou para 2022, 2048 ou sabe Deus quando. Menos mal se esse fiasco estimular o povo a focar no que realmente interessa: com 13 milhões de desempregados, um presidente sem credibilidade nem voz ativa, um Congresso recheado de corruptos e um Judiciário sob a batuta de ministros como Mendes, Toffoli e Lewandowski, a Copa na Rússia deveria ser a menor das preocupações.

A menos de 3 meses das eleições, um criminoso condenado posa de pré-candidato à presidência, continua sendo incluído nas pesquisas e, como se não bastasse, aparece invariavelmente em primeiro lugar. É certo que o eleitorado tupiniquim é composto majoritariamente por analfabetos, desculturados e outros que tais, mas também é certo que o perfil dos demais concorrentes não ajuda em nada. 

Dos mais de 20 aspirantes ao Palácio do Planalto, apenas Bolsonaro, Marina e Ciro Gomes têm chances reais de disputar o segundo turno. E tanto a pulverização de candidaturas quanto o percentual crescente de votos brancos, nulos, e de eleitores que simplesmente não comparecem para votar favorece os primeiros colocados nas pesquisas.

Ainda que esses sonhadores jurem de pés juntos que levarão suas candidaturas até o (mais amargo) fim, quem tem um par de neurônios ativos e operantes sabe que isso não passa de mera cantilena para dormitar bovinos (apenas para ficar num exemplo notório, o PTC já desistiu de lançar a candidatura de Collor). Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, que seriam as opções “menos piores”, continuam patinando. 

Ao ex-governador de São Paulo — que teve respeitáveis 37 milhões de votos quando disputou a presidência em 2006, mas hoje mal chega a 7% nas pesquisas — falta carisma e sobra sensaboria. Já o ex-ministro da Fazenda, que respalda sua candidatura na revitalização da Economia, está irremediavelmente associado ao presidente mais rejeitado desde a redemocratização desta Banânia, e por isso amarga 1% das intenções de voto, como Rodrigo Maia e Flávio Rocha, atrás até mesmo de Fernando Haddad, Álvaro Dias e Manoela D’Ávila, que têm 6%, 5% e 2%, respectivamente.

Haddad, o poste número 2 de Lula, será o plano B do PT, que aposta na transferência de votos do presidiário — que mesmo atrás das grades seduz uma massa considerável de fanáticos e ignorantes. Mas essa transferência pode ser bem menor do que os petistas imaginam, da mesma forma que as intenções de voto no líder máximo da quadrilha estão longe de ser a apontada pelas “pesquisas”. Afinal, como imaginar que um prefeito que não conseguiu sequer se reeleger — Haddad foi derrotado no primeiro turno por João Doria — venha a se tornar um grande ativo eleitoral? 

Não é de se desconsiderar o risco petista, o fator Lula ou a carinha de “bom moço” do ex-prefeito paulista; afinal, estamos falando do Brasil, onde um criminoso condenado conta com o apoio incondicional de uma legião de idiotas ou canalhas que representa uns 20% do eleitorado. Se metade desse cacife eleitoral for transferido para seu ungido, talvez ele chegue a 10%, mas isso não é suficiente para garantir um segundo turno.

O sonho de alguém probo e preparado para governar este país surgir do nada, conquistar o apoio dos partidos de centro e atrair os votos dos indecisos e desiludidos é improvável. Com o demiurgo de Garanhuns fora da disputa, legendas que gravitavam em torno do PT, como PDT, PSOL e PCdoB, decidiram lançar candidatos próprios. Do centro para a direita, o PSDB perdeu sua força aglutinadora, notadamente depois do “caso Aécio”. Ademais, não bastasse o fato de terem sido atingidos em cheio pela Lava-Jato, os tucanos se associaram à Michel Temer, o que desgastou ainda mais sua imagem perante o eleitorado.

Segundo o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, se não houver união dos candidatos de centro-direita, nenhum deles chegará ao segundo turno. A pulverização seria menor se Alckmin conseguisse atrair apoios, mas isso não vem acontecendo. Volta e meia surgem rumores de que ele será substituído por João Dória, mas o tempo está passando e os tucanos, conhecidos por mijar no corredor quando há mais de um banheiro na casa, correm o risco de tomar essa decisão quando a vaca já tiver ido para o brejo.

Observação: Há que se levar em conta que o PSDB governou São Paulo — o maior colégio eleitoral do país — por mais de 20 anos e elegeram quase 800 prefeitos em 2016. A elite paulista deve atuar nos bastidores para que candidaturas radicais, como a de Bolsonaro, não prosperem nas urnas, mas para isso é preciso que surja um nome de peso.

Bolsonaro vem tentando acalmar o mercado e o empresariado, prometendo, dentre outras coisas, uma reforma tributária e leis trabalhistas mais favoráveis ao patronato. Mas já fala em aumentar para 21 o número de ministros do Supremo — requentando o AI-2, que em 1965 elevou de 11 para 16 o número de magistrados para aumentar as chances de aprovar medidas que fortalecessem o regime militar — em relação ao qual o pré-candidato nunca escondeu sua simpatia. Aliás, o esquerdista Hugo Chaves se valeu dessa estratégia na Venezuela, e foi imitado recentemente pelo direitista Andrzej Duda na Polônia.

Vale lembrar que caberá a Bolsonaro, se eleito, nomear pelo menos dois ministros do STF, visto que o decano Celso de Mello e seu colega Marco Aurélio deverão se aposentar até 2021, quando completarão 75 anos.

