Não sou fã
incondicional da Globo, mas nem por
isso demonizo a emissora — ao contrário de muitos, sobretudo a patuleia
ignorante. No entanto, acho que programas de entrevistas e debates permitem
avaliar melhor as propostas e opiniões dos candidatos do que o horário político obrigatório, um troço
incomodativo e sem sentido, mas que os políticos disputam com unhas e dentes e
custa caro para os contribuintes. Para quem não sabe, essas inserções na
programação do rádio e da TV, nos anos eleitorais, é gratuita para os
candidatos, mas deveria ser bancada pelas emissoras, já que o direito de
transmissão tem caráter de serviço público e é explorado mediante concessões. O
correto, a meu ver, seria elas assumirem esse compromisso no momento em que
recebessem as concessões, em vez de ser ressarcidas via compensação fiscal — para se ter uma ideia, em 2010 a “propaganda
gratuita” custou R$ 850 milhões aos cofres públicos. Por essas e outras, tenha em mente que,
quando o programa que você estiver ouvindo pelo rádio ou vendo pela TV for
interrompido pelo blábláblá dos candidatos, é você quem está pagando a
conta.
Depois de flertar com o Centrão, que acabou apoiando o
candidato tucano, Ciro Gomes apostava
numa coligação com o PSB, que fechou
um acordo
de apoio mútuo com o PT. Na entrevista, ele falou sobre o
isolamento de sua candidatura, comentou sobre a política econômica que pretende
implantar para resolver os problemas do Brasil de uma vez por todas em no máximo
dois anos, que inclui o controle do Executivo sobre o Banco Central). Também lamentou que Lula e o PT terem
trabalhado para inviabilizar sua aliança com o PSB: “Quando eu entrei nessa
luta eu sabia bastante bem que eu era um cabra marcado para morrer. Trabalham
juntos para me isolar o PMDB do Michel Temer, o PSDB do Geraldo Alckmin
e o PT do Lula. Devo ter alguma coisa bem interessante para mostrar ao povo”.
Homem inteligente e político experiente, mas com discurso
mais afinado com a parcela pensante da esquerda — o que exclui a militância
petista —, Ciro já tentou sensibilizar
os órfãos de Lula dizendo que sua vitória seria a única chance de o petralha sair
da cadeia, já que ele considera sua condenação injusta e, se eleito, colocará
juízes e membros do ministério público de volta em “suas caixinhas”.
Em outro
momento da entrevista, não hesitou em chamar Temer,
Cunha, Moreira Franco e Padilha
de ladrões, o que denota uma visão
seletiva da corrupção que tomou conta da política tupiniquim. Questionado sobre o que disse a propósito da prisão de Lula, o cearense de Pindamonhangaba
(SP) respondeu que o país vive uma “anarquia
institucional”, “um estado de baderna”.
Chegou mesmo a afirmar que, ao falar na tal “caixinha”, quis dizer devolver as instituições às funções previstas
na Constituição.
Mais adiante, Ciro criticou a estratégia do PT
de insistir na candidatura de Lula: “Se o Lula
não é candidato como o senso comum acha, é arriscado ou não é arriscado trazer
o país para dançar à beira do abismo? E aí a disputa é comigo. Eles não estão
pensando no país, essa burocracia do PT.
Eles não querem que eu seja quem vai liderar mudança no pensamento progressista
brasileiro”, completou.
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