A
TRAGÉDIA DA VIDA É QUE FICAMOS VELHOS CEDO DEMAIS E SÁBIOS TARDE DEMAIS.
Computador lento, claudicante, que demora uma eternidade
para iniciar e outro tanto para abrir aplicativos tem jeito? Sem dúvida: Basta
instalar esse ou aquele programinha "milagroso" ou fazer alguns
ajustes prodigiosos para a máquina voltar ao que era nos primeiros dias de uso.
Mas será mesmo? Infelizmente, a resposta é não. Embora existam procedimentos
capazes de melhorar o desempenho do sistema e suítes de manutenção que cumprem
o que promete, é preciso saber separar o
joio do trigo para não ir buscar lã e voltar tosquiado. Por
isso, veremos a seguir alguns exemplos de dicas populares que, além de não
surtirem o efeito desejado, podem tornar
a emenda pior do que o soneto.
Costuma-se dizer que, quando um aplicativo é encerrado, os arquivos DLL que ele utiliza permanecem
carregados na memória, diante da possibilidade de o usuário tornar a abrir o programa
mais adiante, e que, com o passar do tempo, resulta num desperdício
significativo de memória. Então, a solução consiste abrir o programa de configuração do Registro (ou
regedit, para os mais íntimos),
navegar até HKEY_LOCAL_MACHINE\Software\Microsoft\ Windows\ CurrentVersion\Explorer, adicionar o valor DWORD "AlwaysUnloadDLL"
e configurá-lo para 1 (um), de maneira a forçar a remoção das DLLs
e liberar espaço na memória.
Antes de prosseguir, vale lembrar que a sigla "DLL" (de Dynamic
Link Library) remete a uma solução mediante a qual a maioria das funções
utilizadas pelos aplicativos não é codificada no corpo de cada programa, mas
sim armazenada em "bibliotecas" pré-compiladas e compartilhadas pelos
executáveis, dando origem a arquivos menores e mais fáceis de atualizar. Para
gerar o executável, o programador informa ao compilador a localização dessas
bibliotecas e combina o código das funções com o do programa propriamente dito.
Observação: No
alvorecer da computação, um programa era constituído apenas pelo executável,
que continha todas as instruções necessárias ao seu funcionamento. Mais
adiante, com a adoção generalizada da interface gráfica e o aumento de tamanho
dos softwares, a simples divisão de um aplicativo em múltiplos executáveis deixou
de ser uma solução viável, já que os respectivos códigos não podiam ser
compartilhados.
Numa analogia rudimentar, as DLLs estariam para o para o software
assim como os drivers para o hardware: enquanto estes últimos
fazem uma “ponte” entre os dispositivos e o SO, as primeiras fazem o mesmo em relação
ao sistema e aplicativos. Toda DLL tem sua função específica: algumas tratam da
entrada e saída de arquivos no disco (salvar, abrir etc.), outras cuidam do
desenho das janelas na tela ou do tráfego de internet, e assim por diante. De
certa forma, o próprio Windows é uma vasta coleção DLLs, já que
sua função precípua (como a de qualquer SO) é garantir que as demais aplicações
funcionem sem que tenham de "se preocupar com os detalhes de suas tarefas
rotineiras". O kernel32.dll, por exemplo, é encarregado de salvar
arquivos e gerenciar o uso da memória RAM, enquanto o user32.dll
gerencia a área de transferência do sistema e cuida dos menus exibidos na tela,
do papel de parede e do ponteiro do mouse. As DLLs podem ter diversas versões,
e um software compilado para operar com uma delas nem sempre funciona
corretamente com uma versão mais nova, mais antiga, ou mesmo de idioma
diferente. Embora os desenvolvedores incluam em seus programas de instalação
todas as DLLs necessárias ao aplicativo – e elas possuam informações
sobre suas versões, de maneira a prevenir que as mais antigas sobrescrevam as
mais recentes –, sempre existe a possibilidade de programas que rodavam sem
problemas passarem a apresentar comportamento errático ou mesmo deixar de
funcionar.
Voltando à vaca fria, a dica retrocitada funciona ─ ao menos no que diz
respeito a liberar espaço na memória ─, mas daí a otimizar o desempenho do PC já
é outra história, pois as bibliotecas terão de ser recarregadas a partir
do HD quando algum aplicativo precisar delas, e como o HD é milhares de
vezes mais lento que a RAM, a conclusão é óbvia. Ainda assim, a
reconfiguração sugerida não causa malefício algum, e em determinadas situações
pode até proporcionar resultados positivos. Implementá-la, ou não, fica a critério
de cada um.
Abraços e até mais ler.