Por hoje é só. Até a próxima.        

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

MAIS CRISE NO PAÍS DA CRISE



Os combustíveis retornaram às bombas e os hortifrutigranjeiros, às feiras livres e supermercados. Tudo voltou ao normal, ainda que os preços estejam bem mais altos que antes da paralisação dos caminhoneiros. Mas o Brasil é um país em crise permanente, com períodos de aparente normalidade, e neste momento, a quatro meses das eleições, é “normal” estarmos vivendo o mais absoluto caos.

ObservaçãoDois novos encontros com caminhoneiros e uma possível votação na Câmara dos deputados acrescentam mais um capítulo na novela da crise viária e política do país. Além da tabela de fretes rodoviários, será discutida a Medida Provisória dos Fretes e o aumento na pontuação de suspensão da carteira de motorista.

As greves dos caminhoneiros e dos petroleiros — esta última ficou mais na ameaça, mas enfim... — jogaram o Brasil de volta no atoleiro do populismo e causaram enormes danos à economia e à rotina da população. E num país onde nem o passado é previsível, como prever o que acontecerá em outubro, quando milhões de desinformados e outros tantos analfabetos de quatro costados escolherão presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais a partir de um portfólio de opções onde, salvo raríssimas exceções, não há nada que valha míseros dois réis de mel coado?

A greve dos caminhoneiros deve continuar impactando a economia, a política, o orçamento e até o judiciário brasileiro ao longo de 2018, até porque baixar e controlar preços por decreto não funciona — que o diga o ex-presidente Sarney. Resta saber se os postos realmente baixarão o preço do diesel em 46 centavos, como o Planalto prometeu, ainda que, por lei, não possa tabelar o preço nas bombas. Marun disse que não se trata de tabelamento, mas se o governo anunciou multas de até 9,4 milhões de reais para postos que desrespeitarem a medida, o que seria, então?

Observação: Analistas estimam que os prejuízos decorrentes ultrapassam R$ 60 bilhões e seus efeitos para o PIB de 2018 ainda são imensuráveis. O mais provável é que a economia cresça menos de 2%, o que fulmine as candidaturas governistas e abre espaço para discursos mais extremados no processo eleitoral. A greve terminou, mas, pelo visto, os problemas políticos e econômicos continuam a pleno vapor.

Seria ingenuidade esperar algo diferente de um governo falido, de um presidente impopular, desacreditado e cercado de assessores igualmente suspeitos, investigados ou denunciados. Ou uma reação diferente dos investidores, a 4 meses de uma eleição na qual os candidatos mais cotados são um presidiário e um militar truculento, arrogante e de absoluta inexpressividade legislativa — com míseros 2 projetos aprovados em 26 anos como congressista.

Assim como ocorreu nas eleições de 2014, quando Dilma e Aécio dividiam a preferência do eleitorado, as pesquisas de intenção de voto serão acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, e o fato de o que elas revelam não entusiasmar — com o demiurgo de Garanhuns fora do páreo, a disputa fica polarizada entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes —, devemos ter novas oscilações pela frente.

Como nenhum dos primeiros colocados é bem visto pelo mercado financeiro, a publicação dos resultados das pesquisas provocou quedas na Bolsa e altas no preço do dólar (na última quinta-feira, o IBOVESPA fechou em baixa de 2,98%, aos 73.851 pontos, e a moeda norte-americana subiu 2,28%, cotada a R$ 3,926). O fato de a sonhática Marina Silva aparecer ora em terceiro, ora em segundo lugar também não ajuda em nada, e nem Henrique Meirelles nem Geraldo Alckmin — que, se estivessem melhor colocados, acalmariam o mercado — parecem ter chances reais de chegar ao segundo turno.

Seja como for, a menos que se dê uma inconcebível — mas não impossível, que isto aqui é Brasil — reviravolta no cenário político-jurídico, Lula é carta fora do baralho, digam o que disserem os petralhas e sua militância atávica. O petralha, que também não é bem visto pelo mercado financeiro, está cumprindo pena e é réu em mais 6 ações criminais — duas das quais tramitam na 13ª Vara Federal, em Curitiba, e se não fossem os recorrentes pedidos de perícias, diligências e outras chicanas,  já teria sido sentenciado no processo que trata da cobertura em São Bernardo do Campo e do terreno comprado pela Odebrecht para sediar o folclórico Instituto Lula. Isso sem mencionar o sítio de Atibaia, cuja ação também está sob a pena do juiz Moro (os demais tramitam na Justiça Federal do DF, onde, a exemplo do que ocorre no STF, avançam a passo de tartaruga).   

Por essas e outras, para o dólar romper a barreira psicológica dos R$ 4 é o BACEN voltar a subir a taxa básica de juros é mera questão de tempo. Espera-se que, já na próxima reunião, o COPOM eleve a Selic em meio ponto percentual. Todavia, o uso da política monetária para conter o avanço do câmbio em vez de para controlar a inflação (que está baixa devido à recessão), o mercado pode interpretar a alta dos juros como um sinal de que o Banco Central está receoso em relação ao câmbio, e isso é tudo de que o governo não precisa neste momento.

Some-se a isso o fato de o Congresso estar parado, de reformas importantes — como a fiscal e a da Previdência — não avançarem, junte a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras e veja como o molho desanda facilmente.

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