O julgamento de Lula
pelo TRF-4 é o assunto da semana, e
continuará sendo nos dias subsequentes ao veredito dos desembargadores (caso
nenhum deles peça vista, pois isso suspenderia a sessão e a decisão final,
prolongando a agonia nacional). Então, o jeito é continuar nesse tema e torcer
pelo melhor.
Relembrando: a senadora Gleisi Hoffmann ― presidente do PT e ré no STF ―, em entrevista ao site “cumpanhêro” Poder 360, deu sua aula de selvageria ao brindar o bando de
canastrões e vigaristas que encena a Ópera
dos Malandros ― peça humorística que celebra a inocência de Lula ― com a seguinte pérola: “Para prender o Lula, vai ter que prender
muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente”.
O
comentário pegou mal, como não poderia deixar de ser, a petralha remendou,
alegando que o que disse foi apenas “força de expressão”. No
Twitter, ela postou o seguinte: “Lula
é o maior líder popular do país e está sendo vítima de injustiças e violências
que atingem quem o admira. Assim, como não se revoltar com
condenação sem provas?”
Como bem salientou Augusto
Nunes, quase todo integrante do partido que virou bando lembra um
napoleão-de-hospício. Mas nem o mais desatinado devoto da seita está disposto a
perder a vida para preservar a liberdade de um criminoso condenado a 9 anos e
meio de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro.
Petistas sempre foram bons de bravata. Em maio de 2000,
durante uma manifestação de professores em greve, o então deputado José Dirceu ― hoje criminoso condenado,
mas que continua em prisão domiciliar por obra e graça de alguns ministros do STF ― ensinou que os adversários do PT deveriam “apanhar nas urnas e nas ruas”. Uma semana depois, um bando de
grevistas agrediu fisicamente o então governador Mário Covas, que já se encontrava debilitado pelo câncer que
acabaria por matá-lo. “Foi força de
expressão”, desconversou, anos mais tarde, o guerrilheiro de araque.
“Força de expressão”,
no dialeto dessa seita espúria, deve ser sinônimo de caso de polícia. Afinal, incitação ao crime e a apologia de crime ou
criminoso. Pelo tamanho da capivara, ambos certamente sabem disso, embora
não pareçam preocupados, até porque já cometeram delitos muito mais graves. O
guerrilheiro de araque logo estará na gaiola pela terceira vez, e a presidente
da facção só não foi engaiolada porque o foro privilegiado mantém em liberdade qualquer
delinquente com mandato parlamentar. Mas tanto o mestre quanto a pupila poderiam ser enquadrados nos artigos 286 e 287 do Código Penal.
Os petistas querem mesmo fazer crer que o Brasil está às portas de uma convulsão, talvez até mesmo de uma guerra civil, caso os desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 resolvam condenar e eventualmente mandar prender o molusco. Porém, a despeito de a ameaça de baderna e de confrontos violentos ser grave, não se pode tomar ao pé da letra o que disse a presidente da quadrilha, conquanto não se deva menosprezar a capacidade petista de causar problemas, já suficientemente comprovada ao longo das três décadas de existência do partido. Por outro lado, o importante observar a verdadeira dimensão da mobilização em favor do demiurgo de Garanhuns, que, desde o momento em que ele se viu formalmente processado, tratou de qualificar seu caso como perseguição política.
Afinal, se o “maior líder popular da história do Brasil” diz que é
inocente, sem viva alma capaz de rivalizar com ele em honestidade, não caberia
à Justiça outra atitude senão encerrar seu caso e se desculpar pelo
inconveniente. Se os magistrados decidiram levar o caso adiante ― e, pior,
condenar o pulha à prisão, como já fez o juiz Sérgio Moro ―, é porque há um complô, articulado pelas “elites”, visando evitar que o sumo pontífice da Petelândia volte ao poder.
A ideia, claro está, é constranger o Judiciário. Mas essa
estratégia só teria alguma chance de êxito se houvesse efetivo risco de grave
comoção nacional ante a eventual decisão de encarcerar Lula ― e é por isso que os petistas estão empenhadíssimos em dar a
impressão de que grande parte do “povo” está de prontidão para enfrentar os
“golpistas” aninhados no Judiciário. É nesse contexto que deve ser entendida a
declaração de Gleisi Hoffmann sobre
os cadáveres que a condenação do chefe poderia produzir. Ou seja, ela quis dar a
entender que não só há gente disposta a morrer por Lula, mas também que os “golpistas” terão de reprimir violentamente
as esperadas manifestações de protesto contra a condenação.
