O ex-presidente petralha pediu ao STF acesso aos termos da delação premiada que Pedro Corrêa negocia com a Lava-Jato. Em seus depoimentos, conforme revelou VEJA, o ex-deputado afirma que Lula gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção na Petrobras, da indicação dos diretores corruptos da estatal à divisão do dinheiro desviado entre os políticos e os partidos, além de citar nominalmente deputados, senadores, ministros, ex-ministros e um governador ― todos, segundo ele, atolados até os beiços no lamaçal do petrolão.
Num depoimento explosivo, em que confessa ter usado a política para negociar propina por mais de três décadas e desviado dinheiro de quase 20 órgãos do governo, Corrêa ― que foi condenado também no escândalo do mensalão ― dá conta de que Lula negociou com caciques do PP a distribuição de propina em contratos na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa (que, segundo o petista, “era muito grande e que tinha que atender aos outros aliados, pois o orçamento era muito grande e a diretoria era capaz de atender todo mundo”). Demais disso, o delator teria se reunido com a cúpula do PMDB (leia-se Renan CalheirosAníbal GomesEduardo Cunha e Romero Jucá, dentre outros líderes) para buscar o melhor entendimento na arrecadação da propina, e que, uma vez acertados os termos com os peemedebistas, os negócios a partir de 2006 começaram a fluir (no encontro, os caciques do PMDB pediram US$18 milhões em propinas para apoiar a permanência de Costa e Cerveró na Petrobras, que deveriam ser pagos a tempo de financiar a campanha eleitoral de 2006, mas acabaram recebendo “apenas”US$6 milhões.
Trechos da delação envolvem também o atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves ― que ficava com parte de tudo o que era arrecadado pelo esquema do PMDB ―Eduardo Cunha ― que recebeu parte do US$6 milhões ―, Edison Lobão ― que tinha participação nos contratos com as grandes empreiteiras ―, Geddel Vieira Lima ― responsável pela indicação de Delcídio do Amaral, que era do PT, para uma diretoria da Petrobras no governo FHC ―, e o próprio Delcídio ― que cobrava propina junto às empresas que tinham negócios na diretoria e depois repassava uma parte para o PMDBe outra parte para o PP.
Nas 132 páginas e 72 anexos da delação, aparecem ainda José Dirceu e Alexandre Padilha ― que, segundo o delator, receberam propina do Laboratório SEM ―, o senador Aécio Neves ― que teria negociado pagamentos para seu partido numa obra de Furnas ―, além de Aldo RebeloAlfredo NascimentoAloízio Mercadante e Augusto Nardes. Afirma também o delator que propinas eram cobradas de empresas participantes do programa Minha Casa Minha Vida ― uma das marcas do governoDilma ―, que a presidanta teria pedido apoio financeiro a Paulo Roberto Costa durante sua campanha à reeleição; que o então ministro Jaques Wagner teria recebido dinheiro de empresas ligadas ao petrolão; que o deputado José Guimarães teria recebido propina por contratos com o Banco do Nordeste; que o deputado Paulo Maluf (surpresa!!!) teria recebido R$20 milhões do petrolão para atrapalhar as eleições municipais de Sampaem 2004; que Roseana Sarney teria recebido dinheiro sujo para suas campanhas, e que o senador peemedebista Valdir Raupp teria um esquema de arrecadação de propina com o Banco do Brasil.
Dentre os citados, houve quem negasse os atos espúrios ― e só a Velhinha de Taubaté acreditou ― e os que preferiram não se manifestar. No que concerne à “alma viva mais honesta do Brasil”, o Instituto Lula afirmou que o delator apresentou uma "narrativa falsa" para não cumprir sua pena na Lava-Jato. Believe it or not.
A delação de Pedro Corrêa aguarda homologação pelo STF, e o juiz Moro já tem uma cela prontinha para... Bom, deixa pra lá.