O primeiro depoimento de Lula ao juiz Moro, em
maio passado, durou quase 5 horas; o de ontem, pouco mais de duas horas. Da
primeira vez, centenas de ônibus fretados pelo PT despejaram dezenas de milhares de “militantes” em Curitiba;
ontem, havia mais policiais do que manifestantes no entorno da 13ª Vara Federal.
Talvez por já ter sido condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, Lula estava bem mais irritadiço na
tarde de ontem, e Moro, com menos
paciência para aturar o proselitismo arrogante do petista (para assistir ao
vídeo, clique aqui). Questionado sobre sua
sentença no processo que trata do tríplex no Guarujá, Moro interrompeu o discurso midiático do petralha e recomendo-lhe
que levasse seus questionamentos ao TRF4,
onde os recursos interpostos pelas partes aguardam julgamento.
Depois de deixar o prédio da Justiça Federal, o demiurgo de Garanhuns participou de um
ato público na região central da capital paranaense, onde uma claque composta
majoritariamente por integrantes do MTST
estava a postos para aplaudir seu ramerrão. Num discurso de pouco mais de 15
minutos, repetiu a mesma retórica de sempre, alegando ser inocente e alvo de
uma manobra das “elites” para não ser candidato em 2018 ― como se os seis processos, três denúncias e
já-nem-sei-mais-quantos inquéritos não representassem absolutamente
nada. Chegou mesmo a dizer que “prefere
a morte a mentir para o povo brasileiro”, e foi ovacionado pelos pouco mais
de 1000 “apoiadores” ― entre os quais se encontrava gente da melhor qualidade,
como João Pedro Stédile, que chamou Sérgio Moro de “merdinha” e de “bundão”.
Lula depôs mais
para as câmeras do que para o Juízo. Quando tentou desviar o foco para o
comportamento da Lava-Jato, da imprensa, do MPF e de Rodrigo Janot, foi advertido de que nada daquilo tinha relação com
o processo. Sem outra saída, procurou jogar a culpa na finada ex-primeira-dama
e desacreditar o depoimento de seu ex-ministro e comparsa de crimes Antonio Palocci. Até porque sua
narrativa de perseguido político já não convence mais ninguém (com a possível
exceção da patuleia incorrigível, que um dia ainda vai pedir a canonização de seu
amado líder).
Sobre “o melhor ministro da Fazenda que o Brasil
já teve” ― e a quem teria escolhido para concorrer à sua sucessão se [Palocci] não tivesse sido forçado a
deixar o governo pela porta dos fundos, assim se pronunciou o ex-presidente
parlapatão: “Eu ouvi atentamente o depoimento do Palocci. Uma coisa
quase que cinematográfica, quase que feita por um roteirista da Globo. Você vai
dizer tal coisa, os lides (sic) são esses. Prepararam alguns lides (sic) pra
ele dizer e ele foi dizendo habitualmente, lendo alguma coisa. Eu conheço o
Palocci bem. O Palocci se ele não fosse um ser humano ele seria um simulador.
Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a
verdade. Palocci é médico, é calculista, é frio”.
Observação: Palocci assumiu a coordenação da campanha de Lula à presidência, em 2002, depois do
(misterioso) assassinato de Celso Daniel.
Foi Palocci quem teve a ideia de
lançar um manifesto público assegurando o compromisso de Lula com a estabilidade econômica (que ficou conhecido como “Carta
ao povo brasileiro”), quem coordenou a equipe de transição e angariou o
respeito do empresariado ao longo da campanha. Em 2006, depois que veio a
público o escândalo do Mensalão, Palocci
deixou o governo e evitou durante anos as luzes da ribalta, mas foi convocado
por Lula para ajudar a eleger Dilma sua sucessora. Como um dos
coordenadores da campanha, Palocci
operou para angariar fundos junto às empresas que se beneficiara do governo do
petista.
Aqui cabe abrir um parêntese: a cúpula petista não se refere
a Palocci como “mentiroso”, mas como
como um “traidor” que deve ser expulso do partido. Tire o leitor suas próprias
conclusões. Fecho o parêntese.
Durante o depoimento, Lula
teve a pachorra de acusar os procuradores do MPF de inventar que ele é o dono do triplex no Guarujá, e de dizer que Moro “sabe bem disso” ― a despeito de a
ocultação de patrimônio envolvendo esse imóvel tenha sido justamente um dos
crimes pelos quais o magistrado o sentenciou a nove anos e meio de prisão. Em
outro momento, Lula acusou Delcídio do Amaral de “mentiroso
descarado”, embora tenha apoiado sua campanha ao governo de Mato Grosso ― e é
bem provável que venha a dispensar igual tratamento a Dirceu, Vaccari e outros
“cumpanhêros” e comparsas, se e quando eles resolverem “abrir o bico”.
Resumo da ópera:
Todos mentem; só Lula fala a
verdade. Tanto é que ele “prefere a morte a mentir para o povo brasileiro”. No
que depender de mim, pode encomendar o seu caixão.
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