Para a jornalista Eliane
Cantanhêde, a declaração de Gleisi
é tão irresponsável quanto sua defesa do regime Maduro, que leva os venezuelanos ao desespero, ao desamparo, ao
desabastecimento e à desesperança. Em vez de se aliar com a gente que sofre, a
senadora vermelha, por pura questão ideológica, se alinha com a gente que impõe o sofrimento. No caso de Lula,
ela tenta jogar o mundo petista contra a Justiça brasileira, o que nos leva à pergunta: se o TRF-4 absolver Lula, quem é a favor da prisão do
crápula também pode sair matando gente?
As declarações estapafúrdias de Gleisi são chocantes, mas reforçam o quanto o Brasil está mudando e
o quanto os próprios políticos estão esperneando. Nisso, perdem o senso,
extrapolam e falam o que não podem ― e nem deveriam. O fato de o ex-presidente
mais popular da redemocratização ter sido denunciado, julgado e até condenado
em primeira instância já é uma mudança e tanto. Mas há muito mais: O que dizer
de um presidente no exercício do mandato que sofreu duas denúncias da PGR no mesmo ano e tem agora de
responder 50 perguntas “desrespeitosas e
ofensivas”, segundo o próprio, da Polícia Federal?
E o ex-poderoso
governador Sérgio Cabral, que foi
preso, condenado a dezenas de anos e agora transferido de penitenciária para
não desfrutar de regalias? E as intervenções na Petrobrás e, na semana passada, na CEF? E a prisão de Maluf
― que foi símbolo da corrupção por mais de 30 anos e agora virou o maior troféu
do oposto, do combate à corrupção? E Bolsonaro,
que as pesquisas apontam como principal concorrente de Lula? Perguntado por que recebe o auxílio-moradia da Câmara se tem
imóvel em Brasília, o deputado respondeu: “Pra comer gente, tá?”.
Observação: Além de político reacionário, com ideias
estapafúrdias, Bolsonaro vai se
revelando também um poço de contradições. A principal é se dizer antipolítico. Como assim? Não bastasse
estar no sétimo mandato de deputado federal, ele elegeu a ex-mulher duas vezes
vereadora no Rio e meteu três filhos na política (Eduardo é deputado federal,
Flávio, estadual, e Carlos, vereador). Foi
na política que o clã de Bolsonaro amealhou mais R$ 15 milhões em
imóveis. E é também como político que o patriarca pode usufruir de
auxílio-moradia para “comer gente”. Isso é que é rejeição à política?
Voltando à novela do TRF-4
e o exterminador do plural, o
presidente do PT do Rio Grande do Sul,
deputado Pepe Vargas, disse à Folha que sua preocupação é com
presença de infiltrados nos atos marcados para o dia do julgamento.
Então, que fique bem claro: se houver violência, quebra-quebra e congêneres, a culpa não é da valorosa e pacífica
militância vermelha. Pausa para as gargalhadas.
É até possível que algum desequilibrado resolva se
martirizar por Lula, pois há louco
para tudo. Mas é altamente improvável que mais alguém além do restrito grupo de
adoradores do chefão petista se arrisque a quebrar uma unha que seja diante do
infortúnio do petralha, ainda mais considerando-se o fato de que defender Lula significa defender um corrupto
condenado.
Constatado o fato de que o apoio ao petralha contra os
magistrados que o julgarão é muito mais limitado do que a propaganda do PT pretende fazer crer, é preciso que
as autoridades usem tudo que a lei lhes faculta para impedir que os baderneiros
a serviço daquele partido criem situações violentas que lhes possam servir de
pretexto para denunciar um regime de exceção que só existe em suas delirantes
fantasias.
O caminho que o PT
escolheu não lhe dá outra opção senão a de provocar confrontos para que algo da
desastrada profecia de sua presidente se realize. Para sorte do País, porém, a
ameaça da senadora vermelha apenas simboliza o desvario que tomou conta dos
petistas desde que seu grande líder foi flagrado com a boca na botija.
Assistam a este vídeo (não concordo com tudo o que ele diz, mas não há como não reconhecer que ele tem razão numa porção de coisas).
Assistam a este vídeo (não concordo com tudo o que ele diz, mas não há como não reconhecer que ele tem razão numa porção de coisas).