quinta-feira, 23 de novembro de 2017

COM UM SUPREMO DESSES... CONTINUAÇÃO


Ministros como Gilmar Mendes, o divino, tornam a atual composição do STF a pior da história da República. Lembrado pelo jornalista J.R. Guzzo como uma “fotografia ambulante do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que constroem todos os dias o fracasso do país” ―, Mendes é marido de dona Guiomar, que trabalha no escritório de advocacia Sergio Bermudes, que tem como cliente... Eike Batista, o ex-bilionário e empresário mais admirado por Lula e Dilma, que, por mais uma dessas formidáveis coincidências da vida, Mendes mandou para casa no início deste ano. Quer mais? Então vamos lá.

Nossa mais alta Corte conta com dois expoentes inigualáveis do saber jurídico, que não só foram indicados por Lula, mas também emergiram das fileiras petistas. Falo de Dias Toffoli, que não fez doutorado nem mestrado, foi reprovado duas vezes em concursos para juiz de primeira instância, mas passou de advogado do PT ministro do Supremo, e de Ricardo Lewandowski, que ingressou na vida pública quando Walter Demarchi, então vice-prefeito de São Bernardo do Campo, convidou-o a ocupar a Secretaria de Assuntos Jurídicos daquele município (os Demarchi se orgulham de terem sugerido o nome de Lewandowski quando surgiu uma vaga no STF, e de o ex-presidente petralha e hepta-réu ter concordado prontamente. Alguma dúvida?

Falando em Lewandowski, o incorrigível: ao devolver à PGR, sem homologar, a delação premiada do marqueteiro Renato Pereira, o ministro desrespeitou uma decisão do plenário ― na qual foi voto vencido ― segundo a qual acordos gerados por delações premiadas só podem ser revistos em caso de alguma ilegalidade, cabendo à Corte, na homologação, analisar apenas os aspectos formais da delação. Definiu o ministro Luis Roberto Barroso, cujo voto liderou a divergência: os acordos fechados pela Procuradoria-Geral são analisados em um primeiro momento pelo relator dos processos, apenas sob o prisma da voluntariedade, espontaneidade e legalidade, e num segundo momento, pelo colegiado, na hora de dar a sentença, pela eficácia das denúncias. Pelo texto aprovado por sugestão do ministro Alexandre de Moraes e assumido pelo relator Edson Fachin, somente quando forem encontradas ilegalidades fixadas no Código de Processo Civil os acordos poderão ser anulados.

Observação: A tese vencedora, explicitada pelo decano Celso de Mello, foi a de que o Ministério Público não pode ser surpreendido por um “ato desleal” do Judiciário, sendo “dever indeclinável” do Estado “honrar o compromisso assumido no acordo de colaboração”, desde que o colaborador cumpra a sua parte. “Homologado o acordo e cumpridas as obrigações assumidas, não faz sentido que o colaborador seja surpreendido por um gesto desleal do Estado representado pelo Poder Judiciário”.

Na ocasião, Mendes, o altíssimo, declarou que a partir daquela decisão as homologações dificilmente seriam feitas monocraticamente, e que pretendia aproveitar a brecha que vislumbrava para analisar os acordos para além de sua eficácia ― referindo-se ao final do processo, quando cabe ao plenário conferir a eficácia da delação já homologada, ou seja, julgar se ela produziu os efeitos previstos.

Ao devolver a delação ― e criticar a competência do MPF para negociar acordos de colaboração ―, Lewandowski tenta reavivar a tese de Gilmar Mendes, o inelutável, segundo a qual o STF poderia modificar acordos celebrados entre a PGR e os delatores. Todavia, ao ignorar a decisão tomada pela maioria dos seus pares, em plenário, esse obelisco do saber jurídico cria uma insegurança que pode colocar em risco as delações premiadas atualmente em negociação e as que ainda estão por vir: dependendo do desfecho desse caso, os delatores não se sentirão seguros para negociar com o Ministério Público.

EM TEMPO: Deu na FOLHA que Sergio Moro foi vaiado, na noite de terça-feira, por meia dúzia Guilherme Rodrigues, procurador de Fortaleza e presidente da ANPM entre 2012 e 2014. Segundo ele “usar a toga para fazer política é algo inadmissível, e é isso que Moro faz”. Para entender melhor, veja ao lado a foto do sujeito. Só faltou a estrelinha, né?

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