Para Fábio Medina Osório, ex-advogado-geral da União, o fatiamento da votação do impeachment
de Dilma é irreversível e não deve
ser revisto pelo STF. Segundo ele, a
solução do Senado de cassar o mandato da petista e manter seu direito de exercer funções
públicas é uma “questão de mérito” e, portanto, uma página virada, que
não pode ser apreciada pela Corte.
“Se olharmos a
jurisprudência do STF quanto à revisão do mérito dos julgamentos, eu diria que
o Supremo não deve rever. Entendo que o fatiamento remete ao mérito do
julgamento, já que foi debatido com senadores e pactuado dentro do Senado. Se
violou ou não a Constituição, é uma matéria interna
corporis, e a tendência é não modificar. Não se pode aceitar qualquer resquício de discurso de que tenha havido
golpe, porque o impeachment transcorreu dentro do Estado Democrático de
Direito. A oposição amadurecerá e criará outro tipo de discurso para o
enfrentamento político”, disse o AGU
em entrevista à FOLHA.
Observação: Osório teve sua demissão confirmada
na manhã da última sexta-feria, 9. Em seu lugar, Temer
nomeou Grace Mendonça,
secretária-geral de contencioso, um dos órgãos da AGU (Advocacia-Geral da
União). O advogado, que já tinha sua saída cogitada nos bastidores, afirma que
foi comunicado por telefone. O atrito entre Padilha e Osório ocorreu
depois de reclamações do titular da Casa Civil, principalmente depois que o
jurista pediu acesso a inquéritos de investigados na Operação Lava-jato. Grace é a primeira mulher a ocupar
cargo de ministra no governo Temer,
que já havia recebido diversas críticas por empregar apenas homens em suas
pastas.
Mudando de pato para
ganso:
O fato de Temer ter sido
vaiado nas comemorações de 7 de Setembro já era esperado, como são esperadas
ações mais incisivas da “esquerda”, que agora volta ao papel de oposição ―
aliás, fazer oposição (a qualquer coisa, a qualquer pretexto e em qualquer
tempo) é especialidade do PT, que
também é mestre em enganar trouxas, sangrar Estatais e assaltar o erário,
dentre outras virtudes, mas isso já é outra história.
O importante não
confundir alhos com bugalhos (*).
Adeptos do “FORA TEMER”, em sua
esmagadora maioria, não querem a volta de Dilma,
a despeito do que parece pensar uma parcela mais exacerbada (ou cretina?) dos
apoiadores da deposta. O que deseja a “turma do nem-nem” é a antecipação das
eleições de 2018, até porque esse pessoal não simpatiza com Temer ― e com razão, considerando que
até poucos meses atrás ele era vice de Dilma
e presidente do segundo partido mais corrupto do Brasil. No entanto,
constitucionalmente falando, Temer é
nossa única opção para pôr um ponto final no jugo lulopetista e reverter o
quadro de destruição herdado da anta petralha (que na verdade era cria do PDT de Brizola, partido do qual Carlos Araújo, companheiro da deposta
por mais de 30 anos, foi membro fundador, mas isso também é outra história).
No contexto atual, à falta de outra opção, Temer é nossa melhor chance de reverter
o quadro calamitoso que resultou dos últimos anos de administração petista. Até
porque uma eventual antecipação das eleições presidenciais seria serôdia,
considerando o tempo necessário para que uma emenda constitucional fosse
proposta, discutida e aprovada na Câmara e no Senado. Isso sem mencionar que
dificilmente teríamos alguém em quem valesse a pena votar, a julgar pelo que se
vê dos candidatos à prefeito nas principais capitais do país. Então, pessoal, um pouco de bom-senso não faz mal a ninguém.
Vamos dar uma chance ao homem, que já tem um monumental abacaxi para descascar
e, portanto, de nada ajuda pressioná-lo ainda mais, notadamente por razões
eminentemente revanchistas.
E, petralhada, vamos combinar: culpar Temer pelos
12 milhões de desempregados é muita leviandade, até mesmo para vocês! Afinal,
nem a própria Dilma seria capaz de
tal proeza em apenas 3 meses de governo ― e olha que ela era esforçada!
