Os combustíveis retornaram às bombas e os hortifrutigranjeiros,
às feiras livres e supermercados. Tudo voltou ao normal, ainda que os preços
estejam bem mais altos que antes da paralisação dos caminhoneiros. Mas o Brasil
é um país em crise permanente, com períodos de aparente normalidade, e neste
momento, a quatro meses das eleições, é “normal” estarmos vivendo o mais
absoluto caos.
Observação: Dois novos encontros
com caminhoneiros e uma possível votação na Câmara dos deputados
acrescentam mais um capítulo na novela da crise viária e política do país. Além
da tabela
de fretes rodoviários, será discutida a Medida Provisória dos
Fretes e o aumento na pontuação de suspensão da carteira de motorista.
As greves dos caminhoneiros e dos petroleiros — esta última ficou
mais na ameaça, mas enfim... — jogaram o Brasil de volta no atoleiro do
populismo e causaram enormes danos à economia e à rotina da população. E num
país onde nem o passado é previsível, como prever o que acontecerá em outubro,
quando milhões de desinformados e outros tantos analfabetos de quatro costados
escolherão presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais
a partir de um portfólio de opções onde, salvo raríssimas exceções, não há nada
que valha míseros dois réis de mel coado?
Observação: Analistas estimam que os prejuízos decorrentes ultrapassam R$ 60 bilhões e seus efeitos para o PIB de 2018 ainda são imensuráveis. O mais provável é que a economia cresça menos de 2%, o que fulmine as candidaturas governistas e abre espaço para discursos mais extremados no processo eleitoral. A greve terminou, mas, pelo visto, os problemas políticos e econômicos continuam a pleno vapor.
Seria ingenuidade esperar algo diferente de um governo falido, de um presidente impopular, desacreditado e cercado de assessores igualmente suspeitos, investigados ou denunciados. Ou uma reação diferente dos investidores, a 4 meses de uma eleição na qual os candidatos mais cotados são um presidiário e um militar truculento, arrogante e de absoluta inexpressividade legislativa — com míseros 2 projetos aprovados em 26 anos como congressista.
Assim como ocorreu nas eleições de 2014, quando Dilma e Aécio dividiam
a preferência do eleitorado, as pesquisas de intenção de voto serão
acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, e o fato de o que elas revelam
não entusiasmar — com o demiurgo de Garanhuns fora do páreo, a disputa fica
polarizada entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes —,
devemos ter novas oscilações pela frente.
Como nenhum dos primeiros colocados é bem visto pelo mercado
financeiro, a publicação dos resultados das pesquisas provocou quedas na Bolsa
e altas no preço do dólar (na última quinta-feira, o IBOVESPA fechou
em baixa de 2,98%, aos 73.851 pontos, e a moeda
norte-americana subiu 2,28%,
cotada a R$ 3,926). O fato de a sonhática Marina
Silva aparecer ora em terceiro, ora em segundo lugar também não ajuda
em nada, e nem Henrique Meirelles
nem Geraldo Alckmin — que, se estivessem melhor
colocados, acalmariam o mercado — parecem ter chances reais de chegar ao
segundo turno.
Seja como for, a menos que se dê uma inconcebível — mas não
impossível, que isto aqui é Brasil — reviravolta no cenário
político-jurídico, Lula é carta fora do baralho, digam o que
disserem os petralhas e sua militância atávica. O petralha, que também não é
bem visto pelo mercado financeiro, está cumprindo pena e é réu em mais 6 ações
criminais — duas das quais tramitam na 13ª Vara Federal, em Curitiba, e se não
fossem os recorrentes pedidos de perícias, diligências e outras chicanas, já teria sido sentenciado no processo que
trata da cobertura em São Bernardo do Campo e do terreno comprado pela Odebrecht para
sediar o folclórico Instituto Lula. Isso sem mencionar o sítio de
Atibaia, cuja ação também está sob a pena do juiz Moro (os demais
tramitam na Justiça Federal do DF, onde, a exemplo do que ocorre no STF,
avançam a passo de tartaruga).
Por essas e outras, para o dólar romper a barreira
psicológica dos R$ 4 é o BACEN voltar a subir
a taxa básica de juros é mera questão de tempo. Espera-se que, já na próxima
reunião, o COPOM eleve a Selic em meio ponto
percentual. Todavia, o uso da política monetária para conter o avanço do câmbio
em vez de para controlar a inflação (que está baixa devido à recessão), o
mercado pode interpretar a alta dos juros como um sinal de que o Banco Central
está receoso em relação ao câmbio, e isso é tudo de que o governo não precisa
neste momento.
Some-se a isso o fato de o Congresso estar parado, de
reformas importantes — como a fiscal e a da Previdência — não avançarem, junte
a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras e veja como o molho
desanda facilmente.
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