sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

AINDA SOBRE PENDRIVES...

NUM CASAMENTO, O IMPORTANTE NÃO É A ESPOSA, É A SOGRA. UMA ESPOSA LIMITA-SE A REPETIR AS QUALIDADES E OS DEFEITOS DA PRÓPRIA MÃE.

Embora a postagem da última quinta-feira tenha fechado a sequência sobre pendrives que eu iniciei no dia 17 de outubro, achei por bem aproveitar esta sexta-feira - dia em que sempre introduzo uma anedota no post do dia - para reproduzir um texto que acho muito legal. Infelizmente, não posso dar o devido crédito ao autor, pois não faço a menor ideia de quem seria o dito-cujo. Mas a maneira como ele ilustra a relação com a informática de quem nasceu antes dos anos 1990 é positivamente impagável. Antes, porém, reproduzo a postagem que publiquei ontem na minha comunidade de política:

VERGONHA NACIONAL

Panelaços pipocaram em São Paulo, Rio, Minas e Distrito federal na noite da última quarta-feira, em protesto contra a desfiguração das medidas anticorrupção, levada a efeito pela Câmara Federal na madrugada anterior.

Embora a anistia ao caixa 2 eleitoral tenha ficado de fora (debalde os esforços de alguns nobres parlamentares, que por pelo menos duas vezes tentaram incluí-la antes da votação da proposta no plenário), apenas 2 das10 medidas sugeridas originalmente pelo MPF, que respaldaram o relatório do deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, foram integralmente mantidas. Itens como a criminalização do enriquecimento ilícito, a criação da figura do "reportante do bem" e o aumento do prazo de prescrição dos crimes acabaram cedendo espaço a outros, como a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público, que foram alegremente adicionados e aprovados.

Observação: Entre a noite de terça e a madrugada de quarta-feria, todos os partidos orientaram suas bancadas a votarem a favor do projeto principal do pacote anticorrupção. Mas um total de 16 emendas (alterações) apresentadas por parlamentares foram analisadas ainda durante a madrugada e alteraram pontos sensíveis do projeto. Todas foram rejeitadas pelo relator da proposta na comissão especial, mas a maioria acabou sendo aprovada pelo plenário. Ao final da sessão, o deputado Lorenzoni desabafou: “O objetivo inicial do pacote era combater a impunidade, mas isso não vai acontecer porque as principais ferramentas foram afastadas. O combate à corrupção vai ficar fragilizado. E com um agravante, que foi essa intimidação dos investigadores”.

Como se não bastasse, o senador Renan Calheiros ― que é alvo de uma dúzia de ações em trâmite no STF e só ainda não se tornou réu devido à morosidade dessa Corte ― concitou seus pares a aprovar, em caráter de urgência, a maracutaia urdida e avalizada pela Câmara, dando um tapa na cara da população de bem e deixando claro que a velha política tenta se manter dominante, a despeito de uma cachoeira de denúncias indicarem que o modelo está completamente desmoralizado, caquético e falido. 

A intenção de Renan e de seus acólitos, muitos deles investigados na Lava-Jato, é constranger o Judiciário para atender a seus próprios interesses, ou, na avaliação da ministra Carmem Lucia, presidente do STF, “fulminar a democracia”. Nesse clima de fim de feira, onde os parlamentares tentam salvar o próprio rabo diante da ânsia por uma nova política expressa pela sociedade, somente a pressão popular pode impedir os avanços contra a democracia.
Procuradores da Lava-Jato já disseram que podem renunciar coletivamente caso a proposta de punição a magistrados e integrantes do Ministério Público por crime de abuso de autoridade seja aprovada no Senado e não seja vetada por Michel Temer ― que vive seu pior momento desde que assumiu a presidência com o impeachment de sua imprestável predecessora.

Na manhã de ontem, o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato em primeira instância, e o ministro Gilmar Mendes, que integra o STF e preside o TSE, debateram no Senado o Projeto de Lei de Abuso de Autoridade (voltarei ao assunto oportunamente). 

Pelo andar da carruagem, não demora para que novas manifestações mobilizem a sociedade civil e levem milhões de pessoas novamente às ruas, até porque, sem pressão popular, as raposas continuarão tomando conta do galinheiro. Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos.  

Passemos agora à anedota:
Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
-Moça, vocês têm pendrive?
-Temos, sim.
-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
-Ah, é como um disquete...
-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
-Ah, tá bom. Vou querer.
-Quantos gigas?
-Hein?
-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?
-O que é giga?
-É o tamanho do pen.
-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...
-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
-Neste caso, o melhor é levar o maior.
-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
-Como?
-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
-USB não é a potência do ar condicionado?
-Não, isso é BTU.
-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.
-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.
-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
-Quem sabe o senhor liga pra ele?
-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.
-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, Touch Screen, câmera fotográfica, flash, filmadora, rádio AM/FM, TV digital, micro-ondas...
-Blutufe? E micro-ondas? Dá pra cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
-E pra que serve esse tal de blutufe?
-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.
-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
-Ah! E antes precisava de fio?
-Não, tinha que trocar o chip.
-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
-Sim, tem chip.
-E eu faço o quê com o chip?
-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...
Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.
-Que idade tem seu filho?
-Vai fazer dez em março.
-Que gracinha...
-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
-Certo, senhor. Embalagem para presente?
No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre uma wepage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos
de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:
-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
-Seu celular tem entrada USB?
-É lógico. O seu também.
-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?
-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:
-Sabe que eu tenho Blutufe?
-Como é que é?
-Blutufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?
-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.
-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?
-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Blutufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.
-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.
-Ué? Por quê?
-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.
-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.
-Por quê? Ela quebrou?
-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...
-E blutufe, a nova vai ter?
-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não aguento mais...


Bom final de semana a todos.

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