Cortemos para a cassação de Eduardo Cunha:
O plenário do STF negou na última quinta-feira o recurso do deputado afastado Eduardo Cunha (o único ministro a votar pela paralisação do processo foi Marco Aurélio Mello), de modo que ficou mantida para a próxima segunda o julgamento que deverá pôr fim ao mais longo processo de cassação da história da Câmara. Há quem diga que a condenação é certa, mas eu prefiro esperar o apito final para comemorar ― afinal, política, como futebol, é uma caixinha de surpresas, haja vista o que aconteceu na reta final do julgamento do impeachment da ex-presidanta petralha. Para que Cunha perca o mandato, é preciso que ao menos 257 dos 513 deputados votem pela cassação. O problema é formar quórum numa segunda-feira ― para a maioria dos parlamentares, a semana começa na terça e termina na quinta. Isso sem mencionar que estamos às vésperas das eleições municipais, que certamente servirão desculpa para alguns deputados não comparecerem à sessão. Rodrigo Maia, sucessor de Cunha na presidência da Câmara, diz que vai adiar o julgamento para terça-feira, 13, caso não haja quórum mínimo na segunda, bem como descontar a ausência no salário de quem faltar à votação por motivo de campanha eleitoral (aliás, nem viagens oficiais estão sendo liberadas para essa data).
Cortemos para a cassação de Eduardo Cunha:
O plenário do STF negou na última quinta-feira o recurso do deputado afastado Eduardo Cunha (o único ministro a votar pela paralisação do processo foi Marco Aurélio Mello), de modo que ficou mantida para a próxima segunda o julgamento que deverá pôr fim ao mais longo processo de cassação da história da Câmara. Há quem diga que a condenação é certa, mas eu prefiro esperar o apito final para comemorar ― afinal, política, como futebol, é uma caixinha de surpresas, haja vista o que aconteceu na reta final do julgamento do impeachment da ex-presidanta petralha. Para que Cunha perca o mandato, é preciso que ao menos 257 dos 513 deputados votem pela cassação. O problema é formar quórum numa segunda-feira ― para a maioria dos parlamentares, a semana começa na terça e termina na quinta. Isso sem mencionar que estamos às vésperas das eleições municipais, que certamente servirão desculpa para alguns deputados não comparecerem à sessão. Rodrigo Maia, sucessor de Cunha na presidência da Câmara, diz que vai adiar o julgamento para terça-feira, 13, caso não haja quórum mínimo na segunda, bem como descontar a ausência no salário de quem faltar à votação por motivo de campanha eleitoral (aliás, nem viagens oficiais estão sendo liberadas para essa data).
PT, PSDB e PSB devem votar unidos pela cassação, mas no PMDB, que tem a maior bancada na Casa (67), muitos deputados se
dizem constrangidos em votar contra um correligionário, e outros, mais
cautelosos, afirmam que não poderão comparecer à sessão por esta ou aquela
razão, quando na verdade “devem esse favor” a Cunha, por conta de doações de campanha ou apoio político. PP e PSD também estão divididos (pouco mais
de 1/3 dos deputados dessas legendas se manifestou disposto a votar pela
cassação), mas a bancada vermelha deve
comparecer em peso, até porque os “comunas” culpam Cunha pela deposição de Dilma
(a meu ver, uma das poucas coisas que ele fez no interesse da nação, ainda que
movido por questões pessoais, foi dar andamento ao processo de impeachment da
anta petralha, mas isso já é outra história).
O mais curioso é que, a despeito da gravidade das maracutaias em
que o ex-presidente da Câmara se meteu, o que voga para seus pares é ele ter
mentido à CPI da Petrobras e ao Conselho de Ética da Câmara sobre as tais contas
no exterior ― o que, a meu ver, dá uma
boa ideia de como funciona a lógica dos nossos políticos e de quão “estranhas”
são sua escala de valores e seus conceitos de probidade e honradez.
Para mal dos pecados (de Cunha), o Ministério Público Federal em
Curitiba abriu mais uma investigação sobre pagamentos feitos no Brasil para Cláudia Cruz, mulher do deputado. Os procuradores da Lava-Jato
suspeitam que contas administradas por ela no país, e não apenas no exterior,
podem ter recebido recursos originários de propina referente a contratos da
Petrobras. Relatório produzido pela Receita Federal sobre as movimentações
financeiras apontam “expressivos valores de gastos com cartões de crédito de
emissão no Brasil” pela investigada, sem que houvesse lastro suficiente para
pagar as faturas, especialmente em 2014 e 2015.
De acordo com o Estadão, pelo menos 280 votos pela
condenação são dados como certos ― ou seja, 23 além do mínimo necessário ―, mas
há espaço para um "acordão" em prol de uma pena mais branda, já que
os aliados de Cunha tencionam usar o
regimento interno para fazer com que o plenário vote um projeto de resolução, e não o parecer
do Conselho de Ética. A manobra,
em grande medida semelhante à trama urdida pelo PT no julgamento do
impeachment da sacripanta recém-deposta (com o beneplácito dos presidentes do Senado e do STF), visa substituir
a cassação pela suspensão do mandato por até seis meses. A conferir.
(*) Os tais bugalhos citados no dito popular são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, mas cujo formato de pênis inspirou um fado cantado pelos marujos lusitanos à época do descobrimento: "não confundas alhos com bugalhos / nem tampouco bugalhos com c***lhos".