Recapitulando: o impeachment de Dilma pôs fim ao reinado lulopetista, mas não foi a solução para
todos os males do Brasil ― e nem poderia, considerando que quem a sucedeu foi o
chefe da gang do PMDB, que deve entrar para a história como o primeiro
presidente denunciado no exercício do cargo por corrupção, formação de
quadrilha e obstrução da Justiça. Enquanto aguarda que a Câmara decida sua
sorte, sua excelência amarga índices de popularidade abissais. Até porque não
há o que admirar no seu governo. O que há, felizmente, é a percepção de que a
administração da economia se descolou da calamidade moral, técnica e política
que faz da gestão do peemedebista um cadáver ambulante.
Como bem salientou J.R.
Guzzo em sua coluna na revista Exame, Michel
Temer, seus ministros-catástrofe e sua base parlamentar, ameaçados 24 horas
por dia pelo Código Penal, não podem mexer demais no coração da economia,
embora passam atrapalhar muito, promovendo uma crescente queima de dinheiro
público em prol de interesses privados, ou mostrando uma pusilanimidade sem
limites para lidar a sério com temas como a Amazônia. Mas, a partir daí, não
conseguem impedir que a economia, por força do próprio país, vá adiante. Ao
mesmo tempo, enquanto Temer
permanece no Planalto, os débeis mentais que se propõem a destruir o Brasil
pela segunda vez continuam de fora.
É isso que leva o país adiante hoje em dia. A inflação em
patamares civilizados, a situação do emprego dando sinais ― tímidos, é verdade
― de melhora, as exportações batendo recordes e a balança comercial apresentado
resultados positivos. O “fora-Temer” fica restrito à Câmara Federal, onde
deputados “indecisos” serão regiamente recompensados se apoiarem o presidente,
mas nada disso contamina o mercado nem é levado a sério pelo mundo do trabalho
e da produção. Sobrevive apenas uma neurastenia sem controle do noticiário
político, que todo santo dia anuncia um novíssimo e seriíssimo agravamento da
crise ― sem que o público preste qualquer atenção ao que está lendo e ouvindo.
Parece se firmar, acima de tudo, a ideia de que os mais
altos degraus do Judiciário, Executivo e Legislativo foram tomados, ao mesmo tempo, por
irresponsáveis, incompetentes e criminosos, mas sua ação
conjunta é menor do que a capacidade do Brasil para sobreviver. Além do mais,
há a convicção crescente ― e agora apoiada em fatos concretos ― de que
os militares não vão aceitar que o STF conduza Lula de novo à presidência,
ponha todos os seus ladrões em liberdade e compense os outros Aécios, Geddeis e
Joesleys da vida com a mesma “anistia” do tipo “vamos zerar tudo pelo bem do
país".
Na verdade, ninguém, nessas e noutras altíssimas esferas,
fala de intervenção, Forças Armadas, golpe militar e outros fantasmas. Todos fingem que não está acontecendo nada, mas ouvem, sim, o que foi dito, e não parecem
dispostos a riscar o fósforo para ver se há gasolina no tanque. Morrem de medo
da primeira farda que lhes passe na frente, mesmo que seja da guarda-noturna, e
já estão preparando seu latinório e seus diagramas de “engenharia política”
para salvar os empregos, as vantagens e os privilégios e, ao mesmo tempo, ceder
um pouco à razão ― o que já ajudará em muito a estabilidade mínima para o mundo
da produção.
Com Dilma, nossa
economia estava no quinto dos infernos, com viés de sexto ou sétimo. Com Temer, a desmoralização do Estado continua a mesma dos tempos de Dilma e Lula ― afinal, se o atual governo é apenas a parte final dos governos anteriores, como poderia
ser diferente deles? Mas nenhum dos dois, nem Michel, podem mais mexer na Economia, e isso é a salvação para
todos nós.
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