Prosseguindo no assunto do post de anteontem, vale relembrar que, nos primórdios da informática, o valor real dos computadores estava no hardware, não no software. No entanto, com o crescimento da indústria de TI, os programas passaram a ser comercializados separadamente, e isso levou os desenvolvedores a buscar mecanismos de proteção de propriedade intelectual para garantir suas vantagens competitivas. Atualmente, do ponto de vista da distribuição, os softwares se dividem basicamente em LIVRES (como é o caso do Linux) e PROPRIETÁRIOS (como é o caso do Windows, cujo código-fonte tão bem guardado quanto a fórmula da Coca-Cola). No primeiro caso, os programas são distribuídos no modo fonte (o “código-fonte” é o “núcleo” do programa), e podem ser copiados, adaptados, modificados, aprimorados e distribuídos pelos próprios usuários (note que isso não implica em “domínio público”, mas sim em licenciamentos que, em maior ou menor grau, concedem essas liberdades). No segundo, eles são disponibilizados no modo binário, e sua utilização é regida por contratos de licença que estabelecem restrições à execução, cópia e modificação dos programas.
Observação: Nem todo software livre é gratuito e nem todo software gratuito é livre. Os “freewares”, por exemplo, são oferecidos gratuitamente – geralmente por conta de uma estratégia comercial que visa despertar o interesse dos usuários por suas versões pagas (e mais completas). No entanto, sua distribuição é feita apenas na forma binária, já que seus contratos de licença proíbem quaisquer modificações.
Vistos e compreendidos esses conceitos, podemos passar a algumas considerações de ordem prática para quem está pensando em “pular a cerca”:
1- Da mesma forma como o Windows é oferecido em diversos “sabores” (do Starter ao Ultimate), o Linux conta com um vasto leque de “distribuições” – dizem até que migrar para o Pingüim é fácil, difícil é escolher a distribuição mais adequada.
2- O Linux não é muito exigente em termos de hardware, de modo que não você não precisa de um computador poderoso para conseguir um desempenho satisfatório. Se seu PC é antigo, o Puppy Linux é uma boa escolha; para desktops com RAM e espaço e disco limitados, o Xubuntu e o Debian XFCE Edition podem ser mais interessantes.
3- Em máquinas mais modernas, os periféricos podem influenciar a escolha da distribuição (se você tenciona utilizar leitor de cartões de memória, modem 3G ou impressora multifuncional, por exemplo, não deixe de checar sua compatibilidade com a distribuição que pretende usar).
4- Segundo a maioria dos “entendidos” em Linux, o Ubuntu é a opção mais amigável para iniciantes, além de oferecer excelente compatibilidade de hardware. No entanto, o Fedora, o Linux Mint e o openSUSE não devam ser descartados sem uma análise cuidadosa.
5- As distribuições podem apresentar variações conforme a aplicação (EduBuntu para educação, por exemplo, ou UbuntuStudio para músicos, artistas gráficos assemelhados), mas cada qual conta com sua própria comunidade online, que oferece ajuda gratuita para a solução dos mais diversos problemas.
6- Também é possível optar por uma versão comercial, com suporte técnico oferecido pelo desenvolvedor ou revendedor (como o Red Hat Enterprise Linux e o SUSE Linux Enterprise Desktop, dentre outros).
7- Diante de eventuais dificuldades em decidir qual distribuição utilizar, você pode recorrer a “testes online” para guiá-lo em sua escolha (sugiro o Distro Chooser).
8- Seja qual for a sua escolha, não deixe de fazer um “test drive” a partir de um LiveCD ou LiveUSB (se a primeira distribuição que você escolher não lhe agradar, há muitas outras para experimentar). Caso resolva mesmo instalar o programa, faça-o em regime de “dual boot”, de modo a manter o Windows disponível (pelo menos por mais algum tempo).
Boa sorte.
Passemos agora à nossa tradicional piadinha:
O velhinho, mineiro de Berlandia, está no hospital, nas últimas, e o padre lhe diz ao ouvido:
- Antes de morrer, reafirme a sua fé em nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o Demônio.
O velhinho fica quieto, e o padre insiste:
- Antes de morrer, reafirme a sua fé em nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o Demônio.
E o velhinho... nada.
Então o padre pergunta:
- Por que é que o senhor não quer renegar o Demônio?
O velhinho responde:
- Enquanto eu num soubé pronde vou, num quero ficá de mar cum ninguém!
Bom f.d.s. a todos.