Mesmo sendo tão inverossímil
quanto conversa de camelô paraguaio, o discurso da cúpula petista, segundo o qual "não existe plano B" à candidatura de Lula, parece sensibilizar uma parcela da população ― aquela que que vai
morrer acreditando que o petralha foi
condenado “sem provas”, que Dilma foi
vítima de um “golpe” e que Michel Temer é o culpado pela crise econômica
parida pela gerentona de galinheiro.
Aliás, o presidente cuja legitimidade
essa gente questiona ― a despeito de tê-lo conduzido e reconduzido ao Palácio do Jaburu, em 2010 e 2014, ao votar na anta vermelha para
presidente da Banânia ― pode ser traiçoeiro, dissimulado, corrupto, usurpador e
o que for, mas basta comparar os indicadores econômicos atuais com os números
dos anos anteriores à sua posse para concluir que a economia, pelo menos, está
no rumo certo.
Do palanque, os próceres vermelhos entoam a cantilena
do lawfare, mas, nos bastidores,
dão como certa a inelegibilidade do demiurgo
de Garanhuns, cuja situação se agrava a cada dia que passa. Petralhas notórios, como Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Lindbergh
Farias (apenas para citar os mais radicais) gritam em público que não
existe democracia no Brasil, mas se escondem no Congresso Nacional para desfrutar das “imunidades parlamentares”; falam
em exterminar os adversários, mas se alinham com Aécio Neves para receber em troca o apoio de sua quadrilha; dizem
que a Justiça se vendeu para
permitir a fabricação de provas contra Lula,
mas continuam entupindo os tribunais com recursos, ameaças e advogados caros.
E põe caro nisso: a equipe
que defende Lula, composta por
especialistas em absolvição de criminosos, cobra em dólares por hora. De acordo com as apurações da Operação Jabuti ― que investiga o
desvio de recursos da Fecomércio-RJ
―, só o escritório dirigido por Roberto
Teixeira, compadre e advogado do ex-presidente, recebeu repasses de
honorários que chegam a R$ 68 milhões.
A pergunta que não quer calar é: se a saúde financeira do Instituto Lula foi devastada pela retração dos fregueses da Lava-Jato, se o Bill Clinton de galinheiro não recebe convites para palestras desde junho de 2015, se as mediações bilionárias do camelô de empreiteiras foram suspensas, de onde vem o dinheiro para bancar a gastança com rabulices? Responda quem souber.
Mudando de pato para ganso, salta aos olhos que a militância atávica e incorrigível não veria
provas contra Lula nem que elas lhe
mordessem a bunda. Para essa caterva, se não existe escritura do tríplex do Guarujá registrada no nome
de Lula, o apartamento não é dele, ponto final ―
como se ocultação de patrimônio não
fosse crime (aliás, vale a pena ler a sentença condenatória proferida
pelo juiz Sérgio Moro em 12 de julho
do ano passado).
O PT e seus
satélites questionam a competência da 13ª
Vara Federal de Curitiba e a imparcialidade de Moro e lotam as redes sociais com a argumentação requentada, usada pela defesa
na instrução processual ― e até mesmo no julgamento
do recurso ―, de que o processo deve ser anulado ou Lula, absolvido. Parecem ignorar ou não levar em conta que isso é matéria vencida, até porque essa balela foi sido rejeitada sistematicamente pelo juiz de Curitiba e pelos desembargadores de Porto Alegre. Resta saber o dirão os desvairados seguidores da Seita do Inferno quando a prisão de Lula for decretada, já que
a ideia do PT é levar a candidatura
de seu amado líder “até as últimas consequências” ― como se Lula, por ser quem é (ou quem foi), estivesse acima do bem e do mal e fora do alcance da Lei
da Ficha-Limpa e do Código Penal.
A condenação do molusco no processo que trata do tríplex no Guarujá foi ratificada há exato um
mês pelo TRF-4 ― e a pena aplicada
por Moro, de 9 anos e meio de xadrez, aumentada pelos desembargadores para 12
anos e 1 mês. Tão logo se esgotarem os
recursos (protelatórios) no âmbito daquela Corte, a prisão do eneadáctilo será decretada, o que não o impedirá de recorrer ao STJ
e ao STF nem de tentar obter um habeas corpus, naturalmente, até porque o cumprimento
provisório da pena após condenação na segunda instância está longe de ser um
entendimento pacífico entre os ministros do Supremo, mas isso já é outra
conversa.
Lula é réu em 7
processos, e somente um deles foi julgado até agora. Pelo andar da carruagem, o
juiz Moro deve decidir no mês que vem a ação que envolve a
cobertura vizinha à do petista no edifício
Hill House (no valor de R$ 504 mil)
e o terreno comprado pela Odebrecht para sediar o Instituto Lula (R$ 12,5 milhões). Dias
atrás, Marcello Odebrecht forneceu
cópias dos emails que comprovam a compra do tal terreno pelo “departamento de propina da empreiteira”,
e os procuradores da Lava-Jato
pediram o reconhecimento da falsidade
ideológica dos recibos de aluguel referentes à cobertura vizinha à
residência do petralha (que foram assinados pelo “laranja” Glauco da Costamarques, primo de José Carlos Bumlai e ex-consiglieri da Famiglia Lula da Silva).
Na última sexta-feira, a PF entregou ao juiz Moro
o laudo da perícia
realizada nos sistemas Drousys e MyWebDay, usados pelo Setor de Operações Estruturadas da
Odebrecht (nome oficial do departamento de propina da empresa). Foram
analisados quase 1.912.667 milhões de
arquivos, dos quais 842 foram identificados pelos peritos como adulterados
e outros dois (uma foto e um arquivo PDF), apagados do sistema logo após a
prisão de Marcelo Odebrecht, em
junho de 2015. O laudo de 321 páginas foi assinado por seis peritos criminais
da PF (leia aqui e aqui a
íntegra do documento). Moro deu prazo
de quinze dias para que os assistentes técnicos se manifestem sobre a perícia.
O terceiro
processo envolve a reforma do famoso sítio Santa Barbara, em Atibaia
(interior de São Paulo), e deve ser julgado antes das eleições. Para não encompridar ainda mais esta
postagem, volto ao assunto na próxima. Até lá.